Encontrando nossos corações escrita por Éclair Cerise


Capítulo 3
Você partiu meu coração.


Notas iniciais do capítulo

oiiii! escrevi mais um capítulo fresquinho!
espero que gostem e boa leitura ♥



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Hermione

De todas as brigas que eu e Ron tivemos, achei que essa seria para valer.

As coisas andam meio descontroladas desde que entendi e aceitei que me apaixonei pelo Ron. Ou elas eram caóticas assim e eu ainda não tinha me dado conta. Ou eu saberia lidar com isso se eu não estivesse sentindo o que eu sinto.

Claro, antes de tudo, Ron era meu amigo. Isso eu esperava que durasse a vida toda, então eu sempre o ajudaria, qualquer que fosse o caso, do mesmo jeito que eu faria pelo Harry.

Mas ajudá-lo a arrumar uma namorada?

Era demais para mim!

Bem, começando pelo começo. Eu sei que errei, ok? Cometi um deslize, mas foi para o bem da equipe de quadribol da Grifinória e eu sabia o quanto Ron ficaria contente caso conseguisse a vaga de goleiro.

No dia dos testes, mais cedo, escutei uma conversa do Córmaco McLaggen com um colega, dizendo que o “Potter” se arrependeria caso ele escolhesse o “Weasley”, insinuando que Harry não lhe daria uma chance justa no teste. Desci para o campo decidida a torcer para o Ron e dar uma forcinha caso ele não vá tão bem. E levei uns biscoitos do café da manhã, caso ele quisesse comer alguma coisa depois.

Quando subi nas arquibancadas, notei um ponto esverdeado vestido de vermelho e dourado. Ron parecia doente. Estava pálido, e seus olhos esquadrinhavam o campo nervosamente. Ele olhou para mim e eu sorri, torcendo para que ele relaxasse. Nunca entendi por que os meninos ficavam tão nervosos por causa do quadribol, mas enfim.

Enquanto eram feitos os testes de artilheiro, puxei minha sacolinha de tricô e comecei a fazer uma touca para Dobby. Havia pegado gosto por tricotar, e apesar de não esconder mais roupas para os elfos, eu sabia que pelo menos Dobby apreciaria o presente.

Os treinos demoraram mais que o esperado. Harry, em toda a sua popularidade, conseguiu reunir muitos alunos que pareciam interessados na equipe aquele ano. Outros, simplesmente queriam se aproximar dele e um grupo de meninas quartanistas pareciam que não sabiam falar, só rir. Percebi que Harry começou a se irritar e escutei seus berros mesmo de longe.

Na vez dos goleiros, deixei o tricô de lado e me atentei ao outro extremo do campo. Ron parecia nem respirar, e às vezes, escorregava desajeitadamente da vassoura. Fiquei com o coração apertado, eu sabia que ele queria estar ali, mas era muito inseguro. McLaggen sorriu na minha direção quando defendeu os quatro primeiros gols, me fazendo franzir o cenho. Me lembrara do que ele havia falado sobre o Harry e decidi agir. A vassoura de Córmaco simplesmente foi para o lado oposto que deveria ir para que ele defendesse. Vi seu olhar de raiva e frustração quando Ron, que parecia ter levado uns oito balaços na cabeça, defendeu a última goles, por muito pouco. E eu só fiz cara de paisagem.

Mas a vitória foi “justa”. Ele defendeu tudo sem a minha ajuda.

***

Confesso que já tive muitas brigas com o Ron, ele me tira do sério. Teve aquela vez no terceiro ano, em que ele havia parado de falar comigo por causa do Perebas – e vocês sabem como terminou. No mesmo ano, ele e o Harry ficaram bravos comigo por eu ter delatado a professora Minerva que uma Firebolt misteriosa foi dada ao Harry, com um suposto assassino querendo matá-lo.  

No quarto ano, aquela briga ridícula por causa do Vítor, as implicâncias com o F.A.L.E, o mau humor dele parecia sair por todos os orifícios possíveis e contaminava qualquer pessoa que estivesse por perto, ainda mais depois que ele brigou com o Harry. Ano passado, ficávamos discutindo porque Harry dera o seu primeiro beijo, e Ron teve uma súbita e inconveniente curiosidade pela minha vida amorosa.

Foram muitas discussões bobas, e mesmo que alguma delas me magoassem, eu sabia que Ron era tão importante para mim que eu sempre o perdoaria, e vice versa.

Mas pensei que dessa vez, seria para valer.

Depois que Ron se tornou o goleiro da Grifinória, ele estava... por falta de palavras, insuportável. Ele andava por todo o castelo como se fosse o dono de tudo, falava para quem quisesse ouvi-lo sobre as técnicas que queria aperfeiçoar e sempre fazia piadinhas sem graça sobre mim e Córmaco, que para o meu desespero, queria avidamente me conhecer.

Comecei a me esconder na biblioteca com mais frequência. Pelo menos lá, respeitavam a lei do silêncio, ou Madame Pince lançaria a azaração da boca colada. Pude ter um pouco de descanso do ego inflado de Ron e das investidas de McLaggen.

— Quando você acha que isso vai passar? – sussurrei para Harry em uma das tardes que eu tinha livre. Estávamos na biblioteca, revisando um trabalho extremamente complicado de Defesa Contra as Artes das Trevas. O do Harry, como sempre, estava impecável. Aliás, DCAT é a única matéria que Harry sempre foi melhor do que eu.

Já Poções...

— Ah, Mione... dê um crédito a ele. Ele está feliz... – Harry me olhou com cautela. Ele era gentil demais, ainda me surpreendia um pouco com o fato de ele ser tão famoso e isso nunca ter lhe subido a cabeça.

— E quem não sabe que ele está feliz? – revirei os olhos, e Harry soltou uma risadinha – Mas ele precisa controlar esse humor dele, até porque ele só passou nos testes, não é como se tivesse ganhado o campeonato das casas.

— Nisso você tem razão... eu só fico me perguntando o que aconteceu com o McLaggen, se ele não tivesse errado tão drasticamente, talvez ele estivesse na equipe... – ele olhou no fundo dos meus olhos. Sabia o que eu havia feito. Mas com toda a dignidade do mundo segui com os olhos no pergaminho, mesmo sentindo o rosto esquentar.

— Está ótimo! – entreguei o trabalho de Harry, que sorria diante meu embaraço.

***

— Estou morta de cansaço! – Ginny se espreguiçou ao meu lado. Já era tarde, e estávamos na biblioteca, para variar. Estava considerando perguntar se Madame Pince trocaria de acomodações comigo, eu passava mais tempo ali do que no meu dormitório.

— Hoje foi produtivo – murmurei cansada, mas satisfeita pelo progresso nos estudos.

— Sim, mas estou exausta. Tivemos treino hoje, lembra? Quadribol e NOM’s... que trabalheira!

— Eu te admiro, Ginny – me espreguicei e seguimos até o corredor – Só espero que Ron já tenha ido se deitar.

— Eu também, Mione, eu também – ela suspirou, mal humorada. Ginny havia me contado que Ron estava criando muitos problemas na equipe. Todos se entrosavam bem, até o momento em que ele começava a levar gols. Culminou em berros, tanto os de Harry, quanto os de Ginny, ameaças com um bastão de batedor, uma crise de choro e um soco na boca de Demelza Robins, outra artilheira da equipe.

— Vai encontrar com Dean? – perguntei, quando vi que Ginny não entraria na torre comigo.

— Claro, preciso de um pouco de diversão e vida social, não é? – ela me deu uma piscadela e eu sorri.

— Certo... boa noite!

Fui para a sala comunal e me instalei em uma das confortáveis poltronas próximas da lareira, cheia de preguiça. Não me lembro se adormeci ou se estava muito concentrada nas chamas, nem mesmo quanto tempo havia passado; mas meu estado de torpor se foi completamente quando com uma batida alta anunciou que um Ron completamente vermelho, bufando feito um touro raivoso e um Harry pálido e tenso entravam pelo buraco do retrato aos tropeços. Parecia que Harry tinha carregado Ron até ali.

— O... o que houve? – me levantei assustada com a expressão homicida no rosto de Ron. Os olhos dele estavam arregalados.

— Ele me paga, e ela também!

— Harry? – corri até ele e toquei em seu braço. Os olhos verdes e bonitos de meu amigo estavam turvos, meio confusos, com dor e raiva.

Aquela situação estava esquisita demais.

Deixei que eles se acalmassem e resumidamente, Harry contara que Ron tivera uma briga homérica com Ginny por ela estar beijando o Dean atrás de uma tapeçaria. E pelo jeito, não era um beijinho inocente. Eu podia entender agora o olhar de Harry, já que desconfio que ele sinta algo por Ginny desde o último jantar do professor Slughorn. Toda vez que ele tocava no nome dela, seus dentes rangiam.

Já o Ron...

— Ron, você não pode interferir assim na vida de sua irmã! Ela é só um ano mais nova que você e merece liber...

— Eu não quero saber, Hermione! – esbravejou, se virando contra mim e aproximou o rosto do meu. Eu podia contar as sardas no nariz comprido dele. Se não estivéssemos discutindo – de novo –, poderia beijá-lo.

— E qual o problema de a Ginny ter um namorado?

— Todos, Hermione! TODOS! – ele desviou os olhos e passou a encarar as botas enlameadas – E você não é diferente dela!

Opa, como assim? A acusação me pegou de surpresa. Eu estava pronta para argumentar com maturidade sobre aquela atitude machista dele, mas fiquei meio paralisada naquele instante.

— Ron, eu não entendo, eu...

— NÃO SE FAÇA DE DESENTENDIDA! – as palavras de Ron pareciam pedras sendo jogadas – VOCÊ. AOS. AMASSOS. COM. O. KRUM! SE CORRESPONDENDO COM ELE!

— Ron, isso já faz tanto tempo... – tentei rebater, perplexa com os berros de Ron. Provavelmente, ele não estava nem aí se acordasse a Grifinória inteira.

— DANE-SE, HERMIONE! EU NÃO QUERO MAIS SABER DESSA PALHAÇADA! – cuspiu para mim e subiu para o dormitório, antes que eu pudesse me defender.

Senti as lágrimas se acumularem sob meus olhos. Não foram as palavras de Ron que me magoaram, mas sim o tom delas. O olhar de... o olhar de dor dele, uma dor que nunca tinha visto perpassar por aquele rosto sardento e relaxado. Eu não conseguia pensar direito, porque ele me olhou com ódio também. E eu não entendia o porquê daquilo. Os olhos de Ron podiam ter raiva, podiam estar tristes, desanimados, estressados, com medo, irritado..., mas não com ódio, não por mim. Senti que esse seria um momento que me assombraria para sempre.

Harry ainda estava com aqueles olhos tristes, mas se levantou e me conduziu até o sofá. Ficamos abraçados por tempo suficiente para que eu chorasse tudo o que queria e conseguia naquele momento. Fui dormir amuada, triste e com o coração destruído.

***

Durante a semana seguinte, a agressividade de Ron tinha ganhado um novo tom, e decidi me colocar em piloto automático. Assim focaria só no que eu tinha para fazer e não escutaria boa parte do que aquele grosseirão dizia. Passava boa parte dos dias na biblioteca ou o mais longe possível dos lugares em comum que ele poderia estar. Comia com Ginny, que continuava furiosa com o irmão.

— Ele só está assim porque ele nunca deu uns bons amassos em ninguém – resmungava todas as vezes que olhava na direção dele. Se virou para mim com uma expressão sombria – Você podia fazer alguma coisa...

— Até parece... – murmurei, concentrada no livro que eu tinha apoiado sobre uma jarra de suco. Olhei na direção dos meninos e vi que Lavander Brown dirigiu um sorrisinho a Ron, que inflou o peito daquela forma ridícula. Voltei ao meu livro, meio enjoada.

Os dias foram correndo e a primeira partida da Grifinória se aproximava. Eu gostava da expectativa de um jogo. No nosso terceiro ano ganhamos a Taça de Quadribol, e foi emocionante. Me lembro de Olívio Wood, o antigo capitão e goleiro da Grifinória que chorava feito criança com a taça nas mãos, e que Percy Weasley esquecera toda a sua compostura pomposa enquanto pulava sobre sua ex-namorada, Penélope Clearwater.

Eram bons tempos, e todas as vezes que um jogo se aproximava, sentia essa nostalgia.

Naturalmente, eu assistia aos jogos por causa de Harry. Ron não era do time, que estava completo na época. Então assistíamos juntos, comendo alguns doces, torcendo fervorosamente e aos pulos quando a Grifinória marcava algum ponto. Esses momentos eram os que eu mais gostava. Estar com Ron de forma tão natural.

Culpei a puberdade por isso.

Mesmo assim, achei que devia dar meu apoio, mesmo que ele não merecesse. Desci para o salão principal, cansada da antipatia dele, mas disposta a animá-lo caso precisasse. Afinal, ele era meu...

— Anime-se, Ron! Sei que vai ser genial! – a voz estridente de Lavander Brown chegou em meus ouvidos, me fazendo estagnar por um momento. Precisei respirar fundo antes de continuar andando, e devo salientar que minhas pernas pareciam estar afundadas em cimento.

— Como é que estão se sentindo? – mantive os olhos fixos na nuca de Ron, acho que não teria coragem de fazer mais do que isso sem me comprometer. Harry estava tranquilo, com um sorriso maroto nos lábios, enquanto passava um copo de suco para Ron.

Um lampejo dourado me chamou a atenção.

— Não beba isso, Ron!

Eu não estava acreditando que Harry seria capaz daquilo! Tudo bem que confundi o McLaggen, dando o posto de goleiro para o Ron, mas eram só testes, e não para valer!

— Por que não? – ele me encarou com uma sobrancelha arqueada.

Um charme!

— Você pôs alguma coisa nesse suco.

— O que disse? – Harry me olhava com uma surpresa dissimulada. Cara de pau!

— Eu vi que colocou, o frasco ainda está nas suas mãos! – olhei horrorizada a poção dourada, que Harry ganhara injustamente com a ajuda daquele livro idiota.

Mas eu não queria falar de trapaças.

Harry guardou o frasco no bolso, se fazendo de desentendido. Insisti para que Ron não tomar e com um gole, ele esvaziou o copo.

— Você poderia ser expulso! – rosnei para Harry, revoltada com o que estava acontecendo. Ele ergueu as sobrancelhas e sussurrou, me perguntando se eu tenho confundido alguém ultimamente. Saí dali, sem querer assistir ao jogo, mas me deparei com Luna Lovegood e seu chapéu em forma de cabeça de leão. Me perguntei como ela aguentava o peso, ou se era feito de algum material que não pesava. Ela me cumprimentou gentilmente e fomos juntas para o campo.

***

A festança naquela noite podia ser ouvida dos campos de quadribol, de tão barulhenta que estava. Estavam todos animados, dançando e bebendo garrafinhas de cerveja amanteigada que o pessoal contrabandeava do Três Vassouras.

Todos menos eu.

O jogo daquele dia fora extremamente o que Ron precisava para se recuperar de seu péssimo rendimento. Ele fez defesas realmente muito boas, a ponto de que a escola inteira cantasse a velha música “Weasley é nosso rei”, criada pelo Sonserinos para humilhá-lo, mas modificada pelos Grifinórios para exaltá-lo.

Foi divertido ver a confiança de Ron aparecer enquanto o jogo se desenrolava, como ele fingia reger a cantoria lá de cima, como ele sorria com confiança cada vez que fazia uma defesa mais extraordinária que a outra. E depois do êxtase da partida, fui de encontro a eles e deu tudo errado. Ele se ofendeu porque achou que eu não acreditava no desempenho dele no jogo. No final, Harry apenas fingira ter colocado Felix Felicis na bebida de Ron, para que o idiota tivesse a falsa sensação de estar com sorte.

Um plano engenhoso, mas coberto de falhas.

Eu estava sentada em um canto da sala comunal, depois de ter voltado sozinha ao castelo. Não aguentava mais Ron e suas desfeitas, olhares frios e raivosos. Eu não conseguia entender, porque eu literalmente não havia feito nada. E não consegui tampouco conversar com Harry, porque eles estavam sempre juntos.

Foi quando aconteceu.

Vinte minutos foi o tempo em que eu me enchi das comemorações e fui para o dormitório, a fim de ler um pouco. Me espremi pela aglomeração vermelha e dourada, esperando encontrar Harry ou Ginny para lhes dar boa noite.

Assim que consegui chegar ao meio da sala comunal, me deparei com a cena mais intragável da minha vida: Ron e Lavander em um beijo muito que explícito, na frente de todos os outros alunos. Imediatamente, meus olhos transbordaram de lágrimas, meu estômago deu um solavanco desagradável e comecei a me esquivar de toda aquela multidão, não conseguia respirar. Nem sabia direito o que estava fazendo, só sei que assim que senti que passei pelo retrato, pude dar um soluço alto e me enfiei na primeira sala de aula vazia.


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Notas finais do capítulo

fiquei com dó da hermione, mas ela é um mulherão incrivel, logo ficará bem ♥
me contem o que acharam!



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