Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 30
Capítulo XXIX - Revisão


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Denise bocejou após dar um longo gole em seu café, ficar no internato aos fins de semana a deixava sonolenta. A moça estava sozinha quando viu Tikara se aproximar.

 

“Oi!” cumprimentou e ela franziu o cenho.

 

“Oi... você falando comigo é bem surpreendente.” respondeu e ele riu enquanto pegava algo de sua mochila.

 

“Seu pai me pediu pra entregar isso.” o rapaz falou entregando uma pasta preta.

 

Assim que Denise abriu e leu o conteúdo, sorriu largamente.

 

“Valeu! Isso vai ser ótimo!” exclamou e ele deu de ombros.

 

Tikara já ia sair de lá quando se lembrou do que havia conversado com Milena, havia prometido que tentaria falar com ela. Partindo disso, girou seus calcanhares.

 

“Sabe... não cheguei a perguntar. Você ‘tá de boa com o exposed?” perguntou e ela arregalou os olhos surpresa, mas sorriu.

 

“Mais ou menos. Não é a coisa mais fácil do mundo aguentar geral te olhando feio.” a ruiva respondeu e ele riu.

 

“Consigo imaginar.” respondeu e ela sorriu sem graça.

 

“Eu passei meu fim de semana pedindo desculpas pra um monte de gente, mas esqueci de você. Desculpe, Tikara! Acho que nunca fui muito legal com você, aqui e fora daqui.” desculpou-se e o rapaz não escondeu a surpresa, tanto que ficou sem uma resposta imediata.

 

“Ah... ok.” falou saindo em seguida.

 

Denise deu outro gole em seu café quando Sofia se aproximou com a expressão surpresa.

 

“Tikara ‘tava falando com você?” perguntou e a ruiva assentiu.

 

“Ele veio me entregar uns papéis do meu pai e me perguntou sobre o exposed.” revelou e Sofia sorriu.

 

“Será que agora vocês se dão bem?” ela perguntou e a amiga deu de ombros.

 

“Sei lá. Talvez. Mas e você? Sumiu o fim de semana todo!” Denise perguntou.

 

“Lembra que eu ‘tô trabalhando minha autoaceitação? Então, sábado eu ‘tava na biblioteca quando um grupo veio falar comigo e descobri que temos muito em comum nesse tema, então me chamaram pra sair e eu fui.” falou e Denise abriu a boca.

 

“O quê? Eu estou sendo trocada? É isso?” perguntou.

 

“Claro que não! É que é bom falar às vezes com quem tem problemas parecidos.” Sofia esclareceu e a outra assentiu.

 

“Ok. Deixe sua amiguinha na solidão.” falou dramática e a amiga revirou os olhos com um riso.

 

“Ah, Denise, nem vem! Você não ‘tá sozinha, o Jerê fica com você. Mesmo que não seja do jeito que você queria.” Sofia disse subindo e descendo as sobrancelhas e a amiga desviou o olhar.

 

“Como você é engraçada!” comentou irônica e a outra riu.

 

Denise, ao virar o rosto, viu alguém com quem ela precisava conversar.

 

“Tenho que ir falar com o Jeremias agora, você vem?” perguntou se levantando.

 

Sofia negou.

 

“Não, tenho que estudar um pouco. E não quero segurar vela.” zombou.

 

“Você para, hein!” falou e saiu enquanto a amiga ria.

 

Denise foi até a mesa dos atletas, onde Jeremias estudava com eles.

 

“Jeremias! Preciso falar com você!” ela disse e todos a olharam.

 

“Tá, deixa eu só arrumar minhas coisas aqui.” ele respondeu fechando um caderno.

 

Uma garota riu.

 

“Ei, Denise, recebi sua mensagem. Foi ignorada com sucesso!” comentou séria.

 

Denise assentiu.

 

“Tá bom. Bora, Jerê.” respondeu simples e saiu com o rapaz assim que ele guardou suas coisas.

 

“Não sei por que ele ainda é de boa com essa daí.” Denise ouviu pouco antes de se afastarem, mas ignorou.

 

“Precisamos achar Do Contra e Magali, tenho ótimas notícias!” a ruiva exclamou e Jeremias assentiu com uma feição curiosa.

 

“Tá me deixando curioso. O que é?” perguntou e ela sorriu largamente.

 

                                                  X

Para a felicidade dos dois, não foi muito difícil de encontrar Magali e Do Contra. Quando se juntarem, foram rapidamente à direção.

 

Carlito lia alguns documentos quando foi avisado que o grupo de música queria lhe ver. O diretor não escondeu a surpresa ao saber disso, fazia um tempo que eles não apareciam lá.

 

“Pensei que tivessem desistido desse grupo de música. E não sabia que Denise também fazia parte.” comentou assim que eles entraram enquanto assoprava seu café.

 

“Eu não sou, mas eu apoio! E não sou a única.” a ruiva respondeu entregando a pasta preta e ele a abriu.

 

Conforme Carlito lia, sua expressão facial se transformava. Assim que acabou de ler olhou para os adolescentes, que tinham sorrisos superiores. O documento em questão havia sido redigido pelo pai de Denise e contava com assinaturas de vários outros pais de alunos, aquilo era nada mais nada menos que um documento de apoio financeiro ao grupo de música, ou seja, o grupo de música estava sendo patrocinado.

 

“Como... como você conseguiu isso?” questionou boquiaberto.

 

Denise riu passando as mãos nos cabelos.

 

“Eu posso ter caído aqui no IL, mas ainda sou uma pessoa cheia de contatos. Mas como não sou do grupo, acho que quem precisa falar não sou eu.” respondeu olhando para os demais.

 

Do Contra riu em deboche.

 

“Parece que vencemos dessa vez, diretor.” falou e o mais velho bufou. Antes que ele falasse alguma coisa, Marocas entrou.

 

“Bom dia, senhor Carlito. O senhor Denilson está na linha, é pra falar sobre o grupo de música.” ela disse e os adolescentes sorriram mais ainda.

 

Carlito respirou fundo enquanto se reclinava na cadeira.

 

“Marocas, veja quais salas e dias da semana estão disponíveis para a realização do grupo de música. E procure um bom professor de música e os instrumentos necessários.” pediu ela assentiu deixando a sala em seguida.

 

“Já vocês, podem ir.” falou sério e eles saíram com pequenos risos.

 

                                     X

Do lado de fora, os jovens deram um grito animado.

 

“Não acredito que o grupo de música vai acontecer!” Magali exclamou sorridente.

 

“Cara... deu certo!” Do Contra exclamou animado.

 

“Eu não ‘tô acreditando até agora! Denise, como você conseguiu?” Jeremias perguntou.

 

Denise sorriu dando de ombros.

 

“Querendo ou não, eu sou incrível, meus amores!” falou e eles assentiram.

 

“Obrigado mesmo, Denise! Sua ajuda foi fundamental. Vou falar pra Ramona que o grupo de música existe!” Do Contra exclamou e já ia sair quando Marocas apareceu.

 

“Crianças, preciso saber qual de vocês vai ficar responsável em decidir comigo o local, o horário e, claro, ficar responsável pelas inscrições e tudo mais.” ela disse e todos se entreolharam.

 

“Eu nem sou do grupo!” Denise lembrou.

 

“Eu faço um monte de atividade extra...” Do Contra comentou.

 

“Eu também!” Magali falou.

 

Todos encararam Jeremias, que suspirou.

 

“Tá... eu fico responsável. Talvez Ramona e Xavier me ajudem...” falou e Marocas sorriu.

 

“Ótimo, então venha na minha sala depois.” ela disse e logo retornou à sala.

 

“Vou avisar a Ramona sobre ter dado certo.” Do Contra disse antes de sair.

 

“Vou avisar o Xavier.” Jeremias falou também saindo.

 

Magali olhou para Denise, que olhou de volta, e sorriu. Assim como várias pessoas, Magali havia sido uma que recebeu mensagem de Denise e não respondeu.

 

“Obrigada, Denise! E sobre a mensagem de ontem...eu te desculpo! Não só por ter ajudado a gente com o grupo, mas... porque eu desculpo.” a morena falou sincera e saiu.

 

Denise sorriu consigo mesma se sentindo bem pela ação, não sentia nenhum tipo de superioridade nem nada, apenas bem. E essa sensação era incrível.

 

                                      *

A notícia de que o grupo de música aconteceria havia se espalhado depressa e deixado muitos alunos animados. Quando a aula começou, cochichos sobre a novidade corriam soltos até que entrou um inspetor.

 

“Bom dia! A direção tem dois recados a vocês alunos. O primeiro é que após o simulado de ciências exatas de amanhã daremos início à semana de provas.” começou.

 

“Semana de provas? Mas a gente já faz testes toda semana!” Mônica comentou sem entender.

 

“Os testes são diferentes das provas, Mônica. Os testes são mais voltados para questões de vestibular, as provas são provas comuns.” o professor explicou e ela bufou.

 

“E o segundo aviso é que há um empate entre as três séries quanto à pontuação dos simulados nas duas frentes, ciências biológicas e ciências humanas, então a direção, com a intenção de incentivar os alunos, decidiu que a série que tiver a maior pontuação no simulado de amanhã será premiada com um passeio à praia após a semana de provas. Então, para que ninguém saia prejudicado, as atividades da tarde de hoje estão suspensas, com exceção das monitorias. Bons estudos.” ele disse deixando a sala em seguida.

 

Em questão de segundos, a sala se transformou em um verdadeiro falatório.

 

“A gente precisa ganhar! Eu quero ir na praia!” Toni exclamou.

 

“Acho bom todo mundo ir bem nesse simulado!” um aluno comentou apontando para todos.

 

“Nikolas! Você é monitor de matemática! Bem que podia me ajudar!” uma garota pediu ao rapaz, assim como outras pessoas.

 

O professor observava várias pessoas combinando rodas de estudos e até mesmo esquemas de cola quando, de repente, ouviu um assobio e olhou na direção de Cebola, que tinha dois dedos na boca.

 

“Que isso, Cebolácio? Acha que ‘tá onde?” repreendeu.

 

“Foi mal, ‘sor! É que tive uma ideia. Aqui na sala tem quatro pessoas que tiram notas boas em exatas! Gabriela, Milena, Nikolas e eu. Como é uma coisa que todo mundo quer, acho que seria foda se a gente se ajudasse.” Cebola sugeriu e todos pareceram pensativos.

 

“Cara... é uma ótima ideia. A gente já ganhou!” Titi exclamou animado.

 

“Pera lá! A gente nem sabe se eles querem ajudar.” Cascão comentou e todos, inclusive o professor, encararam os três, impossibilitando um possível não.

 

“Eu posso ajudar, mas eu dou monitoria às duas.” Nikolas respondeu.

 

“Eu também.” Gabriela e Cebola falaram em uníssono.

 

“Eu não dou monitoria, mas eu iria preferir a ajuda deles.” Milena comentou.

 

“Dura uma hora, né? Então a partir das três aqui na sala. A gente vai ganhar essa porra!” um aluno exclamou esfregando uma mão na outra.

 

O professor riu.

 

“Certo, mas precisam ir bem na minha disciplina também. Abram os cadernos e vamos lá.” ele disse e os alunos se endireitaram, mas ainda estavam eufóricos.

 

                                               *

As aulas passaram de maneira lenta, quando entraram em intervalo, Jeremias se juntou a Xaveco e Ramona para irem falar com Marocas.

 

"Por que mesmo que sobrou pra gente? A Magali é a filha do diretor." Xaveco comentou.

 

"Não é com ele que vamos falar, é com a Marocas, Carlito ficou puto por ter dado certo. E eu tive que ficar responsável pela organização porque Magali e Do Contra fazem um monte de atividades, e eu chamei vocês pra não vir sozinho e porque é bom ouvir outras opiniões." Jeremias explicou.

 

"Ah, sim. Foi você que convenceu ela a ajudar, né?" Xaveco perguntou e ele negou.

 

"Não, ela que se ofereceu." respondeu e o outro olhou surpreso.

 

"Eu já imaginava que Denise poderia ajudar, mas nunca tive coragem de perguntar pra ela." Ramona comentou, Jeremias e Xaveco eram pessoas com quem ela conseguia falar tranquilamente.

 

"Por quê? Por causa do jornal? Aquilo traumatiza mesmo." o loiro perguntou e a moça deu de ombros.

 

"Também, é realmente ruim essa situação do jornal. Mas é que eu acho que ela é mais fechada que eu, nunca vi ela genuinamente à vontade com alguém que não fosse a Sofia ou o Jeremias." ela respondeu.

 

"Penha disse que ninguém naquele grupo era amigo de verdade. Então faz todo sentido ela só ficar tranquila com a Sofia. Mas eu sempre quis saber como vocês ficaram amigos, Jerê." Xaveco disse.

 

"Verdade! Vocês não se bicavam muito." Ramona lembrou.

 

Jeremias sorriu enquanto se lembrava do dia na biblioteca.

 

"A gente acabou se conhecendo melhor em uma situação não tão boa. Daí que vem as melhores amizades." respondeu com um riso e os outros dois assentiram em concordância.

 

Os três chegaram à sala de Marocas, que já os esperava.

 

"Então, crianças, vamos do começo. O dia! Lembrando que tem que ser acessível para todos." ela disse.

 

"Segunda tem estudo avançado; terça e sexta têm aula; quarta esporte e quinta atividade extracurricular." a mais velha falou e os encarou como se dissesse que tinham problemas.

 

"Aula de música não é considerada uma atividade extracurricular?" Xaveco perguntou.

 

"Até pode ser, mas o problema começa já no grupo de vocês. Pelo que sei, Jeremias é do roteiro do teatro, Magali do inglês e Maurício faz mais de uma atividade. E pelo menos vocês três precisam estar lá! Xavier e Ramona têm mais flexibilidade na escolha." lembrou.

 

Xaveco e Ramona olharam para Jeremias, que franziu o cenho.

 

"Vish… então meio que não tem nenhum dia livre na semana!" ele falou.

 

"Mas tem no fim!" Ramona comentou.

 

"No fim de semana muita gente vai para casa, seria meio injusto." a mais velha comentou.

 

“Mas a gente poderia dar a opção de a pessoa poder vir ter a aula e depois ir para casa.” Xaveco disse.

 

“Eles têm razão, dona Marocas! Aqui aos sábados e domingos é muito entediante, e não é como se participar do grupo de música fosse uma obrigação. Além do mais, se fosse aos sábados, nenhum professor poderia reclamar de barulho e a gente poderia achar uma sala com maior facilidade.” Jeremias argumentou e ela assentiu com o pensamento.

 

“É... resolveria vários problemas de uma vez. Tudo bem, podemos deixar o grupo de música aos sábados! Vou atrás de um professor que atenda aos sábados, mas vocês já podem começar as inscrições.” ela disse e os três assentiram.

 

“Pode deixar com a gente!” Jeremias exclamou e ela sorriu.

 

“Ótimo! Parabéns pela iniciativa, acho que aqui precisa mesmo de um pouco de música. Podem ir agora.” Marocas disse e eles saíram.

 

Do lado de fora, eles se entreolharam.

 

“Tá... como vai funcionar as inscrições?” Xaveco perguntou.

 

“Elas podem acontecer nos momentos de intervalo e no fim do dia, depois que acabam as aulas, mas vamos deixar o horário de almoço pra gente comer em paz. Andar com as pessoas do time fez eu ver que se você libera seu horário de almoço pra fazer isso, você não come.” Jeremias e os dois assentiram.

 

“Mas vai ser só a gente ou os outros também?” Ramona perguntou.

 

“Nada mais justo que todo mundo colaborar.” o moreno disse e os outros dois assentiram com um riso.

 

                                               *

Quando a hora do almoço finalmente chegou, Penha caminhou até a mesa em que Xavier estava sozinho. O loiro brincava com a comida com a feição desanimada.

 

“Oi, Xavier. Cadê o Nik? Não vi ele no intervalo! Ah, e o Tikarra também.” a moça cumprimentou e ele a olhou.

 

“O Tikara foi chamado pra sentar com o time, a festa parece ter sido boa pra ele. Já o Nik... eu não sei, tinha gente pedindo ajuda em matemática pra ele.” respondeu e ela riu.

 

“Incrível como um monte de gente foi atrás dele só porque ele é bom em matemática!” ela exclamou e o loiro riu.

 

“Você não fez a mesma coisa?” perguntou e ela negou.

 

“Comigo foi diferrente! Eu fui falar com ele por causa da monitorria, mas não foi por isso que mantive a amizade.” a morena explicou.

 

Nikolas apareceu na mesa, mas tinham pessoas com ele.

 

“Gente, por favor, agora só na monitoria às duas. Também preciso comer.” ele pediu e os demais saíram.

 

“Tá requisitado, hein?” Penha zombou.

 

“A praia parece deixar as pessoas muito animadas, não sei por quê!” respondeu.

 

“Você não sabe porque não gosta de praia, eu adoro! Então seja um bom monitor hoje, hein?” Xaveco falou sem demonstrar muito ânimo.

 

“Bom monitor ele já é.” Penha comentou piscando um olho para ele que sorriu olhando para baixo, ainda se lembrava do beijo, e queria outro.

 

Nikolas imaginava que o clima entre eles ficaria esquisito, mas Penha parecia normal com toda a situação. Todavia, o que Nikolas não sabia era que ela também queria repetir a dose.

 

Xaveco olhava para a mesa ao lado da dos atletas, Nimbus estava lá. Durante o fim de semana inteiro o loiro havia pensado no moreno e em tudo que ele lhe dissera, tanto que nem conseguiu estudar direito.

 

“Cadê o Tikara?” Nik perguntou enquanto olhava em volta.

 

“Foi adotado pelos atletas.” Xaveco respondeu.

 

“Por isso você ‘tá assim?” o outro perguntou e o loiro o encarou.

 

“Assim como?” perguntou.

 

“Desanimado. ‘Tô até ficando com pena. Mas não se preocupe, Tikara só ‘tá lá por causa da Milena. Ele vive dizendo que não gosta de metade daquele time.” Nikolas respondeu e o amigo deu de ombros.

 

Penha riu.

 

“Que gracinha, você reparrou que ele ‘tava meio triste.” comentou e aquilo fez o loiro rir.

 

“Penha, Nik e eu temos uma ligação que você nunca vai ter.” brincou fazendo os outros dois rirem.

 

“Você que pensa, Xavier, você que pensa...” ela comentou enquanto piscava um olho para o moreno que, para a sua surpresa, retribuiu.

 

Em outro momento, Xaveco até teria percebido o ato, mas estava perdido em seus pensamentos novamente.

 

                                      *

Enquanto isso, em uma outra mesa, Magali falava animada com Mônica sobre o grupo de música, mas, daquela vez, havia uma outra novidade: Cebola estava com elas. Mônica havia o chamado e ele, sem hesitações, foi.

 

“Então o grupo de música realmente vai existir? Legal.” o rapaz comentou e ela assentiu.

 

“Sim! Graças a ajuda da Denise!” respondeu e Mônica arregalou os olhos.

 

“Denise? Isso tem a ver com aquele pedido de desculpas? Ela me enviou um, mas sei lá.” ela falou e Magali negou.

 

“Ela tinha ficado de fazer isso há um tempo. Mas a grande questão é que conseguimos! O levante deu certo!” a veterana exclamou animada.

 

“Denise ‘tá pedindo desculpas? Uau.” Cebola comentou surpreso.

 

“Tá, ninguém sabe se é de verdade já que é tudo por mensagem, mas é um começo, né?” Mônica respondeu e ele assentiu.

 

“E você, Cebola? Não vai fazer nada?” Magali perguntou e ele a encarou.

 

“Como assim?” perguntou.

 

“Ué, você também precisa se desculpar com as pessoas.” Mônica disse.

 

“Sim, mas eu não sei bem como fazer isso. Ninguém quer me ouvir.” falou.

 

“Mas tenta mesmo assim! Hoje, por exemplo, você deu a ideia da monitoria em grupo, pode ser o momento perfeito pra falar com Nik e até com a Milena.” Mônica sugeriu.

 

“Ela não gosta de mim, e daquela vez Nikolas não me ouviu, por que ouviria agora?” perguntou.

 

“Porque você vai com calma, né, meu filho?! E Milena é uma pessoa legal, acho que pelo menos ouvir o que você tem a dizer, ela ouve. Só tenta, Cebola.” Mônica sugeriu e ele suspirou.

 

“Tá! Eu posso tentar!” falou e a novata aplaudiu.

 

Magali pensou por alguns instantes.

 

“Cebola, vendo você sentado aqui com a gente eu percebi uma coisa: nenhum de vocês antigos populares andam juntos mais. O exposed foi tão destrutivo assim?” questionou.

 

“Na real, a gente nunca nem foi amigo. Então depois daquilo, cada um seguiu seu rumo.” respondeu.

 

“Vocês se apoiaram pra fazer merda e quando mais precisaram viraram as costas um pro outro? Que tristeza.” Mônica comentou.

 

“Olha, no fundo ninguém ali se gostava de verdade ou tinha alguma consideração que ia além daquela popularidade, então não tem com que se preocupar.” ele explicou.

 

As duas deram de ombros e Magali sorriu enquanto via Cascão passar por eles e piscar um olho para ela.

 

“Já volto, gente.” ela disse saindo de lá.

 

Os dois riram e Mônica mudou de lugar, ficou ao lado de Cebola.

 

“Sabia que eu fiquei muito feliz quando você deu aquela ideia? Você pareceu até mais bonito.” ela disse e ele riu.

 

“Vou ficar mais se estiver na praia.” respondeu e foi a vez de ela rir.

 

“Chega a ser romântico.” a moça sussurrou e ele ia abraçá-la pelos ombros quando viu a professora de inglês caminhando pelo refeitório, no mesmo instante, ele endireitou o corpo e a moça o olhou sem entender.

 

“O que aconteceu?” Mônica perguntou.

 

Cebola suspirou.

 

“Mônica, não podemos demonstrar que a gente... ér... tem alguma coisa.” falou e ela franziu o cenho.

 

“Por quê? Tem a ver com popularidade ainda? Achei que tivesse superado, Cebola!” ela exclamou séria.

 

“Não! Não é por isso! É que além de pegação ser proibida aqui no IL, eu ainda sou seu monitor. E monitor não pode ficar com quem ‘tá monitorando.” explicou e ela fez uma careta.

 

“Mas... quando o Nik me chamou pra sair, ele ainda era meu monitor.” a moça disse e ele assentiu.

 

“É, mas seria fora do IL, então pode. E duvido muito que Ana Paula iria barrar, ela gosta do Nikolas. Já a professora de inglês é a encarnação da chatice.” Cebola disse e a moça bufou.

 

“Que merda, hein?!” comentou e ele riu.

 

“Sim, mas eu sou veterano e conheço o que chamamos de ‘pontos cegos’, mas agora não é o melhor horário. Talvez mais tarde.” comentou piscando um olho e ela riu.

 

“Só não posso ser pega! Não posso mais arranjar problemas.” falou e ele assentiu.

 

“Não se preocupe.” ele disse e ela assentiu enquanto piscava um olho.

 

                                               *

Em um dos pontos cegos, Cascão e Magali trocavam um beijo calmo com direito a carícias nos cabelos e mãos na cintura. Desde o sábado na rampa, os dois trocavam várias mensagens sobre os mais variados assuntos, era como se a cada dia que passasse se aproximassem mais.

 

Assim que pararam o beijo, sentaram-se no chão encostando as costas em uma das paredes do local. A moça sorriu para o rapaz, que brincava com uma mecha de seu cabelo.

 

“Fiquei sabendo do grupo de música! Vocês devem estar felizes.” Cascão comentou e ela assentiu.

 

“Demais! Daqui alguns dias você vai passar por um corredor e ouvir a música saindo de todos os cantos, mesmo que desafinada.” ela comentou enquanto se escorava no rapaz.

 

“Onde que vai ser? Só pra eu acidentalmente passar lá em frente algumas vezes.” ele perguntou.

 

“Só sei que vai ser de sábado, mas eu não faço ideia de onde, quem ‘tá mexendo com isso são o Jeremias, Ramona e Xaveco.” a moça respondeu e Cascão olhou surpreso.

 

“Ué, a Ramona até faz sentido, mas pensei que seria o Do Contra, o cara que idealizou.” Cascão comentou.

 

“É, mas ele é muito ocupado. Muito mesmo!” Magali disse.

 

“E vai participar do grupo como?” perguntou e ela deu de ombros.

 

“Ele dá o jeito dele. Mas vamos ter um professor de música! Bem que você podia entrar pro grupo.” a morena convidou e ele riu.

 

“Tentador, mas não. Prefiro ficar na plateia, só admirando.” respondeu olhando-a nos olhos e juntando seus lábios aos dela em seguida.

 

O beijo não durou muito já que um apito soou e eles se separaram. Para a surpresa deles, não era um inspetor, era Átila.

 

“Que isso, treinador? ‘Tá fazendo bico de inspetor agora?” Cascão perguntou.

 

“Cascão!” a moça repreendeu.

 

“Relaxa, Magá, o treinador Átila e eu somos parças, né, ‘sor?” perguntou e o professor suspirou.

 

“Cascão, você sabe que não quero falta de foco e muito menos advertências!” Átila advertiu e o rapaz levantou.

 

“Não se preocupe. Eu ‘tô focadão.” falou e o professor saiu.

 

Magali também levantou.

 

“O que ele quis dizer com falta de foco?” ela perguntou.

 

“Ah, o Átila acha que pegação tira o foco no jogo. Então a gente tem que ficar esperto com ele.” falou e ela crispou os lábios.

 

“E se ele pegar a gente no flagra de novo? Eu não quero te trazer problemas, Cas.” a moça disse e ele sorriu abertamente.

 

“Relaxa, gatinha. Pra tudo tem um jeito. Vamos indo que daqui a pouco os inspetores aparecem.” falou e os dois saíram juntos, lado a lado, enquanto falavam sobre assuntos aleatórios.

 

                                      *

De volta ao refeitório, Tikara nunca quis tanto que o horário de almoço passasse rápido. A mesa dos atletas não era tão interessante quanto parecia, principalmente por, naquele momento, Milena sequer estar lá.

 

“Por que Xaveco não quis sentar com a gente?” um dos atletas perguntou.

 

“Ele disse que queria ficar com os amigos. Dá pra ver que Tikara não é do tipo que valoriza amizades.” Felipe alfinetou, por mais que o loiro não o ameaçasse mais, ainda o provocava.

 

“Eu valorizo amizades, sim!” defendeu-se.

 

“Então por que tu ‘tá aqui e não com eles?” o outro interrogou.

 

Tikara abriu e fechou a boca, não iria dizer que era por Milena, principalmente por ela nem estar ali.

 

“Eu não posso tentar fazer novas amizades? Eles, por exemplo, têm mais amigos além de mim.” falou e a resposta pareceu satisfazê-los.

 

Milena apareceu na mesa junto de Gabriela.

 

“Tikara aqui com a gente? Que novidade!” Gabriela comentou.

 

“Por onde as duas andaram? ‘Tá quase acabando o almoço.” Timóteo perguntou.

 

“O simulado tem prêmio e eu sou uma monitora, eu ‘tava fugindo pra comer em paz e arrastei Milena comigo.” a loira respondeu.

 

“Ei, Mi, eu vou adorar receber um abraço seu de parabéns pela vitória.”  Felipe comentou piscando um olho e ela riu.

 

Tikara revirou os olhos, mas não disse nada.

 

“Quem disse que o terceiro que vai ganhar?” ela respondeu. Por mais que tivessem discutido, o fato de ele estar sempre com o resto dos membros dos times fazia com que conversassem.

 

“Felipe, se toca! Na nossa sala vai rolar monitoria coletiva com quatro pessoas que têm nota boa em exatas! Dois deles são monitores, inclusive.” Titi falou presunçoso.

 

O loiro riu.

 

“Na minha sala também tem monitor. Esse prêmio já é nosso! Mas como assim monitoria coletiva? Sua sala é unida desde quando?” perguntou.

 

“Desde quando disseram que a turma que ganhar vai sair daqui pra dar um rolê na praia. Em outros momentos, seria cada um por si! Tipo o Toni ali.” respondeu apontando para Toni, que estava sozinho comendo.

 

Gabriela olhou para o rapaz sentindo um pouco de pena.

 

“O grupo dele abandonou mesmo.” Tikara comentou.

 

“Merecido. Ouvi dizer que Denise tem pedido desculpas pra geral, ouvi umas três pessoas dizendo que mandaram ela ir se ferrar.” Titi comentou.

 

“E você acha graça disso?” Tikara perguntou fazendo Milena esboçar um sorriso.

 

“Claro! Ninguém desculpa alguém assim. Tipo você! Você desculpou o Cebola por ter abaixado suas calças no meio da escola toda?” Titi perguntou.

 

“Ele não pediu.” o outro revelou.

 

“E se pedisse? Você desculparia? Porque todo mundo sabe que não iria adiantar de nada, já viram seu biscoito da sorte.” Felipe comentou.

 

“Como você é desnecessário!” Milena repreendeu e Tikara bufou. Para a sua felicidade, o sinal tocou indicando ser o fim do almoço.

 

                                      *

Algo diferente aconteceu naquela tarde, muitas pessoas que não eram das monitorias de exatas apareceram nas salas fazendo com que as perguntas aumentassem resultando em um atraso de Gabriela e Nikolas.

 

Na sala do segundo ano, os demais aguardavam enquanto conversavam entre si. Cebola estava com Cascão enquanto olhava para Milena, que lia um livro.

 

“Eu ‘tô sonhando ou você quer falar com ela?” Cascão comentou após perceber.

 

“Mônica sugeriu que eu falasse com ela sobre tudo que aconteceu, sabe?” respondeu.

 

“Eu acho uma ótima ideia!” o amigo comentou.

 

“Você acha que ela vai me ouvir?” Cebola perguntou e o outro assentiu.

 

“Milena é firmeza. E outra, ela desculpou a Denise, Tikara me falou no dormitório hoje.” respondeu.

 

Cebola franziu o cenho.

 

“Quando vocês conversam que eu nunca vejo?” perguntou e ele riu.

 

“Geralmente quando você não ‘tá. Vai lá falar com ela, garotão!” falou dando um tapa forte nas costas do amigo.

 

Cebola respirou fundo e se aproximou de Milena.

 

“Oi, Milena! Eles ‘tão demorando, né?” comentou e ela levantou os ombros enquanto o olhava.

 

“Pelo tanto de gente que ‘tava atrás deles hoje, a monitoria deve ter enchido.” ela respondeu.

 

“Pois é... sabe, achei legal que você topou ajudar!” falou e ela assentiu.

 

“Não vejo problemas. E foi legal da sua parte sugerir uma monitoria coletiva. Estou surpresa, Cebola.” a cacheada disse e ele riu.

 

“Surpresa? Com o quê?” perguntou e ela riu.

 

“Ah... o Cebola que eu conheci ano passado não ‘tava nem aí pra quem não fosse da panelinha dele. Mas parece que o exposed e principalmente o Cascão e Mônica têm feito muito bem a você. Espero que não cometa erros como foi comigo.” a moça disse e ele suspirou.

 

“Falando nisso, eu... eu queria me desculpar. Você passou por muita coisa por minha culpa e eu não fui capaz nem de me colocar no seu lugar.” o rapaz disse e ela encarou surpresa.

 

“É-é claro que eu vou entender se você quiser me mandar à merda, você tem motivos pra isso.” falou e Milena não evitou um riso.

 

“Sim, Cebola, eu te desculpo. Mas porque eu ‘tô vendo que você realmente quer mudar.” a cacheada falou e ele sorriu abertamente.

 

“Obrigado, e sim! Eu ‘tô tentando... ser eu.” ele falou e ela assentiu.

 

“Então boa sorte!” ela disse e, no mesmo instante, Gabriela e Nikolas entraram.

 

“Pô! Até que enfim! Vinte minutos perdidos!” Timóteo reclamou.

 

“Vai lá dar monitoria pro dobro de gente que geralmente aparece! Tinha gente que eu não sei como passou até hoje nas provas, não sabia nada!” Gabriela comentou.

 

“Comigo aconteceu a mesma coisa. Mas vamos começar então! Como vamos fazer?” Nikolas falou tirando sua mochila.

 

“Sei lá...  a gente pode revezar e se ajudar. Tipo... exercício 1 é de matemática, aí o Nikolas resolve enquanto um de nós lê o enunciado e ajuda ele no que precisar, e os outros ajudam o resto da sala que tiver perdido. E a gente vai revezando, e a sala participando, é claro.” Cebola sugeriu.

 

Os três assentiram.

 

“Fechou! Começamos com o quê?” Gabriela perguntou também tirando sua mochila.

 

                                               x

A monitoria fluía muito bem, tanto se tratando das compreensões quanto ajuda mútua. Como Nikolas e Gabriela davam monitoria de, respectivamente, matemática e química, os colegas insistiam para que exercícios dessas áreas fossem resolvidos por eles, que tinham um jeito diferente de explicar, enquanto os outros dois ajudavam.

 

Gabriela havia acabado de fazer um difícil exercício de estequiometria, que os demais precisaram ajudar vários colegas a entender os cálculos.

 

“É normal a cabeça dar um nó depois que você olha? Eu me perdi quando aqueles números apareceram antes dos elementos e o resto ficou sem sentido.” Cascão comentou.

 

“Devia ter falado, Cascão!” ela disse.

 

“Comigo foi parecido! Mas cheguei no ponto de não saber nem como fazer uma pergunta. Fora que me perdi nas contas todas.”  Mônica falou.

 

“O zero vem, Mônica!” Cascão falou fazendo um “v” com as mãos e Mônica riu retribuindo.

 

“Nem brinca com isso! Eu quero ir na praia!” Timóteo exclamou.

 

“Não vai tirar zero, não! Vamos tentar mais um de estequiometria e alguém ajuda vocês com as contas.” Gabriela disse olhando a folha de exercícios que estava com Milena.

 

“Nik! Chega aqui!” Mônica chamou o rapaz e Cebola, que estava perto dela, a olhou.

 

“Eu ‘tava indo te ajudar.” ele falou.

 

“Não me leve a mal, Cebola, é que às vezes sinto saudades da atenção especial do Nik.” ela disse e ele arregalou os olhos.

 

“Do quê?” perguntou.

 

“Ele vem até a mesa quando a gente se perde e explica de novo. Eu acho isso legal. Vai lá explicar pro Cascão, o bichinho ‘tá perdido!” Mônica falou e Cebola forçou um sorriso enquanto ia até o amigo.

 

Gabriela fazia o exercício tranquilamente enquanto explicava o que fazia.

 

“Gabriela, como você consegue gostar disso?” Toni perguntou incrédulo.

 

“Porque é lindo!” ela disse.

 

“Não sei na onde. É o tipo de exercício que a gente erra uma coisinha de nada e erra o exercício todo.” Denise comentou.

 

“Em qualquer exercício é assim. Agora vamos continuar, ânimo gente!” ela exclamou voltando a escrever.

 

A monitoria continuou e, em vários momentos, quem ajudava Nikolas lendo enunciados e dando possíveis sugestões foram as meninas, mas, em um exercício, Cebola decidiu ajudá-lo. Por mais que estudassem juntos há um tempo, nunca haviam feito nada em conjunto.

 

O dono dos dreads esperava Cebola ler o enunciado, mas o outro não lia em voz alta, e sim para si mesmo a fim de tentar entender o exercício antes de repassar. Por mais que fosse algo bobo de sua parte, o fato de Mônica ter escolhido Nikolas em vez de si o deixara levemente enciumado e aquilo atiçava sua competitividade, mais ainda por já ter ciúmes do outro.

 

“Cebola, poderia ler alto?” Nik pediu.

 

O de cabelos lisos fez uma careta, não havia entendido o exercício.

 

“Esse exercício ‘tá difícil de entender, cara.” falou e Nik se encostou na lousa.

 

“Se você não ler em voz alta, ninguém vai entender!” Penha reclamou.

 

“O cara é monitor, Cebola, ele entende de matemática.” Titi falou.

 

“Mas ele dá monitoria de assunto do primeiro ano, isso é do segundo.” Cebola falou sem de fato querer dizer isso, só estava deixando seu ciúme falar mais alto.

 

Nikolas se aproximou.

 

“Posso pelo menos dar uma olhada? Se eu não souber, a gente tenta se ajudar, e se mesmo assim for muito difícil, eu chamo a professora Ana Paula.” falou com a voz calma.

 

O rapaz entregou o papel e Nikolas leu mais de uma vez e esboçou um sorriso.

 

“Ah, esse exercício não é tão difícil quanto parece. É um caso de arranjo simples. Se a gente pegar as informações do enunciado e colocar na fórmula, a nossa vida fica mais fácil, mas precisa ir com calma” ele falou enquanto escrevia na lousa.

 

“Nikolas, você vai passar cola, né?” um colega perguntou.

 

“Eu não passo cola.” o outro respondeu.

 

“Pra Carmem tu passava, né?” o mesmo rapaz comentou com um riso.

 

Um sonoro “uuuh” seguido de risadinhas foi ouvido e todos encararam Nikolas, que estava de costas. Ele se virou com um sorriso de lado.

 

“Pois é, mas você não é a Carmem. Que falta de sorte, hein?” respondeu e os colegas gritaram novamente e bateram em carteiras.

 

“Chupa essa, filho da puta!” Penha exclamou apontando para o rapaz que havia ficado sem fala.

 

“Toooma!” Tikara gritou risonho e Xaveco o acompanhou.

 

“Boa, Nik!” Gabriela e Milena exclamaram risonhas e ele continuou a fazer os cálculos tranquilamente.

 

                                               x

A monitoria durou bastante tempo, mas passou de maneira rápida. Assim que acabou, Do Contra foi para seu dormitório e, chegando lá, deu de cara com Toni, que estava deitado olhando para o teto com um semblante bastante reflexivo. Assim que fechou a porta, o loiro o olhou.

 

“Oi, Do Contra, fiquei sabendo do grupo de música. Parabéns.” parabenizou e o moreno não escondeu a surpresa.

 

“Ah... valeu.” agradeceu e o outro voltou a encarar o teto.

 

Por mais que Do Contra não falasse muito com Toni, continuava sendo um rapaz observador, ou seja, havia reparado que o loiro não parecia muito bem, então decidiu falar com ele.

 

“Sabe, Toni, de uns tempos pra cá você parece meio triste.” comentou.

 

“Impressão sua.” Toni respondeu.

 

“Não precisa mentir. Eu sei que você ‘tá estranho porque o exposed mexeu com você.” falou e o loiro o encarou.

 

“Eu sou estranho? Olha quem fala! O cara que até pouco tempo não falava com ninguém!” exclamou.

 

“Eu nunca tive problemas em estar sozinho, mas você parece ter. Você parece ficar muito desconfortável com isso.” o moreno disse e o outro riu.

 

“Você leu o jornal, né? Ninguém se aproxima de uma pessoa que pintaram como um vilão.” respondeu e foi a vez de Do Contra rir.

 

“Pintaram? Ah, Toni, para de se fazer de vítima! Ninguém se aproxima porque você claramente não faz nada pra mudar toda a merda que você já fez.” o moreno falou.

 

“Você acha que eu não sei disso! Já me disseram e eu vou tomar alguma atitude, só não sei qual. Posso até pedir desculpas, mas vou ser apedrejado.” Toni respondeu.

 

“Quem sabe começar se perguntando se você realmente se arrepende de tudo que fez? Não adianta de nada você pedir desculpas pra meio mundo se você não ‘tá sendo verdadeiro! E quando você chegar a uma resposta, vai saber exatamente o que fazer!” exclamou e entrou no banheiro.

 

Toni bufou enquanto apertava os olhos com as mãos, por mais que pessoas estivessem o ajudando com conselhos e apoio, era muito difícil de fato tomar alguma atitude. Por mais que ele sempre demonstrasse sua força física, sabia que sua força emocional era um tanto limitada em alguns aspectos, e aquilo estava acabando consigo.

 

Depois daquela segunda-feira os dias pareceram passar mais rápidos e cansativos. Quando finalmente chegou a sexta-feira, que trouxe o alívio do fim das provas, que os ocupavam tanto a ponto de sequer conseguirem se comunicar entre si, o resultado do simulado seria divulgado, e com isso, os adolescentes descobririam se teriam um fim de semana frustrante ou animado.


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