Saint Seiya: O Rugido do Camaleão escrita por Anderson Luiz
[Monte Osore, Japão]
{Horas antes do encontro de Igazen e Geist}
— Parece que o Santuário está enfrentando uma guerra civil. Será que finalmente poderemos descobrir as verdadeiras intenções do Grande Mestre? - Pensava um homem enquanto observava o horizonte do alto *Monte Osore.
— O que houve senhor *Adukmaru? - Perguntou um jovem se aproximando.
— Ah… então finalmente você despertou? Já está se sentindo melhor?
— Sim, graças ao senhor. Já estou pronto para voltar para o Santuário. - Ele começou a olhar para os lados como se estivesse procurando por algo. - E a minha armadura? O senhor já terminou os reparos?
— Sim, ela já está pronta… - Respondeu virando na direção do jovem cavaleiro. - Entretanto, quero que você preste bastante atenção no que vou dizer... O Santuário está sob ataque… e infelizmente eu não sei muito sobre o que está ocorrendo nesse momento, mas se pretende voltar pro Santuário provavelmente terá que escolher um lado...
— Es-escolher um lado? Como assim? - Perguntou ele confuso. - É óbvio que ficarei do lado do Santuário e do Grande Mestre!
— Meu jovem, talvez isso seja mais difícil do que você imagina. - Falou Adukmaru com pesar na voz.
— Do-o que o senhor está falando?! Como alguém iria escolher ficar contra o Grande Mestre?
— Durante os últimos anos passei a observar o Santuário e tive a sensação que uma sombra se erguia dentro do Santuário… e você já deve ter ouvido os rumores sobre o Grande Mestre, não é? Será mesmo só uma mera coincidência?
— Nã-ão! Eles não passam apenas de boatos… Todos no Santuário amam e adoram o Grande Mestre… - Falou o jovem nervoso enquanto gesticulava com as mãos.
— A verdade será revelada… apenas esteja pronto para enxergá-la.
Ao escutar aquilo o jovem cavaleiro sentiu um frio na espinha e o lembrou de algo dito a ele por um dos seus inimigos. - “... não consegue enxergar a verdade bem diante dos seus olhos…”
— Senhor Adukmaru eu agradeço por cuidar de mim e da minha armadura. Mas eu irei voltar para o Santuário imediatamente e verei com os meus próprios olhos a verdade. - Disse o jovem cavaleiro se retirando.
[Escadaria da Casa de Escorpião]
June, Seiya e Shiryu já estavam chegando ao fim da escadaria quando sentiram o cosmo de Shun se elevar intensamente.
— Shun… - Pensou June parando de correr e olhando na direção da casa de Libra.
— Vocês sentiriam isso!? - Questionou Shiryu també preocupado parando de correr.
— Si-im… ainda agora foi como se um cosmo tivesse queimando por inteiro… - Respondeu Seiya. - Vocês acham que foi o Shun?
— Esse cosmo que está vindo da casa de Libra… só pode ser o Shun… - Falou a amazona voltando a caminhar, mas era perceptível a preocupação em sua voz. - Vamos seguir… o Shun deu a sua palavra que salvaria o Hyoga a qualquer custo… e que depois nos encontraria, não foi?
Shiryu e Seiya se olham preocupados, mas seguem atrás da amazona. Quando os três entraram na oitava casa, sentiram mais uma vez o cosmo do Shun se elevar, ainda mais do que antes.
— Essa situação me lembrou de um conto budista que o Mestre Ancião me contou. Vou resumir pra vocês.
“Existiu um viajante que estava muito machucado e com fome, ele estava quase morto no meio da estrada. De repente surgiram três animais, um urso, uma raposa e um coelho. Eles decidiram ajudar o viajante, o urso usou a sua força para pegar um peixe, a raposa usou a sua inteligência para pegar um cacho de uvas, mas o pequeno coelho que não possuía nenhuma dessa habilidades nada pôde fazer para ajudar, então decidiu entregar para o pobre viajante a única coisa que possuía…”
— Então, o que vocês acham que o coelho fez? - Perguntou Shiryu.
— O coelho? Não… não vai me dizer que ele… - Falou Seiya incrédulo.
— Isso mesmo! O coelho se atirou no fogo oferecendo a sua própria vida para que o viajante sobrevivesse. - Respondeu Shiryu.
— Shiryu… você está dizendo que o Shun pretende sacrificar a própria vida para salvar o Hyoga? - Perguntou Seiya.
— E-eu não sei… e você June, que conviveu mais tempo com ele, o que acha?
— Mesmo tendo conseguido se tornar um cavaleiro, o Shun não nasceu para lutar, durante todos esses anos que treinamos juntos ele foi incapaz de machucar alguém e sempre preferia ser derrotado. Ele tem um coração gentil demais… E talvez ele siga o destino da sua constelação protetora… - Disse June apertando o cabo do seu chicote.
— Do que você está falando June? - Questionou Seiya.
— Seiya, você deve conhecer o mito da Princesa Andrômeda… - Falou Shiryu.
— Princesa Andrômeda... Ah… lembrei… Na mitologia grega Andrômeda foi acorrentada em uma pedra oferecendo a própria vida como sacrifício para deter a fúria de um monstro marinho!
— Exatamente, esse é o mito da Princesa Andrômeda. - Falou June com a voz embargada. - Esse também é o tipo de pessoa que o Shun é...
— Tsc... Então precisamos voltar para a casa de Libra agora mesmo… antes que o Shun… - Falou Seiya se virando.
— Esperem! Aonde pensam que vão? - Questionou o cavaleiro de ouro de escorpião surgindo diante deles.
— Vão até o Shun e não permitam que ele morra! Eu vou lutar contra ele! - Disse June.
— Eu, Milo de Escorpião, não permitirei que nenhum de vocês avancem ou retrocedam! Restrição! — Disse Milo apontando o dedo indicador para os bronzeados e lançando ondas de energia mentais que afetaram os nervos de Shiryu, June e Seiya, os paralisando.
— Para traidores como vocês, só resta um destino à frente… se tornarem as minhas presas! Sintam o poder da ferroada do escorpião! Agulha Escarlate!
O dedo de Milo brilhou e os três são derrubados e ainda no chão eles começam a agonizar de dor, sem entender o que tinha acontecido.
— Como são fracos! Não acredito que cavaleiros como vocês conseguiram chegar até a oitava casa. Mesmo que tenha sido um milagre vocês terem chegado aqui, achei que poderia esperar mais de vocês, mas vejo o quanto eu estava errado. O fato é que os cavaleiros de ouro traíram o Santuário e deixaram vocês passarem, não é mesmo?
June, Shiryu e Seiya se levantam com dificuldade.
— E-eu não sei o que aconteceu... ma-as é como se milhares de espinhos me perfurassem ao mesmo tempo. - Comentou Seiya.
— Então deixe-me explicar como o meu ataque funciona… - Falou Milo levantando novamente o dedo indicador.
— Defesa Circular!— Gritou June envolvendo os três com seu chicote.
— Você acha mesmo que essa defesa é suficiente para conter a minha Agulha Escarlate? - Questionou Milo com desdem.
O dedo de Milo brilhou novamente e o seu ataque facilmente superou a defesa de June e novamente os três foram ao chão sentindo uma dor alucinante.
— Co-omo é possível… ele sequer atingiu o meu chicote... a-ainda assim acertou todos nós. - Disse June se levantando com muita dificuldade.
— É simples, na verdade. O seu chicote atinge um pouco mais de setecentas rotações por segundo, ou seja, você consegue girar o seu chicote em mach 2, eu só precisei atacar nas brechas que surgem ao fim desse ciclo. Coisa de criança para um cavaleiro de ouro. E sobre o meu ataque, esses pequenos ferimentos em seus corpos é a marca da minha Agulha Escarlate, por mais que o ferimento seja pequeno, ele afeta o sistema nervoso, infringindo uma dor excruciante e paralisando o corpo de quem foi atingido. No entanto, a Agulha Escarlate não mata apenas com um ou dois ataques, por isso eu dou a opção da minha presa escolher entre a rendição ou a morte agonizante. Então, veremos o que vocês vão escolher…
— Não permitirei! - Bradou June lançando seu chicote contra Milo, que nem fez questão de se esquivar, e acabou sendo envolvido por inteiro. - Vamos, levantem! Voltem para a casa de Libra!
Seiya e Shiryu começam a levantar.
— Você acha mesmo que vai conseguir me deter com isso? - Falou Milo se movendo e começando a trincar o chicote.
— Então deixa eu dar uma mão… - Disse alguém entrando na casa de escorpião.
— Quê!? De onde surgiram esses cristais de gelo? Eles estão formando dezenas de círculos de gelo… Nã-ão pode ser… Você é o… - Falou Milo surpreso.
— Hyoga! - Gritaram Seiya e Shiryu.
[Arredores do Santuário]
Enquanto isso, em algum lugar do Santuário, após repassar as ordens de Igazen, *Geist decidiu fazer ela mesma uma varredura à procura do intruso. Depois de algum tempo ela o localizou e começou uma perseguição, pouco depois aparentemente conseguiu encurralá-lo.
— Então foi você que invadiu o Santuário? Desista! Você não tem pra onde… espera… você… é a Marin!?
A amazona de prata encarou a amazona de bronze por alguns instantes. - É você Geist!?
— Finalmente você voltou para o Santuário… achei que além de traidora, você também tinha virado uma covarde.
— Porque você não vai embora antes que se arrependa?
— Você não me engana! Agora que eu te encurralei…
— Me encurralou? - Interrompeu Marin. - Você acha mesmo isso? Eu apenas escolhi enfrentar quem estava me perseguindo antes que mais alguém percebesse minha presença.
— Tsc… Isso não importa! - Respondeu Geist se sentindo um pouco frustrada.
— Vá embora, eu não tenho tempo pra perder com você…
— Vamos simplificar as coisas! Eu também não quero perder tempo conversando com você! - Gritou Geist avançando contra Marin disparando rajadas de cosmo dos seus punhos, Marin também avança desviando dos ataques e partindo para cima da amazona de bronze que se vê forçada a partir para luta corporal.
As duas amazonas começam uma rápida trocação de golpes, Geist consegue acompanhar a maioria dos ataques de Marin e bloqueá-los, porém não conseguia acertar os seus golpes na Marin. Elas então saltam para trás, tomando distância.
— Eu sempre quis medir forças com outros cavaleiros mais experientes, mas a Shina sempre me proibia.
— A Shina sempre te tratou como a irmã mais nova dela e te protegia, mesmo você tendo um nível próximo ao nosso e isso agora fica mais evidente já que você finalmente conquistou o título de amazona.
— Ela ainda está de cama sob os cuidados de Cassius! E por causa disso não pode ver a minha conquista sobre a armadura de Bronze de Serpente! - Falou Geist demonstrando estar bastante ressentida com aquilo.
{Flashback, horas após a volta de Aiolia para o Santuário}
— Cassius! - Gritou Geist entrando aflita no quarto de Shina. - Onde ela está?
— Se acalme Geist. - Disse Cassius que estava sentado no chão ao lado da cama de Shina.
— Shina! - Falou Geist correndo para perto da cama. - Ca-assius… ela está…
— Ela está desacordada, mas está fora de perigo. - Respondeu ele se levantando.
— Aaah… Shina… - Sussurrou Geist apertando o lençol da cama com as duas mãos. - Cassius, o que foi que aconteceu?
Cassius contou para a aspirante tudo o que ele sabia.
— Como é!? Tsc… Não basta o Seiya ter roubado a armadura de Pegasus de você... ele e a Marin terem virado traidores... e agora isso… - Falou Geist frustrada.
— Eu não me importo mais com isso... - Falou Cassius olhando para Shina.
— Ma-as Cassius!? - Falou Geist surpresa.
— No momento a única coisa que me importa é a Shina. - Disse ele voltando a sentar-se no chão ao lado da cama da Shina.
— Por favor Cassius... cuide da Shina… - Disse Geist indo em direção a porta.
— Eu sei que hoje é a sua prova final… vença e retorne com a sagrada armadura de bronze… quando a Shina despertar sei que ela ficará orgulhosa… - Disse ele sem tirar os olhos da sua mestra.
— Eu prometo Cassius… - Disse Geist abrindo a porta. - Vencerei por você e por ela… eu prometo… - Disse ela indo embora.
{Fim do Flashback}
- Usarei essa oportunidade para me vingar pelo Cassius e pelo o que vocês traidores fizeram com a Shina! - Gritou Geist avançando contra Marin mais uma vez.
A trocação frenética de golpes começa novamente. Depois de algum tempo, Geist acaba sendo pressionada e salta para trás para esquivar de um soco da amazona de Águia que mirava o seu estômago.
Geist então eleva seu cosmo e avança disparando a sua técnica, *Thunder Claws!
A amazona de Serpente ergue a mão em uma postura similar ao de uma serpente se preparando para o bote, depois ela desce a mão desferindo vários golpes em seu adversário com suas garras afiadas e descargas elétricas.
Mesmo bloqueando a maioria dos ataques, Marin foi atingida pelas descargas elétricas e acabou sendo lançada longe pelo impacto do ataque. Mas rapidamente Marin se levanta e avança contra Geist, que usa novamente sua Thunder Claws, porém Marin desvia de todos os ataques e aplica um poderoso soco no estômago de Geist o perfurando. A amazona de bronze começa a cuspir sangue e desaba no chão com seu abdômen perfurado e seu corpo ensanguentado.
— Tsc… não posso mais perder tempo aqui... - Pensou a amazona de prata olhando para Geist. - Preciso chegar o mais rápido possível em *Star Hill antes que eu seja localizada outra vez.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Mais um capítulo feito, espero que gostem. Ele acabou saindo um pouco mais curto que as últimas levas. No próximo teremos a batalha de Hyoga e Milo e talvez mais da Marin em Star Hill.
*Adukmaru é um anagrama, será que descobrem o que significa?
*Monte Osore é uma região montanhosa no centro da remota Península de Shimokita na província de Aomori, Japão. De acordo com as crenças locais, o Monte Osore marca a entrada para o inferno, sendo também chamado de Montanha da Perdição. E é um local de restauração de armaduras assim como Jamir. Quem será o cavaleiro misterioso?
*Geist, ela é a minha versão da personagem que apareceu no anime, no arco dos cavaleiros fantasmas. Eu mantive o laço dela com a Shina e dei a armadura de bronze de Serpente pra fazer o link do a Shina já que ela é de Serpentário e por isso também dei a mesma técnica pra ela, Thunder Claws. E quase ninguém sabe sobre a morte de Cassius.
*Star Hill é o local sagrado onde o Grande Mestre prevê o destino e as guerras santas ao ler as estrelas de geração em geração. Neste lugar somente é permitida a entrada do Grande Mestre.
Agradeço aos leitores que aqui chegaram e até o próximo capítulo ^^