— Ikki de Fênix, vejo que você também decidiu trair o Santuário. Você faz ideia do sofrimento que lhe aguarda por ter ousado me ferir? Bem, você já mergulhou no inferno e nem se deu conta…

— Do que você está falan… O quê?! O que diabos está acontecendo? - Falou Ikki ao perceber que estava sendo envolvido por um mar de sangue. Ao olhar para Shaka ele percebe que todo aquele sangue estava vindo do ferimento na mão do dourado.

— Não pode ser! Como esse mar de sangue pode ter se formado das gotas que caíram da sua mão? Isso só pode ser uma ilusão!

— Não é uma ilusão, mas sim uma punição divina. - Disse Shaka enquanto pairava sobre o mar de sangue sentado na posição de Lótus.

Ikki conseguia escutar a voz de Shaka recitando um mantra, mesmo não o vendo mover os lábios. “Om Namah Shivaya” era repetido várias vezes, e cada vez mais alto fazendo o mar de sangue ficar mais e mais agitado imobilizando Ikki que estava sendo engolido por ele.

— Porém, existe uma forma de se salvar e salvar os outros cavaleiros de bronze de se afogarem… Se ajoelhe aos meus pés e me adore!

— Urgh… Você quer ser adorado como se fosse um deus!?

— Sim. Caso você faça isso darei uma chance ínfima para que você possa ao menos se salvar e quem sabe salvar os outros...

— Não farei isso!

— Então esse será o seu fim o e dos outros cavaleiros de bronze… - Nesse momento Ikki é completamente coberto. - Huhu mais que morte mais deplorável. - Falou Shaka sorrindo.

Porém, vapores começam a surgir no local onde Ikki estava e o mar de sangue começou a evaporar.

— Então o calor do seu cosmo fez o sangue secar… - Falou Shaka surpreso.

— Infelizmente eu não acredito em deuses nem em budas! Então terei que desapontá-lo Shaka, pois só acredito numa coisa nesse mundo… na minha própria força… - Disse Ikki expandindo o seu cosmo até os cavaleiros caídos evaporando o resto do mar de sangue.

— Tsc… então pretende despertar os seus companheiros para que eles sofram acordados?

— Nós temos uma missão… eles não podem perder mais tempo aqui…

— Hunff… Vejo que seu coração amadureceu bastante desde a última vez…

— O quê? Você está dizendo que nós já nos encontramos antes? - Perguntou o bronzeado confuso.

— Exatamente, e naquela ocasião eu poupei a sua vida, mas desta vez isso não se repetirá. - Respondeu Shaka.

— Eu não sei do que você está falando… e não me importo… - Disse Ikki elevando o seu cosmo. - A única coisa que sei é que preciso abrir caminho para meus irmãos de bronze.

— Vai abrir caminho? Não diga bobagens! - Disse Shaka concentrando cosmo em sua mão e apontando-a na direção de Ikki, mas nesse momento as correntes de Andrômeda se enrolaram na mão do dourado.

— Então você também pretende lutar Andrômeda?

— Não vou deixar meu irmão lutar sozinho contra você! - Respondeu Shun que estava de joelhos.

— Haha, acha mesmo que isso fará alguma diferença? Ainda que os cinco lutassem juntos, o resultado seria igual.

— Shun… recolha as correntes… esta batalha é minha… você deve seguir para próxima casa…

— Mas ir-irmão… - Protestou Shun. - Não… não posso deixar você lutar contra ele sozinho…

— Shun… - Disse June colocando a mão no ombro dele. - Vamos.

— Ikki está certo… Não podemos mais perder tempo aqui… - Disse Shiryu.

— Ikki… fico feliz que tenha decidido lutar ao nosso lado... obrigado… - Falou Seiya.

— Vão logo de uma vez! - Falou Ikki sem tirar os olhos de Shaka.

Shiryu, Seiya e June partem na frente, mas Shun ainda estava relutante em deixar o irmão lutando sozinho.

— Shun você não pode ficar… precisa seguir com os outros… eu prometo que te alcançarei lá na frente… apenas me prometa que vai lutar até o fim…

— I-ikki… Está bem… Esta é a nossa promessa! - Falou Shun recolhendo as correntes e indo embora rumo a casa de Libra.

— Que comovente. Mas todo esse esforço será em vão.

— Então porque você os deixou partir? - Questionou Ikki.

— Porque eles são inimigos inferiores e após eliminá-lo Fênix, eu facilmente os alcançarei e derrotarei todos os cavaleiros de bronze. Entretanto, você acha que sua confiança e determinação são inabaláveis, não é? Talvez seja a melhor hora para fazer você se lembrar do nosso primeiro encontro. - Respondeu Shaka aproximando as suas mãos e em seguida concentrando um pouco de cosmo entre elas.

De repente a casa de virgem sumiu e Ikki ficou imerso numa terrível escuridão, mas ainda era possível escutar a voz de Shaka.

— Naquele dia eu lhe disse que sua mente esqueceria completamente do nosso encontro… mas também disse que se nos encontrássemos de novo como adversários todas as lembranças retornariam, e junto com elas todo o pavor que você sentiu...

A escuridão começou a ser quebrada aos poucos pelo surgimento de várias flores-de-lótus que desabrochavam uma após a outra iluminando Ikki. No meio de todas aquelas flores surgiu uma grande flor-de-lótus, e quando ela desabrochou revelou uma criança apontando o dedo indicador que brilhava para o céu e proferindo as seguintes palavras: *Tenjou Tenka Yuiga Dokuson!

— Que visão é essa que estou tendo… essa criança se parece com o próprio Shaka… será que este homem é mesmo a reencarnação de Buda… um deus? Quem é afinal, Shaka de Virgem!?

Neste momento Ikki se lembra, várias imagens do seu confronto contra Shaka vão brotando em sua mente o deixando em choque e ele volta para casa de Virgem ficando de frente para Shaka.

— E-eu me lembro… Shaka é o homem que eu encontrei logo após assumir o controle dos cavaleiros negros na Ilha da Rainha da Morte… um homem com um poder avassalador… contra quem eu nada pude fazer...

Shaka começa a elevar o seu cosmo.

— Droga... meu cosmo está sendo intimidado pela presença de Shaka, ele está desaparecendo… e parece que não há nada que eu possa fazer para impedir que isso aconteça… essa sensação é diferente de quando enfrentei Aldebaran e Aiolia… Agora me sinto como um sapo diante de uma cobra que está prestes a dar o bote… - Pensava Ikki apavorado.

— Ikki, escolha um dos seis mundos que eu estou prestes a lhe mostrar… O que for escolhido será o seu túmulo! - Falou Shaka aproximando as mãos fazendo uma mudra, a ponta dedo indicador esquerdo toca o meio do polegar esquerdo, enquanto os outros dedos estão flexionados. Já a ponta do dedo médio direito toca a ponta do polegar direito, o dedo mindinho fica flexionado e os outros dois ficam eretos.

Shaka separa as mãos, dobrando o braço direito com a palma da mão aberta para cima e o braço esquerdo para baixo com a palma da mão aberta. - *Rikudou Rinne!

Uma explosão de luz surge e envolve Ikki o lançando para o alto o fazendo colidir com o teto da casa de virgem. Enquanto caia, na sua mente começam a surgir diversas imagens aterrorizantes. Shaka explica que aqueles são os seis mundos do Samsara, o Jigokukai, que é o Mundo do Inferno, o Gakikai, o Mundo dos Famintos, Chikushoukai, o Mundo das Bestas, o Shurakai, o Mundo dos Semideuses, o Jinkai, o Mundo dos Homens e o Tenkai, o Mundo dos Deuses.

Ikki choca violentamente a cabeça contra o chão, destruindo o seu elmo e fazendo surgir uma poça de sangue.

— Ele parou de respirar? - Questionou Shaka aproximando-se do corpo de Ikki. - Não… ele ainda está vivo, mas em breve suas funções vitais vão parar completamente… me pergunto em que mundo você caiu? Acredito que tenha sido no Jigokukai ou talvez no Shurakai… Bem, não importa… agora vou atrás dos outros cavaleiros de bronze…

Shaka começou a se afastar indo em direção à saída da sexta casa, quando sentiu um cosmo poderoso inundar a casa de Virgem. Shaka se voltou para Ikki, mas ele continuava lá caído e novamente ele sente aquele cosmo poderoso avançar em sua direção.

— Esse cosmo é poderoso demais para ser de Ikki ou de qualquer outro cavaleiro de bronze… Não pode ser… esse cosmo é familiar… é um cosmo de um cavaleiro de ouro!? - Questionou Shaka surpreso.

— Aonde pensa que vai Shaka? Nós temos assuntos inacabados!

— Não pode ser… Essa voz… e esse comos… só pode ser o... Aiolia!?

— Não permitirei que você siga os outros cavaleiros de bronze. - Falou o Leonino surgindo diante de Shaka.

— Como eu desconfiava, você continua sendo um traidor. Mas já que você se dispôs a vir até aqui, eu irei corrigir o meu erro, eliminando-o aqui e agora, como punição por sua traição.

— Você vive se gabando por conseguir ler os corações das pessoas… entretanto, ainda não foi capaz de perceber o quão cego você é quando se trata do Grande Mestre… Por isso eu quero que tente ler a verdade que está escrita em meu cosmo e em meu punho! - Rugiu Aiolia furioso avançando na velocidade da luz contra Shaka que cruzou os braços para se defender e foi arrastado para trás deixando marcas no chão por onde passou.

— Recolha essas suas garras! - Shaka estendeu a mão curvando os dedos e lançou uma rajada de cosmo contra Aiolia que estendeu a mão bloqueando o ataque, ainda assim deu alguns passos para trás.

— Isso não será o suficiente! - Falou Aiolia avançando pra cima de Shaka.

Porém, o cavaleiro de virgem permaneceu imóvel, quando o punho de Aiolia acertou o rosto de Shaka, ele o atravessou e a imagem do virginiano se desfez. - Quê?! Pra onde foi Shaka? - Pensou Aiolia confuso.

— Estou aqui. - Disse Shaka aparecendo atrás de Aiolia e acertando um chute em sua lateral lançando-o contra a parede, acertando-a e atravessando-a.

— Shaka, você sabe muito bem que não adianta nos segurarmos, vamos ter que lutar com tudo e mesmo que eu morra aqui vou ganhar tempo para o Seiya e os outros e assim talvez pague pelos meus pecados! - Disse Aiolia atravessando a parede elevando o cosmo. - Cápsula do Poder!

Shaka eleva o cosmo, estende as duas mãos e cria uma barreira que bloqueia todos os golpes.

— Idiota! Acha mesmo que vai conseguir conter o poder do meu ataque sem sofrer danos!?

— Se eu tivesse atacado com alguma das minhas técnicas provavelmente teria acontecido a mesma coisa do nosso duelo anterior. - Respondeu Shaka, mas logo em seguida a barreira se desfez em pedaços e o dourado cuspiu sangue. - Eu vou destruir a sua mente e o seu corpo! Rikudou Rinne!

— Não vou permitir que mais ninguém brinque com a minha mente! - Gritou Aiolia explodindo o seu cosmo e abrindo os braços, fazendo um Leão dourado surgindo diante dele rugindo e saltando contra Shaka que havia sido paralisado pelo rugido, ele ficou parado por tempo suficiente para ser atingido pela massa de energia e ser jogado contra a parede atravessando-a.

Aiolia aproveita a oportunidade para conferir se Ikki ainda estava vivo.

— Fênix ainda está vivo, mas seus sinais vitais estão quase nulos, seu coração mal está batendo… - Pensou ele enquanto observava o bronzeado. - Não sei se terei a chance de salvá-lo…

— Ohm! - A voz de Shaka ecoou por toda casa de virgem. - Morra Aiolia! Rendição Divina! - Falou Shaka explodindo o seu cosmo e destruindo a parede que estava a sua frente, fazendo com que os escombros fossem envolvidos por seu cosmo e voassem contra Aiolia que bloqueou todos, mas o cavaleiro de Leão acabou sendo atingido em cheio pela explosão de cósmica do golpe de Shaka e foi ao chão, bastante machucado.

Shaka começa a caminhar na direção de Aiolia. - Vamos, levante-se! Ou quer mesmo que eu acredite que só isso foi o suficiente para te matar? Nós somos a elite do Santuário e nossa luta pode se estender por incontáveis horas.

— Você tem razão Shaka… Nós dois sabemos que quando dois cavaleiros de ouro se enfrentam o resultado da batalha é sempre uma incógnita… - Disse Aiolia se levantando. - Porém… eu não posso permitir que você siga vivo… como eu disse antes, vou garantir algum tempo para os cavaleiros de bronze… mesmo que eu morra aqui!

— Espere Aiolia! Eu ainda não fui derrotado! - Disse Ikki se levantando.

— Fênix!? - Falou Aiolia surpreso.

— Como isso é possível? - Questionou Shaka ainda mais surpreso. - Você foi atingido pelo meu Rikudou Rinne, como pode ainda estar vivo?

— Infelizmente todos os seus seis mundos me rejeitaram. - Respondeu Ikki.

— Escute Fênix… se você ainda consegue lutar, siga os outros cavaleiros de bronze e deixe Shaka comigo!

— Não! Vou repetir a mesma coisa que eu disse pro Shun. Essa luta é minha! E como agradecimento, Shaka, eu vou permitir que você escolha o mundo em que prefere morrer! Golpe Fantasma de Fênix!

Ikki atinge Shaka arrancando o elmo de virgem. Porém, Shaka pega tranquilamente seu elmo do chão e o coloca na cabeça.

— Sinto muito, Ikki. Meu Rikudou Rinne leva humanos tolos para lugares terríveis, mas para alguém tão próximo a Deus quanto eu, esses lugares são irrelevantes. Entretanto, mesmo que você não tenha morrido com meu Rikudou Rinne ele ainda está ecoando na sua mente…

De repente a casa de virgem muda de forma e se transforma no leito do Rio Seco de Sal, Shaka explica para Ikki que aquele rio corre entre o mundo dos vivos e dos mortos. E nele os órfãos vagam eternamente à procura dos seus pais e empilhando pedras em forma de luto.

Nesse momento, Ikki vê ele quando criança carregando o pequeno Shun nos braços caminhando por uma estrada de pedras pontiagudas, e a cada novo passo o corpo de Shun fica mais e mais pesado, fazendo Ikki sofrer muito por carregá-lo.

Uma voz ecoa dizendo que se Ikki colocasse Shun no chão, toda dor iria sumir. Se Ikki não abandonar seu irmãozinho ambos iriam morrer ali. Ikki se recusa e continua andando, porém a cada novo passo as pedras pontiagudas perfuram os seus pés, até que finalmente elas os transpassam. Nesse momento Ikki despertou e estava de volta à casa de virgem.

— Incrível! Rebateu o meu Golpe Fantasma sem o menor esforço e eu acabei sendo atingido pela ilusão. - Pensou Ikki assustado com o poder de Shaka.

— Finalmente entendeu? Não importa o quanto insista e lute, a sua derrota é certa! E como prova disso, eu farei a sua armadura em pedaços, pois você não precisará dela nunca mais!

Shaka estendeu a mão na direção de Ikki e lançou uma rajada de cosmo que derrubou Ikki e despedaçou a armadura de bronze.

— Podemos continuar, Aiolia?

— Sinto muito Shaka, mas ele ainda está vivo. - Disse Aiolia bem sério apontando para Ikki que tentava ficar de pé.