Não Tem Como Dar Certo - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Não Tem Como Dar Certo




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Julie estava no estúdio trabalhando em uma música nova com os garotos enquanto riam e faziam brincadeiras uns com os outros, mas eles foram interrompidos pelo toque do celular que estava em cima do piano.

— Só um minuto, meninos. — ela disse, correndo para ver quem era. — Eu vou atender, é a Flynn chamando por vídeo.

“E aí, fracassa.” — Flynn disse assim que sua imagem surgiu no celular da tecladista.

— Fala, decepção. — Julie respondeu sorrindo largo.

— Elas tão brigadas? Porque a Julie tá sorrindo? Eu to confuso. — Reggie sussurrou não tão baixo assim no ouvido de Alex.

— E quando você não tá confuso, Reginald? — o baterista respondeu.

— Shiu. Meninos, eu to no telefone.

“Os meninos estão aí?” — Flynn perguntou já arrumando a postura e dando um sorriso charmoso. — “Oi, meninos.”

Alex, Luke e Reggie se teleportaram para trás de Julie e disseram em uníssono. — Oi.

— Você tá linda. — Reggie complementou, dando uma de suas típicas piscadelas.

— Ela não tá ouvindo vocês, gênios. — Julie lembrou-os, rindo.

— Ah é. Mas ela pode ouvir se a gente cantar, né? — Luke sugeriu.

— Acho que pode funcionar. — Alex respondeu com uma expressão pensativa. — Vamos tentar juntos no três. Um, dois, três e...

— Hello, Flynn, whats up? When you come to visit us? (Oi, Flynn, tudo em cima? Quando você vem visitar a gente?

Flynn deu um gritinho de surpresa e quase derrubou o celular, mas logo se recuperou e fingiu normalidade. — “Nossa, isso é muito louco. E maneiro.”

— Eu vou lá pra fora pra ter um pouco mais de privacidade. — Julie resmungou, olhando feio para os garotos e saindo dali para sentar na escada de pedra do lado de fora.

— Acham que a gente se mete demais na vida da Julie? — disse Alex, voltando a sentar no banquinho atrás de sua bateria.

— É, um pouco. — Reggie respondeu, pegando o baixo e colocando a bandoleira.

— É. Mas a gente não vai parar, né? — Luke perguntou mais em tom de afirmação que de dúvida.

— Ah, com certeza não. — Alex constatou, rindo e fazendo os outros dois rirem também.

Logo Julie voltou a passar pela porta, anunciando. — Desculpa, meninos. Vamos ter que encerrar o ensaio mais cedo que o planejado. Eu esqueci que tinha um lance com a Flynn hoje.

— Eu posso ir com vocês? — Reggie perguntou com um sorriso animado.

— Ah, miguxo, ela não consegue te ver. — a tecladista lembrou-o, fazendo um carinho de leve no cabelo dele.

— Tem razão, isso seria estranho. Acho que vou passar um tempo com o Ray então. Até mais, galera. — o baixista murmurou, teleportando antes que desse tempo de qualquer um dizer alguma coisa.

— Bom, já que não vamos ensaiar, eu vou dar uma volta por aí... Ver se esbarro no Willie ou... Sei lá... — Alex murmurou, se levantando.

— Boa sorte, amigo. — Luke desejou, dando dois tapinhas de incentivo no ombro direito do baterista.

— Valeu, cara. Até mais. — dito isso, Alex também sumiu no ar.

— Você já vai agora? — Luke perguntou, se virando para a única membro da banda que ainda estava ali.

— Eu vou só recolher minhas partituras e guardar o teclado. — Julie respondeu sorrindo. — Mas e você? O que vai fazer hoje? Visitar os seus pais?

— Talvez mais tarde. Agora vou só ficar de boa, tocar mais um pouco e dar uma relaxada no sofá. — ele disse retribuindo o sorriso e por fim voltando a colocar a bandoleira da guitarra, mas sentando ao lado de Julie ao invés de começar a tocar. — Quer ajuda pra arrumar isso aí?

— Não precisa, to de boa. — a tecladista respondeu, fazendo questão de se virar e fazer um carinho delicado nos fios castanhos de Luke, descendo para o rosto e parando a mão ali por alguns segundos. — Mas obrigada por oferecer.

— De nada. — Luke respondeu fazendo um certo esforço para não suspirar e fechar os olhos. — Você tá curtindo mesmo esse lance de tocar, né?

— Pior que eu estou. Nunca pensei que ia ficar tão feliz com um fantasma na minha vida. — ela comentou, rindo. — Você não gosta que eu te toque?

— Gosto. Muito. — murmurou, olhando nos olhos dela com tamanha profundidade que chegava a intimidar.

Julie ficou hipnotizada por alguns segundos, mas logo voltou a si e pigarreou antes de dizer. — Bom, é melhor eu começar logo se não quiser me atrasar.

— Ok.

Dito isso Luke se afastou um pouco e deixou Julie começar a arrumar as partituras para guardar, ambos em silêncio. Tanto silêncio que deixou o ambiente estranho e incomodo, então o guitarrista decidiu tocar um pouco para aliviar a tensão.

Porém, assim que a palheta começou a deslizar pelas cordas Julie parou como se tivesse ficado paralisada por um instante, depois virou o rosto lentamente para Luke enquanto cantava.

— Whoa-oa-oa, whoa-oa-oa, perfect harmony, whoa-oa-oa...

Luke parou de tocar, arregalando os olhos. — Como você conhece essa música?

— Eu que pergunto: como você conhece essa música?

— E-e-eu não sei. Ela só veio na minha mente naquele dia que você dançou na escola. É até estanho pensar nisso porque foi muito... Eu não sei explicar, só... Foi muito vívido. Era como se de repente eu tivesse ido parar em uma espécie de...

— Zona mental? — Julie perguntou, lembrando de quando o viu sair do espelho no meio da apresentação e transportá-la para aquela dança em perfeita harmonia.

— Sim! Era como se eu estivesse mesmo lá.

— É, eu sei. Porque eu estava lá também.

— Isso quer dizer que estamos mais conectados do que eu já achava que a gente tava. — Luke concluiu se aproximando mais de Julie. — E que você sente o mesmo que eu sinto.

— E... O que você sente? — perguntou enquanto o coração começava a bater mais forte.

— Não sei porque tá perguntando se já sabe que a resposta é: eu estou apaixonado por você. — murmurou, olhando-a nos olhos.

— Você tem razão, eu sei. Eu sinto a mesma coisa, mas... Não tem como dar certo, né? Você é um fantasma.

Julie não queria ser grossa nem dramática ao levantar e ir andando rápido em direção à porta, só não queria chorar na frente do guitarrista.

Mas Luke nunca foi de escolher os caminhos fáceis quando estava vivo e não começaria agora que estava morto, então teleportou bem atrás dela e a segurou pelo braço, virou-a para si e a beijou com toda a intensidade do mundo, até do universo se duvidar. E nesse momento o mundo pareceu parar para os dois. De repente já não importava mais se estavam vivos ou não, o amor que sentiam um pelo outro era real e forte demais para ser ignorado.

Depois de algum tempo, Julie se afastou e abriu os olhos lentamente, se deparando com o oceano mais profundo do mundo, que morava no olhar de Luke.

— Se não tem como dar certo, tudo bem. A gente dá errado então. Desde que seja com você eu to aqui pro que der e vier. — ele disse com convicção, dando seu sorriso mais fofo.

Julie nem sabia como ainda estava em pé, aquelas palavras a fizeram derreter inteira e ela nunca conseguiria encontrar dentro de si forças para resistir à aquele sorriso.

— Tá bom. Estamos juntos então.

Os dois voltaram a se beijar.


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