Às vezes, desejamos nunca termos nascido. Nunca conhecemos nosso pai e nem soubemos se temos. Mamãe nos deu a luz, mas fomos separadas dela no mesmo dia, enquanto ela ficou recebendo tratamento diferenciado. Ela não apenas ficava traumatizada com o que acontecia, como também éramos muito perseguidas por sermos sempre juntas e diferentes. Chamavam a gente de tudo que é nome, mas minha irmã me apoiava. Pouca ou nenhuma gente nos ajudava até o dia que conheceríamos gente como a gente. Elas nos ajudaram a sermos fortes e depender uma da outra e de nós mesmas. Ao lado da minha irmã ou não, tudo o que eu tinha que fazer era superar os problemas que eu vinha enfrentando, viam a gente como aberrações, exceto nossas novas amizades. Às quais passaríamos a nos darmos muito bem e aprender a lidar com pessoas diferentes. Com o tempo, nunca esqueceríamos da mamãe, mas tentaríamos arranjar trabalho para conseguir vê-la novamente, matar saudades ou outra coisa. Ela me faz muita falta.

Quando ainda estudávamos, não duramos muito tempo em alguns empregos, não por falta de tentativa, mas por desistência ou outra coisa. A gente sempre dava um jeito de conseguir conciliar o trabalho com o estudo, foi quando fomos procuradas por um homem, que aparentava ser bondoso até eu e minha irmã soubermos que ele cometia crimes na surdina. O problema não foi rejeitar as ofertas dele, mas termos que fazê-las sob chantagem. Minha irmã e eu até tivemos uma ajuda melhor de uma mulher estranha, ela nos ajudou quando esse homem queria que continuássemos com ele, e quando começamos a ser fortes de verdade… É como se eu estivesse unida à minha irmã, como se fossemos uma só. Mesma mente, mesmo corpo, mesmas habilidades. Mas ainda que separadas, continuamos fortes, mas somos mais ainda unidas e com gente que conhecemos e amamos.