O processo de mudança em si não era a coisa mais fácil do mundo, considerando que eles tinham embalado suas vidas inteiras e se mudado para uma cidade totalmente nova. Ele havia feito provavelmente o maior sacrifício de sua vida pelo bem das pessoas de quem gostava e pela empresa para a qual trabalhou duro durante tantos anos e, embora não se arrependesse, Harvey sempre teve um pouco de problemas com mudanças repentinas. Abrir mão era difícil, levaria algum tempo para se acostumar com a nova vida, não havia nada que ninguém pudesse fazer que já não estivesse fazendo. Donna tentou - e conseguiu, é claro - apoia-lo ao máximo, como sempre, entendendo a posição em que ele estava e admirando suas ações que os levaram àquele momento, enquanto tentava ajustar-se, ela mesma, à nova realidade.

Dito isso, mudar-se para Seattle também não estava sendo tão ruim quanto eles imaginaram que seria. Além da óbvia "parte boa" da situação — estar mais uma vez perto de seus amigos mais próximos –, a ideia de começar de novo era muito animadora, uma vez que o processo já havia começado.

Eles não estavam dispostos a perder tempo de sua lua de mel de última hora procurando casas, embora precisassem de uma. Então, fizeram a coisa mais óbvia naquela situação e ligaram para Mike e Rachel. Depois de algumas ameaças não tão brincalhonas de Harvey ao amigo e uma conversa séria entre Donna e uma Rachel muito determinada, eles concordaram que qualquer casa que os amigos encontrassem, estaria ótima.

E estavam certos, o casal tinha, incrivelmente, dado o pouco tempo que tinham em mãos, conseguido encontrar algo que se adequasse aos gostos de ambos. Depois de decorar, seria a casa ideal para começarem uma vida juntos – oficialmente.

A sua primeira casa juntos. Minha nossa. Eles estavam mesmo casados. Aquilo tudo era real.

"Então é isso. Estamos aqui.” Harvey afirmou, enquanto os dois estavam em pé em frente da janela da sala de estar de sua nova casa, olhando para a vista da rua à sua frente. 

“Não foi tão ruim, foi?” Donna se virou para ele e lentamente passou o braço esquerdo em volta da sua cintura, sentindo-o colocar o seu direito em seus ombros, numa espécie de abraço.

“Não, não foi mesmo. Mas essa é a parte fácil, chegar ao novo lugar. O verdadeiro desafio começa agora.” Ele sabia que, por mais que desejasse um novo começo, trabalhando por uma causa mais justa em um novo lugar, não seria fácil. Nem um pouco.

Ele, assim como Donna – embora tivesse a sensação de que ela não teria tanta dificuldade quanto ele –, estava acostumado a um estilo de vida muito diferente do que teria agora. Lidar com esses novos tipos de casos, fazer as coisas estritamente de acordo com as regras... levaria algum tempo para se acostumar.

“Vai ficar tudo bem, fizemos a escolha certa.” Ela estava sorrindo suavemente quando ele virou a cabeça para olha-la.

“É.” Ele concordou imediatamente, seu sorriso contente – aquele que ela sabia que ele só deixava ela ver – se mostrando largo em seu rosto. “Estamos juntos, vamos ficar ótimos.”

“Já estamos.”

Nova cidade, nova área jurídica de atuação. Um recomeço. Velhos amigos e o mesmo amor. Esse era um caminho que ele estava mais do que feliz em trilhar.