Weasley + 1 escrita por Lily


Capítulo 1
Ser um Weasley




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Gina Weasley estava emburrada. Bill notou isso assim que sua irmã cruzou a porta do restaurante trouxa que ela havia insistido que eles fossem almoçar, geralmente ele iria para o Caldeirão Furado ou ficaria no Gringotes com seus colegas, porém aquela era a primeira vez em semanas que Gina e Rony tinham um dia de folga, então eles aproveitaram a oportunidade para um pequeno almoço entre irmãos. Percy e George haviam chegado minutos antes, Rony tinha, por algum milagre divino, sido o primeiro a chegar, Bill não pode negar que se surpreendeu quando entrou e viu seu irmão sentando na mesa observando as pessoas ao seu redor, ele tinha um ar sério em seu rosto, mas seus olhos eram brilhantes de animação. 

Entretanto, Gina parecia o retrato da irritação, as pontas de suas orelhas, assim como seu nariz, estavam avermelhadas e seus olhos faiscavam como lâminas afiadas. Bill franziu a testa quando ela os saudou com um murmúrio e se sentou na cadeira vazia. 

—Você está bem? - Bill indagou com cuidado, ele sabia muito bem que até seu tom poderia irritar Gina ainda mais. 

—Estou. Já fizeram os pedidos?

—Estávamos esperando por você. - Rony disse. Gina assentiu, pegou o cardápio em cima da mesa e começou a analisar suas opções. - O peixe daqui é uma delícia, eles colocam um molho com cogumelos.

—Pensei que nunca mais fosse querer comer cogumelos na vida. - George comentou com um sorriso. Rony riu e balançou a cabeça. Bill compartilhou um sorriso com os irmãos, mas voltou a atenção para a irmã mais nova. 

—Devemos pedir vinho? - Percy indagou olhando a carta de vinhos. - Sauvignon Blanc ou Pinot Grigio?

—Pinot. É delicioso e combina com o peixe. - Bill falou. - Fleur adora esse.

—Hermione prefere Moscato Branco, ou qualquer outro nessa linha. - Rony disse. Gina riu fazendo eles a encararem confusos. - Que foi?

—Nada. Apenas é muito estranho ver a gente, esses Weasley, que dividiam chocolates de natal, falando sobre vinhos e peixes com molhos de cogumelos. - Gina soltou outra risada. - É muito estranho não ter que se preocupar com o quanto vamos gastar. 

Bill assentiu sorrindo. Ele entendia muito bem o que ela queria dizer, também havia sido estranho pensar em o quanto eles estavam melhores financeiramente. Sem divisão ou doações, apenas almoçando em restaurantes no meio da semana sem se preocupar com a conta.

—Isso se chama ser rico, querida irmã. - George disse em um tom de gozação. 

—Não exagera, George. Ninguém aqui é rico. - Percy o lembrou.

—O namorado da nossa irmãzinha é. - George piscou para Gina, mas a animação que ela tinha assim como o sorriso em seu rosto havia desaparecido.

—Vamos pedir logo, estou morrendo de fome. - Gina acenou para o garçom com um certo vigor que fez Bill franzir a testa novamente. Ele olhou para Rony em busca de respostas, mas seu irmão apenas deu de ombros. 

Eles fizeram seus pedidos e embarcaram em uma conversa sobre suas vidas, contando pequenas novidades que os outros não sabiam, mas foi somente quando o assunto se voltou a Teddy que Bill percebeu que realmente havia algo de errado com sua irmã.

—Teddy passou o final de semana com a gente, mas acabou pegando um resfriado e ficou na cama a maior parte do dia. - Gina cutucou o macarrão com o garfo e franziu o nariz. - Quando Harry o levou para Andrômeda, ele ainda estava um tanto febril.

—Então é por isso que você está estranha o tempo todo? Está preocupada com Teddy? - Rony indagou engolindo o resto do vinho. 

—Não, Teddy está bem. Conversei com Andrômeda um pouco mais cedo e ele está bem. 

—Se não com Teddy que você está preocupada, então acho que seja Harry, estou certo? - Percy supôs erguendo a taça, Gina desviou o olhar. - Parece que estou.

—O que está acontecendo com nosso querido órfão? - George indagou cruzando os braços sobre a mesa.

Gina revirou os olhos, mas sussurrou baixinho.

—Harry me disse algo sobre sua infância e eu fiquei meio incomodada. 

—Oh, entendi. Algo triste que nos faz sentir pena dele. - Rony murmurou e Gina assentiu. Bill sabia que Harry não falava de sua infância, pois era um tanto complicada e triste, por isso, os raros vislumbres que eles tinham eram por lembranças ou comentários que Harry deixava escapar sem querer.  - O que ele disse?

—Estávamos cuidando de Teddy e Harry falou que quando ele ficava doente, sua tia o deixava longe para que ele melhorasse sozinho. - Gina passou a mão pelo cabelo, visivelmente irritada. 

Bill a encarou com descrença, nenhuma criança merecia passar por aquilo. 

—Isso é horrível. Desumano para dizer no mínimo. - Percy bufou, revoltado com aquela revelação.

Bill concordou com o irmão. Algumas vezes ele se perguntava como Harry, uma pessoa tão boa e gentil, poderia ter sido criado por tios tão irresponsáveis e insensíveis. 

—Ele percebeu que falou isso? - Rony indagou. 

—Acho que não. E não tenho coragem de voltar a esse assunto com ele. - Gina soltou o garfo sobre o prato e bufou irritada. - Harry não gosta de lembrar de sua infância e eu não vou forçá-lo a isso. 

Bill pensou em dizer algo, talvez uma palavra amiga ou solidária, mas antes que ele pudesse abrir a boca, George ao seu lado soltou um resmungo e disse.

—Isso só pode ser brincadeira. 

—O que houve? - Percy indagou. Bill seguiu o olhar de George e observou o casal mais velho que havia entrado no restaurante, o homem era gordo com um bigode grosso, parecia uma morsa vestida com um terno, já a mulher era loira com nariz empinado e o rosto alongado, seu longo pescoço a fazia parecer um ganso. Logo atrás dele vinha um jovem de cabelos claros usando roupas um tanto chamativas para o gosto de Bill, ele segurava a mão de uma mulher de cabelo castanho e um sorriso brilhante em seu rosto. 

—Quem são eles? - Bill indagou.

—Os tios de Harry. - George disse olhando para Gina. Bill observou o rosto da irmã se tornar sombrio, seus olhos escureceram e ela colocou a mão no colo puxando a varinha. 

—Nem pense nisso. - Percy alertou puxando o pulso dela e empurrando-a de volta para a sua cadeira. - Estamos no meio de trouxas.

—Eu sei. Eu sei. - Gina resmungou soltando-se do aperto de Percy.

—Você é uma jogadora mundialmente famosa, Gina. Se os jornais souberem que você azarou trouxas, sua carreira estará terminada e você poderá ir para Azkaban. - Percy manteve os olhos sérios sobre Gina, que apenas deslizou ainda mais na cadeira e cruzou os braços. 

—Isso é tão injusto. Eles estão lá como se fossem pessoas boas enquanto Harry ainda sofre com os traumas que eles causaram nele. - os olhos de Gina brilhavam de raiva e talvez lágrimas, Bill não tinha certeza, sua irmã quase nunca chorava. - E eu não posso fazer nada porque eu posso ser punida, mas eles não. Vocês acham isso justo?

—Claro que não, Gina. Você acha mesmo que eu não quero ir até aquela mesa e socar Duda? Eu quero muito. Mas sei que não é isso que Harry quer. - Rony disse, suas orelhas vermelhas de raiva. 

—Mas se eu pedisse você iria lá e socaria a cara deles?

—Gina! - Percy olhou para ela com repreensão, enquanto George ria.

—Eu só estou perguntando. - ela se defendeu, mas rapidamente acrescentou. - Eu sou a irmã dele, oras. Rony poderia muito bem fazer esse favor para mim.

—Harry também é como um irmão para mim, Gina. E sei perfeitamente bem que ele não gostaria que eu saísse por aí socando as pessoas. - Rony cruzou os braços e se reencostou na cadeira. Bill olhou um segundo para seu irmão, era óbvio que Harry fazia parte da família há muitos anos, mas seu papel ainda era um tanto confuso. Pelo menos para ele ainda era, porque Rony via naquele garoto um outro irmão além dos que já tinha. E Bill tinha certeza que seus pais viam Harry como um oitavo filho, pela maneira como o tratavam tão igual aos outros. 

—Bill? Bill! - ele balançou a cabeça e olhou para George que mantinha a testa franzida. - Você ainda está entre a gente?

—Sim. Sim. Apenas estava pensando em algo. 

—Uma maneira de atazanar os ratos? - George indagou com um sorriso. 

—Harry é nosso irmão, não é? - ele perguntou olhando diretamente para a taça de vinho. Um silêncio incomum tomou conta da mesa. - Mamãe e papai meio que adotaram ele, então…

—Por Merlin, Bill! Você só percebeu isso agora? - George o encarou com divertimento, tomou o que restava de seu vinho antes de dizer. - Mamãe adotou Harry no momento em que o viu na estação sozinho e perdido. Tenho certeza de que se Dumbledore permitisse, ele estaria com a gente desde sempre. 

Bill riu e balançou de leve a cabeça. Havia realmente um acordo mútuo entre eles de que Harry Potter era um Weasley, sem o sobrenome ou o sangue, mas seu coração era como o deles. 

—Ok, esse é o plano. - Bill se inclinou para frente e seus irmãos repetiram o gesto, esperando ansiosamente o que ele teria a dizer. - Percy, não vamos quebrar nenhuma lei que coloque qualquer um de nós na mira do Ministério, ok? - ele olhou para o irmão que assentiu com hesitação, mas permaneceu calado. - Não podemos nos vingar de maneira digna porque Harry não gostaria disso, porém isso não nos impede de fazer algo. 

—O que você tem em mente? - Gina indagou com um sorriso malicioso nos lábios. 

Bill olhou em volta em busca do garçom, o jovem homem veio e ele pediu a conta. Quando o garçom se afastou seus irmãos ainda o encaravam com expectativa. 

—George, você não disse que queria ir ao banheiro? - Bill olhou para o irmão que franziu a testa confuso, ele deu um leve aceno em direção aos banheiro e George abriu a boca em entendimento quando percebeu que o caminho passava bem ao lado da mesa do Dursleys.

—Oh, sim. Me dê um segundo e eu já volto. 

Bill observou George seguir até o banheiro, o garçom voltou com a conta e eles dividiram entre si. Ele esperou gritos quando George voltou, mas havia barulho casual do restaurante.

—Acho melhor irmos, vocês não vão querer ficar aqui quando as coisas… federem. 

George não precisou falar duas vezes, os cinco se levantaram e seguiram em direção a saída, algumas pessoas os encaravam com curiosidade, não como os bruxos que os viam como heróis, era a típica surpresa de ver tantas pessoas ruivas juntas ao mesmo tempo. Eles já estavam na calçada quando ouviram um grande estalo e então gritos de nojo. Bill não olhou para trás, eles caminharam descendo a rua rindo e conversando como se não houvesse um restaurante prestes a ser fechado por culpa deles. 


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