O Engano escrita por Linesahh


Capítulo 5
Acordem de uma vez!


Notas iniciais do capítulo

Yo!!
E aí, pessoal, tudo em cima?
Animados para o capítulo? Só pelo título já dá pra ver que os meninos do time entrarão em cena com TUDO!

Ps. Meu teclado tá meio ruim, então desculpa aí qualquer erro.

Boa Leitura ♥️



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Aquela manhã de domingo havia desabrochado razoavelmente bela. O céu, carregado de um tom entre azul e violeta, fazia qualquer um se admirar e pensar “Que mundo bonito… Realmente traz paz.”

Bem, menos para cinco garotos.

Em uma lanchonete, rodeando uma larga mesa, encontravam-se três integrantes do Nekoma — Yaku, Yamamoto e Lev —, e dois do Fukurodani — Konoha e Komi.

Os cinco rapazes teriam preferido que o encontro em grupo houvesse ocorrido na noite anterior mesmo, mas, por conta de Lev ter tido que ajudar a irmã em alguma coisa, e Komi ter saído para jantar com os pais, tiveram que adiar até a manhã seguinte.

Havendo contratempos ou não, o que importava é que agora estavam todos reunidos.

Assim, a conversa começou fluída e rápida, quase que naturalmente; cada garoto foi expressando as próprias frustrações e desagrado em relação ao mau-clima que vinha varrendo seus times com intensidade. Enquanto os membros do Nekoma relatavam o quanto estava sendo impossível aturar a nova personalidade fria e endurecida de Kuroo, os dois da Fukurodani lamentavam extremamente o fato de Bokuto estar em um eterno “modo-emo”, o que atualmente fazia com que a competência e convivência entre o time fosse de mal á pior.

Em suma: aquela havia sido uma semana difícil para todo mundo.

Por fim, puseram-se a comentar sobre as “declarações-desastrosas” ocorridas no dia anterior.

— Falando sério, tive pesadelos com aquilo. — Yamamoto confidenciou, as sobrancelhas grossas permanecendo franzidas enquanto dava mais uma mordida em seu pão de yakisoba. O ás falava como se a perturbação dos acontecimentos recentes ainda passassem diante de seus olhos. — Achei que Kuroo fosse cair duro ali mesmo quando Kenma tirou os fones.

— Eu me senti dentro de um filme de comédia, vocês não? — Lev levantou o questionamento interno, a magra e comprida mão indo de encontro ao queixo, de forma distraída.

Yaku, por sua vez, tinha uma expressão mais fechada estampada no delicado rosto. Estava óbvio que aquela situação estava lhe trazendo tudo, menos felicidade.

— A má notícia é que Kuroo realmente abriu o coração naquela hora — ele inclinou-se sobre a mesa, enlaçando os dedos. — … e Kenma sequer escutou uma única palavra. — completou.

Todos fizeram expressões sofridas. Com certeza, refletiam e perguntavam-se em conjunto se eles próprios seriam capazes de suportar tamanha humilhação se tivessem passado por qualquer situação semelhante.

Logo, Yaku pôs-se a continuar — contudo, não sem antes roubar um dos oinarisan que Lev comia, o que originou breves protestos surpresos vindos do mais novo e, ao mesmo tempo, mais alto do grupo: “Ei, não faça isso, Yaku-san!”.

Após ofertar uma mordida sobre o abura age recheado de sushi, o líbero soltou um suspiro.

— Bem, ele não escutou nada tirando o nome do Akaashi, é claro. — Yaku mostrou certo desagrado com a lembrança, recordando-se do quanto tal atitude vinda de Kenma terminou por arregaçar ainda mais o restante dos sentimentos feridos do capitão e amigo.

Konoha fez um simples meneio com a mão.

— Pior foi a declaração do Bokuto. — revelou, engolindo em seco ante as memórias de tal cena. — Ele não falou nada com nada. Na realidade, Bokuto deu um jeito de envolver vôlei em tudo que disse.

— Com certeza! — Komi acenou, em seguida, pressionando os lábios com certa franqueza enquanto dava de ombros. — A declaração ficou meio que nas entrelinhas. Akaashi não conseguiu perceber.

Yaku voltou a encostar-se no sofá, com as sobrancelhas levemente franzidas enquanto pensava.

— Está nítido para qualquer um que conheça o Bokuto que ele com certeza está achando que foi rejeitado. — observou.

Komi e Konoha acenaram em tristeza.

— Infelizmente ele é lesado demais. Duvido que tenha interpretado a desatenção do Akaashi de outra forma. — Konoha encolheu os ombros, desanimado.

— Mas quando foi que tudo isso começou, afinal? — Yamamoto mostrou-se mais altivo, a expressão séria e perseverante. Ele realmente queria tirar tudo a limpo. — Estou falando dessa relação entre Kenma e Akaashi, no caso.

O silêncio recaiu sobre a mesa por um tempo. A única movimentação percebida foi a de Lev, o qual teve o êxito de resgatar, cuidadosamente, seu oinarisan das mãos de um Yaku parcialmente centrado e distraído em pensamentos.

— … Acho que ninguém aqui sabe, não é? — Komi indagou em tom de afirmação e desistência.

Yaku puxou o ar, os olhos apresentando impaciência e cansaço. Era raro ver o líbero daquela forma.

— Se formos analisar, tudo começou desde que Kenma e Akaashi começaram a treinar levantamentos. Portanto, a coisa toda partiu daí.

— É mesmo, pois durante esse período, tanto Kuroo quanto Bokuto mudaram drasticamente de um dia para o outro! — Lev concordou, expressando tal ponto com excitação.

— Eles com certeza devem ter visto alguma coisa. — Yamamoto bateu com a mão sobre a mesa, ação originada do cenário investigativo/dedutivo que ia preenchendo o interior de todos ali. — O que prova que Kenma e Akaashi estão mesmo em um relacionamento.

Com a afirmação, todos ficaram em silêncio.

Logo, o surrealismo real sobre o que estava realmente acontecendo nos últimos dias recaiu sobre os ombros de cada um.

— Puxa, sempre pensei que Kuroo-san e Kenma-san fossem ficar juntos há qualquer momento. — Lev admitiu com inocência, engolindo o último pedaço do lanche com rapidez antes que Yaku pudesse fisgá-lo de repente.

— Imagina o nosso espanto, então? — Komi demonstrou verdadeiro assombro através de seus olhos-castanhos. — Akaashi e Bokuto são como unha e carne. Mesmo que ambos tenham se conhecido há pouco tempo, a ligação e intimidade entre eles ultrapassa muita amizade antiga por aí.

Yamamoto finalmente se frustrou, cerrando os dentes.

— E agora Bokuto e Kuroo devem estar achando que foram traídos, sem dúvidas.

Lev apresentou confusão.

— Ué, e não foram?

— E como poderiam se nem Kenma nem Akaashi estavam comprometidos com eles, arranha-céu? — Yaku estapeou a cabeça de Lev com força, fazendo o mais novo assustar-se e pular no lugar de surpresa.

Komi não escondeu a dúvida ante a declaração do líbero do Nekoma, logo expondo-a em voz alta.

— … E como podemos ter certeza disso?

Konoha não demorou a responder por Yaku.

— Simples — estalou os dedos. — As declarações de ontem.

— Ah, é verdade… — Lev ponderou admirado, ainda massageando a nuca.

O ponta do Fukurodani então suspirou, voltando a expressar sua opinião.

— Mesmo considerando tudo isso, Kenma e Akaashi ainda estão errando. — Konoha encarou os demais com seriedade. — Esse relacionamento não devia estar ocorrendo às escondidas, isso só piorou tudo. Eles deviam ter sido sinceros com os melhores amigos. Deviam ter conversado e tirado tudo a limpo desde o início.

Yamamoto, em um gesto raro, refletiu com atenção, logo acenando em concordância.

— Na realidade, não era preciso dar uma explicação… Mas eles pelo menos deviam ter avisado, né? — levantou a questão, obstinado. — Qual a dificuldade nisso?

Todos concordaram.

— … Escutem. Minhas intenções não eram e nunca foram me meter nos assuntos amorosos dos outros. — Yaku tomou a palavra, despertando de imediato as atenções gerais. O líbero podia até não ter tamanho, mas, por outro lado, sua presença de espírito era esmagadora. — … No entanto, infelizmente isso está afetando ambos os times. Portanto, estamos consequentemente envolvidos nisso tudo. — concluiu.

— O que tem em mente, Yaku-san? — Yamamoto perguntou ao amigo.

O líbero encarou a todos, transpassando firmeza em seus impetuosos olhos-castanhos.

— Vamos ter que falar com os dois. — decidiu.

Konoha interessou-se.

— Com quem? Bokuto e Kuroo?

— Não. — Yaku negou, aproximando-se mais da mesa. — Com Akaashi Kenma.

Ante a confusão e dúvida presente na face de todos, o pequeno líbero do Nekoma logo continuou:

— Escutem, são eles que precisam resolver tudo isso. — explicou, reforçando seu ponto de vista. — O problema começou com o relacionamento deles, portanto, só eles podem consertar. Afinal, eles ainda possuem contas a acertar com Bokuto e Kuroo. Entenderam? — diante das confirmações gerais, Yaku não demorou a voltar-se na direção do Akinori. — Konoha, ligue para Akaashi e diga que quer encontrá-lo no ginásio da Fukurodani. Farei o mesmo com Kenma.

Konoha acenou em concordância na mesma hora e, assim, os dois já foram tirando os celulares dos bolsos.

Logo, Akaashi quem atendeu primeiro.

— Akaashi, onde você está? — Konoha indagou, obtendo as atenções gerais imediatamente para si. Após alguns segundos necessários para escutar a resposta do levantador, ele voltou a falar: — Ah, está com Kenma?...

Os cinco entreolham-se. Em seus rostos, expressões azedas e severas foram apresentadas quase que instantaneamente.

No entanto, vendo a oportunidade presente no momento, Yaku desligou o próprio celular, o qual chamava o número de Kenma, e conseguiu a atenção de Konoha sobre si.

— Melhor assim, manda os dois irem juntos para lá! — sussurrou o mais alto que pôde.

Konoha concordou com um silencioso aceno de cabeça.

Assim, após fazer o que Yaku falou, ele desligou, voltando-se para o líbero.

— O que pretende dizer a eles? — perguntou com sinceridade. — Não é como se simplesmente pudéssemos mandá-los terminar…

Yaku negou com a cabeça, uma expressão um tanto pensativa preenchendo seu rosto.

— Não, isso não… — o garoto, então, encarou os amigos com intensidade.

“Vamos dar um choque de realidade neles.”

 

◾◾◾

 

Uma hora depois da ligação ser realizada, duas figuras puderam ser vistas atravessando os portões da Academia Fukurodani: Akaashi Keiji e Kenma Kozume. Normalmente, ambos não apresentavam aquelas fisionomias sérias e exaustas quando estavam juntos; contudo, naquela manhã tudo estava decididamente diferente.

Akaashi sentia sua cabeça deveras pesada e latejante. Pudera; o levantador não havia conseguido dormir nada por conta dos acontecimentos recentes da noite anterior, mais especificamente concentrados naquela sua última — e intrigante — conversa com Bokuto. Até agora, Keiji não estava tendo frutos positivos em compreender ao menos cinco por cento do que havia sido dito naqueles seis minutos e trinta e sete segundos.

Kenma, por outro lado, parecia estar mais desanimado do que o habitual. Claro que era mais do que esperado vê-lo carregando uma face sem expressão e parcialmente desinteressada, mas hoje isso parecia estar ainda pior. Nem mesmo o game que havia jogado durante todo o caminho pareceu lhe animar sequer um pouco. Com isso, soltando um baixo suspiro, guardou o aparelho no bolso da jaqueta vermelha, erguendo os olhos para os portões da Fukurodani.

Akaashi olhou-o de canto.

— O que será que Konoha-san quer com nós dois? — decidiu puxar conversa.

Kenma desviou os olhos para o chão, encolhendo minimamente os ombros.

— Não sei ao certo. — respondeu. — Mas desconfio que deva ter algo relacionado ao Bokuto-san e o Kuroo.

O Kozume só estava supondo isso pelo motivo de ele e Akaashi já terem confidenciado um para o outro todos os infortúnios da semana anterior, e o quanto a relação deles com Bokuto e Kuroo tornava-se cada vez mais decadente. O último incidente relatado, é claro, foi o dia anterior. Kenma não fazia ideia do porquê Kuroo saíra tão esquisito do ginásio naquela manhã; lembrava-se de ele ter ficado parado na sua frente por mais de um minuto, mas o loiro estava tão concentrado em seu jogo que, não sabia ao certo, talvez não tivesse escutado alguma coisa que ele queria lhe dizer.

Sentia-se culpado, principalmente porque não era bom tomar esse tipo de atitude quando sua relação com Kuroo estava na corda bamba. No entanto, havia sido muito difícil chegar naquela fase em que estava, e não poderia simplesmente deixar pra lá...

Akaashi também confidenciara a “conversa” que ele e Bokuto haviam tido, relatando que, realmente, não havia entendido o motivo de o ás ter saído derrotado do ginásio após dizer que gostava de trabalhar com ele em campo. Tudo parecia estar indo bem, e de uma hora para outra o cenário mudava drasticamente, fazendo o moreno entrar em um estado de confusão mental gravíssimo.

Sem perceber, acabou soltando:

— Não paro de pensar na razão de tudo isso estar acontecendo…

Kenma não fez questão de desviar os olhos; apenas continuou encarando o chão e seguindo reto.

— Já parei de pensar há um tempo. Sinto que tenho apenas que esperar. — soltou a frase espirituosa e, em seu âmago, totalmente lógica e convidativa.

Akaashi ponderou por alguns segundos. Esperar e não se estressar era, de fato, a melhor opção, principalmente se isso considerasse que não teria que sentir aquela enxaqueca infernal. Mas, por outro lado…

Ele era Akaashi Keiji. Pensar era o que fazia de melhor — e pior.

— Talvez você esteja certo. — permitiu-se apenas dizer.

Com isso, chegaram em frente às portas do ginásio. Possuindo mais costume e intimidade, Akaashi adiantou-se e abriu-as, ficando de lado para Kenma passar. Ao fechá-las e virarem-se, ambos não esconderam a surpresa ao verem, logo adiante, Konoha acompanhado de Komi, Lev, Yamamoto e Yaku. O moreno não deixou de reparar que tanto Yamamoto quanto Konoha seguravam duas bolas de vôlei.

Todos encararam-se em silêncio por alguns segundos. Milhares de pensamentos passaram pela mente dos dois levantadores, no entanto, compartilhavam um único em comum; o que chegava mais perto da lógica e da razão de todos terem se reunido ali e requisitado a presença dos dois:

Eles queriam, de uma vez por todas, que arrumassem um modo de tirar Bokuto e Kuroo daquele péssimo estado em que se encontravam. E o que melhor do que contar com a presença das duas pessoas mais próximas dos capitães?

Sim, era esse o pensamento que passava pela cabeça de Kenma e Akaashi. Eles não estavam de todo errados, mas também não havia acertado em cheio.

Observaram os cinco integrantes de ambos os times aproximarem-se e rodearem-nos. Por um momento, era quase como se fossem presas ameaçadas por seus predadores. Para Yamamoto, a definição era exatamente essa, assim como, também, estava deliciando-se em transpassá-la. Lançou um olhar cúmplice para Konoha que dizia “é agora”.

Akaashi mal abriu a boca para falar algo — um “bom-dia” que fosse —, quando Yamamoto e Konoha agiram: impulsionando os braços para trás, arremessaram ambas as mikasas* na direção dos dois levantadores.

As reações foram distintas. Kenma abaixou-se, desviando da que viera em sua direção. Já Akaashi, num movimento simples, pegou a bola sem dificuldades antes que essa batesse em seu rosto.

Não demorou nem um segundo para que Yamamoto sentisse um chute poderoso em sua canela.

— Idiota, eu disse para não fazer isso! — Yaku bradou, irritado.

Yamamoto gemeu de dor, massageando a região machucada, escutando, do lado oposto, Komi censurar igualmente Konoha pelo ato.

— Achei que seria legal pra ter um clima mais intimidante, Yaku-san… — desculpou-se.

O líbero do Nekoma suspirou, impaciente e cansado. Já devia ter esperado algo assim… Yamamoto, como sempre, adorava se sentir superior e no controle de tudo.

Virou-se para os dois levantadores.

— Desculpe por isso. — falou. — Essa não foi a “recepção dos sonhos”, mas esqueçamos disso por enquanto. — olhou-os, então, com seriedade. — Precisamos ter uma conversinha.

Akaashi e Kenma se entreolharam. No entanto, antes que pudessem dizer qualquer coisa, Yaku tomou a palavra novamente, decidido:

“Olha, vamos direto ao ponto: não estamos gostando nem um pouco de tudo que está acontecendo. — foi categórico e sincero na medida certa. — A situação do Nekoma está ficando cada vez pior e, pelo que Komi e Konoha disseram, a da Fukurodani também”. — indicou os outros dois.

“Como esperado…”, Kenma pensou, averiguando que, de fato, o assunto seria aquele. No entanto, o que não estava entendendo bem era aquela sensação intrigante que seus companheiros estavam passando. Era como se ele e Akaashi estivessem do outro lado, exclusos, não participando em si do problema, e sim, como se fossem o próprio problema.

Akaashi adiantou-se.

— Nós sabemos disso, Yaku-san. Vocês estão se referindo ao Kuro-san e ao Bokuto-san. Mas nem mesmo a gente está entendendo o motivo de eles estarem estranhos desse jeito. — fez expressão incerta e cansada. — Acho que não seremos de grande ajuda.

“Mas são cínicos…”, o pensamento foi formado no mesmo instante na mente de Konoha e Yamamoto. O Akinori, não se segurando, acabou explodindo:

— Mas como assim? O problema é vocês! — frisou, jogando as palavras como se os condenasse.

“Bingo”, Kenma suspirou. De fato, sua impressão não foi equivocada.

— Nós? — Akaashi franziu o cenho, a princípio, sem parecer entender. Em seguida, seus olhos ganharam uma certa compreensão e melancolia. Então realmente ele era o motivo de Bokuto estar daquele jeito? — Eu já tinha me perguntado isso, mas…

— Então realmente fizemos algo de errado. — Kenma completou, pronunciando-se pela primeira vez desde que chegaram. Sua voz não teve qualquer emoção aparente, somente parecia estar conformado.

Sem se importarem em serem discretos, os outros cinco se entreolharam. A pergunta na mente de todos era apenas uma: “eles estão brincando?”.

Yaku, sentindo-se já exausto com a situação, decidiu ir logo para os finalmentes.

— Olhe, para começo de conversa: por que vocês decidiram engatar nesse relacionamento? Caso não tenham percebido, é ele quem está causando toda essa tensão nos times.

Achando que o líbero do Nekoma foi um pouco duro demais, Komi pigarreou, disposto a dar sua opinião.

— O problema não é o relacionamento em si. — fez questão de esclarecer. — Mas sim, o modo como vocês estão conduzindo ele. Vocês deviam ter sido sinceros com o Bokuto e com o Kuroo desde o início. Ou pelo menos comentado que isso estava acontecendo. — expôs com calma e paciência.

— É, vocês vacilaram feio nessa parte. — Yamamoto cruzou os braços, acenando.

— E outra: eu sempre achei que o Kenma-san gostasse do Kuroo-san. — Lev ergueu a mão, pronunciando-se. — Até agora estou um pouco desacreditado...

— E eu sempre pensei que o Akaashi e o Bokuto já estavam praticamente num relacionamento! — Konoha acrescentou, altivo. — Isso é surreal!

— E tem mais! O Kenma…

Tum!

Inesperadamente, uma bola foi jogada com força exatamente no centro do semi-círculo que os cinco garotos formavam, fazendo um barulho alto e estalado, assustando-os e fazendo-os se calarem em uníssono. Todos ergueram os olhos para Akaashi, o responsável por ter atirado a bola. O levantador parecia estar atônito.

— Do que vocês estão falando?!

A pergunta soou tão incrédula e surreal que pegou todos ali presentes de surpresa. Não era comum ver o Keiji apresentar tantas emoções de uma vez, ainda mais as que continham qualquer agitação. Kenma, por outro lado, parecia ter paralisado no lugar após ouvir todas aquelas palavras sobre ele e Kuroo, ditas com tanta naturalidade e veemência. Não conseguia encontrar a voz.

Isso só fez com que o resto dos garotos começassem gradualmente a se irritar.

Yamamoto, como sempre, não perdeu tempo em extravasar seu enfezamento.

— Ué, estamos falando do fato de vocês estarem juntos, carambolas!

No meio do silêncio que abateu-se sobre o ginásio, Kenma e Akaashi se entreolharam, perplexos. O loiro, finalmente, conseguiu encontrar a própria voz.

— Mas… n-nós não estamos juntos.

Foi como se a frase tivesse ecoado na mente de cada um mais de cem vezes, apenas frisando o “não” sucessivamente. Os rapazes precisaram de praticamente um minuto inteiro para digerir as  palavras do Kozume.

Enfim, o atleta mais novo dali foi o único capaz de dizer alguma coisa:

— Como não estão? — os olhos azuis de Lev estavam arregalados. — Todos sabem que quando vocês se encontram, não treinam levantamento algum. Nem mesmo montar a rede vocês montam!

Akaashi, sentindo um mar de informações atingir sua mente, enfim, compreendeu tudo. Cada dúvida, cada detalhe, cada palavra, cada gesto, cada lembrança; todas iam se unindo e se clareando, fazendo tudo, enfim, ter seu devido sentido.

“Como fui tolo…”, fechou os olhos por um momento, organizando seus pensamentos com o máximo de concentração que conseguiu juntar e focando no mais importante: esclarecer tudo.

Abriu os olhos, encarando os cinco.

— Sim, vocês estão com razão: nós não treinamos só levantamentos. — o cenho deles franziram-se em sincronia. Keiji respirou fundo, tirando, então, o celular do bolso. — Estamos nos encontrando para jogar Animal Crossing.

Enfim, a revelação. Tão simples, banal e capaz de ofertar um tapa na cara de todos presentes.

Konoha, ainda perplexo, balbuciou:

— Mas… mas… Akaashi, toda vez que você ia se encontrar com o Kenma, você dizia que ia treinar. — expôs, completamente perdido.

O moreno assentiu.

— Sim, eu ainda estou em fase de treinamento no jogo, e o Kenma está me ajudando. — explicou.

Vendo que todos ainda pareciam extremamente confusos, Kenma, numa rara atitude de se expor, decidiu explicar tudo desde o início.

— No nosso primeiro encontro para treinar levantamentos, vi que Akaashi tinha baixado esse game, e como eu já jogo ele há muito tempo, Akaashi me pediu para ajudá-lo a passar para os níveis mais altos. — elucidou a todos.

Yaku, ainda confuso, apenas inclinou a cabeça.

— Então é isso que vocês têm feito? Jogar um joguinho online? — o ceticismo ainda era presente na voz do líbero.

Akaashi encolheu os ombros enquanto Kenma assentia.

— É. — responderam.

Em meio ao silêncio, todos os cinco rapazes se entreolharam. Os sentimentos eram apenas dois: surpresa com a reviravolta esmagadora da situação, e perplexidade ao constatar o quanto haviam sido burros.

Komi, então, suspirou.

— Houve um engano.

Lev assentiu.

— Um grande engano.

Yamamoto consertou:

— Um engano colossal.

Akaashi deu um passo à frente.

— Então é por isso que Kuroo-san e Bokuto-san estão chateados? — indagou.

Kenma ergueu os olhos, retraído.

— Mas… mesmo se fosse por isso… por que eles se chateariam? — expôs, inocentemente, a dúvida que rondava a mente tanto dele quanto de Akaashi.

Yamamoto pigarreou, cruzando os braços.

— Por qual outro motivo seria? — replicou, óbvio.

Ao ver que os dois levantadores não foram capazes de compreender a indireta, Yaku tomou uma decisão. Respirou fundo, aproximando-se de ambos em passos firmes, parando à suas frentes.

Olhando-os nos olhos, disse as cinco palavras capazes de mudar tudo de uma vez por todas:

— Eles estão apaixonados por vocês.  


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Notas finais do capítulo

*Mikasa: bola de vôlei oficial em competições.

TCHARAN!!! Enfim, o mistério é revelado! Entenderam porque a fanfic se chama “O Engano”, agora?

E aí, ficaram surpresos com a revelação? Esperavam outra coisa? Diz aí.
Vou aproveitar para avisar que os últimos capítulos sairão um pouco mais rápido, ok? Já está se aproximando do fim mesmo, então por que não acelerar?

Mas!!... só digo uma coisa: segurem seus corações nos próximos dois capítulos. Bem forte mesmo. Falo sério.

Ps. Sempre esqueço de perguntar: alguém aí já viu um anime chamado Given? Ando vendo muitas AMVs dele, e tanto eu quanto a Sahh estamos nos interessando… É bom?



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