[Etiópia, Ilha de Andrômeda]

{Uma semana antes do início da Guerra Galáctica}

— June, você venceu os outros aspirantes e ganhou o direito a tentar conquistar a sagrada armadura de Bronze. Hoje será seu teste final. - Disse Daidalos, ele estava vestindo a sua armadura de prata e segurava um chicote.

— Sim Mestre! Eu estou pronta! - Respondeu June.

Perto dali, um punhado de aspirantes esperavam empolgados pelo o início da luta, inclusive Shun que foi torcer por sua amiga.

— Veja, esse chicote pertence a armadura de Camaleão. - Disse Daidalos jogando o chicote para June - Você terá que lutar contra mim usando apenas o chicote. Porém, o chicote só irá reagir se você queimar o seu cosmo intensamente, caso contrário ele será um peso morto em suas mãos e esta será a prova que você falhou no teste.

June começa olhar para o chicote, ele parecia uma arma comum. Ela não sabia direito o que fazer para conseguir vencer o seu mestre, que era um cavaleiro poderoso e habilidoso, sendo admirado por muitos.

— June! - Chamou Daidalos em tom de reprovação. - Concentre-se, me ataque com tudo, não se segure.

— Sim Mestre! - Respondeu ela, entrando em posição de ataque, segurando o chicote com sua mão esquerda. - Eu vou começar!

June começou a mover o chicote e lançou vários ataques contra Daidalos, mas ele nem sequer precisou se mover, pois nenhum dos ataques sequer o alcançava. June pensou que estava muito distante do alvo, então avançou contra seu mestre.

À medida que se aproximava a aspirante tentou uma nova sequência de ataques com o chicote, entretanto ela errou todos os ataques e mais uma vez Daidalos nem precisou se mover. O chicote parecia ficar cada vez mais pesado em sua mão e não obedecia aos seus comandos.

— June, o que você está tentando fazer? - Disse o prateado avançando e acertando um soco no estômago da aspirante que a jogou para trás e a derrubou no chão.

— O que devo fazer? O chicote não está respondendo aos meus comandos... - Pensou ela enquanto levantava-se.

— June… você precisa queimar o seu cosmo com mais intensidade - Falou Daidalos enquanto avançava outra vez, agora lançando uma sequência de socos.

— Defesa Circular! - Gritou June elevando o seu cosmo, então o chicote começou a girar em alta velocidade em volta do seu corpo criando uma espiral, que conseguiu bloquear alguns dos socos de Daidalos, mas muitos a acertaram em cheio.

— Você acha mesmo que essa fraca defesa vai funcionar? Eu não preciso nem me esforçar para destruir essa defesa, a velocidade de giros do chicote é extremamente baixa e está caindo a cada segundo, brechas e mais brechas estão surgindo… é inútil insistir nisso.

E assim como Daidalos falou a velocidade dos giros foi ficando cada vez mais baixa, e quanto mais June se forçava para manter a Defesa Circular, mais o chicote ficava pesado e difícil de controlar. Até que finalmente o chicote parou de girar. O cavaleiro de Cefeu então ataca com um gancho acertando o estômago da sua pupila lançando-a para o alto.

Na sequência saltou atrás dela, segurou no pé de June e puxou-a com força, jogando-a em direção ao chão. A aspirante não teve tempo para reagir e causou uma pequena depressão quando seu corpo colidiu contra o chão.

— Vamos June! Eu sei que você consegue! - Gritou Shun, enquanto os outros aspirantes vibravam com a luta.

— June, se você não reagir logo vou considerar que você falhou no teste e vou encerrá-lo. - Disse Daidalos bem sério.

— Mestre, vou dar o meu melhor! - Disse June elevando o cosmo, ficando de pé e partindo para cima de Daidalos gritando. - Chicote de Camaleão!

Ela começa uma nova sequência de ataques, porém dessa vez os ataques estão mais rápidos e precisos. O prateado percebe, mas continua imóvel, como se os ataques fossem inofensivos.

— Muito bem June, seus ataques começaram a se aproximar da velocidade do Som, mas isso não será o suficiente! - Disse Daidalos sem sair do lugar.

— É o que veremos! - Aproveitando que Daidalos não estava desviando dos seus ataques, June lança um ataque surpresa. - Estrangulamento de Camaleão!

O chicote começa a enrolar-se rapidamente no corpo de Daidalos, prendendo seus braços, pernas e cintura de forma a impossibilitar os seus movimentos.

— Acha mesmo que esse truque barato vai funcionar? - Disse Daidalos tentando mover-se.

— Não vou permitir! - Gritou June elevando o seu cosmo. O chicote começou a envolver ainda mais o corpo de Daidalos e estrangulá-lo.

A pressão que o chicote estava exercendo sobre o corpo do prateado era tão grande que causou pequenas rachaduras na armadura de Daidalos.

— O quê!? Eu não acredito nisso… - Falou Daidalos surpreso.

— Essa é a minha chance! - Gritou June saltando para cima de Daidalos aplicando um soco com a sua mão livre em seu rosto, arrancando na sequência o elmo do cavaleiro de prata.

June posa com um dos joelhos no chão, bem próxima de Daidalos. Ela estava ofegante.

— Parabéns June, você conseguiu! - Disse Daidalos despedaçando todas as amarras do chicote e caminhando até ela.

— Ele conseguiu despedaçar completamente o chicote com extrema facilidade!? Ele podia ter se libertado a qualquer momento… o mestre realmente é muito poderoso, se fosse uma batalha real eu nunca teria qualquer chance. - Pensava June enquanto via o prateado se aproximando.

— A partir de hoje, você June, é a nova amazona do Bronze de Camaleão. - Disse Daidalos orgulhoso da pupila.

— Obrigado mestre. - Disse June se levantando, mas ao olhar para a sua mão a ficha que seu chicote havia sido destruído finalmente caiu. - Mes-mestre… o chicote foi destruído e agora…

— Ora June, não seja tola. Já esqueceu de tudo o que eu ensinei? Basta você concentrar seu cosmo no cabo do chicote que ele irá se regenerar.

— É mesmo! - June concentra seu cosmo e rapidamente todos os pedaços do chicote de Camaleão se uniram novamente.

— Dependendo do dano que o chicote recebeu, ele irá conseguir se regenerar. Mas tudo dependerá da intensidade do seu cosmo, foi por isso que no início da luta seus ataques não me alcançavam. June, nunca se esqueça disso durante uma batalha real.

— Sim, senhor!

{Alguns dias depois}

Do alto de um rochedo, Daidalos de Cefeu observava um dos seus aspirantes realizando o teste para se tornar um cavaleiro, quando uma amazona aparece.

— Mestre, ele vai morrer! O Shun não…

— Quieta June! Ele mesmo pediu por isso. - Respondeu Daidalos.

— O quê!? O Shun que pediu?

— Isso mesmo. Ele já está aqui há seis anos. E hoje é a sua última chance. Ou ele escapa das correntes e vira um cavaleiro ou morrerá afogado quando a maré subir…

“O teste final da Ilha de Andrômeda, o Sacrifício, foi inspirado no conto da Princesa da Etiópia, Andrômeda, que foi amarrada a uma pedra e oferecida como sacrifício para um monstro. As correntes que prendem o corpo do candidato não são correntes normais, mas sim as correntes inquebráveis da armadura de Andrômeda. A única forma de se livrar delas é queimar o cosmo intensamente.”

— Apenas aqueles que conseguem escapar do sacrifício são dignos de trajar a armadura de Andrômeda! - Finalizou Daidalos.

Shun observa a urna da armadura de Andrômeda que estava em uma saliência do rochedo de onde Daidalos e June o observavam. Ele já estava ficando sem forças e a maré já estava chegando em seu pescoço.

— Então essa é a armadura de Andrômeda?! Eu vou levá-la ao Japão e finalmente poderei rever o meu irmão… - Pensava Shun, enquanto era completamente coberto pela maré.

— Mestre! - Exclamou June, preocupada ao ver Shun ser engolido pelas águas.

— Meu querido Shun… parece que é realmente impossível pra você… - Pensava Daidalos preocupado.

De repente o mar começou a ficar agitado e um imenso redemoinho começou a surgir.

— Mes-mestre, o que está acontecendo?!

— O que é isso?! O redemoinho está se transformando em um turbilhão… e agora o mar… ele está se dividindo ao meio…

— O-o que é aquilo… - O coração de June ficou ainda mais acelerado! - Shun!

No meio do mar dividido, estava Shun, que tinha se libertado e segurava as correntes de Andrômeda.

— Mestre… June… Ikki… Eu consegui! Eu finalmente consegui e sem a ajuda de ninguém! - Gritou Shun eufórico por ter conseguido conquistar a sua armadura, porém logo em seguida ele desmaia de exaustão e o mar o engole.

— Shun! - Gritou June preocupada.

Daidalos saltou do penhasco rochoso de onde ele observava a prova. Segundos depois ele surge na praia com Shun em seus braços.

— Shun, o cosmo que estava adormecido no seu coração finalmente despertou! A armadura de Andrômeda o reconheceu como seu verdadeiro cavaleiro, meus parabéns Shun. - Falou Daidalos orgulhoso do seu pupilo.

— Mestre… o Shun… ele está… - Perguntou June angustiada ao chegar na praia.

— Não se preocupe June, ele só está exausto, ele precisa descansar um pouco, apenas isso.

— Que bom... - Disse June aliviada abraçando os dois.

No dia seguinte, June foi visitar Shun para saber como ele estava, quando encontrou Daidalos saindo da modesta casa, que servia de enfermaria, onde Shun estava repousando.

— Mestre, o senhor também veio ver como ele está, não é? - Perguntou a amazona.

— Sim, queria conferir se ele já tinha se recuperado. - Respondeu o prateado.

— Então ele já acordou? - Perguntou June.

— Ainda não. Ele deve dormir por mais alguns dias até se recuperar completamente.

— É que o Shun recebeu mais uma carta do Japão e ele havia me dito que queria partir o quanto antes pro Japão para encontrar com o seu irmão…

— Eu sei June, mas não se preocupe, quando o Shun despertar, ele poderá ir para o Japão, se ele quiser. - Falou Daidalos.

— O senhor tem razão mestre. - Disse June indo em direção a porta da enfermaria. - Agora vou ficar um pouco com ele.

— Esses dois… superaram as minhas expectativas… - Sorriu Daidalos orgulhoso.

Em seguida Daidalos se dirigiu ao campo de treinamento para encontrar com os outros aspirantes, e assim que chegou é abordado por uma de suas pupilas.

— Mestre! Mestre!

— O que houve Erda?

— O *Shinadekuro sumiu! Estão dizendo que ele fugiu.

— Infelizmente nem todos conseguem lidar com a frustração de não se tornarem cavaleiros, afinal todos passaram por um treinamento desumano e mesmo assim alguns acabam falhando. Espero que ele consiga colocar a cabeça no lugar e não se desvirtue do caminho correto.