Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 9
I Want To Know What Love Is.


Notas iniciais do capítulo

Olááááááá como vai?

Pergunta aleatória aqui.

Você anda tomando água direito? Sabia que seu rim precisa de líquido para ter um bom funcionamento e que se você bebe muito refrigerante e suco (sim, suco) você prejudica o funcionamento dele?

Enfim, era só isso.

Capitulo de Pov da Galateia 5/??

Música para esse capitulo: Foreigner - I Want To Know What Love Is

para criação desse capitulo foi usado um site especifico para determinar as cartas que saíram para Galateia e para ovelhas antigas que conhecem a história e ficaram curiosas sobre, vou deixar o link aqui para que possam sanar suas curiosidades.

Link: https://www.otarot.net/

Bom, era isso.

~Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798356/chapter/9

Residência Pamdin – Duas semanas depois - 18h:23min – Galateia Pov.

Salvei a fase do jogo que estava jogando há quase duas horas e olhei para tia Cass, que se mantinha sentada ao meu lado no sofá, ainda tricotando o que fazia há duas semanas. Sorri carinhosa por ela parecer concentrada no que fazia e franzi o cenho logo em seguida por uma dúvida surgir na minha cabeça. Lily me disse pra sempre fazer perguntas caso sentisse necessidade e agora pensando sobre isso, é um pouco estranho.

— Tia. – Chamei curiosa e ela parou de mover os dedos no mesmo instante.

— Sim? – Perguntou deixando o tricô de lado para me olhar.

— Você não fala muito com a minha mãe?

— Não muito. Scarlet é um pouco... – Fez uma pausa tentando encontrar a palavra certa. - Complicada.

— Vocês são em quantas? Digo, em irmãs. São quantas irmãs? – Perguntei curiosa e ela me olhou confusa.

— Você não sabe quantas irmãs sua mãe tem?

— Ela não falava muito comigo. – Sussurrei me encolhendo no sofá. – Meu pai não tinha irmãos, nem pais vivos, era só ele. – Contei. – Então eu não tinha muito o que perguntar, mas ele sempre dizia que minha mãe era linda e que não ficava com a gente porque estava muito ocupada fazendo algo especial para o mundo. Acho que ele não queria que eu soubesse que ela não se importava comigo. – Murmurei aborrecida ao me lembrar do fato de que minha mãe não se importa e que eu não precisaria fazer essa pergunta se ela se importasse.

— Somos em sete. – Tia falou e lhe olhei surpresa. – Todas mulheres. – Sorriu carinhosa e puxei as pernas para me sentar em posição de meditação. – Sua mãe é a mais nova de nós, a caçula. Tem a Amélia, que é nossa irmã mais velha, ela mora na Rússia com o marido dela e é patinadora. – Contou. – Depois dela veio a Celina, ela mora na cidade vizinha e é dona de uma boate. – Contou dando uma risadinha logo em seguida. – Conheci o seu tio lá. – Cobriu a boca para rir um pouco mais e sorri. – Depois dela vem a Brigitte. Ela tá sempre viajando pra todo canto, então nunca sei o paradeiro dela, mas no mês passado estava na Grécia. É fotógrafa.

— Um dia eu quero fazer isso. – Contei e ela me olhou curiosa.

— O quê?

— Viajar pelo mundo. Meu pai fez isso quando tinha 18 anos e uma parede da casa todinha era separada com fotos dele em lugares diferentes ou pontos turísticos. – Expliquei animada e ela sorriu.

— Isso é ótimo, querida. Conhecer o mundo é uma das coisas mais legais para se fazer, são tantas coisas bonitas para se ver. – Falou empolgada e assenti.

— Eu irei fazer o mesmo que ele. Agora continua contando. – Pedi e ela sorriu.

— Depois da Brigitte, veio a Micha. Ela mora no bairro vizinho junto com a filha de 16 anos. É mãe solteira e trabalha com designer gráfico. Depois dela, sou eu! Moro aqui, tenho dois filhos e trabalho como pintora. A propósito, quer ver meu estúdio depois? – Perguntou e assenti várias vezes seguidas. – Depois de mim, veio a Elisa, que é quem eu fui visitar há duas semanas. Ela trabalha com artes plásticas.

— Todo mundo mexe com algo relacionado a arte? – Perguntei curiosa e ela sorriu.

— Nossos pais eram amantes da arte, então todas seguiram por esse caminho, menos a Celina.

— Que legal.

— Não é? Depois da Elisa, veio a sua mãe. Ela mora na área privada da cidade, é casada com um ator e é escritora. – Contou e pisquei algumas vezes em surpresa.

— Mamãe é escritora? – Perguntei confusa.

— Ela é! Espera, ela nunca te disse isso? – Perguntou chocada e neguei com a cabeça. – Escrota, babaca. Mas sim, sua mãe é escritora, escreve coisas lindas.

— Ah... A senhora tem uma filha mais velha, não é? Vicent me contou. – Comentei e ela sorriu miúdo.

— Tenho sim, mas ela foi embora faz um tempo e nunca me mandou notícias. Eu não faço ideia de como ela está, onde ou o que faz da vida. – Contou e abri a boca um pouco surpresa. – Eu daria tudo para poder voltar no tempo e ter apoiado ela quando me disse que estava apaixonada por um rapaz que comandava uma academia. Jason e eu não aceitamos achando que isso ia prejudicar o futuro dela, mas agora, nem sabemos que futuro ela está levando. – Falou aborrecida e me encolhi por sua voz se tornar chorosa. Eu não queria deixá-la triste. – Por isso, sempre apoie as pessoas que você ama, ok? Apoie porque... Você pode perder ela para sempre e só depois perceber que como ela queria levar a vida, algo que não te afeta diretamente, não faria diferença alguma. Não tem um dia que eu não sinta saudade dela ou queira saber como as coisas estão. Ela foi embora quando tinha 19 anos, esse ano ela faz 27 e eu não posso desejar um feliz aniversário. Faz 8 anos que não tenho notícias dela e parte disso é culpa minha. Eu não quis ouvir quando ela veio me contar do rapaz que gostava, não quis saber de onde ele era, morava ou trabalhava. Hoje eu queria ter escutado ela, assim poderia procurar por ele e dar um abraço na minha filha. – Se encolheu e engoli em seco me aproximando para fazer carinho em sua cabeça, do mesmo jeito que Liane faz comigo quando estou triste, sempre me acalma.

— Me desculpa, tia. Eu não queria te deixar triste. – Pedi arrependida de ter tocado no assunto e ela negou com a cabeça.

— Não, está tudo bem, princesa. Jason evita falar sobre ela e as vezes é tudo o que quero fazer, entende? Eu sinto como que se eu não falar, ela vai partir de mim. E eu não quero esquecer a minha filha. Algo em mim diz que ela vai voltar pra casa para dizer que está bem e que nada de ruim lhe aconteceu ou que eu ainda vou me esbarrar com ela. – Falou esperançosa e lhe abracei com carinho.

— Eu sinto muito, tia Cass.

— Trate bem as pessoas que você ama, meu bem. Eu amava a minha menina, mas me arrependo da forma que a tratei no dia que ela foi embora. Eu me arrependo e isso não muda nada, não vai trazê-la de volta e o pior de tudo, é que eu nem sei se ela está viva. – Começou a chorar e olhei de um lado para o outro sem saber exatamente como agir, apenas me sobrando a alternativa de deitar a cabeça sobre a sua. – Toda vez que vejo uma menina, a minha Vane me vem a cabeça e eu acabo sendo agradável demais. Quando Scarlet me ligou e perguntou se você podia ficar aqui, foi um dos dias mais felizes da minha vida. Parte de mim sabe que ela só pediu pra mim, porque sabe o que aconteceu com a minha filha e eu não recusaria, mas não ligo pra falta de escrúpulos dela. Eu vou estar aqui pra você, independentemente do que você fizer ou quiser para sua vida. – Falou me abraçando de volta e sorri podendo sentir o carinho dela.

— Você é maravilhosa, tia. – Falei e beijei seu rosto com carinho. – Eu gosto muito da senhora e obrigada por me tratar com carinho. – Agradeci e voltei a lhe abraçar. Tia Cass é especial demais.

Um mês depois – Residência Pamdin- Galateia Pov.

Terminei de esticar a massa e comecei a organiza-la dentro da forma com cuidado, praguejando baixinho por ela se partir em um lado e ouvindo uma risada de Sam, que estava no outro extremo da cozinha preparando as cerejas e de Sara, que derretia o chocolate que dei a ela. O fato é que em outro trabalho que Sam veio fazer com o Vicent, eu acabei que a convidando para fazer uma torta enquanto ela falava animada com a Liane. Eu não achei que fosse aceitar, mas ela disse que era bom, porque assim não ia precisar do Vicent inventar uma desculpa para convida-la, já que os trabalhos haviam acabado. Agora estamos aqui e sua irmã veio junto.

— Você já terminou? – Sam perguntou curiosa e assenti depois de juntar o pedaço que havia partido.

— Terminei sim e você?

— Cerejas prontas. – Mostrou a tigela que mexia e sorri.

— Chocolate pronto também. – Sara alertou e olhei para calda derretida.

— Sorvete chegou. – Vicent chegou na cozinha com os dois potes e foi para perto de Sam, enfiando a mão na tigela que ela segurava para pegar umas das cerejas e enfiar na boca. Arregalei os olhos e ri junto das meninas por ele cuspir a fruta na mão com uma careta.

— Bem feito, isso que da sair metendo a mão na comida dos outros. – Sara falou ainda rindo e ele olhou para tigela da Sam.

— Eu achei que colocava açúcar! Que merda é essa? – Perguntou fazendo outra careta e foi a vez da Sam rir.

— Açúcar, limão e farinha de trigo. – Disse tentando parar de rir e Vicent abriu o pote de sorvete, sendo rápido em comer uma colherada.

— Que nojo! Nem parece que fica gostoso depois. – Reclamou e tirou a tigela da mão da Sam para colocar o pote de sorvete no lugar. – Esse eu trouxe pra você, já que gosta de sorvete. – Falou confiante e Sam corou.

— Certo... Obrigada.

— De nada. Eu vou jogar vídeo game. Se quiserem alguma coisa é só me chamar. – Saiu da cozinha e olhei para Sam não entendendo o que havia acontecido. Cadê o meu primo covarde que ficava tremendo?

— Sara leu cartas pra nós. – Sam alertou e me virei para Sara confusa. Cartas? Como assim cartas? – Ela é espiritualista. – Sam continuou e a menina cruzou os braços indignada.

— O termo correto é sensitiva! Eu não faço ritual para ser uma espiritualista. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. – Reclamou.

— Que seja, você não deixa de ser estranha. – Falou divertida e Sara revirou os olhos.

— Para de dizer que eu sou estranha. O menino parou de ser covarde e você aí, cuspindo no prato. – Voltou a reclamar e olhei de uma pra outra ainda confusa.

— Tudo bem, desculpa. Você é maravilhosa, não está mais aqui quem falou. – Ergueu as mãos em rendição e Sara se virou para mim com um sorriso.

— Oh... Você não entendeu nada, certo? – Perguntou divertida e sorriu.

— Nem um pouco. – Sorri de volta e me inclinei pegando a tigela cheia de cereja e jogando sobre a massa.

— Eu leio cartas de tarô e essas coisas. – Explicou e assenti ainda sem entender muita coisa.

— Você quer cobrir? – Perguntei terminando de ajeitar as cerejas e ela assentiu vindo colocar a massa trançada sobre. Me afastei para não lhe atrapalhar e fui até Sam, abrindo um dos armários para pegar calda de sorvete. – Quer? – Ofereci.

— Meu Deus! Eu estava querendo, mas só ia conseguir pegar se aprendesse a voar. Será que se eu bater as pernas vai funcionar? – Perguntou e em seguida deu um tapa na testa. – Como eu sou burra, não consigo mexer elas. Será que com os braços vai? – Tornou a perguntar e ri lhe entregando a calda. Eu adoro o senso de humor dela.

— Você não precisa voar, já é um anjo. – Falei fazendo um carinho em sua cabeça e seu rosto corou.

— Sara, ela me chamou de anjo! – Contou fazendo um bico e sua irmã riu, o que me fez olhar de uma pra outra em confusão. Eu não devia ter chamado?

— Tá errada?

— Tá sim! Ela que parece um anjo. – Murmurou e arregalei os olhos. O quê?

— Anjos reconhecem outros anjos. Cala a boca e aceita o elogio. – Falou divertida e me encolhi no lugar. Então está tudo certo, não é? Eu não disse nada errado.

XxX

Comi um pedaço da torta e olhei para Sam e Vicent que conversavam sentados próximos da piscina. Eu ainda não comecei a minha terapia, mas conversar com a enfermeira da escola e estar comparecendo nas aulas de educação física tem me ajudado nesse mês que se passou, não tive grande avanço, mas consigo me manter controlada se me sentar longe, embora ver alguém entrando na água ainda me deixe ansiosa e desconfortável.

— E aí? Posso sentar aqui? – Sara perguntou chegando ao meu lado e olhei para cima, vendo que ela segurava um prato com seu pedaço de torta.

— Claro, pode sim. – Provei do sorvete e ela se sentou na cadeira ao meu lado, olhando para a irmã.

— Eu estava querendo falar com você desde a primeira vez que te vi naquele mercado. – Começou e lhe olhei confusa. - Tem algo bem estranho rolando com você, não é? – Perguntou e franzi o cenho. – O que eu disse sobre ser sensitiva era verdade. Eu meio que sinto essas coisas, mas com você elas parecem estar em todo canto, te rondando. – Explicou e arregalei os olhos olhando em volta do meu corpo. O quê?

— Que tipo de coisa? – Perguntei assustada e ela riu comendo um pedaço da torta.

— Calma, eu me expressei de maneira errada. Não são coisas, é mais como se fosse uma aura. – Mexeu as mãos tentando explicar e ergui uma sobrancelha. – Tá bom, veja só. Eu vou te explicar na prática. Tudo bem? – Perguntou e estreitei os olhos.

— Prática? Como assim?

— Bom, digamos... Você perdeu muita coisa, não perdeu? – Perguntou e voltei a estreitar os olhos.

— Vicent te contou?

— Não, eu não estou falando de luto ou da sua família. – Explicou e ergui ambas as sobrancelhas um pouco surpresa. Se ela não está falando disso, do que está falando? – Você perdeu muita coisa com você mesma, como parte da sua personalidade e jeito de agir. Quando eu te olho, parece que você é um globo de neve, só que vazio. – Falou e abri a boca surpresa. – Pra onde foi sua neve? – Perguntou curiosa e neguei com a cabeça várias vezes, tentando organizar meus pensamentos. – Humm, sacudir a cabeça não está funcionando, ainda sem neve. – Falou calmamente e sorri por sua escolha de palavras.

— Acho que a minha neve derreteu. – Falei sem jeito e ela riu.

— E por que não neva mais? – Questionou em curiosidade.

— Eu não sei. – Comi mais da minha torta e ela deixou a dela de lado.

— Tudo bem, vamos fazer um seguinte? Eu vou ler cartas para você em uma consulta grátis porque é linda. – Alertou se erguendo e franzi o cenho. – Espere um segundo que vou pega-las na minha bolsa. – Saiu em uma corridinha e olhei para Vicent, que brincava com a mão da Sam enquanto riam. O que aconteceu com esses dois? – E eu voltei. – Sara falou chegando na varanda de novo e sentou de frente para mim, só que no chão – Então, você vai escolher dez cartas. – Alertou mexendo nas cartas e colocando todas no chão a minha frente. – Pode começar. – Pediu e levei a mão a uma carta e ela a virou. – O enforcado. – Falou e analisei a carta.

— Mas ele está amarrado pelo pé. – Comentei e ela riu alto.

— Só escolha suas cartas. – Pediu ainda rindo. – Que fofa, meu Deus. – Falou baixo e me encolhi escolhendo outra carta. – A temperança. Próxima?

— O que é temperança? – Questionei e ela sorriu.

— Significado da palavra?

— Sim.

— Basicamente é ter o controle, domínio e equilíbrio em relação aos seus desejos. – Explicou paciente e assenti.

— Entendi, obrigada.

— De nada, lindinha. Continue, por favor. – Pediu e assenti apontando para outra carta que ela virou. – A força. Próxima! – Falou e apontei para três seguidas. – Muito bem, gosto assim, agilidade. – Brincou virando as cartas. – O julgamento, o eremita e o mago. – Alertou me olhando em expectativa, o que me adiantei para escolher as últimas quatro. – Garota esperta. – Sorriu as virando. – A roda da fortuna, a lua, o imperador e o hierofante. Perfeito, agora espere um segundo. – Juntou as outras cartas e arrumou as que eu escolhi em duas fileiras. – Agora eu quero que você escolha três cartas dessas enquanto pensa nos seus pontos fortes. – Pediu e pisquei algumas vezes.

— Pontos fortes?

— Sim, vamos? – Incentivou e olhei para as cartas. Quais são os meus pontos fortes? Eu sou forte fisicamente então...

— Essa aqui. – Apontei pra carta “A força” e ela assentiu. Voltei a olhar paras as cartas e suspirei. Eu acho que talvez eu seja antissocial? Mas isso é um ponto forte? Se sim... Acho que eu deveria escolher... – O eremita. – Falei e ela me olhou curiosa o que me fez voltar a atenção para as cartas. Acho que talvez eu seja compreensiva, então... – O julgamento. – Falei e ela afastou as três das outras, as deixando juntas.

— Agora escolha três cartas enquanto pensa sobre os seus pontos fracos. – Avisou e arregalei os olhos brevemente. Eu devia ter deixado o eremita para escolher agora.

— Certo... – Sussurrei e olhei para as cartas. Eu sou meio solitária? Então... – A lua. – Apontei e ela apegou afastando das outras. Eu meio que não consigo me expressar muito com as coisas que quero, então... – O enforcado. – Apontei e ela o levou para perto da lua. Estou constantemente com medo de tudo que envolva a água, então... Que carta eu deveria escolher para isso? Oh, a roda da fortuna parece um moinho de água. – A roda da fortuna. – Apontei e ela a levou para junto das outras duas.

— Agora escolha três cartas enquanto pensa sobre o seu futuro. – Pediu.

— A temperança! – Falei rápido e ela soltou uma risadinha a levando para outro canto.

— Essa foi rápida. – Falou rindo e me encolhi focando nas cartas. Será que eu vou poder viajar pelo mundo como o papai?

— O imperador. – Apontei focando nas ultimas duas cartas. O que o mago deveria significar? Parece ser meio idiota e bobo. No futuro talvez eu possa ter mais conhecimento e talvez saiba lidar melhor com as pessoas, então... – O Hierofante. – Apontei e ela sorriu organizando-as em filas de três e deixando o mago no meio. Soltando o ar pela boca e se focando nelas, colocando três dedos da mão direita sobre as primeiras que escolhi, um dedo para cada uma.

— A força, o eremita e o julgamento... Meu anjo. – Fez uma expressão preocupada e suspirou movendo a carta “a força”. - Algumas pessoas ao seu redor não são confiáveis. – Começou e arregalei os olhos. O quê? – Algumas delas vão desestabilizar você, então eu te aconselho a manter a cabeça erguida e os olhos abertos para descobrir quem são e porque estão agindo assim. – Alertou e entreabri a boca, mas por quê? O que eu fiz?

— Eu fiz algo errado? – Perguntei preocupada e ela suspirou.

— Não se trata do agora. – Sorriu e assenti olhando para as outras cartas. Por que alguém me faria mal?

— O lado positivo. – Moveu a carta “o eremita”. - Sua personalidade é valiosa, é fruto do seu passado. A combinação certa de todas aquelas experiencias felizes e as vezes difíceis que você viveu. O fato de que alguém vai te levar para baixo não deve mudar você. Fique forte, seja você mesma. – Alertou e assenti. Onde que isso é um lado bom? – Agora. – Moveu a carta “o julgamento”. - Com o tempo você vai entender que pode se tornar intocável. – Alertou e sorri. Isso sim é um lado bom. - Basta ignorar as pessoas negativas. Dessa forma você terá uma enorme força e não terá mais limites em sua vida. As pessoas boas vão aprecia-la pelo que você vale e as pessoas erradas não serão mais parte das pessoas que mantêm ao seu lado. Você vencerá a batalha. – Terminou e franzi o cenho.

— E a guerra? – Questionei curiosa.

— A guerra nunca acaba, lindinha. Estamos em constante luta. - Alertou e foi para o outro conjunto de cartas. – A lua, o enforcado e a roda da fortuna. – Falou e repetiu o gesto de colocar os dedos sobre elas. – Essas cartas mostram uma mudança repentina na sua vida. – Começou e engoli em seco, vendo-a mover a carta “a lua”. – Vai ser algo feliz. – Contou e soltei o ar em alivio. – Terá um impacto maior no seu emocional e pode significar o fim de uma situação que não te satisfaz, para iniciar um novo ciclo que você vai se sentir melhor. – Continuou e olhei para as cartas em curiosidade. – É altamente provável que uma pessoa que você já conheça vais ser a responsável por essa mudança. – O quê? Espera! Ela está falando da Vick? Ela vai vir falar comigo?

— Tem certeza? – Questionei afobada.

— Altamente provável. – Riu baixinho e moveu a carta “o enforcado”. - Essa pessoa pode acionar algo importante. Ela agirá e se aproximará de você, você não terá que fazer nada. – Falou e arregalei os olhos. É a Vick? Ela realmente vai vir falar comigo? - No entanto, você terá que deixar este relacionamento evoluir em uma parte separada de sua vida, para que você possa decidir sobre ele. – Continuou e assenti várias vezes. Meu Deus? Isso é sério? A Vick vai vir falar comigo? - Essa pessoa quer mais do que amizade? – Perguntou e pisquei várias vezes. O quê? Como assim mais que amizade? O que a Vick poderia querer além disso? Espera, é a Vick? Tem que ser, né? – isso não está certo para mim no momento. Somente o futuro de seu relacionamento dirá. Seu comportamento para ela irá definir o que acontece no futuro. É você que dita as regras e você é o centro de tudo. – Terminou e continuei olhando para as cartas. É sobre a Victória? Eu daria tudo pra ser sobre ela. Sinto falta da minha melhor amiga e sinto falta do quanto ela me fazia rir.

— Eu espero que isso seja certo. – Falei e ela sorriu.

— Está interessada em alguém? – Perguntou e arregalei os olhos. Interessada?

— Como assim? Interessada? – Questionei confusa.

— Você gosta de uma pessoa, não gosta? – Perguntou e arregalei os olhos. Gostar? No romanticamente falando? Não! Claro que não! A Vick era minha amiga e hoje nem fala mais comigo, fora que não tenho idade para “gostar” de alguém, ela é só... Alguém que sinto falta.

— Eu só estou com saudade. – Sussurrei me encolhendo.

— Oh meu Deus, que bonitinha. – Falou com a voz melosa e neguei com a cabeça. Por que todo mundo tem tendência a me achar bonitinha quando estou a ponto de morrer de vergonha?

— Para com isso. – Murmurei.

— Tá bom, desculpa. Vamos para o final? – Perguntou e assenti me sentando direito. – A temperança, o imperador e o hierofante. – Falou. – Essa nós vemos como um todo, não separadas. – Explicou e concordei com a cabeça. – Elas mostram que você é uma pessoa espiritual; quer dizer, você faz perguntas sobre si mesma, sua família e seu caminho de vida. – Explicou e só soube concordar outra vez. Isso é verdade. - É verdade que todos nós temos um destino único e as escolhas que fazemos na vida cotidiana têm efeitos infinitos sobre a nossa existência. Essas cartas aqui estão destacando a importância do seu estilo de vida e convidando você a tomar uma decisão sobre os desafios pessoais que você tem enfrentado por muito tempo. – Continuou e foquei nas cartas. Essa garota é Deus? - Essas dificuldades são um obstáculo que você acha que não consegue administrar sozinha. – Ok, ela deve ser alguma coisa próxima a algo divino ou demoníaco. - Você tende a deixar essas preocupações para o dia seguinte sem nunca conseguir deixá-las atrás de você. No dia a dia isso está dificultando você e retardando seus desejos pessoais.

— Você está me assustando um pouco. – Confessei e ela riu alto.

— Juro que não estou usando feitiço, eu só... Sinto. Minha avó era boa com as cartas e eu também sou. – Sorriu carinhosa e voltou a olhar para as cartas. Ok, se ela não é um demônio e nem um anjo... Talvez seja um elfo? – Continuando... Recentemente, você adotou um comportamento diferente. Mais ativo e dinâmico, você quer avançar em seu plano de vida e colocar esses problemas para trás. Como tal, as cartas mostram que você reconsiderou seus objetivos. – Falou e fiquei lhe olhando sem saber o que dizer. Como ela pode saber disso se eu nunca contei para o Vicent ou para a Sam?

— Como você pode saber?

— Me chame de Ali Babá. – Brincou rindo e empurrei seu ombro ao entender a referência. Ali Babá e os quarenta ladrões, ridícula. – ENFIM! – Deu um grito e dei um sobressalto levando a mão ao peito por meu coração disparar em susto. – Eu só quis assustar aqueles dois. – Sussurrou apontando para trás e olhei para Sam e Vicent, que pareciam tão assustados quanto eu.

— Tudo bem, meu coração quase saiu do lugar, apenas. – Falei e ela riu divertida.

— Me desculpa, não faço mais, mas enfim. Sua carta perdida. – Ergueu a carta “o mago” e foquei nela. - O Mago representa uma pessoa no controle total de seu ambiente. Ele é a figura do mestre de obras, do comerciante ou ainda do artesão. Baseia-se em suas competências individuais para tomar decisões e atuar de acordo com uma estrutura perfeitamente padronizada. Ele obedece às regras e assume riscos moderados. – Explicou o que a carta significava e sorri.

— Eu sabia que era uma carta boba. – Murmurei e ela riu.

— Por que acha boba?

— Ele parece uma criança que tá pintando as coisas com tinta acrílica. – Julguei a carta e ela a virou em sua direção e depois olhou para mim, fechando os olhos para rir.

— Tudo bem, agora eu nunca mais verei o mago com os mesmos olhos. – Falou rindo e sorri. – Mas agora, o final da sua consulta. – Parou de rir e virou a carta para mim de novo. – Não escolher a criança com tinta acrílica. – Começou e riu um pouco antes de se concentrar. – Eu nunca vou esquecer disso. – Falou divertida e acabei rindo. Não era pra ter soado engraçado, era uma crítica. – Enfim, em não escolher ele você coloca o mundo material e a relação com o dinheiro em segundo plano. Você parece estar mais interessada em questões de natureza espiritual ou filosófica, e privilegia o espírito à matéria. Este estado de espírito deve permitir que você reoriente seus objetivos para o que realmente importa para você. – Falou e ergui as mãos batendo palmas suavemente.

— Magnifico! – Elogiei e ela colocou a mão no peito, curvando a cabeça como se agradecesse ao elogio.

— Eu sei que sou muito boa. O mundo deveria criar uma estatua para mim e me venerar antes de cada refeição. – Se gabou e ri divertida. – Enfim! Quando você descobrir que sua saudade é na verdade interesse, eu te faço outra consulta grátis, mas essa só usarei três cartas. – Falou divertida e lhe olhei confusa.

— O quê? Isso é impossível! É uma amiga de infância. – Contei e ela estreitou os olhos.

— Só por que é uma menina? Assim você me ofende. – Falou e arregalei os olhos.

— O quê? Por quê?

— Eu gosto de meninas. – Contou e pisquei algumas vezes em confusão. Espera! Ela gosta de meninas? No sentido romântico?

— Tipo como a Sam gosta do Vicent? – Perguntei curiosa e ela sorriu.

— Tipo isso aí mesmo, só que sem o Vicent, o sentimento por meninas, apenas. – Alertou e sorri. Ela é do meio LGBT.

— Entendi... Bom, você já deve saber muito desse sentimento, é um ano mais velha que a minha irmã e ela já sabe de muita coisa. – Falei divertida e ela riu.

— Liane? Certeza absoluta que ela é gay. – Falou e arregalei os olhos.

 - O quê?

— É só uma coisa que rola com quem é LGBTQ. Sabe as minhas sensações para os sentimentos? – Perguntou e assenti. – É quase impossível um gay não reconhecer outro, é um fenômeno sem explicação, igual as minhas sensações. No nosso meio, demos o nome de gaydar, que é como um radar embutido que todo gay tem para achar outro gay em meio a tantas pessoas. Quando acha um, o seu gaydar apita. – Contou e ri de sua explicação. O que demônios é um gaydar?

— Isso não faz sentido algum. – Falei rindo e ela negou com a cabeça.

— Vai rindo, mas no momento o meu está dizendo “pi, pi, pi, pi”. – Falou divertida e voltei a rir.

— Está dando ré? – Perguntei e ela abriu a boca.

— O quê? Não! – Me empurrou pelo ombro e continuei rindo. – Você é gay. – Falou e parei de rir subitamente.

— Quê? Claro que não! Eu nem gosto de ninguém ainda. – Neguei e ela riu.

— Tudo bem, você vai descobrir por si só. Quando descobrir. – Ergueu as cartas e as colocou frente ao rosto como se fosse um laque. – Madame Sara dirá as chances que você tem de se casar. – Brincou e bati a mão em suas cartas as derrubando no chão enquanto ria.

— Você é muito idiota.

— E você uma gay encubada. – Brincou e tornei a rir. – Quando descobrir a primeira coisa que eu quero que você pense é “mãe Sara tinha razão”. – Continuou e neguei com a cabeça, parando de rir ao ver que Sam vinha em nossa direção enquanto falava no telefone, com Vicent empurrando sua cadeira.

— Mamãe quer falar com você. – Avisou estendendo o celular para Sara e ela o pegou colocando no ouvido.

— Sim senhora. – Falou começando a juntar as cartas e se levantou com todas em mão. – Tá bom, a gente já está indo embora mesmo, acho que vai estar aberto quando passarmos lá. – Alertou e sorriu para mim. – Sim senhora, beijos. – Encerrou a ligação e olhou para Sam. – A gente precisa ir agora. Mãe quer que compremos várias coisas no caminho de casa. – Alertou e Sam olhou para Vicent com um sorriso.

— A gente se vê na escola mais tarde.

— Claro! A gente se vê. – Sorriu de volta e Sara revirou os olhos antes de me olhar divertida.

— A gente se vê qualquer dia, lindinha. Vou sair de ré aqui. – Falou divertida e ri por ela puxar a cadeira da irmã e realmente começar a andar de costas.

— Se você me derrubar eu te mato! – Sam bradou e me olhou à medida que era afastada. – Meu Deus! Me deixa dar tchau! Ninfaaaaa, tchau. – Falou e ri seguindo na direção que Sara a puxava.

— Tchau Sam. Até a próxima vez.

— Da próxima eu quero bolo! Sua torta estava deliciosa, tá bom. – Alertou e sorri carinhosa. Hoje foi um dia bom, se não dizer, incrível. Eu não sabia que ainda conseguia socializar assim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostasse?