Encontrando nossos corações escrita por Éclair Cerise


Capítulo 5
Camomila.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Voltei depois de um mês de férias! Fiquei um tempo longe de tecnologia, porque tava me dando uma canseira danada! Se eu não sair do computador, não paro de trabalhar. Então dei esse tempinho :)
Reescrevi esse capítulo, porque gostei mais da forma que ele tinha ficado no rascunho, achei fofo kkk
espero que gostem e deixem um feedback, é sempre bom!
um beijo e boa leitura ♥



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Ron

— Mas que droga!

O meu sussurro de indignação foi seguido de uma risadinha debochada de Harry, que se sentava ao meu lado no Expresso de Hogwarts. Olhei para ele com ultraje, e tornei a encarar a porta do nosso compartimento. As letras L e R estavam traçadas na condensação do frio que fazia, envoltas em um grande coração cheio de asas e flechas.

Se teve um momento da minha vida em que eu comecei a odiar atenção, esse momento foi quando comecei a me relacionar com Lavander Brown.

— Muito romântico...

— Cale a boca, Harry!

— Se você não gosta disso, deveria dizer a ela... – ele comentou, acariciando distraidamente as penas de Edwiges.

A contragosto, tinha que admitir que esse relacionamento começava a tomar proporções que já estavam fora de meu controle.

E eu estava meio que desesperado para que isso fosse passageiro.

Depois de tê-la beijado, Lavander e eu não nos desgrudávamos mais. Era bom estar com ela – ela gostava de saber de meus gostos, da minha vida, de como eu me sentia... era bom ter aquele tipo de carinho.

Além disso, nosso silêncio era facilmente preenchido por uns amassos, caso o assunto acabasse.

Não posso dizer que não gostei.

Mas apesar de ser uma experiência agradável e os beijos serem demais, era como se tivéssemos nos tornado uma pessoa só. Literalmente. Só nos separávamos na hora de dormir – isso porque se deixasse, com certeza Lavander entraria no meu dormitório na calada da noite para dormir comigo – ou quando ela ia para a aula de Adivinhação, que graças a Merlim, eu já não cursava mais. Nos encontrávamos logo antes do café da manhã, no salão comunal, e passávamos a maior parte do dia juntos, incluindo as refeições, como se para ela, todo o tempo do mundo não fosse o suficiente. Ah sim, e ela não faltava a um treino de quadribol, faça sol ou chuva.

Com o tempo, esse namoro começou a me deixar louco. No mau sentido.

— Eu não queria comentar, mas... – Harry me tirou dos devaneios. Percebi que continuava olhando para o desenho tosco que Lavander havia feito e sorri ao ver que ele começava a derreter – Você não acha que já passou da hora de se resolver com a Hermione?

— Ei! Ela me ataca com passarinhos enlouquecidos, ri da minha transfiguração, leva outro cara a festa do Slughorn e eu preciso ir me resolver com ela? – pela segunda vez olhei para meu amigo com uma indignação feroz, e Harry só se limitou a soltar um suspiro pesado, como se estivesse tendo uma conversa com uma criança birrenta.

O que de certa forma, era verdade às vezes.

— Bom, não é como se você não tivesse merecido... e você está namorando com a Lavander, não é? Acho que não seria legal pra ela o convidar... – ele ergueu uma sobrancelha e me olhou com certo humor – Mas é você quem sabe...

E voltou seu olhar para a janela, ainda acariciando sua coruja.

Mesmo tendo deixado bem claro para quem quisesse ouvir que eu e Lavander tínhamos química, a essa altura do campeonato, eu começava a ter sérias dúvidas. Toda hora repetia para Harry que eu era livre para beijar quem eu quisesse, e agora que encontrei alguém que queira, não ia dar bola para os melindres de Hermione. Ela podia ter me convidado, ou pelo menos demonstrado algum interesse em realmente me levar. Daí talvez eu não teria beijado Lavander... ou não teria surtado por conta do Krum. E com certeza, eu não deixaria que ela levasse McLaggen.

Falando nisso, confesso que tive uma sensação completamente desagradável quando a ouvi dizer que ia à festa com ele. Basicamente, eu estava beijando Lavander – de novo – e como se fosse uma boia salva vidas, a voz de Hermione dizendo que ela iria acompanhada daquele brutamontes idiota me trouxe de volta a superfície. Pelo menos, Parvati e Lavander trocaram risinhos e começaram a cochichar uma com a outra, então tive tempo de tentar digerir o bolo que se formou no meu estômago e ignorando a ardência em meus olhos. Não escutei muito da conversa, um zunido insistente ecoava em meus ouvidos, enquanto eu via Hermione se afastar sorridente e sair do Salão Principal, como se eu nem estivesse ali.

É bem verdade que eu queria ter ido à festa de Natal do professor Slughorn com Hermione, mas nunca falaria isso em voz alta. Desde nossa briga por causa de Ginny, comecei a me sentir estranho em relação a ela. Era como se alguma coisa tivesse mudado dentro de mim, e me impedia de chegar perto dela. Apesar de que sempre que eu a via na sala de aula, nos corredores, ou nas aulas práticas de aparatação em Hogsmead, minha vontade era de largar tudo e implorar para que voltássemos a nos falar.

Não queria dar esse gostinho àquela arrogante, porém, meu coração dizia com todas as letras: a quem você quer enganar, Ronald Weasley?

***

— Ela está mesmo namorando o McLaggen? – perguntei pela enésima vez naquela noite. Estávamos na cozinha d’A Toca, ajudando com os preparativos da ceia de Natal. Harry, que parecia fingir demência todas as vezes que eu mencionava minha vida amorosa, só me deu um olhar cansado antes de responder:

— Eu já disse que não sei... ela não estava muito feliz na festa do Slughorn... – ele deu de ombros, apesar de eu ter pescado uma certa hesitação dele em falar do assunto. Mas logo se recompôs e continuou – Por que está tão interessado?

Voltei a me concentrar nos talheres que deveria separar, sentindo o rosto e as orelhas queimarem.

Mais tarde, já deitado em minha cama quente e macia, eu não conseguia dormir. O que era bizarro, pois a segunda melhor coisa que eu amo fazer é dormir. E dormir bem era algo que eu precisava fazer, ou meu humor despencaria tal qual Liberacorpus me fazia despencar no chão. Mas eu não conseguia. Durante aquela noite, fiquei anormalmente quieto e pensativo, me perguntando se deveria ou não seguir o conselho de Harry e mandar uma carta para Hermione.

Olhei para o parapeito da janela e me deparei com as cartas que Lavander havia me mandado desde que chegamos em casa. Ainda não havia aberto nenhuma delas, com medo de ficar apenas irritado e acabar sendo grosseiro. Com Hermione era tão mais fácil, ela sabia que eu não gostava de ficar escrevendo, nem se importava com isso.

Mas para ela, eu queria escrever.

Balancei a cabeça, sentindo meu baixo ventre dando uma fisgada estranha. Decidi me levantar e andar pela casa, tomar um copo de leite, um banho gelado – apesar da noite congelante – e jogar xadrez. Tudo ao mesmo tempo. Desci as escadas e fui para a cozinha, um copo de leite morno seria ótimo.

— O que está fazendo acordado? – a voz curiosa me pegou de surpresa. Ginny estava parada junto ao fogão, vestindo seu robe cor de rosa. Para quem era tão valentona, chegava a ser cômico como ela parecia fofa naquelas vestes.

— Não consegui dormir...

— Isso eu percebi, mas você e uma pedra dão no mesmo, fiquei até preocupada... – minha querida e debochada irmã sorriu e se sentou com uma caneca fumegante de chá nas mãos – Está tudo bem?

— Eu... eu não sei – desabei ao lado dela e peguei a chaleira quente. Me servi de um gole de chá e percebi que o cheiro da bebida era muito parecido com o mesmo aroma que às vezes me deixava um pouco desnorteado, como na primeira aula de Poções daquele semestre – O que é isto?

— Chá de camomila... ajuda a acalmar os nervos. Você deveria tomar um barril antes de qualquer jogo – ela respondeu, marota.

— Engraçadinha... – murmurei e inspirei a fumacinha que saía da caneca. Esse cheiro me lembrava alguém...

— Desembucha – Ginny me olhou meio curiosa, meio sem paciência.

— Não tem o que dizer, mas...

— Mas você está sentindo falta da Mione, não é?

Assim, na lata.

Queria poder dizer a vocês que respondi que estava tudo bem, ou que pelo menos eu consegui conversar sobre isso de forma segura, mas as palavras de Ginny atingiram meu ponto mais fraco. Senti a garganta apertar e o cheiro do chá de camomila me deixou mais apreensivo ainda. Tentei gaguejar uma fraca intenção de resposta, mas minha irmã apenas sorriu, jogou uma caixa embrulhada em meu colo e disse:

— Só conserte as coisas, tudo bem?

E com uma piscadela, ela desapareceu escada acima.

***

Os dias se seguiram rapidamente após as festas de fim de ano, e logo estávamos prontos para voltar à escola. Passei o resto do feriado tentando fazer com que Harry não tirasse sarro da minha cara por conta do meu presente de Natal – Lavander me deu um colar de ouro imenso com os dizeres “Meu Namorado”. Eu não poderia me atrever a deixar esse suvenir em casa, por medo de ser descoberto por Fred e George. Eu não suportaria tal humilhação.

Depois de ter me certificado de que meu presente estava bem escondido, nos despedimos de mamãe – que andava muito chorosa por conta do idiota do Percy e sua desastrosa visita no Natal – e voltamos para a escola através da rede de Flu, por motivos de segurança. Ginny havia me alertado de que abrisse o pacote enquanto estivesse sozinho, e logo corri para o dormitório. Não antes de ser completamente ignorado por uma Hermione que veio animadamente cumprimentar o Harry.

Rangi os dentes e achei que seria pior se eu desse a resposta mal educada que chegou na ponta de minha língua. Preferi subir e matar minha curiosidade, já que logo Harry ou os outros poderiam entrar a qualquer momento.

E assim que abri e me dei conta do que era, parecia que eu tinha sido atingido acidentalmente por um fantasma. Acredite, a sensação é bem desorientadora.

Lá estava eu, mais uma vez diante de um sentimento complicado, encarando um vidro belamente desenhado sobre minha cama fazia uns bons trinta minutos. Ao lado do frasco, havia um bilhete de Ginny. Não sei o que me chocava mais.

“Ronald,

Eu sei que você não é muito bom em resolver seus conflitos, muito menos seus sentimentos. Mas acho que passou da hora de você consertar essa situação. Eu sei que você quer voltar a falar com a Hermione, não adianta negar. Então achei que seria útil te dar esse presente de Natal: uma chance de vocês se acertarem.

Esse frasco de xampu é o preferido da Hermione. Xampu de camomila. Ela vai gostar, acredite. Só não estrague tudo, por favor.

Espero que dê tudo certo, sabe que eu quero te ver feliz.

Com amor,

Ginny.”

Corri os olhos pelo bilhete uma, duas, três... acho que umas mil vezes.

Mas Ron, por que você está tão perplexo com tudo isso? Vocês me perguntam... não teria motivo, é um presente para uma amiga, não é?

Certo.

E muito errado.

Quando me vi olhando para o frasco e li a carta, descobri de onde o cheiro me era tão familiar. O mesmo aroma que invadiu o compartimento do trem pela primeira vez que ela se apresentou, ainda tão jovem, assim como eu... o mesmo aroma que acompanhou meus anos de crescimento, que esteve presente nos meus verões, nas lembranças mais gostosas que tenho com meus amigos. O mesmo aroma que perfuma os cabelos cheios e castanhos, o aroma que fazia uma falta absurda quando ela não estava ali. O aroma de um sorriso astuto, como se estivesse sempre a um passo a frente, dos olhos inteligentes e tempestuosos. O aroma que fazia minhas entranhas se revirarem dentro de mim, como se fossem geleia. O aroma do chá que Ginny havia me feito, juntamente com a falta que ela me fazia agora. Sim, ela fazia.

Percebi que desde sempre, era isso, era o aroma de alguém que havia conquistado meu coração sem que eu notasse. Como eu não tinha reparado antes?

Era o aroma que eu senti quando me aproximei da Amortentia no primeiro dia de aula.

O aroma de camomila. O aroma de Hermione Jean Granger.


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Notas finais do capítulo

vamos lá, algumas considerações...
a primeira é que eu queria pular algumas partes dos livros, ou essa fic seria muita enrolação. não gostaria de citar com todos os detalhes do mundo porque acaba que eu praticamente colocaria as palavras da autora, só que com pontos de vista diferentes. então apenas fui escrevendo para que não tivesse esse problema.
segundo que eu sempre quis explorar um lado mais apaixonado do ron, mesmo que ele não seja o cara mais romântico do mundo. mas achei que quando ele descobrisse que gostava da hermione, a cabeça dele meio que explodiria kkkk ele meio que teve uma revelação divina kkk
terceiro, eu tinha que resumir o relacionamento dele com a lavander, espero que tenha dado certo (por favor, me deem opiniões sobre) ♥
e quarto (finalmente), coloquei esse presente da ginny porque queria que ela também apoiasse os dois, já que ela sabia o que a hermione sentia e queria ajudar. e como ela é bem direta, achei que seria uma boa introduzir essa ajudinha dela aí. vou pegar esse gancho que entra no plot do começo do fim (kkkk) do relacionamento lavander x ron. obviamente, algumas coisas serão de minha autoria, justamente pra ajustar os acontecimentos da história original com a minha história.
ah, um obs, eu amo chá de camomila kkkk não sei se existe descrição em algum lugar de como a amortentia cheira para o ron, mas eu sei que a hermione, nos livros, sente o cheiro do cabelo do ron. enfim, coloquei como uma referência.
espero que tenham gostado e logo logo teremos outro cap!
um beijo e uma ótima semana ♥



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