[Entrada do Monte Fuji, Japão]

— Tsc.. me pediram para entregar esse guizo para o Shiryu… mas… ele não virá, porque ele deu a vida para reparar as armaduras… como uma pessoa que já morreu pode voltar? - Pensou o garoto que trouxe a armadura de Pegasus.

Enquanto esperava a suposta volta do cavaleiro de Dragão, o garoto sentou-se em cima de uma pedra e ficou brincando com o guizo. Depois de algum tempo ele teve a sensação de que alguém estava chegando. Ele começou a procurar por onde esta pessoa surgiria, então no momento que ele olhou pra cima um caixão surgiu no meio do nada e despencou em sua direção. O garoto saltou para o lado tentando não ser esmagado.

— Um caixão!? Como essa coisa chegou aqui? - Perguntou assustado.

Ele respira fundo e vai caminhando até o caixão e o abre, fica surpreso ao ver quem é que estava dentro dele.

— Shi-iryu!? - Gritou o garoto, caindo sentado no chão.

— Kiki, ele regressou do mundo dos mortos. - Disse uma voz surgindo ao lado do garoto.

— Mestre Mu!? O que o senhor está fazendo aqui?

— O Shiryu já havia perdido a vida antes, durante o combate contra o Seiya, mas graças ao Pegasus ele voltou a vida. Dessa vez, ele ficou vagando por sete dias entre a fronteira do mundo dos mortos e dos vivos e mesmo assim retornou. Então pode-se afirmar que ele escapou do abismo da morte por duas vezes.

Nesse momento Shiryu levanta. - Mu, muito obrigado por ressuscitar as armaduras. Mas receio que vou ter que recusar esse presente por enquanto. - Sorriu saindo do caixão.

— Aaaaaaaaaaaah! Ele tá vivo mesmo! - Gritou Kiki.

— Não precisa me agradecer. Mas… você está bem o suficiente para lutar? - Questionou Mu.

— Claro! Seiya e os outros já devem estar lutando lá dentro. - Respondeu Shiryu com um sorriso confiante.

— Mas lembre-se, que em suas veias flui apenas metade do seu sangue. Qualquer ferimento que você receber, por mais leve que seja, poderá ser fatal. E não acredito que você consiga regressar pela terceira vez… - Avisou Mu.

— Eu entendi perfeitamente os riscos, mas não posso deixar meus amigos lutarem sozinhos contra os cavaleiros negros. Precisamos recuperar a armadura de ouro. - Disse Shiryu mudando o seu semblante, ficando bem sério.

— Muito bem, se você está decidido a lutar já não tenho mais nada a fazer aqui. Agora como prometido, aqui está a sua armadura. - Mu estende a mão e ao lado de Shiryu surge a urna da armadura de Dragão.

Shiryu vai até a sua urna e a abre. - Incrível… Então... essa é a nova armadura de Dragão!?

Ao vestir a sua nova armadura, Shiryu sentiu um imenso poder fluindo dela, como nunca tinha visto. - Mu, eu te agradeço novamente. Agora vou indo...

— Espere Shiryu! Pegue isto! - Disse Kiki, entregando o guizo.

— Pra quê isso, Kiki?

— Foi o Pegasus que me entregou… - Respondeu Kiki. - Pelo que entendi, esse guizo serve para que vocês se localizem dentro da caverna ou algo do tipo… - Disse Kiki coçando a cabeça.

— Entendi. Obrigado, Kiki. - Disse Shiryu prendendo o guizo no punho e partiu pra dentro da caverna.

— Mestre Mu, o senhor acha que vai ficar tudo bem?

— Eu não sei Kiki, mas essa batalha é só o início da provação dos cavaleiros de bronze.

— Como assim mestre?

— Logo você saberá. Enquanto isso vamos observar a batalha.

Mu começou a caminhar na direção do caixão de onde o Shiryu havia saído, ele pegou a tampa e fechou novamente o caixão.

— Mestre, o que o senhor vai fazer com isso? Vai jogar fora?

— Não, ainda pode ser útil. - Ele estalou os dedos e o caixão sumiu.

— Aaaaah. Tá certo. - Falou Kiki sem graça.

— Espero que não seja necessário a minha intervenção. O Mestre Ancião já havia me alertado que se um de nós dois interviéssemos diretamente nessa questão, o Santuário poderia entender como uma declaração de guerra. Contudo, não posso deixar que a armadura de Sagitário retorne para o Santuário. - Pensou Mu, preocupado.

[Mansão Kido, Japão]

{Alguns dias antes do confronto contra os cavaleiros negros}

Toc-Toc, desculpe incomodá-la Senhorita Saori, mas o Jabu, Geki, Nachi, Ban e Ichi insistem em falar com a senhorita.

— Tatsumi? Pode entrar, algum problema?

— Não, mas acredito que eles querem falar sobre os cavaleiros negros e o roubo da armadura...

— Humm… Será que eles decidiram lutar? - Pensou Saori. - Tudo bem Tatsumi, diga que eu irei falar com eles em breve.

— Sim senhorita, eu os avisarei. Deseja que eu prepare uma das salas de reunião ou devo levá-los para o Escritório Presidencial? 

— Leve-os para o Escritório Presidencial.

— Sim senhorita, irei preparar tudo, com a sua licença.

Alguns minutos depois, alguém novamente bateu na porta do quarto de Saori.

— Algum problema, Tatsumi? - Perguntou Saori.

— Senhorita, posso entrar? - Perguntou uma voz feminina e jovial.

— Ah, é você Mii? Vamos, entre. - Falou Saori se sentando sobre a cama.

— Eu acabei de encontrar com o Tatsumi e ele disse que os cavaleiros de bronze querem falar com a senhori…

— Mii… - Falou Saori fazendo uma careta.

— Desculpe. Você não quer que eu te acompanhe?

— Não acho que seja necessário. - Respondeu Saori sorrindo.

— Eu insisto, já terminei todos os meus afazeres na Fundação e o Tatsumi está ocupado resolvendo as questões do Torneio Galáctico e lidando com a mídia. Então, deixe-me acompanhá-la.

— Humm… tudo bem, avise ao Tatsumi que você me acompanhará no lugar dele, leve os cavaleiros de bronze para o Escritório Presidencial.

— Certo. Então nos vemos depois?

— Sim. Mas espero que você não se esqueça de marcar a reunião com os cavaleiros de bronze para depois do nosso chá.

Mii sorriu e acenou positivamente com a cabeça. Em seguida deixou o quarto.

[Escritório Presidencial, Mansão Kido]

Saori e Mii chegaram juntas. Os cavaleiros de bronze já estavam dentro da sala. Saori os cumprimenta e se senta na mesma cadeira que um dia seu avô sentou, ao fazer isso ela se sentia mais confiante, era como se o próprio avô estivesse lá a apoiando. Mii se posiciona ao lado de Saori.

— Fui informada que vocês desejavam falar comigo. Sobre o que se trata?

— Decidimos que vamos lutar contra os cavaleiros negros. - Falou Jabu.

— Então vocês finalmente decidiram lutar ao meu lado?

— Bem, não podemos deixar que o miserável do Fênix fique com a armadura de ouro, mas depois disso não pretendemos mais lutar em nome da Fundação Graad. - Respondeu Nachi.

— Como é? Vocês não podem virar as costas para a Senhorita! - Falou Mii.

— Escutem, existe um mal muito maior do que o Fênix e os cavaleiros negros… e eu vou precisar que todos vocês lutem ao meu lado.

— Não, nós vamos apenas ajudar com os cavaleiros negros, nada mais que isso. - Reforçou Ichi.

— Falem por vocês… Senhorita… eu-euu Jabu de Unicórnio, lutarei ao seu lado…

— Ah Jabu, qualé? Quer mesmo ficar do lado dela? Já esqueceu tudo o que passamos por conta do Kido, aquele velho desgraçado? - Questionou Geki.

— Meu avô teve os motivos dele para fazer o que fez com vocês e eu sei que todos o odeiam, mas um dia vocês irão entender quão dura foi a decisão dele…

— Claro… foi muito difícil ser um velho milionário e ficar enviando crianças para todos os lugares do mundo para se tornarem cavaleiros. - Ironizou Ichi. - Enquanto ele mimava a netinha querida dele, nós nem sabíamos se voltaríamos vivos!

— Não, meu avô também se sacrificou, não vou deixar vocês o atacarem assim por mais que achem que ele merece todo esse ódio.

— Já chega! Deixem a senhorita em paz! Essa conversa não vai levar a lugar algum e temos problemas maiores no momento. - Intercedeu Jabu.

— A questão é que para que possamos ter alguma chance contra os cavaleiros negros precisamos ficar mais fortes… - Explicou Ban.

— Por isso queremos pedir aos nossos mestres um treinamento especial. - Falou Geki.

— Eu odeio admitir, mas o Seiya e os outros cavaleiros de bronze estão muito acima de nós e por isso queremos a sua permissão para nos ausentarmos por um tempo para treinarmos… - Disse Jabu frustrado fechando o punho.

— E depois vocês voltariam para lutar contra os cavaleiros negros e ajudar a recuperar a armadura de ouro de sagitário? - Perguntou Saori.

— Isso. - Respondeu Ban. - Queremos partir hoje mesmo!

— Não vamos ficar parados esperando que os outros façam tudo. - Falou Nachi.

— Porém, depois disso iremos embora da Fundação. - Lembrou Ichi.

— Muito bem, então nós temos um acordo. Eu aguardarei o retorno de todos.

— Mas senhorita, isso não parece ser uma boa ideia. - Protestou Mii.

— Mii está tudo bem. Cavaleiros de bronze vocês precisam voltar ainda mais fortes porque o nosso próximo inimigo será o Santuário.

— O quê!? Você está louca? Você quer se matar e nos levar junto? - Gritou Ichi surpreso.

— Mais respeito com a senhorita! Vocês não entendem a gravidade das coisas! - Falou Mii tomando a frente de Saori.

—  O que uma mera dama de companhia sabe afinal? - Falou Ichi com deboche.

— Já chega! Não temos tempo para isso… vou lhes revelar toda a verdade. - Disse Saori interrompendo a rusga entre Mii e Ichi.

Saori começa a explicar aos cavaleiros de bronze que ela era a reencarnação de Atena e conta como foi salva pelo cavaleiro de ouro Aiolos de Sagitário. Também explicou o porquê do seu avô ter espalhado os cem órfãos pelo mundo para que eles se tornassem cavaleiros, com exceção que eles eram irmãos. E contou que o verdadeiro motivo da Guerra Galáctica era para chamar atenção do Santuário e revelar o mal que o corrompia.

— Você quer mesmo que nós acreditemos nessa loucura!? - Questiona Nachi.

— Essa é a verdade, vocês queiram ou não! E independente do que vocês escolham fazer, eu irei enfrentar o Santuário mesmo que sozinha.

— Tsc… Eu não sei o que está acontecendo aqui… isso tudo é muito confuso… - Disse Geki.

— Eu também não estou conseguindo entender… - Disse Ban.

— Acho melhor nós focarmos apenas nos cavaleiros negros por enquanto. - Disse Jabu.

— Sim, essa é a nossa prioridade no momento. Estou contando com a ajuda de todos vocês para recuperarmos a armadura de ouro. - Concordou Saori 

— Partiremos imediatamente! Com sua licença, senhorita Saori… - Falou Jabu.

Os cavaleiros de bronze saem do escritório presidencial, deixando Mii e Saori sozinhas.

Mii se ajoelha em frente a Saori e diz:

— Deusa Atena, a senhora acha mesmo que foi uma boa ideia revelar a verdade e ainda deixar que eles partissem?

— Eu acredito na vitória contra os cavaleiros negros, mas não sei qual será o custo dessa vitória. Além do mais, a batalha contra o Santuário é algo inevitável, então é melhor que Jabu e os outros estejam preparados para a futura batalha.

Mii abaixa a cabeça e fala:

— Deusa Atena me perdoe por insistir nisso, mas Shiryu partiu para Jamir, Seiya está sem armadura, Camaleão e Cisne não estão sob as ordens da Fundação, e além do fato do Cisne estar ausente, ele responde diretamente ao Santuário. E agora mais cinco cavaleiros de bronze irão se ausentar, estamos em completa desvantagem se formos atacados pelo Fênix e os seus cavaleiros negros.

— Mii, eu entendo a sua preocupação, mas esse é um risco que teremos que assumir e se algo der errado, eu estou preparada para travar essa batalha.

Alguns momentos depois, os cinco cavaleiros de bronze se encontram em frente à Mansão Kido.

— Vocês acreditaram mesmo naquela história de reencarnação de Atena? - Questiona Nachi.

— Nem um pouco… Isso não faz o menor sentido… - Respondeu Geki.

— Mas por outro lado, como é que ela e o avô teriam acesso a uma armadura de ouro? - Falou Ban.

— Isso realmente é muito estranho… - Falou Ichi.

— Mas eu acredito na Saori… - Falou Jabu bem sério.

— A única certeza que tenho nessa vida é que o Jabu é o cavaleiro mais fiel de “Atena”. - Caçou Nachi.

— Verdade, o Jabu é um lindo corcel de bronze… - Zombou Ichi.

— Tsc… Calem a boca e não encham meu saco! Não é atoa que nenhum de vocês serveria pra usar a armadura de ouro!

— Não se preocupe, quando eu voltar, vou querer uma revanche, e nem vou precisar de uma armadura de ouro pra te vencer Jabu.

— Tudo bem, Ban. Mas você vai perder de novo. Haheahe.

— Quando eu voltar, vou acabar com o Fênix e todos da sua corja.

— Essa eu pago pra ver, Nachi! - Falou Geki sorrindo.

— Agora é sério! Vamos treinar duro para ficarmos mais fortes! - Disse Jabu.

— Sim!! - Responderam os outros quatro em coro.

Eles então se separaram e seguem seus caminhos. Jabu foi para Orã, na Argélia. Geki retornou para as Montanhas Rochosas no Canadá. Nachi foi para as Colinas Bomi na Libéria. Ichi voltou para o Lago Holtz na Finlândia. E Ban foi para o Monte Kilimanjaro na Tanzânia.