Camile andou por muito tempo na escuridão, a ponto de perder a noção da realidade. Seus pés iam para lugar nenhum, o seu campo de visão se limitava a um nada acompanhado de nada. Chegava a se perguntar se ainda estava viva, afinal não sentia nada no ambiente estranho ao seu redor.

Depois de gritar por muito tempo, tentando chamar alguém, ela apenas desistiu e continuou seu caminho na escuridão, tentando achar uma saída ou, ao menos, uma luz. Mas era como se não saísse do lugar, ou como se estivesse presa no infinito nada. Não tinha solução, estava só e desolada.

Isso até sentir uma mão a tocar.

De início levou um susto, pensando que fosse uma espécie de alucinação, mas seus sentidos não mentiam, havia mesmo alguém ali.

— Quem é? — perguntou com medo.

A outra pessoa apenas respirava, talvez tão assustada como ela. Não conseguiam ver uma a outra, entretanto suas presenças eram evidentes.

— Quem está aí? — perguntou Camile mais uma vez.

A outra pessoa sussurrou:

— Foi você quem me chamou?

Camile tornou-se confusa, tinha plena certeza de que nunca havia encontrado aquela pessoa, no entanto ela lhe lançava aquelas palavras assombradas, como se tivesse reencontrado um alguém que lhe aterrorizava.

— Eu não sei quem é você — respondeu apenas. — Você sabe onde fica a saída desse lugar?

A outra pessoa balançou a cabeça em negativo, chocada demais para falar.

Camile ficava cada vez mais tensa com a situação, sentindo todas as pontas dos seus dedos gelarem. A escuridão estava mexendo com a sua mente, tornando seu coração mais aflito.

— Então vamos encontrar a saída juntas, não vamos ficar paradas aqui — disse Camile, pegando a mão da garota para que levantasse.

De repente, sua expressão mudou para surpresa e ela parou no lugar. Aquelas mãos eram familiares, definitivamente, como se as conhecesse muito bem. Apenas não sabia de onde, se conseguisse olhar com mais clareza para o rosto da menina, talvez soubesse a resposta. Mas, por enquanto, ignorou aquele sentimento novo e a puxou para que seguissem em frente.

Por outro lado, Leonor não encarava aquela situação de forma tão tranquila. Não estava enganada, aquela voz era igual a sua e aquele toque era o seu. Se analisasse o rosto da estranha, veria traços idênticos aos seus. Eram a mesma pessoa, mas diferentes, e, percebendo agora, ela era diferente de quem estava no seu sonho também, apesar das três serem as mesmas.

Mas, se aquela que pediu ajuda não era a mesma que estava na sua frente, então quem eram as duas?

Com a dúvida pairando na mente, Leonor seguiu Camile pela escuridão, buscando um caminho inexistente.