Ruptura escrita por Sweet Winter


Capítulo 10
Quando uma porta se abre


Notas iniciais do capítulo

Olá!!

Mais um capítulo chegando.

A imagem do capítulo ficou com uma qualidade muito ruim, desculpa, não era pra ficar assim kkkk

Helena: Helena sabe para que veio ao mundo, mas os outros não sabem para que vieram. Vindo de uma família simples, não nasceu como alguém comum, desde pequena um senso de direção a levava para um lugar e ela precisava encontrá-lo. Em meio ao mundo polarizado e a guerra pelo progresso, Helena é a única que tem uma resposta, mas ela não é ouvida.

Ariadne: Ariadne é uma rainha que subiu recentemente ao trono. Jovem e tola, desconfia que todos estão armando contra ela por suas costas. Pouco a pouco ela está prestes a entrar em um estado de loucura.

Boa leitura!!



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Helena andou por muito tempo até se perder. Passou por casas de todos os tipos e tamanhos, atravessou lagos e rios, encontrou neve, fogo e terra, até mesmo se aventurou por lugares que estavam fora de imaginação, e então percebeu: estava longe de casa.

Estava tão longe que nem sabia como voltar. Mas nem poderia, afinal não sabia se o que deixou para trás ainda estava lá. A essa altura, não tinha certeza de mais nada, exceto de que precisava seguir em frente.

Andou até parar em um corredor longo e vazio. Enfeitado por quadros de pessoas de rostos sérios e por vasos feitos dos materiais mais caros, aquele corredor parecia esconder algo sombrio para Helena. Ela sabia que era ali que precisava estar.

Um estrondo, como um trovão, ressoava pelo lugar silencioso. Helena seguiu o barulho com passos cautelosos, sentindo uma presença forte cada vez mais perto. Arrepios subiram por todo seu corpo, ciente de que era um sinal de perigo, mas não poderia se afastar agora que estava tão perto, bastava apenas virar no próximo corredor.

De repente, se assustou quando ouviu uma respiração pesada ecoar. Arregalou os olhos, percebendo que o tempo estava se esgotando, e correu na direção do som, encontrando a garota de vestes nobres de frente para o grande monstro feito de sombras. Sem pensar duas vezes, agarrou o pulso dela junto com a espada caída no chão, então as duas caíram no infinito, para bem longe daqueles corredores sombrios.

Helena caiu no chão coberto de neve sem nenhuma delicadeza, sujando o rosto e arranhando as mãos. Ao seu lado, a garota caiu também, parecendo ainda mais atordoada e confusa.

— Ai — reclamou Helena, se levantando com dificuldade. Olhou para a garota de cabelos arrumados que permaneceu no chão, fitando o nada acima de si. — Você não deveria ficar parada aí, precisamos achar um abrigo. — Helena xingou mentalmente o seu azar, por ter as levado para um lugar tão frio quando nem ao menos vestiam roupas quentes.

A garota desviou o olhar para Helena, que olhava ao redor, procurando no meio daquelas árvores cobertas pelo branco algum lugar quente e seguro.

— Estou sonhando? — perguntou com a voz fraca.

— Como? — Helena não estava prestando atenção. — Ah, não, não é um sonho. — Coçou a cabeça. — Bem que eu queria que fosse — murmurou.

A garota levantou o tronco, ficando sentada no chão e olhando com curiosidade para Helena, com as sobrancelhas franzidas e um rosto confuso.

— Você… Você se parece… — Pensava que talvez estivesse mesmo alucinando.

— Contigo? — completou. — Sim, somos iguais, que doido, né? Meu nome é Helena, prazer em te conhecer. — Andou mais um pouco ao redor, sem sair do campo de vista da outra.

— Eu sou a rainha Ariadne — se apresentou, mesmo que ainda estivesse com dúvidas na cabeça. — Quer dizer, não tenho certeza se ainda posso chamar a mim mesma assim.

— Então vou te chamar só de Ariadne — disse Helena estendendo a mão para ela levantar. — Certo?

Ariadne olhou para a mão com atenção, em seguida virou a cabeça para o ambiente ao seu redor, uma floresta de neve sem uma única alma viva além delas.

— Eu fiquei louca, não foi? — sussurrou, parecendo mais triste do que preocupada. — Finalmente aconteceu, foi como me falaram, eu não aguentaria por muito tempo.

Helena suspirou, se abaixando para ficar na altura da jovem rainha que perdeu a coroa.

— Se você está louca, então nós duas estamos — disse, capturando a atenção de Ariadne. — Escutei por muito tempo as pessoas dizendo o que quisessem sobre mim, mas só porque dizem algo não quer dizer que é verdade. — Estendeu a mão novamente. — Isso é algo que só você pode decidir.

Ariadne aceitou a ajuda, assim as duas caminharam juntas em meio ao lugar desconhecido, atrás de algo que as ajudasse. Estava ficando cada vez mais frio para elas e logo iria anoitecer, por isso precisavam se apressar.

Andaram em silêncio, ouvindo os próprios passos repetitivos sobre a neve espessa, até encontrarem uma pequena casa de madeira, abandonada no meio daquele nada. Se entreolharam antes de decidirem entrar.

Estava vazio, aparentemente era um lugar sem dono, por isso entraram, acenderam a lareira e pegaram algumas cobertas que estavam no guarda-roupas velho. Não era um ambiente luxuoso, todas as coisas ali dentro estavam empoeiradas, mas já era melhor do que passar a noite do lado de fora, correndo o risco de morrerem congeladas ou atacadas por algum animal.

Ariadne fitava a lareira, parecendo hipnotizada, enquanto Helena ajeitava os cobertores para as duas naquele sofá velho. Sentou ao lado da jovem rainha e perguntou:

— Será que conseguimos achar café por aqui? Ou até mesmo chá, não sei, qualquer coisa quente. — Parou para pensar um pouco. — Na verdade seria bom se tivesse comida, faz muito tempo que você não come?

Ariadne apenas balançou a cabeça negativamente, ainda com aquele olhar melancólico no rosto.

— O que aconteceu? — Helena finalmente questionou. — Quando eu te encontrei, havia acontecido algo, certo?

— Eu… — Ariadne hesitou. — Para ser sincera, eu fiz algo que não devia ter feito. Eu estraguei tudo.

Helena murmurou um “ah”, se ajeitando melhor no sofá, até mesmo se esquecendo de procurar o café ou chá que tanto queria.

— Bem, você não parece uma rainha. — Ariadne virou o rosto para a outra, confusa com a fala. — Quer dizer, é verdade que você tem porte de realeza, mas, talvez porque também seja muito parecida comigo, eu não consigo te ver como uma rainha. É o que eu acho — Helena concluiu o pensamento.

— Não era para eu ser mesmo — disse Ariadne. — Meus pais morreram, não faz muito tempo, e então a coroa foi automaticamente passada para mim. Mesmo que eu não mereça, é o meu destino.

— Então você não estava feliz — falou Helena, recebendo uma concordância como resposta. — Eu te entendo. Nunca tive um destino como governar um reino, mas no meu mundo também haviam muitas coisas que me frustravam. — Virou o corpo na direção da garota. — Talvez o melhor mesmo seja se afastar de tudo e traçar um novo caminho.

Ariadne deu um mínimo sorriso.

— E para onde vamos?

— Quem sabe? — Helena deu de ombros. — Talvez só vagar por aí, atrás de algo bom, por enquanto parece muito divertido.

— Como um plano provisório? — indagou Ariadne, parecendo até mesmo animada com a ideia.

— É, tipo isso. Não parece ruim, parece? — Riu. — Não precisamos ter planos e compromissos com ninguém, apenas viajar descobrindo os segredos do universo.

Ariadne soltou um suspiro, encostando as costas no sofá que rangia. Naquele momento descontraído, foi como se um peso saísse de seu peito, a libertando de algo que nem sabia que estava a prendendo. Naquele momento, se sentiu leve, como há muito tempo não se sentia.

— Você não ia procurar café? — perguntou para Helena.

— Ah! É mesmo! — E se levantou apressada, arrancando risadas da jovem rainha, que finalmente sentia que podia se livrar desse título.

Passaram a noite naquela cabana, Helena arrumou um colchão para Ariadne enquanto ela mesma dormiu no sofá. Quando a manhã chegou, decidiram que era hora de esclarecer alguns tópicos.

— Então o seu país estava em guerra e você foi mandada para uma cidade de refugiados… — Ariadne recapitulava o que havia acabado de ouvir.

— País não, o mundo — Helena corrigiu.

— Certo. E então aconteceu esse incidente misterioso onde as pessoas desapareceram e apenas você ficou.

— Exato.

Ariadne tentava raciocinar, se lembrando da sombra que havia visto no seu castelo, mas não conseguia chegar a conclusão nenhuma.

— Ah, também havia o sonho — lembrou Helena. — Eu não entendi muito bem, alguém falava sobre algo que mataria a todos nós… — Forçou o cérebro para se recordar com mais exatidão. — Na verdade, — olhou para Ariadne com mais atenção — pensando nisso agora, acho que sei por que aquela voz era tão familiar. Será que poderia ser você?

Ariadne franziu as sobrancelhas, dando de ombros, sem entender do que ela falava.

— Ou talvez não seja, não sei — murmurou Helena. — Só sei que, desde o acontecido, eu tenho sido transportada de um lugar para o outro, sempre um lugar inesperado, mas não consigo voltar para casa.

— Então foi assim que viemos parar aqui. — A cabeça de Ariadne estava confusa, dando nós em cima de nós, no entanto, sem opção, apenas podia aceitar a realidade que estava enfrentando.

— É, talvez tenhamos que ir embora logo, eu sinto que uma nova porta vai se abrir em pouco tempo — avisou.

Ariadne assentiu, já sabia que não poderiam ficar naquela casa abandonada por mais tempo. Mesmo que ninguém fosse até ali, a comida iria acabar e tinham certeza de que não sobreviveriam por mais tempo no frio com apenas aquelas roupas.

Olhando ao redor, para o piso de madeira velha e empoeirada, Ariadne percebeu uma coisa.

— Você também trouxe a espada. — Pegou o objeto que havia sido jogado no chão de qualquer jeito na noite anterior e nem haviam percebido. A lâmina ainda estava coberta de sangue seco, o sangue das pessoas que Ariadne havia brutalmente matado. Quando pensava nisso, tinha a sensação de que havia sido apenas um sonho distante, no meio daquele lugar desconhecido, distante daquela realidade sufocante, parecia que não havia sido real.

— Achei que seria útil — disse Helena, inclinando a cabeça com um olhar atento. — Você deveria limpar.

Ariadne apenas segurava a espada firmemente, como se temesse que outro alguém pegasse aquele objeto. Não por posse, mas por vergonha.

— Quando eu puder, eu faço — respondeu. — Acho que deveríamos pegar algumas coisas antes de ir.

Mesmo que a casa estivesse abandonada, a comida ali não estava velha, por isso pegaram o máximo possível dos armários e colocaram em um saco que Helena disse que iria carregar. Também pegaram casacos, pensando que poderiam acabar em outro lugar frio como aquele e talvez não tivessem a mesma sorte de achar um lugar seguro para se esquentar.

Do lado de fora, sentindo os flocos de neve caírem sobre os seus rostos, Ariadne finalmente se deu conta de que estava partindo para bem longe, e talvez fosse para não voltar.

— Está na hora. — Helena estendeu a mão para a garota, que aceitou sem hesitar.

Ariadne poderia sentir várias coisas, saudades dos pais, tristeza por estar longe de casa, raiva pelas pessoas que desdenharam dela, mas naquele momento ela apenas soltou um suspiro de alívio. Estava livre, finalmente.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim de mais um capítulo! O que acharam? Críticas?

Até!!

=^.^=



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