Linhas do Destino escrita por MariGuedes


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Eu sou uma grande fã de Dramione, essa ideia me veio do nada e eu senti vontade de escrever. Me diverti bastante escrevendo e espero que sintam o mesmo lendo.



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Hermione Granger-Weasley tinha a vida que todos esperavam dela. A heroína de guerra que havia se casado com seu melhor amigo da escola, também herói de guerra e ambos amigos do famoso Harry Potter. Aos trinta e cinco anos ela tinha três filhos e a família perfeita. As revistas adoravam enaltecer a perfeita e certinha Hermione, mas ela não era assim. Começando pelo fato de que seu marido, Ronald Weasley não é o pai de sua filha caçula.

 

Uma parte da vida de Hermione mudou quando ela voltou para Hogwarts para completar seu último ano em Hogwarts em paz. Sem as aventuras mortais com Ronald e Harry ela tinha bastante tempo livre além disso foi designada como monitora chefe junto com Draco Malfoy - que estava no colégio como parte da sua pena e depois, pela boca da própria diretora que o cargo era para que Hermione o vigiasse de perto.

Com a escola em um clima pesado e constante de luto McGonagall pediu encarecidamente que seus monitores chefes a ajudassem a promover eventos que ajudassem os alunos e professores a superarem seu luto então eles passaram bastante tempo juntos organizando os eventos - que foram um sucesso - e tiveram que fazer um longo projeto de poções juntos.

Draco estava bastante diferente naquele ano. Hermione quase não o reconheceu na estação. Despido de todo o seu orgulho - o nome Malfoy foi jogado na lama com a prisão de Lucius - os ombros caídos, o cabelo desgrenhado e as olheiras profundas o faziam parecer humano e despertou a compaixão e o perdão dela assim que começaram a conviver.

Hermione também vivia com seus fantasmas, seus pesadelos que reprisavam as cenas horríveis que presenciou. Um dia, angustiada, ela decidiu ir à torre de astronomia espairecer e Draco já estava lá. Ela ia embora quando ele pediu para que ficasse. Eles se abrigaram debaixo do mesmo cobertor, conversaram como se não tivessem um longo e difícil histórico e se beijaram pela primeira vez.

Hermione quis fingir que isso não aconteceu e seguir sua amizade normalmente, já que ainda namorava Ronald a distância, mas era impossível. Diante de todos era um relação puramente de colegas que dividiam responsabilidades, mas assim que ficavam a sós era como se existisse um força de atração maior do que o sentimento de dever e culpa que ela sentia.

Eles esconderam muito bem. Nem mesmo Gina, que é sempre muito atenta a tudo que ocorre ao seu redor, notou algo. Todas as vezes Hermione dizia a si mesma que era errado, que era a despedida, mas na noite seguinte ela estava nos braços de Draco, entregue ao desejo e à luxúria que eram tão novos para ela.

Quando se formaram, o caso acabou. Cada um sugado por suas responsabilidades. Draco começou a estudar no Instituto de Alquimia de Paris e Hermione começou a trabalhar no Ministério e ficou noiva de Ronald. Ela ainda era atormentada por aquelas memórias intensas, mas decidiu seguir a vida que deveria e um nunca mais procurou o outro.

Porém seis anos atrás, Hermione trabalhava no Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, sua vida era normal. Seu relacionamento com Ronald ia bem e tinha dois filhos lindos, Rose com seis anos e Hugo com quatro quando em uma bela manhã de outono ela chegou para trabalhar, Draco Malfoy estava lá.

—Hermione, que bom que chegou - seu chefe disse assim que a viu - O Sr. Malfoy vai nos ajudar na atualização da regulamentação de acidentes mágicos relacionados à poção. Vocês já se conhecem, certo? Estudaram juntos, não?

—Já nos conhecemos - Hermione disse cordial - Será ótimo ter um alquimista ajudando na atualização.

Hermione era boa em dissimular. Ela manteve aquela conversa amigável com seu chefe e Draco como se sua mente não rodasse. Era como ser adolescente de novo, suas palmas suavam, sentia as borboletas na barriga e as memórias passavam como filme. Uma coisa era aceitar que aquilo foi passado quando nunca mais se viram e imaginava que jamais voltaria a ver - até onde sabia ele havia se casado com Astoria Greengrass e tinha um filho da idade de Rose. Mas ele estava diante dela. O homem com quem tinha sonhos eróticos e povoava sua imaginação mais quente. Lembrava-se de como era sentir seus toques, se entregar ao prazer nas salas de monitoria e no banheiro dos monitores de madrugada. 

Hermione disse a si mesma que nada aconteceria, era uma mulher casada com quase trinta anos, ela não era mais a adolescente cheia de hormônios daquela época. Ainda que se sentisse exatamente assim.

Aos poucos a tensão sexual entre eles voltou a ser como foi um dia. Por vezes acabavam ficando sozinhos tarde da noite tendo conversas com duplo sentido e com toques exageradamente demorados. Não demorou muito depois disso para que estivessem transado em cima da mesa de trabalho.

Hermione carregava dentro de si a euforia de viver a aventura que por quase uma década viveu em seus sonhos e a culpa de trair o marido. Se Ronald fosse um marido e pai ruim provavelmente seria mais fácil. Na época da escola não vendo-o com frequência ela podia empurrar a culpa para debaixo do tapete. Porém agora o cenário era bem distinto. Todas as noites ela voltava para casa, ouvia as reclamações de Ron sobre suas súbitas horas extra, se deitava ao seu lado e esquivava-se de suas investidas. E ele não era um marido ruim, apesar dos anos juntos - casaram-se aos dezenove - ele ainda era um tanto carinhoso e fazia questão de ter momentos juntos mesmo depois dos filhos e era um dos pais mais dedicados que conhecia.

Um dia, depois de ficar até tarde no escritório transando com Draco, ela chegou em casa e se deparou com Ronald vestindo um terno. Ele havia mandado as crianças para A Toca para que pudessem comemorar o aniversário de casamento. Ele havia comprado um lindo vestido para ela, montado a mesa e pedido comida no restaurante favorito deles. 

—Não sei o que tenho feito de errado, Mione, você está tão distante de mim. Você sempre reclamou que eu sou insensível e eu tenho tentado ser mais atencioso, prestar mais atenção em nós, mas parece que ainda não é o suficiente. Nossa família é tudo para mim. Me diga o que eu devo fazer?

Naquele momento Hermione se sentiu a pior das pessoas. A mais cruel, dissimulada e mentirosa. Ela decidiu que era hora de ser adulta, decidir qual era a sua real prioridade e devia ser sua família. Eles fizeram amor com intensidade e na manhã seguinte, um sábado, ela pediu transferência para outro departamento. Na segunda seguinte ela estava no Departamento de Cooperação Internacional em Magia e ela nunca mais viu Draco.

Porém, semanas depois ela percebeu que a sua menstruação atrasou. Hermione gelou no momento em que percebeu o fato. Ela tentou se convencer de que era só um acaso, mas dias se passaram e ela percebeu que deveria enfrentar a realidade. Mesmo sendo o resultado positivo que segurava em suas mãos.

Ela disse para si mesma que o bebê deveria ser de Ronald. Pela data provável da concepção dada pela médica, poderia ter sido concebido no dia da “reconciliação” deles ou nas vezes com Draco - que não foram poucas.

Ela contou a Ronald que ficou extremamente surpreso e toda a grande família Weasley ficou exultante com a chegada de mais um bebê. Porém quando a pequena nasceu e abriu seus lindos olhos acinzentados ela soube que seus erros a assombrariam para o resto da vida.

A menininha tinha os cabelos castanhos da mãe e do irmão mais velho, os olhos acinzentados e Hermione a achava bastante parecida com Narcissa, mas a pequena parecia majoritariamente com a mãe para seu alívio. Ninguém nunca sequer cogitou que o bebê não fosse de Draco e a vida seguiu.

Hermione convenceu Ronald a nomeá-la Adhara, ainda que fosse arriscado era o que parecia o certo. A única coisa que sua filha teria do pai biológico seria a tradição do nome. Ela disse que havia sonhado e depois de bastante insistir ele cedeu.

Os dois se davam muito bem. A pequena estrela era louca pelo pai e a cada interação adorável entre eles a culpa beliscava o coração de Hermione. Sua infidelidade tinha os olhos do pai biológico. 

 

Aos trinta e cinco Hermione tinha um bom cargo no Departamento de Execução das Leis da Magia. Ronald havia deixado o cargo de auror para trabalhar com Jorge na Gemialidades Weasley, o que foi ótimo já que Ronald podia passar mais tempo em casa e ela passava cada vez menos conforme subia de cargos no trabalho.

Estava com os filhos e Ronald para se despedir de Rose para partir para Hogwarts.

—Foque nos estudos, filha - ela beijou a testa da filha.

—Se divirta também, Rosinha - o pai a abraçou.

—Mande cartas pelo menos toda semana, não esqueça dos seus pais.

—Não vou esquecer, pode deixar - ela abraçou os irmãos e entrou no trem.

No ano seguinte seria Hugo e ficaria em casa a pequena Adhara. Ela estava chorosa, sentia muita falta da irmã enquanto ela estava fora.

Todas as vezes que esteve na plataforma Hermione dava um jeito de evitar a família Malfoy, mas ao se virar para ir embora, deu de cara com Draco e Astoria. Nunca havia visto a nova senhora Malfoy. Ela era um pouco mais baixa que ela, magra e esguia, parecia de fato pertencente a uma família dos Sagrados Vinte e Oito com uma postura aristocrática ainda que gentil.

Eles acenaram um para o outro e Hermione gelou quando os olhos de Draco pararam em Adhara que brincava com o pai que tentava animá-la. Ela discretamente os apressou e só respirou aliviada quando chegou em casa. Adhara e Hugo começaram a discutir para decidir quem iria escolher o programa de televisão e ela acabou deixando o assunto para lá.

Uma semana depois estava Hermione só no seu departamento, adiantando seu trabalho já que no final de semana seguinte faria uma pequena viagem em família.

—Continua sendo a última a sair - a voz de Draco a assustou tanto que ela quase gritou.

—O que quer, Malfoy? - ela soou indiferente.

—Agora pe Malfoy, porque pelo que bem me lembro de uns anos atrás…

—O passado não interessa mais - ela se pôs de pé - Agora se me der licença…

—Não! - ele se colocou em seu caminho - Não até você me dizer se a menina é minha filha?

—Claro que não - ela disse tranquila, imaginava que esse momento chegaria e precisava sustentar sua mentira.

—Não mente pra mim! Ela parece tanto com você, mas os olhos dela parecem os meus e… Eu posso jurar que ela parece a minha mãe! Eu tive que viajar no mesmo dia e só voltei hoje e todo o tempo essa ideia ficou martelando na minha cabeça… Me diga que eu não estou insano, vendo coisas!

—O nome dela é Adhara - eu disse e ele entendeu - Mas isso não muda nada, Draco! Você é casado, eu sou. Ela e o pai são loucos um pelo outro. 

—Ela é minha também. Como pôde esconder isso de mim?

—Ela pode ser geneticamente sua, mas Ronald é o pai dela. Esteve comigo durante toda a gestação, a amou desde o dia em que ficou sabendo que teria mais um bebê em casa, para quem ela sorriu pela primeira vez e quem ela sempre chamou de pai. Por favor, deixe as coisas como estão. Mudar isso só vai causar dor para todo mundo. Para sua mulher, seu filho, meu marido, meus filhos, iria destruir Adhara… 

—Pensa na vida que poderíamos ter tido - ele tocou seu rosto - Como nós nos perdemos e terminamos assim?

—É bem simples até. Eu tinha medo demais de viver a vida diferente do que esperavam de mim e você ainda tinha preconceito demais arraigado para assumir um relacionamento com uma nascida trouxa - ela deu um passo para trás, longe daquele toque viciante. Ela havia caído em tentação várias vezes, sua culpa já era suficientemente grande.

—Eu não…

—Está tudo bem, Draco. Tudo aconteceu como devia. Você com certeza ama a sua família, eu amo a minha. Nós erramos em insistir em algo que era para ter ficado em Hogwarts.

—Eu te amo, Hermione - ela sentiu a verdade em suas palavras. Apesar de todo o ardor que sempre os envolveu, o sentimento sempre existiu mesmo que nunca tivessem pronunciado essas palavras.

—Eu te amo, Draco. Mas amor nunca foi o bastante para nós - Hermione entendeu que Draco era o amor da sua vida, aquele que a desestruturava, que a atraía e causava todas as sensações, que a fazia cometer loucuras. Porém Ronald era o amor para sua vida. A pessoa que esteve ao seu lado sempre. Quando chorou achando que não seria capaz, quando descobriram juntos como ser pais e criaram filhos incríveis juntos - ela pegou sua bolsa - Já estou atrasada. Até um dia.

—Até um dia.

 

O destino é caprichoso e as linhas se cruzam independente da vontade de cada um. Conforme Rose foi crescendo ela e Scorpius se aproximaram por conta de Albus. Hermione acompanhou pelas cartas da filha quando aos poucos ela deixou de se referir a Scorpius como um menino esnobe e chato, para um conhecido, depois um colega de estudos e posteriormente amigos. Então quando aos quinze ela escreveu à mãe que ela estava namorando com ele e pediu ajuda para contar ao pai, ela não ficou surpresa. Ela riu da ironia da vida e escreveu à filha a tranquilizando.

No verão seguinte Scorpius foi passar uns dias na casa da família e ela mexeu seus pauzinhos para aproximar Adhara e Scorpius. Uma forma de se sentir menos culpada pela distância entre os irmãos. 

O relacionamento entre Scorpius e Rose não era dos mais simples. Os dois eram teimosos e imaturos. Eram um casal de idas e vindas, passaram alguns anos separados depois de terminar a escola mas se reencontraram anos depois.

—Ah, mamãe - Rose disse quando foi visitar a mãe em tom de confissão. Mãe e filha tinham um bom relacionamento, principalmente depois do fim da fase adolescente de Rose - Eu me encontrei com Scorpius ontem na casa do Albus. Foi surreal. Eu mal conseguia respirar, eu só queria correr para os braços dele. Mas eu não quero cometer os mesmos erros.

—Vocês ainda eram muito jovens, filha. São adultos agora, tenta de novo se é o que você quer. A vida é curta demais para se privar, Rose.

E foi o que ela fez. Pouco mais de um ano depois, estava com Draco Malfoy no altar como pais dos noivos. Eles trocaram um olhar de quem dividia uma piada interna porque era. Aquela poderia ter sido a vida deles, mas as linhas do destino seguiram outro curso.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, pessoal. Não revisei tão atentamente, estava com medo de perder a coragem de postar. Portanto se perceberem algum erro me avisem por gentileza.
Obrigado por ler e adoraria que me contem nos comentários o que acharam!
Um beijo e se cuidem!



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