Não, nada de bom começa em um carro de fuga... escrita por Miris


Capítulo 1
Eliza Cooper


Notas iniciais do capítulo

POR FAVOR, LEIA AQUI!


Essa história faz parte do Desafio Amigo Secreto que a @Angel45 faz todo ano para mim e para as meninas ?” @SnowFlake_Frost e @ScayWester. Para melhor entendimento, aconselho ler “A Aluna Favorita” ?” também escrita por mim em outro Desafio da @Angel45.


Minha frase foi retirada da letra de Getaway Car da Taylor Swift pela própria organizadora do Desafio. Entretanto, minha amiga secreta é a @SnowFlake_Frost.
Então, criança, aproveita a fic porque eu não faria nenhuma outra Lukanette pra você, ok?! ❤


“Éramos classe alta, Bonnie e Clyde
Até eu mudar para o outro lado, para o outro lado
Não é surpresa, eu te traí
Porque nós traidores nunca ganhamos”



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Não, nada de bom começa em um carro de fuga...

Foi o melhor dos tempos, o pior dos crimes.

            Infelizmente, foi assim que começamos. Eu conheci o Derick na escola, quando ele era “superamigo” de Heloíse Miller e sua amiguinha, Annaliz. Isso foi há alguns anos e ele me odiava, assim como suas amigas. Sua aproximação repentina veio anos depois, por falta de confiança de minha maior inimiga, foi um alívio em minha vida. Fora Melody quem o havia enviado, eu tinha certeza… Minha irmã.

Todas as idiotices consideradas “crimes” por meus pais e adultos ao redor era o que me fazia sentir bem e viva. Era a melhor época. Lentamente, fui puxando ele para esse mundo junto a mim. Sexo, bebidas e entorpecentes se tornaram grandes aliados de nós dois e nossas mágoas.

Os ternos eram pretos, as mentiras eram brancas,

Em tons de cinza à luz de velas...

Nós nos aproximamos de verdade quando ele apareceu junto aos pais, em uma festa dos meus. Um baile tradicional da alta elite da região: a noite branca. Onde homens vestiam seus melhores ternos e máscaras pretas, enquanto as mulheres se vestiam e usavam máscaras brancas com plumas grandiosas e muito brilho. Era mais uma daquelas festas de rico onde a luxúria e o pecado em todos os seus níveis reinava à luz de velas em vários cômodos da mansão.

Foi com ele que pude me perder de todos os medos e traumas, mergulhar em meus desejos e na chama de esperança que tinha em viver uma vida melhor. Poder ouvi-lo falar brevemente de seu afastamento de Heloíse e saber que me achava atraente e bonita, foi o bastante para que eu me jogasse de cabeça em seus braços. A nossa carência nos envolveu de tamanha forma que nem nos preocupamos em nos conhecer de verdade, apenas nos entregar a uma coisa sem futuro ou embasamento.

Eu estava convencida de que, minha Melody o havia colocado em meu caminho para me amar e, para que eu amasse mais uma vez. Entretanto, não foi isso que aconteceu…

(...) Eu estava mentindo para mim mesma...

Eu soube desde o primeiro encontro, fomos amaldiçoados!

Nunca tivemos uma chance sequer...

            O tal “Amor”, nunca havia sido amor de verdade. Era a luxúria de nós dois, misturada à vontade de vingança minha e de Derick à Heloíse, com o medo de ficarmos novamente sozinhos. Isso, claro, sem poder mencionar o meu medo de Leonard Schulz.

 Nós nos acomodamos aquele “amor por conveniência” que estávamos acostumados e nos fazia sentir seguros. Eu queria alguém para me sentir protegida e longe de tudo aquilo que eu sempre vivi e sofri. Queria alguém para me ajudar a viver e fazer as maiores burrices que me fariam chorar de arrependimento mais tarde.

            Além de minha família — principalmente Dele —, o ódio de Heloíse também se fez presente quando Derick escolheu lhe virar as costas e ceder ao desejo de vingança pela sua amiga não lhe confiar uma informação muito importante. Aparentemente, apenas Annaliz sabia. A ira da estudante prodígio torturou Derick todos os dias, por várias horas.

Esse relacionamento não teria futuro por não ter o mais importante: sentimentos.

Andando em um carro de fuga;

Haviam sirenes nas batidas do seu coração!

Deveria saber que eu seria a primeira a partir...

            Derick era a minha forma de fugir de tudo o que eu estava passando e me sentir segura. Até mesmo pelos… Bebês. Estes, jamais deveriam ter acontecido e agora, eu teria que passar por mais um procedimento à força por Ele. O medo de perder tudo o que eu tinha — por mais que fosse péssimo — me fazia aguentar todas essas humilhações e pesadelos recorrentes.

            Mesmo assim, as batidas do coração de Derick sempre o denunciavam quando ele via Heloíse sorrindo ou andando pelos corredores. Eram como sirenes ambulatórias, muito altas. O quanto ela amadureceu e ficou bonita sempre iria chamar a atenção dele e mantê-lo louco por ela. Eu gostaria que, um dia, alguém olhasse para mim como Derick olha para Heloíse. Gostaria que, um dia, as batidas do coração de alguém fossem tão altas e perceptíveis quanto são as do Derick para ela.

            Me doía saber que nunca o amaria, ou que ele nunca me amaria de volta. Eu, com toda certeza, não ficaria para sempre naquele relacionamento. Um dia, eu iria partir e Derick teria que lidar com isso… Não importando qual seria a minha escolha.

Não, nada de bom começa em um carro de fuga...

            Você sabe que tudo vai dar errado quando se usa uma pessoa apenas para fugir da solidão e desespero de sua vida. Dos medos. Sabe que transformar essa pessoa na sua forma de escapar de tudo uma hora vai dar errado. E, de repente, você volta para o fundo do poço onde estava no início.

Foi o grande escape, a fuga da prisão.

A luz da liberdade no meu rosto!

Mas você não estava pensando e eu estava apenas bebendo.

            O grande dia de minha libertação não tardou a vir quando descobri toda a verdade sobre Ethan e Heloíse. O maldito acidente de carro que causei foi o bastante para fazer com que ela se se arriscasse para poder me salvar com uma transfusão de sangue que apenas ela poderia fazer.

Se algo acontecer com ela, papai, eu vou te odiar para sempre. — Ouvir as ameaças com sarcasmo de Heloíse para Ethan me fez ter muitas dúvidas quando estava começando a acordar do pós-operatório.

            Minha vida, de repente, se virou para vasculhar o escritório de meu pai — tanto em casa quanto na escola — e a vida de Heloíse. Descobrir que Ethan Cooper tinha a ficha de inscrição de Heloíse em uma gaveta trancada na mesa do escritório e, que fotos suas estavam em um dos cofres da biblioteca, foi mais um sinal da investigação que precisei fazer. Logo, partir para a Sala do Diretor na Academia e abrir um maldito armário que sempre ficava trancado me trouxeram surpresas ainda maiores: fotos dos dois e cartas de “Feliz Dia dos Pais” e de aniversário.

Eu nunca chorei tanto… De felicidade. Naquele dia, eu voltei para casa e corri para meu quarto, boba-alegre. Puxei de dentro do closet Melody, minha boneca-irmã. Abracei o brinquedo com todas as minhas forças enquanto me derramava em lágrimas. Eu tinha uma irmã, agora eu seria amada e respeitada por alguém. Alguém cuidaria de mim!

            Eu me agitava com a verdade. Eu agora tinha uma irmã — mais velha — que cuidaria de mim, me protegeria e faria várias coisas comigo. Estava mais que explicado todo o comportamento de Heloíse comigo: sua proteção, seus sermões sobre meu comportamento, suas ameaças para todos aqueles que me chantageavam.

            Heloíse Miller era a minha salvação de todo esse pesadelo. Ela me acolheria e me daria todo apoio e suporte do mundo. Ela seria minha irmã mais velha e sempre cuidaria de mim!

            E eu a amaria para sempre!

Eu sabia desde o primeiro encontro, fomos amaldiçoados!

Isso te acertou como um tiro de espingarda no coração.

            Eu ainda me lembro dos sentimentos destruídos de Derick quando ele viu Heloíse com outro rapaz, um motoqueiro. Charmoso, bonito, gostoso. Ele a presenteou com uma gargantilha de ouro, cheia de pequenos corações de zircônia pendurados por sua extensão. Vê-los se beijando e andando, matou cada partezinha de “meu namorado”.

            Sua frustração se transformou em ódio, que nos trouxe várias brigas e discussões inacabáveis. Estas, sempre acabavam com ele desaparecendo. Era um relacionamento bastante tóxico, mas era o que nós dois tínhamos. Nossa segurança. Isso, até Leonard Schulz voltar com seu filho e acabarem com minha vida uma última vez. Toda a humilhação e maldade por um namoro que eu tinha e minha mãe deixou escapar.

Éramos classe alta, Bonnie e Clyde.

Até eu mudar para o outro lado, para o outro lado;

Não é surpresa, eu te traí!

Porque nós traidores nunca ganhamos...

            Após descobrir o segredo de Ethan, eu me voltei a cercar Heloíse por todos os cantos. Emocionada. Mas, o que eu poderia fazer? Eu queria uma irmã. Eu queria uma família que me amasse, por mais que fosse incompleta, ou apenas de duas pessoas.

            Heloíse estranhou o meu comportamento por bastante tempo, sempre tentando fugir. Tentando me afastar. Mas, eu nunca permitiria isso. Heloíse Miller era minha irmã mais velha e eu não a perderia. Por nada nesse mundo!

— QUAL O SEU PROBLEMA, ELIZA? — Ela gritou comigo. — O que você quer?

— E-eu... — Fiquei paralisada. — Eu só quero ser sua amiga. — Menti.

— Me deixa em paz! — Heloíse conseguia ser bem grossa quando queria. Tão grossa que me fazia chorar.

— NÃO! — Berrei devolta. — VOCÊ É A MINHA IRMÃ! — A chuva já havia começado a cair e, nós duas estávamos no meio da rua. Eu chorava feito criança e, Heloíse estava horrorizada.

— O quê? — Ela me olhou sem entender.

— Por favor, Heloíse. — Implorei. — Eu já sei de toda a verdade. Não me abandona, você é a única pessoa que eu tenho no mundo.

— Você tem o Ethan, pare de mentir.

— Não! Eu não tenho ninguém. — Eu já não sabia distinguir lágrimas de chuva. — Eu te odeio tanto quanto ele. Me deixa explicar, por favor!

— Vai embora Eliza.

— Por favor! — O choro era incontrolável e, até mesmo Heloíse com seu coração frio, me acolheu e levou para casa.

            Derick, eu te abandonei. Você odeia Heloíse Miller, não eu. Heloíse era a única pessoa que eu tinha, depois que contei toda a verdade sobre minha vida e minha família. Ela e Annaliz se tornaram minha família.

            Você ficou furioso quando eu contei que, agora, estava com Heloíse. Do mesmo lado que ela. Você disse que eu havia enlouquecido e mudado para o lado traiçoeiro. Mas, se era esse o lado que me acolheria e me amaria, eu o escolheria um milhão de vezes.

            Minha irmã não confiava totalmente em mim, mas eu não ligava. Não correr risco algum do seu lado era tão confortante e calmo. Deitar e dormir em sua cama virou uma mania minha. Ali, eu chorava e pensava os motivos que meu pai teve para me esconder o maior tesouro — e desejo — de minha vida: uma irmã.

Heloíse costumava chegar ao quarto quando ouvia meu choro e, gradualmente, começou a trazer uma caneca de chocolate quente que ela mesma fazia. Seu sorriso simples denunciava que, aos poucos, ela estava me aceitando. As coisas mudaram entre nós depois que contei tudo àquela noite na rua…

Estou em um carro de fuga...

(...)

Essa foi a última vez que você me viu!

            A última vez que Derick viu a antiga Eliza Schulz foi em uma festa. Eu retirei toda aquela imagem de vadia fútil que ele tinha de mim. Ele não entendeu muito bem, mas disse que se aquilo me faria bem, então não havia o que fazer. Mas, ele ainda não podia controlar sua surpresa em ver Heloíse indo me buscar naquela noite.

            E minha irmã estava tão linda, sorrindo com os lábios a me ver e me chamando para ir, como uma verdadeira irmã mais velha. Derick ficou encantando ao vê-la, mas ela já não se importava com ele há anos.

Eu estava dirigindo em um carro de fuga...

Eu estava chorando em um carro de fuga...

Eu estava morrendo em um carro de fuga...

Disse adeus em um carro de fuga...

            O meu “carro de fuga” havia sido deixado para trás, já que eu não precisava mais dele. Eu tinha a minha irmã e a polícia do meu lado. Eu podia chorar no colo de Heloíse colocando todas as minhas dores de anos atrás para fora. Eu não morreria mais sufocada em minhas mentiras todos os dias ao lado de Derick.

            Eu pude finalmente dizer adeus para toda aquela dor e minhas formas de “relaxar” diante tudo aquilo. Era, enfim, minha liberdade!

***

— Heloíse — Ethan fazia-se de vitima diante nós duas — como você pode? — Minha irmã sorria satisfeita diante dele.

— Esse era seu plano durante todos esses anos, não é Ethan? — Ela debochou. — Me colocar contra a Eliza e se divertir com o espetáculo que proporcionavam a você muita diversão. Duas irmãs que se odiavam e brigavam pela atenção e amor do papai.

— Fiz isso para o bem de vocês.

— Bem? Você me escondeu durante toda a minha vida meu desejo de ter uma irmã! — Eu não podia me conter diante a sua canalhice.

— Eu vou ter o prazer de tirar tudo de você, Ethan. — Heloíse o ameaçou. — Assim como você deixou que tirassem cada parte da Eliza, eu prometo, que vou tirar tudo o que você tem e ama! — O ódio de minha irmã era facilmente perceptível. — E a primeira coisa que eu vou fazer é demolir aquele prédio idiota que você chama de Academia e atear fogo nessa mansão maldita.

— Você não pode-...

— Me aguarde! — Heloíse sorria.

— A culpa é sua Ethan! — Camélia surgiu socando o marido. — Se você não tivesse tido essa bastardinha e essa praga, nós estaríamos bem!

— Cale a boca, Camélia. — O homem segura os pulsos da esposa, que tentava se desvencilhar.

— Eu deveria ter te tirado, Eliza. EU DEVERIA TER TE TIRADO! — Camélia gritava e esperneava enquanto tentava se soltar.

— EU TE ODEIO, SUA BRUXA MALDITA! — Todos pararam. Camélia me olhava com os olhos cheios e Ethan estava horrorizado. — Eu te odeio e te abomino com TODAS as minhas forças. Você é uma mulher nojenta e desprezível. Não precisava me amar, apenas me dar respeito e não deixar QUE NADA DISSO TIVESSE ACONTECIDO. Tivesse me dado para adoção. MAS NÃO ME DEIXASSE SOFRER NAS MÃOS DO SEU IRMÃO, AQUELE VELHO NOJENTO COM AQUELE FILHO NOJENTO. — A mãe de Eliza já estava aos prantos, tendo que ser segurava por Ethan para não cair no chão. — Você não merece nada do que tem. Você é fútil, vazia, inútil. — Cada palavra proferida por mim, mais Camélia chorava e tampava os ouvidos.

— Me desculpa. — A mulher chorava horrorosamente. — Me desculpa, Eliza.

— AGORA É TARDE! — Berrei com ódio. — Custava você apenas me dar respeito e garantir uma integridade, do que fazer de minha vida um inferno? Não precisava do seu amor, apenas do respeito.

— Eu avisei, Ethan. — Heloíse olhava meus pais com nojo. — Eu vou tirar tudo de vocês, vou deixa-los na rua da amargura.

— NÃO! — Camélia se soltou de meu pai e agarrou a perna de Heloíse. — Não, meu dinheiro não. Eu te dou joias. Posso pagar você, quanto quiser. Q-quanto você quer? Quanto? Eu-eu reconheço você como filha do Ethan. Eu te dou uma mansão. Te dou a faculdade que quiser, é só escolher. — A tentativa de minha mãe comprar Heloíse para que ela não denunciasse a família toda e arrancasse tudo deles, era vergonhosa.

— Eu quero uma coisa. — Heloíse sorriu.

— Diz. É só dizer. Eu dou. Fala, qual o seu preço?

— A vida de minha irmã de volta. Uma Eliza sem traumas ou crises de pânico.

— N-não. Isso eu não posso dar. Isso não. Pede outra coisa, qualquer coisa. — Camélia começou a sacudir a perna de Heloíse. — PEDE OUTRA COISA! — Um estalo soou na sala e minha mãe caiu no chão, com uma das mãos na face. Seu rosto estava vermelho e ela horrorizada, voltando logo a berrar e chorar.

— Fica longe de mim, vagabunda. — Heloíse disse com todo o ódio que sentia. — Dinheiro não compra tudo.

Helô. — Chamei minha irmã e ela me sorriu, doce.

— Vamos embora, irmãzinha. Eu prometo que eles serão presos e vão pagar por tudo.

NÃAAOOOOOO! — Camélia berrava tão alto, que podíamos ouvir do lado de fora da mansão. — VOLTEM AQUI! ELIZAAA!

***


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da confusa história. Ela me deu trabalho também. ♥

♥ A Aluna Favorita:

https://fanfiction.com.br/historia/790040/A_Aluna_Favorita/



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