Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 28
Capítulo XXVII - (Re) Pensar


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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O sábado havia começado morno. Do Contra acordou cedo e foi para a área verde tomar sol. O rapaz deitou na grama, colocou seus fones e fechou os olhos.

 

A música da vez não era algo clássico como sempre ouvia quando tomava sol pela manhã, mas sua mente ainda sim se distanciava da rotina. O rapaz sentiu um cheiro de perfume doce que estava tão presente em seu dia a dia que nem precisou abrir os olhos para saber que era.

 

"Bom dia, Mona." cumprimentou e ouviu um bocejo.

 

"Bom dia. O que você 'tá fazendo deitado na grama?" Ramona perguntou com a voz sonolenta.

 

"Gosto de tomar sol deitado na grama enquanto escuto música clássica, a de hoje não é clássica é Here comes the sun, mas colabora com a sensação de fazer fotossíntese junto com o mato." o rapaz respondeu e ela riu.

 

"E como é essa sensação?" perguntou e ele sorriu enquanto tirava um dos fones.

 

"Só tem um jeito de descobrir." Do Contra respondeu e ela se deitou ao seu lado ficando bem próxima dele, a ponto de mechas de cabelo ruivas se juntarem às pretas, e colocou o fone.

 

O rapaz enfim abriu os olhos e olhou para o lado.

 

"E ai? Sentiu?" perguntou e a moça riu enquanto tombava a cabeça na direção dele e abria os olhos. Só naquele momento o moreno viu que ela estava sem óculos.

 

"O que exatamente eu devia sentir?" ela perguntou.

 

Do Contra não conseguiu responder, o efeito do sol batendo nos olhos verdes da moça, que ainda sorria, somado ao do toque leve da música o deixou sem fala. Pela primeira vez, em todo esse tempo andando com ela, o rapaz havia enxergado Ramona de um jeito diferente. Já a achava bonita, mas ela parecia estar mais, e não era pela ausência dos óculos.

 

"Acho que eu também não sei o que eu devia sentir…" enfim falou alguma coisa e ela se sentou.

 

"Isso porque o hobby é seu." a moça comentou com um riso que o fez sorrir.

 

Antes que falassem mais alguma coisa, Sofia apareceu.

 

"Oi, gente! Posso falar uma coisinha com vocês? Eu comentei com o Jerê ontem, mas como o grupo de música é mais de vocês dois…" ela disse e o rapaz também se sentou.

 

"Não é ‘mais’ de nós dois, é de todo mundo que participa." Do Contra explicou.

 

Ramona levantou batendo as mãos na parte traseira de sua calça para tirar a grama.

 

"Deixo vocês agora. Eu ‘tô com fome, diferente do Do Contra, que consegue fazer fotossíntese, eu não consigo." ela disse apertando os olhos e Sofia sorriu.

 

"Ah, é a primeira vez que te vejo sem óculos! E olha que somos do mesmo dormitório!" observou e Ramona apalpou o próprio rosto rindo ao fim.

 

"Agora entendi porque tudo 'tá embaçado! Já 'tava achando que meu grau tinha aumentado!" ela falou e os outros dois riram.

 

"E olha que 'tá em segundo no xadrez, que requer concentração." Do Contra comentou e a amiga deu de ombros.

 

"Eu só esqueci." ela disse e saiu devagar.

 

Sofia sorriu para Do Contra.

 

"Então, eu queria falar sobre uma ideia de um baile!" ela começou e o rapaz assentia enquanto olhava de relance na direção de Ramona sem entender o que havia acontecido há pouco tempo.

 

                                            *

Enquanto isso, no dormitório 226A, Jeremias havia acabado de acordar e coçava os olhos quando viu Toni fazendo abdominais no chão.

 

"Você fica aqui todos os fins de semana agora?" perguntou.

 

"Algum problema?" o outro respondeu com outra pergunta.

 

"Nenhum. Ah, não tive chance de dizer: espero que o exposed tenha te ajudado." falou e o loiro bufou sem parar o que fazia.

 

"Deve estar feliz com minha derrota." comentou e o novato riu.

 

"Tenho mais o que fazer." falou saindo da cama.

 

Toni parou a flexão.

 

"Nem vem com essa! Eu sei que você, Xavier e mais da metade deste internato 'tão felizes com minha queda!" exclamou e o outro revirou os olhos.

 

"Tem razão, Toni, eu fiquei satisfeito com exposed, vocês precisavam desse baque. Mas eu sou um cara que dá segundas chances pra quem se arrepende de verdade, eu tive essa segunda chance! Se você escolher usar essa sua derrota pra mudar como pessoa, tem todo meu apoio; agora se quiser usar pra ser alguém pior ainda, eu vou ser o primeiro a mandar você ir à merda." respondeu entrando no banheiro em seguida.

 

Toni olhou surpreso, esperava tudo menos aquilo. Por algum motivo que não sabia, aquilo lembrou sua mãe. Por um instante, pegou seu celular e deslizou seus dedos até o contato dela, mas logo perdeu a coragem e decidiu voltar a fazer seus abdominais.

 

                                             *

Não muito longe daquele dormitório, Cebola estava deitado pensativo quando viu Cascão descer da cama e dar uma leve coçadinha no bumbum após bocejar alto enquanto se espreguiçava. O detalhe era que Cascão usava apenas uma cueca de desenhos animados.

 

"Ai, Cascão! Que visão horrível!" exclamou fazendo o outro se assustar.

 

"Cebolácio? O que ‘cê 'tá fazendo aqui?!" Cascão questionou surpreso.

 

"Eu quis ficar aqui hoje. Em casa não dá pra pensar direito.” respondeu e o outro pegou uma bermuda do chão.

 

"Pensar no quê?" perguntou enquanto a vestia.

 

Cebola deu de ombros.

 

"Na vida. Mônica só vai me desculpar se eu mostrar mudança, mas como eu vou fazer isso se ninguém quer se aproximar de mim?" perguntou.

 

"Foda isso." o outro respondeu estralando o pescoço.

 

"Só vai dizer isso?"  o amigo perguntou.

 

"Você encheu o saco de muita gente, achou mesmo que do nada todo mundo iria te perdoar? Mônica ‘tá certa, tem que mostrar que quer mudar." respondeu.

 

"Eu sei disso, gênio. Mas não sei como! Eu tentei falar com o Nikolas e ele…" falava até Cascão começar a rir.

 

"Eu sei, eu ouvi! Mas também, Cebola, 'cês fizeram o cara excluir o canal! Claro que ele não ia perdoar assim!" lembrou estralando o dedo ao fim.

 

"A Penha ele perdoou!" o de cabelos lisos comentou.

 

"A Penha é gata, você não. E outra, não é de hoje que eles se falam!" o capitão do time fez uma brincadeira.

 

Cebola bufou enquanto Cascão pegava seu celular, que estava na cômoda.

 

"Fala aí, galera! A edícula fica aqui pertinho, na rua atrás do IL número 125, é num portão verde."  a voz de Titi soou e Cebola olhou.

 

"Que áudio é esse?" perguntou curioso e o outro digitou algo.

 

"Hoje tem rolê com a galera dos times. Não sei pra que inventar de ir em edícula, mas talvez eu dê uma sumida de lá. Joguei uma indireta pra Magali sair comigo, mas acho que ela não sacou, então vou mandar mensagem mais direta." falou e Cebola sorriu abertamente.

 

"Cascão! Fala pra Magali levar a Mônica!" pediu e o outro franziu o cenho.

 

"Pra quê? Pra ela ficar de vela?" perguntou.

 

"Não, pra eu poder falar com ela!" Cebola exclamou.

 

"Cebola, a mina já disse que só vai te desculpar se tu mostrar mudança. Não força!" Cascão aconselhou.

 

"Não ‘tô forçando! Só tentando me aproximar mais dela. E outra, podemos agir como se tivesse sido coincidência." sugeriu e o amigo suspirou.

 

"Tá, às três horas tu pula o muro que eu te espero do lado de fora, eu tenho que ficar pelo menos um pouco na festa.” cedeu indo até o banheiro e Cebola sorriu consigo mesmo enquanto pensava no que falaria à Mônica.

 

                                               *

Fora do internato, Magali sorria para seu celular enquanto lia a mensagem de Cascão, ele havia perguntado se ela havia pensado com carinho em sua proposta de ir à festa e, dessa vez, ela entendeu e aceitou “dar um perdido” com ele. Mas quando o rapaz comentou sobre o esquema que Cebola queria fazer, ela pensou por um momento.

 

"Não sei, Cascão, Cebola já vacilou com a Mônica." ressaltou através de um áudio.

 

"Sim, mas pelas coisas que ele me fala, ele 'tá sendo sincero. E outra, Mônica vive colocando ele no devido lugar dele e a gente vai estar lá! E vai me dizer que ela também não tem um crush nele?" ele respondeu com outro áudio e Magali riu.

 

Mônica havia confidenciado que tinha uma vontade descomunal de que Cebola melhorasse, e algo a dizia que daquela vez podia confiar no rapaz.

 

"Tá! Mas acho bom que o Cebola não faça nenhuma merda!" ela alertou.

 

"Isso é meio difícil de prometer, o cara não se ajuda muito. Mas nada que um socão não resolva, mas é você que tem que dar o soco." ele falou e ela se deitou de barriga para cima com um sorriso enquanto aproximava o celular do rosto.

 

"Eu? Eu não consigo nem dar um soco na bola pra dar um saque decente, imagina pra pôr juízo na cabeça do Cebola!" comentou.

 

"A força vem! Eu vou ter que sair aqui. A gente se vê depois, linda." respondeu fazendo um som de beijo ao fim e ficando offline.

 

Magali bloqueou o celular e o jogou na cama antes de sorrir bobamente e encarar Mingau, seu gato, que havia pulado ali em cima.

 

“Acha que eu vou fazer essa cara de boba quando me encontrar com ele, Mingau? Pera aí... Com que roupa eu vou? E como vou convencer a Mônica a ir comigo sem dar na cara que é armado? Pensa, Magali! Pensa!" falou descendo da cama em um pulo e indo até seu guarda-roupas e o abrindo.

 

A moça fez um bico enquanto colocava as mãos na cintura e olhava suas roupas. Após pensar, teve uma ideia.

 

"Já sei! Vou pedir pra Mônica me ajudar a escolher uma roupa e ir comigo por eu estar nervosa! É isso!" exclamou animada enquanto pegava seu celular.

 

                                           *

Longe dali, Penha lavava a louça com o pensamento longe, era para aquela semana ter sido a pior de toda a sua vida, mas não se sentia assim, muito pelo contrário, estava aliviada; mais ainda por ter se aproximado mais de sua mãe e por achar divertido andar com Xavier, Tikara e Nikolas, o último mais ainda.

 

A mãe de Penha achava que a filha iria para a tão comentada festa dos times, então se surpreendeu por ela ainda não ter saído.

 

"Penha, se quer ir na festa do time precisa ser mais rápida, não acha?" perguntou e a moça a olhou.

 

"Eu não vou." respondeu simples.

 

"Ué, por que não? Não foi você mesma que reclamou outro dia sobre ninguém te chamar pra nada?" a mais velha lembrou.

 

"Muita coisa mudou daquele dia pra hoje, mãe." Penha comentou e a outra assentiu.

 

"Acho que todos perceberam. E eu me orgulho disso, confesso." falou e a moça riu.

 

"E também não sei se querro sair pra ouvir o que tenho ouvido a semana toda." a adolescente adicionou.

 

A mais velha a observou por alguns segundos.

 

"Por que acho que você não parece muito afetada? E olha que falaram de mim e do seu pai!" comentou e a moça deu de ombros.

 

"Eu vi que tenho muitos motivos pra me envergonhar, mas não da senhorra. E sobre meu pai…" falava e não completou, apenas levantou os ombros e voltou a esfregar um copo.

 

A mãe suspirou e achou melhor mudar de assunto.

 

"Bom, já que vai ficar em casa, pode estudar um pouco mais de matemática." sugeriu simples e Penha riu sem humor.

 

"Vou passar meu sábado estudando a matérria que eu detesto?” ela questionou e a mãe riu.

 

"Você detesta, mas conheço alguém que adora e aposto que não veria problemas em te ajudar.” falou deixando a cozinha e Penha olhou para seu celular em cima da mesa enquanto mordia o lábio inferior.

                                            *

No internato, Gabriela fazia companhia à Milena, que terminava de se arrumar para ir à festa junto de outros alunos. Como a morena tinha autorização de sair, não teria problemas.

 

“Tem certeza que não quer ir, miga? Pode ser divertido!” Milena perguntou.

 

“Não, eu vou estudar! Mas espero que você se divirta.” a loira respondeu e a outra revirou os olhos.

 

“Ai, Gabriela... só me promete que não vai ficar o dia todo com a cara nos livros.” pediu e a amiga riu.

 

“Prometo, vou colocar nos cadernos e apostilas também.” brincou.

 

“Aí piora! Se mudar de ideia, me manda mensagem!” falou dando um abraço na amiga e saindo em seguida.

 

Gabriela voltava para seu dormitório quando decidiu tomar um pouco de ar na área verde antes de começar seus estudos. Porém, ao chegar lá, deu de cara com Toni, que tinha em mãos um bloquinho de papéis.

 

“Estudando seu roteiro?” ela perguntou após ler o que era e ele a encarou surpreso.

 

“Ué... o que você ‘tá fazendo aqui?” perguntou e foi a vez de ela encarar surpresa.

 

“Eu sempre fico aos fins de semana, eu que devia perguntar o que você faz aqui. Aliás, você tem ficado aqui direto.” ela respondeu e ele deu de ombros.

 

“Meu pai viu que ficar aqui é mais produtivo. Mas minha pergunta é sobre a festa dos times, não devia estar lá, capitã?” o rapaz perguntou e a loira deu de ombros.

 

“Tá chegando o simulado de exatas. Tenho que estudar.” respondeu e Toni negou com a cabeça incrédulo.

 

“Ah, Gabriela, toma vergonha! Você tem uma das maiores notas da sala! Consegue fazer esse simulado de olhos fechados!” exclamou e ela riu.

 

“Não é pra tanto! E se tenho nota é porque estudo.” a moça explicou.

 

“É, mas não precisa estudar tanto assim. Você vai pra essa festa!” ele falou fechando seu roteiro e ficando em pé.

 

“Vai me obrigar?” ela perguntou cruzando os braços e ele riu.

 

“Temos um acordo, lembra? Eu ia te ajudar a se divertir.” falou e a loira bufou e já ia protestar quando ele levantou o dedo indicador.

 

“Antes que reclame, você deu sua palavra. Então põe o teu melhor vestido, brilha o teu sorriso.” falou com um sorriso e ela riu pensativa.

 

“Isso é uma música, né?” perguntou e ele deu de ombros.

 

“Eu divido dormitório com Jeremias e Do Contra, e eles cantam no chuveiro. Vai, vai, vai! Você tem quinze minutos!” falou fazendo um gesto para que ela saísse e a moça, sem muita opção, foi.

 

                                      X

Minutos depois, no dormitório, Gabriela terminava de se arrumar, havia de fato colocado um vestido e uma faixa vermelha nos cabelos.

 

“Eu e minhas ideias de ajudar os outros...” comentou para si mesma enquanto borrifava seu perfume.

 

A loira pegou seu celular e uma pequena bolsa que tinha e encarou seus livros em cima da cama e, para a sua própria surpresa, não sentiu vontade de lê-los, ela queria sair.

 

“Eu ‘tô é ficando maluca!” exclamou e deixou o quarto em seguida.

 

Assim que retornou à área verde, Toni já estava lá e, assim que a viu, abriu um sorriso.

 

“Não é que escolheu vestido mesmo?” comentou e ela deu de ombros.

 

“É mais fácil de colocar, não porque você disse. E você me deu só quinze minutos!” exclamou.

 

“Pra você não ter tempo de desistir. Sabe pular muro?” perguntou e ela riu.

 

“Eu tenho autorização pra sair.” respondeu e ele olhou surpreso.

 

“E nunca sai? Eu hein... Enfim, vai lá pra fora e eu apareço em segundos, tenho que garantir que você vai mesmo.” falou e ela fingiu estar ofendida.

 

“Eu sou uma pessoa de palavra!” exclamou e seguiu rumo ao portão ouvindo o áudio que Timóteo havia enviado.

 

A loira, após fazer tudo que era necessário para sair, ficou alguns segundos encostada em uma árvore do lado de fora do internato e logo viu Toni pulando o muro e começando a correr.

 

“Corre!” exclamou e a moça começou a correr.

 

“Isso é o máximo que consegue? ‘Tá fraquinha, hein, capitã?” o rapaz provocou e ela riu se sentindo desafiada.

 

“Quer apostar corrida, Marco Antônio? Então come poeira!” perguntou e aumentou a velocidade fazendo o rapaz também aumentar a sua.

 

A rua geralmente era vazia naquele horário pós-almoço, então ninguém ouvia seus risos e nem via a corrida, exceto uma senhorinha que arrastava um carrinho de compras.

 

Ao passo que Gabriela simplesmente pulou o carrinho, fazendo com que a senhora se assustasse, Toni quase trombou com o objeto desviando por pouco, só não desviou do guarda-chuva da senhora em contato com suas costas.

 

“Bando de à toa!” reclamou alto e os dois continuaram correndo até chegarem em um ponto de ônibus, o mesmo que ficava perto da casa de Sofia.

 

Ao se sentarem, Gabriela ria com a mão na barriga sem fazer som algum, ao mesmo tempo que recuperava o fôlego, ria do ocorrido.

 

“Você levou uma guarda-chuvada! Perdeu a corrida e a dignidade!” a moça exclamou rindo alto.

 

Toni também riu enquanto massageava as costas, havia doído.

 

“Você até que corre rápido, mas como pulou o negócio daquele jeito?” perguntou e ela sorriu orgulhosa.

 

“Tem saltos no vôlei, meu querido. E eu sou uma ótima capitã!” respondeu.

 

“E humilde pra caramba. Onde é essa festa?” perguntou regulando a respiração.

 

Gabriela olhou em volta a fim de se localizar, foi nesse momento que lembrou onde estava.

 

“É ali. Esse ponto me lembra aquele trabalho na casa da Sofia.” ela falou e ele riu.

 

“É mesmo, naquele dia vimos que você é uma pessoa cruel.” lembrou e ela negou.

 

“Eu já disse que não foi minha intenção duvidar de sua capacidade de ir bem em provas, você nunca demonstrava se interessar por nada que não fosse pegação e trote.” esclareceu e ele se espreguiçou.

 

“E você sempre demonstrou não se interessar por mais nada que não fosse vôlei e estudos.” rebateu e ela deu de ombros.

 

Os dois ficaram alguns segundos em silêncio.

 

“Você ainda pensa assim?” Toni perguntou e ela o encarou antes de sorrir.

 

“Não. Você parece ir além disso e até que é um cara legal, meio complicado, mas legalzinho.” respondeu e ele sorriu.

 

“E você continua sendo alguém que se interessa até demais pelos estudos e pelo vôlei que precisa pelo menos tentar se divertir mais, mas assumo que é uma pessoa legal.” falou sincero e ela sorriu abertamente.

 

“Por que você nunca mostra essa sua camada pros outros?” ela perguntou.

 

“Todo popular sabe que não é amado por todos, Gabriela, por mais que ele se esqueça disso. Então é preciso criar uma armadura, que às vezes gruda na pele.  Eu nunca escondi que podia ser um cara legal, eu só reduzi essa camada a quem eu queria.” explicou.

 

“Então você quis que eu visse?” ela perguntou e ele suspirou.

 

“Eu não sei, Isadora forçou que você entrasse na minha vida. Mas acabou sendo uma coisa boa. Agora chega de papo! Você tem uma festa para ir!” exclamou se levantando.

 

Gabriela olhou para onde ficava a edícula e, por um momento, quis que não fosse aquele seu compromisso, queria ficar mais ao lado de Toni, falar mais com ele.

 

“Ninguém ‘tá realmente me esperando... eu não avisei que vinha.” ela disse.

 

“Você mesma disse que era a capitã, então vai lá e age como uma.” falou e ela levantou a sobrancelha.

 

“Como assim?” perguntou.

 

“Lembra que eu te disse que o Cascão fala com todo mundo? Não te comparando com ele, seu perfume é muito melhor, mas acho que seria bom você falar com seu time sem a carranca de capitã. O empurrão inicial eu já dei, agora é com você. Divirta-se!” falou dando uma piscadela e dando meia volta enquanto caminhava de volta ao internato.

 

Gabriela já havia ouvido aquele conselho antes, mas, na voz de Toni, parecia diferente. Mais ainda após ele elogiar seu perfume e por ter achado divertido correr com ele.

 

“Toni! Você... você quer ensaiar suas falas mais tarde?” perguntou sem saber ao certo o motivo.

 

Toni virou apenas a cabeça.

 

“Gabriela, a gente acabou de apostar uma corrida no meio da rua e eu praticamente te obriguei a ir pra festa. Ainda não entendeu que eu quero que você saia da sua rotina sem emoções hoje? Vai se divertir, garota!” exclamou sorridente.

 

A loira ia falar mais alguma coisa quando ouviu uma voz conhecida.

 

“Oi, Gabriela! Perdeu o endereço?” era uma das garotas de seu time, com quem nunca conversara fora da quadra, segurando uma sacola cheia de bebidas.

 

A moça olhou na direção de Toni, que já havia voltado a caminhar, e suspirou. Iria pelo menos tentar.

 

“Perdi. Já chegou muita gente? A propósito, até hoje eu não te perguntei como se sentiu ao entrar no time.” perguntou e a moça sorriu abertamente.

 

                                      *

Na edícula, o cheiro de carne e pão de alho perfumavam o local que tinha vários adolescentes animados.

 

Em uma mesa, Cascão conversava com Milena sobre estratégias de treinamento. A moça tinha o olhar um tanto perdido na direção de Tikara, que havia acabado de chegar com Xavier e Denise.

 

“Aí aproveitando que você pega o Tikara, tu pode dar uma punição bem melhor que a minha.” ele comentou e ela riu.

 

“Na boa, Cascão, acho que o Tikara só queria uma aventura.” confessou entediada e o outro fez uma careta.

 

“Que nada, Milena! Ele fica com aquela cara de idiota quando você ‘tá perto!” exclamou.

 

“Sei lá, ele vive sumindo. Aí a gente ficou, e ele sumiu de novo! E olha que estudamos no mesmo lugar!” ela disse e Cascão suspirou, já havia ouvido algumas conversas dele com Nikolas sobre isso.

 

“Olha, o cara pode ficar meio nervoso com a mina que gosta. Dá mais uma chance pra ele.” falou piscando um olho enquanto se levantava após o celular vibrar.

 

“Vou pensar. Aonde ‘cê vai?” perguntou e ele riu.

 

“Tenho esquema, Mileninha!” falou animado e ela riu enquanto ele deixava a edícula.

 

Assim que Cascão saiu, Gabriela entrou ajudando a outra garota do time de vôlei. A morena ia levantar para falar com a amiga quando viu Xavier e Tikara se aproximando, na verdade, o loiro puxava o moreno.

 

“Eu cansei de ver o descaso e vacilo de vocês dois, então vocês vão se resolver de uma vez por todas!” o cacheado falou sério enquanto praticamente empurrava Tikara na cadeira.

 

“Pra que essa violência toda?” Tikara questionou sério.

 

“Porque tu é mole demais pra fazer alguma coisa!” respondeu.

 

“Sou nada!” o outro exclamou.

 

“Oi, Tikara!” Milena cumprimentou séria e o rapaz engoliu em seco.

 

“O-oi, Mi...” falou sem graça, tinha noção de que suas atitudes não vinham sendo as melhores.

 

Xaveco riu divertido e se aproximou do ouvido da moça.

 

“Olha, eu sei que meu amigo é um idiota, mas o idiota é gamado em você. Dá mais uma chance pra ele, e se ele fizer merda de novo, me fala que eu te ajudo a dar na cara dele.” falou e ela riu divertida enquanto Xaveco deixava a mesa, mas antes fez um gesto de que “estava de olho” em Tikara.

 

Tikara olhou para a moça em sua frente.

 

“Tá calor hoje, né?” perguntou e a moça suspirou.

 

“Tá bom, Tikara, você deve saber que eu fiquei muito tempo sem me envolver com alguém porque não queria me decepcionar de novo. E, olha só! Estou decepcionada!” exclamou zangada, gostava de Tikara, e seu sumiço a deixara mal.

 

Tikara passou as mãos nos cabelos.

 

“Me desculpe, eu sei que vacilei com você. Várias vezes! Mas é que... eu não sei como proceder com garotas como você!” exclamou e ela franziu o cenho.

 

Garotas como eu? Do que você ‘tá falando?” perguntou.

 

“De atitude! Eu amo isso em você, mas é a primeira vez que eu me apaixono por alguém que vai lá e faz! Que não depende da atitude de nenhum cara pra fazer o que tem vontade. E eu ouvi muito dos meus antigos colegas que essas meninas eram um problema, mas acho que esse pensamento que é o problema. Mas... eu não sei como agir! Eu sinto alguma coisa por você desde a primeira vez que te vi, e fico nervoso porque não quero te magoar, porque eu não sei como lidar com uma garota super diferente de todas que já me envolvi e esse meu nervosismo me faz... fugir.” confessou sincero e ela o olhava surpresa.

 

“Nossa... eu não esperava isso.” ela disse atônita e ele segurou em sua mão.

 

“Acho que nem eu. Mas, Milena, eu nunca fugi de você porque eu queria brincar com seus sentimentos ou, sei lá, ter uma aventura com a capitã do time. Eu nunca quis te decepcionar e, se você puder me desculpar, eu vou fazer o possível pra tentar ser um... alguém melhor.” falou pausando ao fim, não sabia o que eles tinham.

 

Milena sorriu se sentindo um tanto derretida com as palavras, mas logo se recompôs e suspirou.

 

“Por que nunca me disse isso, Tikara? Talvez a gente nem estaria num clima estranho!” ela perguntou.

 

O rapaz deu de ombros.

 

“Sei lá, acho que a gente não se fala o tanto que deveria.” respondeu e ela riu, tinha que concordar que por mais que tivesse tido atitude diversas vezes, também sumia às vezes.

 

“Eu acho comunicação importante, e a gente não tem isso. Xavier tem razão, acho que nós dois tivemos nossos vacilos. Mas você vacilou muito mais.” ela apontou e ele sorriu em rendição.

 

“Verdade. Eu não quero ser mais um Cebola ou um Felipe na sua vida, eu quero fazer diferente! Quero ser um Tikara! O seu Tika.” falou com um sorriso, que a fez desviar o olhar com um sorriso sem graça.

 

 Por mais que Milena tentasse esconder, Tikara já havia a derretido várias vezes: quando havia lhe dito que ela não devia se comparar tanto aos seus irmãos; quando despertou seu interesse; quando se beijaram, e naquele momento, que suas palavras cheias de sentimentos a derretiam para desculpá-lo.

 

“Ah, Tikara! Golpe baixo! Eu vou pensar no seu caso, com carinho. Mas chega desse assunto! Hoje é festa dos times, dia de curtir o fato de ser do time! Vem cá!” ela exclamou o puxando para a piscina e o rapaz foi animado.

 

                                      X

Não muito longe deles, Xavier observava com um sorriso orgulhoso.

 

“Fala aí, Xavier!” Nimbus cumprimentou enquanto mordia uma maçã.

 

“Oi, Nimbus! Muito legal aqui!” exclamou e o outro assentiu.

 

“Titi que arranjou pra gente. ‘Tá sorrindo sozinho por quê?” perguntou.

 

“Ah, é que eu sou um excelente conselheiro amoroso! Nik e Tika têm que me agradecer por salvar a vida amorosa deles.” Xaveco respondeu brincalhão e Nimbus riu.

 

“Mesmo? O que você fez?” perguntou interessado.

 

“De uma forma geral, incentivei eles a falarem com as pitanguinhas. Com o Tikara deu certo, agora o Nik talvez demore mais, mas já plantei a sementinha da reflexão.” explicou animado.

 

“Sementinha da reflexão?” o moreno repetiu e o outro deu de ombros.

 

“Tá, é um nome bobo, mas é uma intenção boa de fazer o cara pensar.” falou e Nimbus riu.

 

“Não é bobo, eu gostei! Mas, Xavier, você vive ajeitando a vida amorosa deles, mas e a sua? Você nunca fala nada sobre suas preferências.” decidiu entrar no assunto e o loiro o encarou.

 

“Ah... eu não me interessei por nenhuma garota.” respondeu bebericando seu refrigerante e o outro assentiu.

 

“Tá... e por algum cara?” perguntou simples, mas interessado, e Xaveco engasgou com sua bebida.

 

“Foi mal, acho que entrei num assunto delicado.” Nimbus se desculpou e o outro negou.

 

“Não, é que... ér... eu gosto mais de falar sobre vida não amorosa! Tipo... o que te levou pro internato mesmo? Não sei se você já me disse. O Do Contra eu sei que é porque seus pais são meio assim com os pensamentos pouco conservadores dele, mas e você?” mudou de assunto, não queria falar sobre aquilo com Nimbus.

 

Nimbus o olhou bem antes de olhar o redor.

 

“Quer ir lá fora pra falar sobre isso?” perguntou e ele assentiu se levantando e levando consigo seu refrigerante.

 

                                                       X

Do lado de fora, Nimbus se sentou no meio fio e Xaveco se sentou ao seu lado. O veterano deu uma mordida lenta em sua fruta enquanto o outro dava um gole em sua bebida.

 

“Como você já sabe, meus pais são conservadores. Então alguma coisa na cabeça deles dizia que se eu fosse pro internato eu me tornaria um ‘homem de verdade’, eu até tento ser um bom aluno pra eles não ficarem no meu pé, mas não é tão simples assim.” falou e o outro levantou a sobrancelha.

 

“Homem de verdade?” o loiro repetiu e o outro respirou fundo.

 

“Eu sou gay, Xavier.” Nimbus respondeu e o novato olhou surpreso.

 

Xaveco sentia uma explosão de sentimentos dentro de si, saber que Nimbus era gay o deixava animado, mas, ao mesmo tempo, essa animação o deixava amedrontado. O loiro ainda fugia de suas questões a respeito de sua própria orientação sexual, mas a resposta estava cada vez mais nítida, por mais que ele tentasse negar para si mesmo.

 

“Como... como você tem tanta certeza?” perguntou e o moreno levantou a sobrancelha.

 

“Acho que não entendi sua pergunta.” falou.

 

“É que olhando pra você... você não parece gay.” respondeu e Nimbus franziu o cenho.

 

“Não pareço?” repetiu e o cacheado fez uma careta, era uma conversa desconfortável.

 

“Você me entendeu.” falou e ele negou.

 

“Não, Xavier, eu não te entendi!” rebateu sério e o loiro respirou fundo.

 

“Você não age como um gay agiria, não se veste como um gay se vestiria, então... como você... chegou a essa resposta?” o rapaz falava tudo desconfortável, sentindo que as perguntas eram mais para ele mesmo do que para Nimbus.

 

Nimbus, por sua vez, o encarava atento, tanto que não ficou bravo. O rapaz tocou no ombro de Xavier enquanto pensava na melhor maneira de respondê-lo, havia percebido que ele não falava aquilo por maldade, talvez por ingenuidade.

 

“Xaveco, vou usar uma comparação muito ruim. Nikolas e Tikara são héteros, mas eles são parecidos no estilo e nas atitudes?” perguntou calmo.

 

“Claro que não! São muito diferentes!” o loiro respondeu.

 

“Logo, não é porque eles dois preferem se relacionar com garotas que vão agir ou se vestir do mesmo jeito. E sabe por quê? Porque as pessoas são diferentes umas das outras! E por mais que algumas pessoas esquecem, um gay é uma pessoa, que é livre pra se vestir e agir como quiser. Não é a orientação sexual que vai definir.” ele disse com a voz serena e Xaveco abriu e fechou a boca.

 

“Foi mal! Não quis te ofender ou ser preconceituoso.” desculpou-se sem graça.

 

Nimbus deu de ombros.

 

“Relaxa, eu sei que são coisas que a gente escuta e acaba incorporando. Mas você acredita mesmo nisso de roupa e ações? Ou fizeram você acreditar?” perguntou e o loiro não soube responder, mas havia se lembrado de sua irmã lhe dizendo algo parecido.

 

“Você planta sementinhas da reflexão, né? Então eu vou plantar uma: Por que você foi mandado pro Internato Limoeiro, Xavier?” perguntou e ele o olhou.

 

“Pra me encontrar!” respondeu rápido e o outro assentiu.

 

“Então boa sorte. Fala pra eles que fui embora. Ah, e agradeço se não falar pra ninguém sobre mim, não é muita gente que sabe.” Nimbus falou e saiu de lá.

 

As palavras de Nimbus fizeram várias peças começarem a se juntar na cabeça de Xavier, não só acerca de seus sentimentos sobre o veterano e tudo que desencadeava, mas também sobre sua ida para o internato. A fala de Xabéu sobre os tios terem feito a cabeça dos pais para que ele fosse “se encontrar” no internato e a grande insistência deles sobre sua ausência de uma namorada nunca fizeram tanto sentido. Ironicamente, o tão famigerado “encontro”, que ele nunca de fato entendeu, era exatamente a pauta que tanto fugia.

 

“Eu fui pra um internato só porque minha família suspeita que eu sou gay... que merda!” exclamou enquanto ria consigo mesmo.

 

Xavier havia perdido a vontade de ficar na festa, então ia entrar apenas para avisar o amigo que ia embora. Porém, trombou com Denise, que saía.

 

“Foi mal. Denise, você se importa em falar pro Tikara que fui embora?” perguntou.

 

“Fala você, o amigo é seu!” respondeu seca.

 

“Nossa, só pedi um favor. Como o Jeremias consegue gostar tanto de você?” comentou e ela o impediu de entrar.

 

“Ele te disse isso?” perguntou curiosa e ele deu de ombros.

 

“Precisa? Ele não ‘tá no time por sua culpa e ainda assim é seu amigo.” ele respondeu e ela sorriu.

 

“Diferente de muita gente do internato, ele e Sofia dão segundas chances pra quem se arrepende.” comentou e ele riu, o impacto da conversa com Nimbus o impedia de filtrar suas palavras e pensamentos.

 

“E como você quer que os outros te deem uma segunda chance se você nunca mostra que se arrependeu? Talvez você tenha mostrado pro Jeremias e pra Sofia, mas eles não foram os únicos afetados pelas coisas que você fez.” falou e ela o encarou enquanto se lembrava de um detalhe, Xaveco era amigo de Nikolas.

 

“Você fala isso por causa do Nikolas, né? Já faz muito tempo, ele até superou!” exclamou.

 

“Não se trata só do Nik. Você ferrou com a vida de muita gente! É assim que nascem traumas, sabia?” ele falou.

 

Denise bufou, estava exausta daquele assunto, e mais ainda de guardar tudo para si.

 

“Eu sei que devo desculpas pra muita gente, Xavier! Mas não sei como me desculpar sem parecer que é falsidade! Você sabe o que falaram no jornal! Fora que se eu causei trauma, como você diz, em que meu pedido de desculpas vai adiantar?” perguntou.

 

“Vai pelo menos mostrar que você se arrepende de ter causado dor! Você se arrepende, né?” ele respondeu.

 

“É claro que me arrependo! Eu fiz minha melhor amiga sofrer e eu não sou, ou pelo menos não quero ser, aquela pessoa horrível que o jornal disse que eu sou! E... eu não quero que Jeremias e Sofia sofram mais do que já sofreram por minha culpa.” confessou.

 

“Então um primeiro passo você já deu. Não precisa falar pro Tikara, eu mando mensagem.” falou e logo saiu deixando uma impactada e pensativa Denise.

 

“Oi, Denise!” a voz de Gabriela a despertou, ela estava junto de Milena.

 

“Você viu o Xavier? A gente precisava do goleiro pra um joguinho.” Milena comentou.

 

“Ele acabou de ir embora.” respondeu e elas suspiraram.

 

“Que pena. Aproveitando que você ‘tá aqui... Seja bem-vinda ao time! No que precisar, pode contar comigo!” Gabriela falou tentando ser amigável, todas elas sabiam que nunca tiveram o melhor relacionamento.

 

Denise assentiu e viu ali a chance perfeita de pôr em prática a sugestão de Xavier.

 

“Tá... Gabriela e Milena, eu sei que vai parecer super conveniente e falso agora que apareci no jornal, mas... o exposed, conversas e outras coisas me fizeram pensar e vi que fui uma pessoa ruim com vocês e com muitas outras pessoas. Então eu queria me desculpar, de verdade. Vocês não precisam aceitar, é claro, mas... é isso.” falou um tanto envergonhada.

 

As duas se entreolharam surpresas, mas abriram um sorriso.

 

“Conhecendo você, dá pra imaginar o quanto foi difícil chegar a essa fala.” Milena disse.

 

“Não vou mentir, não ‘tá sendo fácil.” Denise revelou.

 

“Bom, não é a primeira vez que você se desculpa com a gente. Mas dessa vez ‘tá diferente. Parece mais sincero. Então não vejo motivos pra não aceitar.” Gabriela disse.

 

“Eu também.” Milena disse.

 

Denise sorriu abertamente para elas.

 

“Obrigada, meninas. Se não se importam, eu acho que vou pra casa. Não ‘tô me sentindo muito bem aqui.” ela disse.

 

“Se for por estar sozinha, a gente te inclui no jogo.” Gabriela disse e Denise negou.

 

“Não, hoje não. Mas valeu. Divirtam-se.” falou enquanto tomava seu caminho e as duas entraram.

 

Denise sorriu enquanto andava, por mais que soubesse que nem todos aceitariam suas desculpas, estava decidida a tentar.


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Notas finais do capítulo

Músicas que foram citadas, mas não cantadas hehe

Here comes the sun - The Beatles (Do Contra no sol)

Do lado de cá - Chimarruts (Toni falando de colocar o melhor vestido)



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