A Tale of Efraria: Sharp Teeth escrita por OneStarDust


Capítulo 7
Capítulo 4: Cúmplice dos Corvos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora para postar o capítulo! A minha escola voltou então está bem difícil arrumar algum tempo para escrever, nem ler eu consigo e acho isso um absurdo!!
Eu acabei de terminar de escrever o capítulo e o reli de maneira rápida, então posso ter deixado alguns erros, eu irei os concertar com o passar do tempo, provavelmente...
Bem, sem mais delongas, lhes desejo uma boa leitura!!



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10 de Abril – Toca da Silver – Primavera

 

Em meio aquelas terras férteis o sol da manhã urgia, progressivamente nascia no horizonte, banindo as sombras da noite que estavam ali presentes anteriormente, naquela imensidão só se podia enxergar a abundante flora, mas a vida era desperta pelo encantador canto das cotovias, que ciscavam perto dos dentes de leão que rodeavam da toca da progenitora. A frente do refúgio, uma silhueta canídea se direcionou a pequena clareira de areia à frente de seu covil, se curvando ao alongar suas patas e abrindo sua mandíbula, mostrando grandes e afiados caninos, fazendo um prolongado bocejado, com direito a estalar seus músculos.

Seguindo sua mãe, uma filhote de estatura baixa via pela primeira vez a beleza do exterior de seu esconderijo, resultando em uma explosão energética de felicidade. A pequena não perdeu tempo e com sua cauda balançando se direcionou ao matagal, saltando para pegar uma borboleta, mas acabou de cara no chão, tendo sua primeira conclusão sobre o novo mundo enquanto mascava um pouco de lama...Terra definitivamente não possui um gosto bom. Amora possuía uma pelagem dourada, mais escura em sua nuca, com um contraste branco que circulava seus olhos e descia até sua barriga, fora o degrade alaranjado que ficava mais claro conforme se aproximava do seu abdômen. Sua cabeça ao menos era proporcional para o tamanho das orelhas, porém, o que mais chamava atenção em sua face era seus belos olhos prateados e profundos, que sempre achavam algo para brincar, agora seu alvo era um pobre lagarto, que permanecia imóvel enquanto era carregado pela aventureira.

A segunda a sair da toca era um pouco menor que a primeira, todavia, esta era mais delgada e encorpada, parecia mais desenvolvida, entretanto, não cresceria muito, claro, para a estatura de um lobo. Sua pelagem lembrava muito a de sua progenitora quando pequena, contudo, Lótus era mais clara, tanto que de seus olhos ao focinho seu pelo era branco como a neve, escurecendo conforme se aproximava de sua curta cauda. Seus olhos eram cinzentos, quase negros, mas cintilantes. Estava um pouco relutante em seguir Amora, mas como Lótus era uma bela “Maria vai com as outras” prontamente seguiu a irmã em direção ao matagal.

Um pequeno resmungo temoroso foi feito por um pequeno filhote que se escondia atrás das pernas de Silver, feito por Dália, que possuía uma tonalidade negra em seu pelo, ainda retendo os seus prematuros olhos azuis. Suas orelhas eram pequenas e desproporcionais ao tamanho de sua cabeça, nem seu corpo estava muito desenvolvido. Era claro que a fedelha era prematura, mas tinha suas vantagens, recebia carinho especial da Silver somente para ela.

Após notar que sua mãe havia se deitado a pequena Dália se aproximou da sua progenitora, lhe dando rápidas lambidas em sua bochecha enquanto abanava sua pequena cauda, movimento esse que fez ela se desiquilibrar e cair no meio das duas patas dianteiras de Silver, que respondeu apenas tocando os narizes uma da outra, o que deixou sua filha um tanto feliz, dando mais beijinhos em sua mãe. A bela cena, apesar de tudo, foi interrompida por uma bola de filhotes que atingiu Dália, sendo esmagada por Amora e Lótus que lutavam pelo direito de dar a primeira lambida em uma criatura exótica que acharam no solo, dotada de olhos esbugalhados e uma pele úmida repleta de mucosa, era um sapo de spadefoot.

Avistando o anfíbio Silver se levantou lentamente, mostrando a sua condição precária. Nunca esteve tão magra, mesmo que tenha se alimentado dias atrás as suas filhas haviam drenado cada energia de seu corpo enquanto ela produzia leite, e mesmo que seus filhotes ainda gostassem desse luxo, era hora de os introduzir a carne. Esse sapo, no entanto, é da mamãe, e assim a progenitora o pegou em sua mandíbula e o engoliu. Seu pelo prateado espesso estava começando a cair, resultado não só do calor como também da desnutrição, e Dália, que sempre estava logo atrás de sua mãe, mesmo tonta, tentava acariciar a boca de sua mãe, mas a perna era o mais próximo que conseguiria, acabando com um tufo de pelo em sua mandíbula. Aproveitando a situação, a mãe novata pegou um graveto fino e o cuidadosamente entregou para sua filha, que prontamente o mordiscou ao abanar sua cauda, ela manteria aquele presente para todo o sempre! Ou até perder ele.

A duplinha de rebeldes já havia se reconciliado e agora estavam apostando corrida até um pinheiro próximo à toca. Excitada com a oportunidade de uma aventura, Amora correu o mais rápido que conseguia, colocando sua língua para fora enquanto já ficava ofegante, e por mais que Lótus tentasse a acompanhar, a mais velha era energética demais para tal feito, deveria ter sido nomeada Usain Bolt Canino, seria algo bem mais realista no ponto de vista da menor. A felicidade da vitória, mesmo que gratificante, é curta e dolorosa, seguidamente Amora acabou dando uma cabeçada no rígido caule grosso do pinheiro, a fazendo cair para trás, direto em um buraco no solo. Sua irmã do meio, procurando pela maior, colocou sua cabeça na cavidade enquanto choramingava, mas também compartilhou do mesmo feito ao tropeçar em uma cambalhota, indo direto para o mesmo buraco. No local, incrivelmente claustrofóbico, estava escuro, a visão era turva para as crias de olhos recém-abertos, apesar disso, podiam sentir o odor da terra encharcada pela garoa, o que as assustou foi uma estanha silhueta humanoide nas trevas, as observando com olhos luminosos. Em desespero, Amora e Lótus cavavam o mais rápido que podiam, mas não eram muito eficazes em sua tarefa, com suas pequenas patas.

O temeroso semblante parecia estático, levantando seu braço e coçando levemente a sua cabeça. A marmota de pelagem dourada, grisalha em sua face, nunca havia visto aqueles animais em toda sua vida, e os fitava como se sua vida dependesse disso, não demorou muito para reconhecer que aquelas duas não representavam ameaça, aguçando o sentido curioso do animal. Ela puxou Lótus para perto pela cabeça com suas pequenas patas, com garras afiadas eficientes para cavar, que choramingou com a cabeça baixa, no entanto, o roedor estava mais interessado em checar se ela era alguma espécie defeituosa, talvez um de seus filhotes que havia crescido da maneira errada? Uma ideia! A marmota pegou algumas raízes que tinha guardada e jogou para as lobas, que apenas observaram perplexas as raízes rolarem até a pata de Amora, porém, como qualquer filhote ela começou a brincar com as radículas, as jogando de lado a lado entre suas patas até tentar a mascar, vendo que a mesma tinha um gosto ruim. Lótus já estava assustada o bastante, e só continuava a cavar para sair daquele desastre. A marmota estava confusa, aqueles animais não comiam raízes, quem sabe preferiam alguma erva em especial.

As filhotas tinham sorte, ouvindo os resmungos de suas crias Silver havia se deparado com a situação do lado de fora, ela de fato não estava surpresa. Dália não parecia ligar muito, gostara mais do graveto que ganhou de presente do que de suas irmãs, ninguém pode a culpar após ser jogada inúmeras vezes para fora da barriga da progenitora por suas competidoras, enquanto ansiavam por leite. Por sorte, a mãe das pequenas era mais rápida e eficiente em cavar, ao usar suas patas como propulsão lobos são extremamente efetivos nesse quesito, sendo a tração das suas garras o suficiente não só para criar grandes buracos como para a ajudar a correr por grandes distâncias, e ela precisará muito nos próximos dias se quer deixar aqueles filhotes saudáveis. Não demorou para finalmente os raios de sol chegarem as suas filhas, e o melhor, ao inserir sua cabeça no buraco, entre rosnados, capturou entre seus caninos uma gorda refeição, a chacoalhando para que morresse por sangramento. Amora e Lótus, sujas de terra e gotas de sangue, nunca acharam sua mãe tão maneira.

Se ficassem ali, poderiam atrair predadores, já basta para um turno de exploração de suas filhas. Capturando Dália levemente em sua mandíbula, Silver soltou um longo e sútil woof para sua ninhada, que prontamente entendeu o recado sério de sua mãe, entrando mais uma vez na escuridão da caverna. Posicionou levemente a menor próxima as outras, recebendo lambidas de despedida em suas bochechas, que acabaram conquistando carne moída, com direito a ser regurgitada e baba da mãe! O prato predileto das filhotes. A progenitora tinha duros afazeres em sua lista, já dera seu tempo de ficar em sua cova, deu meia volta em direção ao pasto dotado de grama alta, oculto entre os belos carvalhos que proporcionavam um refúgio entre as sombras do sol fervente, estava quente, mas se Silver quisesse sobreviver deveria caçar, não só por si, como também por sua prole.  

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10 de Abril – Campina – Primavera

 

Leves passos felpudos, sobre o solo, eram ouvidos pela caçadora que se aproximava suavemente entre as árvores, a procura de sua presa em potencial. O cheiro impregnado trazido pelo vento uivante decodificava uma cena do passado para a predadora por cada molécula, que fluía dos rastros deixados por pegadas achatadas, compactas e com unhas afiadas. Levantando sua cabeça acima do gramado alto da campina, com olhos ambares reluzentes a luz do sol, a canídea tentou procurar a sorrateira criatura que havia deixado aquela trilha, mesmo que fosse velha. Ficou claro, no entanto, a ausência da presa, mas ela não estava sozinha, segundo as inúmeras pegadas deixadas no solo, encharcado pelo leve orvalho da manhã, Silver continuou seu trabalho de rastreio, sabia que localizava-se quase na retaguarda de sua presa.

Logo abaixo de uma grande conífera, cercados por uma pequena clareira de grama palustre, um tanto mais baixa, se encontrava um comum roedor nas grandes planícies de Efraria. As lebres daqui, diferentemente das lebres-americanas encontradas ao extremo sul, fora do parque, vivem em grandes rebanhos familiares para proteção, podendo abrigar até duzentas em um só grupo. Sua pelagem, também diferindo de suas primas, permanece branca durante todo o ano, somente trocando para uma mais fina no Verão, mas ainda sendo pálida. Além também de serem maiores, são incrivelmente mais rápidas e resistentes, difíceis de capturar elas impõem um desafio até mesmo para os predadores experientes da região.

Dotadas de orelhas sensíveis e bigodes sensoriais, não demorou muito para uma das lebres, se apoiando nas suas patas traseiras, avistar um canídeo as observando acima de um rochedo. A preocupação não era imediata, mas os roedores se atentaram a trotar em união para fora dos gramados, mostrando sua condição física para a loba que já havia descido, e os observava contra a luz do sol. Silver, mesmo que empolgada, sabia que não poderia gastar calorias atoa, precisava ser cautelosa e paciente, ver através do que somente seus olhos podiam ver.

Ela opta por uma primeira tentativa, colocando sua cabeça à frente enquanto impulsionava seus músculos para frente, ocasionando a tração que ela precisava para atingir uma velocidade brusca, adotando uma forma mais aerodinâmica. Como já tinha pensado, capturar uma lebre mesmo dentre milhares não é uma tarefa fácil, ao ver o movimento de sua caçadora, os roedores se dispersaram rapidamente, se disparando a frente usando de suas poderosas pernas, ficando longe do raio da mandíbula da canídea e se reagrupando em suas costas. Por sorte, Silver conseguiu se virar e bloquear a passagem de um dos retardatários, que não teve outra opção se não fosse fugir na direção oposta, longe da proteção do rebanho.

Com suas orelhas para trás, dotada de um corpo longo e esguio, a lebre ganhou vantagem em terreno em relação ao canídeo que tentava a seguir por seu flanco, contudo, o solo parecia ser um fator decisivo já que Silver precisava saltar sobre os córregos e estruturas rochosas em meio a pradaria, com certa dificuldade, a lebre, entretanto, parecia estar em casa conforme saltava sem problema algum sobre as rochas, demorando menos que a caçadora, que gradativamente era deixada para trás. Um dos fatores para sobrevivência, todavia, é o controle sobre o desespero, que mesmo com todas as probabilidades a seu favor, o roedor ainda tropeçava sobre suas pernas, o que deu a chance para Silver acelerar, se aproveitando do terreno agora mais plano para alcançar seu jantar. Nem mesmo a astúcia e adaptação da lebre era páreo para uma mãe desesperada e faminta.

A frente, mais um grande riacho inundava as grandes planícies, e a lebre sem ter para onde escapar esperou até o último segundo para saltar em direção as águas, sendo prontamente seguida por Silver que esperava por essa chance. Por mais raso que fosse, o roedor era pequeno demais para tocar o solo, e era obrigado a nadar, a canídea, no entanto estava às pressas saltando sobre a água, levantando respingos em estase enquanto aos poucos se aproximava da presa, cobrando o terreno que lhe faltava durante a perseguição. Após a saída da lebre e a caótica travessia da loba, agora ambos predador e presa estavam lado a lado em meio as grandes taboas aquáticas que ficavam em meio ao lodo, no fim do riacho.

A perseguição continuou, agora com a lebre em pânico pela loba estar logo em sua retaguarda. Em saltos longos, levantando o lamaçal que pintava seu belo pelo branco de um marrom pardo e viscoso, a presa finalmente chegou na segurança da terra sólida, mas escapou por pouco das mandíbulas da canídea com um prolongado pulo, impulsionando suas pernas traseiras com toda sua força, passando em meio aos perdizes que levantaram voo, abrindo caminho para a caçada tomar seu rumo. Sua perseguidora, no entanto, não parecia instigada a perder sua refeição, e também deu um salto para acompanhar a lebre, que agora ficara mais próxima aos caninos serrilhados de sua inimiga. Evitando ser pego, o roedor trocou de direção rapidamente, derrapando no solo ao levantar grama e poeira, mas sua tração era de dar inveja, até mesmo para Silver que demorou para acompanhar a mudada de direção, mais uma vez ficando para trás.

Uma árvore caída, apodrecida, ausente de folhas, jogada ao solo, se fazia presente logo à frente da lebre, que não se atentou ao obstáculo, sendo obrigada a mudar de direção novamente, agora acompanhada de perto por Silver que ainda mantinha suas mandíbulas a postos. Já havia percorrido quase dois quilômetros para conquistar aquela refeição, ela não estava em posição de desistir agora, porém, toda vez que a loba chegava perto do roedor, ele mudava de direção facilmente ao circular uma árvore, e ela não era feita para virar para o lado dessa maneira, sentia sua energia e cansaço falhando consigo cada vez mais, tudo que Silver mais queria era fechar seus olhos, mas não podia, devia capturar aquela lebre, e para ontem. Em uma explosão de confiança, a loba acelerou, cortando caminho em vez de virar bruscamente, já prevendo que a lebre mudaria de direção novamente e com toda sua força, abocanhou a cauda do roedor, impedindo que o mesmo continuasse correndo, mesmo com todo seu esforço. A troca de pelagem dessa vez salvou a presa, libertando a lebre e deixando Silver com tufos de pelo em sua boca. Dessa vez, a presa saiu vitoriosa.

Ela perseguiu seu planejado jantar por quase três quilômetros, gastou milhares de calorias e tudo o que conseguiu foi alguns tufos brancos entre seus dentes. Mas pelo bem de suas filhas era precisava continuar, tomar uma postura, e refazer todos os seus passos, que institivamente, a guiaram para o único lugar em que ela se sentia, realmente, em casa.

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10 de Abril – Sussurros da Noite – Primavera

 

A floresta dos corvos, um lugar conhecido pela falta de presas, devido à privação do sol, residia naquele local, barrando o espectro solar e jogando a praga das sombras para os animais que foram destinados a sofrer naquela escuridão. Embora desolado, o local não era inabitado. Banhados pelas sombras, uma mãe javali, grande e forte suíno de pelagem acinzentada, estava com cinco porquinhos comendo as poucas ervas secas que sobreviviam no solo, não muito nutritivas, mas era o que se podia encontrar sem a existência da benção do sol. Entretanto, todos ali sabiam dos demônios que rondavam aquelas bandas. As terras mortas eram patrulhadas, e mesmo que seus habitantes vorazes haviam misteriosamente desparecido, os instintos da porca lhe diziam o contrário, mas permaneciam naquela floresta por sua conta e risco.

Uma besta, dotada de um olhar cintilante na tonalidade âmbar, observava os suínos do breu. Contra o vento, aquela canídea de porte médio cuja cor estava redigida na tonalidade de cinzas quentes e frios, passava suavemente pelo solo da floresta, calculando suas chances para um ataque certeiro. Ao abrir sua boca revelava dois grandes caninos finos e inúmeros outros dentes serrilhados, preparados para ceifar um dos membros dos javalis desavisados. O som de um galho quebrando ecoou, assustando a porca que notou a presença de um predador, comandando seus filhotes a voltarem para sua toca oculta entre um amontoado de rochedos, pintados com musgos cinzas e sem vida. Com a mãe guardando o local, o canídeo não havia oportunidade alguma de predar aqueles animais.

Mais uma vez Silver se via em casa, que não estava mais alagada, trotando através das trevas. Notando sua presença, os corvos revoavam as copas das árvores, balançando as folhas dos densos carvalhos, estavam chamando sua atenção. Olho de Lua uma vez lhe ensinou que os corvos enxergam toda a floresta, e quando estão com fome eles se movem em direção a uma presa, guiando os canídeos até lá para saciarem sua fome, e então as aves ganham a sua parte à mesa. Ela sentia falta deles, inúmeras vezes a canídea já se indagou sobre o paradeiro de sua alcateia, principalmente dos seus alfas, mas desde sua ausência durante todo o inverno, assim como a inexistência de qualquer rastro que haviam voltado, ela só concluiu que haviam a abandonado para seguir o rebanho de uapitis, mas as manadas já haviam voltado? Não era hora de pensar nisso, comida era sua prioridade, assim como a segurança de sua prole, já estava ficando tarde, deveria voltar logo para a toca.

Como premeditado, os corvos levantaram voo, sendo acompanhado pela besta rumo ao centro da floresta. A neblina começava a ficar mais turva, impedindo que a loba conseguisse usar sua visão, mas anos caçando nessas terras desenvolveram seus outros sentidos, além de que Silver tinha um plano mental de como era aquela região, algo que uma vez fez parte de seu treinamento quanto pequena. Após alguns minutos, os corvos pousaram na copa dos carvalhos, a ausência do bater de asas das aves indicava a Silver que ela estava no local correto. Mesmo com a névoa, a loba conseguia ver os arbustos descoloridos e as gramíneas acinzentadas ao solo, mas o que realmente chamou sua atenção era a presença de um fundo buraco no solo, provavelmente escavado por algum habitante daquela floresta, e possivelmente, o que os corvos estavam lhe indicando.

Javalis vivem em tocas grandes no subsolo, geralmente feitas naturalmente, mas os suínos não se importam em escavar suas próprias. Com um macho sendo maior que ela, e incrivelmente mais forte, Silver estava um pouco receosa de checar o buraco, até mesmo as fêmeas a venceriam em combate dentro de um ambiente fechado, mas os corvos não lhe trariam ali se fosse arriscado, ao menos dessa vez ela confiaria neles. Gradativamente, Silver posicionou suas narinas na toca, ainda ganhando coragem, até que se inclinou e progrediu em direção a escuridão, e então, adentrou completamente a mesma.

Urgidos de dor e agonia foram ouvidos pela imensidão tomada pelos carvalhos, enquanto as aves somente aguardavam um resultado satisfatório. Qualquer ser humano que vagasse por ali naquele momento certamente diria que a floresta era assombrada. Afundada nos ecos do desespero, todos os habitantes ali sabiam que deviam ficar quietos em seus esconderijos, mais um confronto estava acontecendo, e com sorte o próximo alvo não seria eles.

Silver teve sorte, acabou se deparando com um jovem subadulto e o asfixiou sem muitas dificuldades, porém, não conseguiu poupar seus ouvidos dos gritos. Exausta, colocou todo seu esforço em arrastar o suíno para fora da toca, ela não tinha forças para o levar para seu esconderijo, que ficava ainda a quase três quilômetros de distância. Faminta, ela abriu os quartos da carcaça ali mesmo, puxando os tendões que se esticavam até se romper do corpo do animal. As aves desceram das copas e se amontoaram junto a loba na carcaça, mas ela não os afastou, era tradição que os corvos tivessem sua parte. Ela certamente consumiu o que conseguiu rapidamente, até se sentir cheia, e deu meia volta em direção ao início da floresta, por onde havia adentrado, mas não suspeitava ser seguida por algumas das aves, que com a ausência de sua alcateia optaram por se mudar junto a loba. Esses seriam um dos seus mais valiosos aliados, e por ventura, provavelmente os únicos.


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Notas finais do capítulo

Aqui vou deixar as imagens das filhotes caso tenham interesse em visualizar elas melhor

Amora: https://i.pinimg.com/originals/bb/ad/ac/bbadace6f45ed10739dfd0b7b9ebcab0.jpg

Lótus: https://static.wikia.nocookie.net/wolvesofthebeyond/images/e/ed/Wolf_pup_.jpg/revision/latest?cb=20140815001812

Dália: https://cdn.discordapp.com/attachments/303335806146183174/804235488210714634/unknown.png

Como as minhas aulas voltaram os meus horários estão todos sem sentido e eu provavelmente vou demorar pra lançar outro capítulo, mas tentarei ser o mais rápido possível.



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