Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 4
Meant To Be


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? Está aqui o seu bônus que veio antes do dia programado. Pra você que é uma das minhas ovelhas antigas que precisa se livrar da lã acumulada... Os próximos 2 capítulos é POV da Galateia e você nunca leu nenhuma linha sequer deles, são novos, novinhos em folha, então aguarde algo que não vai lembrar. Acho que era isso.

Música para esse capitulo: Bebe Rexha - Meant To Be

Venha pro Twitter se divertir e ver o desenho LINDO, MARAVILHOSO E PERFEITO QUE UMA OVELHA FEZ DA VICK E DA GALATEIA.

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~Boa leitura.



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Victória Pov.

Abri a porta do meu quarto e joguei minha mochila no chão, chutei a porta com o pé para fechar e caminhei até a cama, caindo de barriga em cima do colchão, usando o travesseiro para cobrir minha cabeça e gritar para que ninguém ouvisse. Meu dia foi... INCRÍVEL! Eu conversei com a Galateia, nós nos falamos por mais de meio segundo e isso foi... FOI MARAVILHOSO. Eu podia jurar que depois que tentei pegar o livro dela ia ser difícil para tentar falar com ela de novo, mas aí o Vicent volta e pede pra ela me passar algum contato já que precisaríamos fazer o trabalho na quinta e... PORRA! AGORA EU TENHO O NÚMERO DELA, CARALHO. Ainda estou em choque desde o momento que ela me passou o número na saída. Lá estava eu! Saindo da sala feliz por ter passado o dia todo do lado dela, já tinha até me esquecido que ela tinha dito que me passaria seu número, mas aí... Do nada uma mão tocou meu ombro e quando me virei para ver quem era, Galateia segurava o celular com um sorriso sem jeito.

Cara. Eu não acredito que eu estou com a única forma de contato que se pode conseguir nesse mundo para se comunicar com ela. Tenho o número dela! Eu, Victória. Eu! A menina que passou três anos do outro lado da sala a admirando e no primeiro dia que me aproximo consigo o número dela. Será que ela troca mensagens? Eu podia mandar uma para ver se ela responde, certo? Mas o que eu digo? Se eu mandar qualquer coisa ela vai perceber que sou caidinha por ela. E minha vida não tem nada de clichê, fiquei três anos só a admirando de longe. Então ela não vai me ligar hoje e perguntar como eu estou e se por algum acaso quero sair com ela pra conversarmos, se isso acontecesse os deuses me amariam.

— Aaah que desgraça. – Resmunguei ainda com o travesseiro na cabeça e olhei para o lado quando ele foi puxado para cima, vendo Jhulhy, minha irmãzinha de 10 anos em pé do lado da cama com seu caderno da escola.

— Você ainda não foi tomar banho? – Perguntou fazendo uma careta de nojo e ergui uma sobrancelha.

— Ainda não, estou surtando pelo meu dia maravilhoso.

— E não podia fazer isso enquanto toma banho? Eca, cheia de bactérias da rua. – Fez outra careta e me levantei no mesmo instante. Ela tem razão.

— Tá, eu vou pro banho. O que você quer? – Perguntei começando a tirar meu all-star usando o outro pé calçado e tirando meu uniforme enquanto ia em direção ao banheiro do meu quarto.

— Papai acabou de sair e mandou eu vir aqui pra você me ensinar matemática. – Se jogou na minha cama e lhe olhei com uma sobrancelha erguida.

— Pai saiu? – Perguntei me curvando para tirar minhas meias e ela assentiu com a cabeça.

— Sim, ele disse que precisava ir na academia mais cedo e como a mamãe ainda não chegou, é pra você cuidar de mim. – Decretou e assenti juntando minhas roupas pelo chão as colocando em cima da cadeira do computador e entrei no banheiro só de calcinha e sutiã.

— Tá bom. Vou tomar meu banho e te ajudo, espera aí. – Pedi indo pro banho e a deixando na cama. Normalmente eu não preciso cuidar dela porque Vanessa costuma chegar quinze minutos depois de mim, mas tem algumas exceções como hoje. Tomei um banho rápido e voltei para o quarto só de toalha, vendo que ela ainda estava no mesmo lugar e brincava com o lápis, tentando manter ele preso entre o lábio e o nariz.

— Você já comeu? – Perguntei curiosa.

— Não, papai não me deu nada pra comer, falou pra você se virar. – Alertou e revirei os olhos começando a me vestir.

— Meu dia estava bom demais pra ser verdade. Agora preciso me arriscar cozinhando. – Resmunguei terminando de colocar minha camisa de gola polo e Jhu fez uma careta.

— Eu prefiro passar fome, esquenta não. – Falou e ri com sua frase. Ela sabe que eu não sei cozinhar e nas vezes que tentei as coisas não ficaram nada gostosas. – Mas por que o seu dia estava bom hoje? Normalmente você reclama que é um lixo. – Falou e o sorriso no meu rosto cresceu por sua pergunta.

— Eu tenho o número da Galateia! – Contei empolgada e ela se sentou na cama.

— Nãooo! – Falou admirada com a notícia, o que me fez rir. Jhu cansa de ouvir sobre Galateia desde que comecei a observar ela. Graças a mim ela age como se Galateia fosse uma divindade, o que não está muito longe da realidade. – Achei que ela fosse inacessível. Como conseguiu?

— Estamos no mesmo grupo esse ano. – Contei animada, me sentando do lado dela. Jhu e Débora são as únicas pessoas que eu surto por causa da Galateia.

— O QUÊ? E QUANDO ISSO ACONTECEU? – Gritou assustada.

— Eu pedi pra ser do grupo dela ontem, então hoje, bum. – Abri os braços fingindo uma explosão e ela me olhou confusa.

— Ontem? E você só me conta hoje? É assim? – Fingiu-se de aborrecida, me fazendo rir. O fato de Jhu só ter 10 anos e parecer ter a mentalidade de uma mulher de 30, me surpreende e me diverte. – Espera! É por isso que hoje cedo você estava toda estranha? – Perguntou e ri.

— Oficialmente só somos um grupo hoje. O que eu faço, Jhu? Quero saber se ela troca mensagens, mas não sei o que enviar. – Murmurei e ela pareceu pensativa.

— Envia uma mensagem perguntando se é a Galateia e se você anotou o número certo. Sei lá, usa sua burrice a seu favor. Você normalmente erra as coisas mesmo. – Assenti empolgada e digitei calmamente as palavras. Não tem como discordar da Jhu, normalmente eu sou aérea demais.

Oi! Aqui é a Victória. Só para saber se anotei o número corretamente... Esse telefone é da Galateia?

Enviei a pergunta depois de reler mil vezes e ver se não tinha erros de português. Suspirei ao aparecer mensagem enviada e peguei o caderno de Jhu.

— Quer ajuda no quê? – Perguntei o abrindo para ajudá-la na matéria, mas mal passei três folhas e meu celular apitou alertando uma mensagem.

— É ela? – Perguntou curiosa e peguei o aparelho sobre a cama. Não é possível que já seja ela.

— PORRA, É ELA. – Gritei segurando o celular em choque e Jhu estreitou os olhos.

— Hum! Ela é bem rápida, aposto que digitou apenas um sim. Abre logo. – Respirei fundo e desbloqueie o aparelho abrindo a mensagem.

Nossa! Quando lembro que não peguei seu número você me manda mensagem. É meu celular sim, e agora tenho o seu! Valeu.

Apertei o celular contra o peito. Ela estava pensando em mim? Aaah! Calma, calma Vick! Ela não estava pensando em você, foi só modo de falar e ela só lembrou que não pegou meu número, supernormal.

— Eu envio outra? – Perguntei depois de mostrar a resposta para Jhu e ela suspirou.

— Entre o claro e o óbvio... Qual você escolhe?

— Óbvio! – Sussurrei voltando a digitar.

É você? Ainda bem, pensei ter enviado para um estranho hahahaha. E é verdade, eu não tinha te passado meu número, desculpe por isso.

Enviei olhando para Jhu e ela revirou os olhos como se estivesse desaprovando o que fiz.

— O que foi?

— Nada! É que você não deixou espaço para começarem um novo assunto, o que significa que ela vai rir do que disse e colocar uma resposta qualquer ou não vai rir e escrever um "sem problema". Devia ter me deixado escrever, você é burra. – Acusou e me encolhi. Ela tem razão, eu sou muito burra.

— Aaah você tem razão! Eu não puxei um assunto, sou idiota.

— Não tanto, já que vai me ajudar no dever. Aqui, essa conta. – Apontou para o caderno e suspirei me inclinando para ver do que se tratava.

— Divisão, multiplicação e subtração? Nossa, isso é muito fácil de se re-. – Calei a boca quando o celular apitou, abri rapidamente a mensagem e lá estava a resposta dela. 

Um estranho apenas diria não ser eu hahahaha ou não? Mas sem problema! Agora já tenho o número.

Olhei para Jhu e ela fechou o caderno com os olhinhos brilhando assim como os meus. Galateia colocou um "ou não?" o que significa que posso lhe enviar mais mensagens com uma resposta para essa.

— É agora que você diz que a ama há três anos e que quer ficar com ela pelo resto da sua vida. – Brincou lendo a mensagem e lhe dei um leve tapa na cabeça.

— Não diga essas coisas. O que eu respondo?

— Olha... Quando converso com meus namorados por mensagem eu... Acorda Vick! Eu tenho 10 anos e você 17. Vai tomar vergonha na cara. – Bufei apertando para responder e nenhuma das coisas que eu imaginava parecia ser boa o bastante para a mente superdesenvolvida da Galateia. - Olha! Você tem que me ajudar a estudar. Avisa isso em mensagem! Ela vai adorar saber que você tem uma irmãzinha fofa que ama. – Revirei os olhos pra sua frase, mas não posso deixar de admitir que é uma boa coisa.

Vai saber! A tantos pedófilos nesse mundo hahahahaha. Mais uma vez... Agora você tem meu número! Qualquer coisa que precisar saber me liga. Eu estou apenas ajudando minha irmãzinha com o dever de casa agora, mas normalmente não faço nada durante a noite.

Sorri com minha mensagem quando a enviei e comecei a ajudar Jhu com sua matéria de matemática. Saudades de quando tudo que eu tinha de fazer era somar 10 + 10 ou 30 – 10.  Tempos fáceis que não voltam. Desde que a hipotenusa entrou na minha vida que sinto que meu cérebro diminuiu de tamanho.

— Nossa Jhu! Essa conta não tem segredo, minha fofa. Você só precisa descobrir a metade de 50. – Saudades de quando descobrir a metade de 50 era minha única preocupação de vida.

— Mas aí está falando 50 dividido por 2.

— Ué, mas 2 é a metade. Como se você tivesse 50 balas e precisasse dar a metade pra mim.

— Quê? Eu me matei pra saber que a desgraça da resposta é 25? Tomar no cu hem!

— Olha a boca! – Resmunguei batendo de leve em sua cabeça e ela suspirou.

— Aquela professora feia não sabe ensinar, ela não faz enunciado nas contas pra ajudar. Velha gorda. – Xingou e juntei os lábios para não rir. – E hoje a Lucy não foi pra escola, ela quem me ajuda. Ela não precisa de enunciado, é um gênio. – Resmungou. – Minha sorte é que você pode me ajudar.

— É maninha, você é uma gracinha e tem uma carinha de anjo. Vou sempre te ajudar.

— Se me chamar de gracinha de novo... Cabeças vão rolar aqui. – Comecei a rir baixinho. Jhu é muito fofa. Ela herdou o cabelo encaracolado do meu pai, que é loiro, então literalmente parece um anjinho, mesmo não gostando disso.

— Vamos continuar seu dever? – Perguntei curiosa e meu celular começou a tocar. O peguei atendendo ao ler o nome do contato, que era cocô, ou seja… Vanessa.

— Vick! Eu vou demorar um pouco aqui na escola! Pode fazer algo pra Jhu comer?

— Eu não! Ela que morra de fome. – Brinquei e ganhei um tapa de minha irmãzinha.

— A obrigue a comer verduras. – Falou ignorando minha brincadeira. Ata! Pra eu conseguir fazer Jhu comer verduras eu teria que oferecer minha alma pro Satanás e prometer mais dois servos.

— Obrigar? Hum! Gostei disso. Não se preocupe Vane, se depender de mim ela comerá uma horta inteira. – Falei rindo de canto e vendo Jhu fazer uma careta.

— Obrigada Vick! Você é uma boa filha, só que não, né? – Comecei a rir. Vane é superdivertida, não a considero uma mãe, e nem uma madrasta! Para mim ela nem é a esposa do meu pai, mas sim uma irmã mais velha.

— Sabe que te amo, Vane.

— Sei! Quem não me ama? Levo sorvete para vocês quando sair aqui. Tenho que desligar.

— Como assim tem que des-. – Suspirei quando ela desligou na minha cara e olhei para Jhu sorrindo maliciosamente.  – E vamos de pedir hambúrguer? – Perguntei e ela sorriu largamente.

— Pizza! Hambúrguer e refrigerante. – Falou animada e assenti pegando minha bolsinha de dinheiro. É em horas assim que tenho certeza que essa guria é minha irmã mesmo, e que não puxou tanto assim para a Vane. Peguei o dinheiro e entreguei um pouco para ela contar, esticando a mão para pegar meu celular que tocou de novo.

— Ligou pra se desculpar por desligar na minha cara e me fazer chorar em posição fetal? – Perguntei com a voz chorosa, espalhando o dinheiro na cama e Jhu começou a contar junto comigo.

— Hã... Victória? – Meu sorriso ficou petrificado, enquanto minhas mãos tremeram levemente sobre o dinheiro.

— PORRA! Ga-Galateia? – Perguntei ficando muda logo em seguida! Puta que o pariu. Eu acabei de gaguejar?

— Sim! Você disse que eu podia te ligar caso... Que qualquer coisa eu podia te ligar. – Falou de forma baixa e pude ouvir cantos de pássaros não muito distantes. Galateia me ligou. Eu devo ser abençoada, os deuses devem me amar. Eu tenho uma vida clichê?

— Sim! Eu disse. Que bom que me ligou. – Falei rindo que nem uma retardada. Agora só falta ela me chamar pra sair. Sorri mais uma vez com meus delírios e Jhu me mostrou o dinheiro que havia contado, avisando serem 23 euros, com o que eu contei deu o total de 52, viva! Pizza, hambúrguer e refrigerante.

— Hã... Vicent me disse para lhe avisar que amanhã ele não vai à aula e se você poderia levar um cartaz e me entregar.

— Vicent? – Perguntei curiosa e logo me lembrei de que são primos e que moram na mesma residência. É! Não tenho uma vida clichê no fim das contas, ela só me ligou para falar sobre o trabalho. - Po-posso sim! Qu-quer dizer... Que cor você quer o cartaz? – Perguntei me amaldiçoando. É difícil não gagueja, Vick? Será que pode fazer um esforço?

— Acho que um branco seria mais original. – Falou de forma baixa e fiquei olhando para frente com cara de idiota. A voz de Galateia parece ser o cantar de um anjo, nunca imaginei ouvir essa linda voz tão próxima do meu ouvido.

— Certo! Então será branco! Quer que eu leve mais alguma coisa? – Perguntei para que continuássemos a nos falar por mais algum tempo. Conversar com ela por telefone é bom, porque não preciso ficar me preocupando se meu rosto está vermelho ou não.

— Não que eu saiba. Se tivesse Vicent teria me avisado.

— PINCEL! – Ouvi um grito de Vicent e em seguida Galateia o xingando por ter gritado no ouvido dela. Involuntariamente comecei a rir ao ouvir ele a chamar de ninfa irritada.

— SAI DO MEU QUARTO! – Gritou para ele e o ouvi gargalhar. — Por que diabos você entrou aqui? Tem uma placa de todo tamanho falando “somente pessoal autorizado”. – Falou irritada e ergui uma sobrancelha. Olha, a ideia dessa placa me parece muito inteligente.

— Eu sou o cérebro nesse grupo, meu bem! Sem mim vocês duas não são nada. — Falou alto e ouvi perfeitamente os resmungos irritados dela.

— Cala a boca Vicent. – Falei e ouvi uma risada abafada de Galateia. Oh céus! Ela riu do que eu disse.

— Deixa você, Gatinha! Nunca mais fala comigo. — Olhei para Jhu e ela ergueu uma sobrancelha.

— Seria um sonho, Vicent! Um dia com você e já não te suporto. – Falei séria, se ele acha que tem liberdade para me chamar de gatinha, eu posso muito bem falar o que penso dele.

— Meu Deus! Você está me ofendendo, Victória. Vou embora. — O ouvi resmungar e em seguida Galateia suspirou. 

— Não o leve a sério! Quinta ele já estará te enchendo de novo, acredite! O conheço tem uns anos. — Comecei a rir e ela me acompanhou.

— Hã... Agora só tenho de ver a que horas vou comprar isso e onde. – Alertei em perceber que estávamos caladas há muito tempo e ela ficou em silêncio por alguns segundos.

— Eu conheço um lugar perto da escola, se você pudesse ir um pouco mais cedo, se não puder eu compro também, não tem problema. Te pedi isso, mas acabei de lembrar que eu moro perto da escola, você não. — Falou com a voz culpada e sorri. Ela é um nenê apaixonante.

— De jeito nenhum! – Alertei e ela ficou quieta. - É minha tarefa! Eu vou mais cedo, não se preocupe. Eu não sou tão ruim assim com grupos, faço a minha parte.

— Vai que horas? — Perguntou curiosa e pensei no meu dia de amanhã e no horário do metrô.

— Acho que sairei de casa as dez.

— Nossa! Não é muito cedo não?— Aaah ela está preocupada comigo? É isso? Eu vou morrer.

— É que tenho de pegar o metrô. Então chegarei perto da escola umas 11:30hs, não é muito diferente do meu dia normal, o que muda é que normalmente saio às 11:30hs para chegar às 13:00hs. – Contei minha rotina diária.

— Nossa! Você faz isso todo dia? — Perguntou curiosa.

— Desde que comecei a estudar nessa escola.

— Hum... Deixa que eu compro então! Aí pode vir no horário normal, até por que, é mais fácil pra mim.

— Aiai! O que eu disse sobre ser minha tarefa? – Perguntei.

— Eu posso achar outra tarefa para você.

Já aceitei essa, só lamento. – Brinquei e ela riu.

Você que sabe. Posso pelo menos te mostrar onde fica a papelaria? – Perguntou e arregalei os olhos. O quê? ELA QUER IR COMIGO?

— Faça o que seu coração mandar. – Tentei soar engraçada, pra de alguma forma camuflar meu total pânico. PORRA! ELA QUER IR COMIGO COMPRAR UMA CARTOLINA.

Tudo bem. Te vejo amanhã em frente à escola, onze e meia. — Alertou e fechei os olhos abrindo a boca para gritar, apenas deixando meus pulmões perderem o ar, já que se eu gritasse de verdade ela ia me achar doida. O coração dela diz sim em me ajudar.

— Tá bom. Te vejo amanhã! – Falei tentando transparecer calma, mas minha mão estava tremendo que nem um pinscher, quase fazendo meu celular cair. Nós vamos sair juntas! Quer dizer, a gente vai comprar um material, mas porra! Ela não precisa ir comigo, porém vai. ELA VAI. – Obrigada por querer ir comigo. – Agradeci a boa vontade dela. MEU DEUS, ELA VAI COMIGO. POR QUÊ?

— Não tem de quê. Tchau e... Boa noite!

— Obrigada! Boa noite para você também.

— Obrigada. – Desligou e me joguei para trás em minha cama, cobrindo minha cabeça com o travesseiro para gritar de verdade. Eu falei com Galateia por telefone, fora da escola! Pela primeira vez na vida eu tive contato com ela fora da escola, e vou vê-la amanhã, antes das aulas começarem.

— Sabia que seu rosto estava vermelho igual a um tomate? – Jhu perguntou e tirei o travesseiro do rosto, vendo que ela me olhava de cima e sorria.

— No dia que você ver a Galateia irá me dá razão de ficar tão desconcertada.

— Hum! Espero que ela seja linda assim como você.

— Eu sou um Smeagol perto dela. Ela é o meu precioso.

— Credo, para com isso. Você é linda. Quero ser linda assim quando crescer. - Elogiou e senti meus olhos marejarem. Eu fui elogiada por uma criança, então realmente devo ser bonita, ainda mais se essa criança é a Jhu.

— Own! Obrigada coisa linda. Agora vamos fazer nosso pedido e terminar seu dever de casa. – Peguei o celular discando o número da lanchonete e fiz nosso pedido, incluindo um para Vane. Amanhã será um longo dia, será somente Galateia e eu no grupo, sem nada de Vicent, só ela e eu o dia todo. Que maravilha.

XxX

Me sentei em um dos bancos em frente a escola e coloquei minha mochila sobre o colo, olhando para o lado em curiosidade. Credo, uma escola em período de aula é um verdadeiro cemitério do lado de fora, não tem uma alma viva aqui perto, parece até um cenário calmo que usam em filme antes de aleatoriamente algo explodir.

Ontem Galateia me disse que iria me encontrar aqui 11h:30min, e faltam cinco minutos pro nosso horário. Será que ela é pontual ou é daquele tipo de pessoa que se atrasa e te deixa plantado? ESPERA! E SE ELA ESQUECER QUE MARCOU COMIGO?

— Esperou muito? – A voz feminina soou e olhei para o lado rapidamente, vendo Galateia se aproximando de mim em passos lentos, com a mochila pendurada no ombro direito e usando o uniforme da escola. Meu Deus! Ela veio e ela é linda, perfeita recebendo a luz do sol desse jeito.

— Você veio! – Exclamei surpresa, o que levou ela a franzir o cenho.

— Meu Deus, você esperou demais? – Perguntou culpada e rapidamente ergui as mãos as sacudindo de um lado para o outro.

— Não! Eu não esperei, acabei de chegar na verdade. Eu... Eu só estava imaginando que talvez você fosse se esquecer que tinha marcado comigo. Sou meio assim das ideias. – Tranquilizei e ela sorriu. Own meu Deus, ela está sorrindo com os dentinhos de novo.

— Sendo assim. A papelaria é por aqui, vamos. - Falou fazendo sinal com a mão para eu lhe seguir, o que fiz. Eu estou maluca ou ela realmente saiu da casa dela e veio pra escola mais cedo apenas para me mostrar o caminho pra uma papelaria aleatória? Tipo, é uma cartolina! Eu poderia comprar em qualquer lugar, mas aqui está ela, me guiando pela rua para comprar em uma loja específica que conhece.  - Você podia ter deixado eu comprar pra você. – Falou com um tom de humor, o que me fez sorrir.

— Bom dia também. – Brinquei cobrando a saudação e ela se encolheu.

— Bom dia. Desculpe por isso.

— Tudo bem, só estou brincando. A propósito, acho que o Vicent iria me encher o saco se eu te deixasse comprar pra mim. – Falei e ela riu.

— A, pode apostar que sim. – Disse divertida e viramos a esquina de uma rua cheia de árvores. – Chegamos. – Apontou para o lado direito da rua e franzi o cenho. Ok... Acho que isso não tem cara de papelaria, parece mais uma loja gótica. - A papelaria, já que disse que era sua tarefa... Eu não vou te ajudar a comprar nada. – Alertou e continuei olhando a loja em curiosidade.

— Humm certo. – Falei analisando a entrada do lugar, e um arrepio subiu por minha espinha. Nunca vi nenhuma papelaria que tenha uma decoração tão sombria assim, cara… Tem umas bonecas com uns olhos sinistros na vidraça.

— O que foi? – Perguntou curiosa e lhe olhei em silêncio.

— Hã... Eu nunca entrei em um centro satânico antes. – Falei e vi um sorrisinho surgir em seus lábios.

— Victória? É uma papelaria.

— Eu sei... Você vai entrar comigo, né? – Perguntei e ela riu baixinho, negando com a cabeça e entrando na frente. Galateia pode ser alguém que não gosta de fazer amizades, mas ela vir aqui comigo hoje é muito fofo.

— Hoje já é quarta. Amanhã já é o dia de irmos à biblioteca. – Falou enquanto olhava uma sessão cheia de cadernos e suspirei me colocando a seu lado e vendo os mesmos cadernos. Até que aqui dentro é fofinho, pelo lado de fora parecia uma excêntrica loja gótica.

— Você diz já? Para mim os dias estão passando tão devagar. – Confessei. Não sei porquê, mas desde que descobri que Galateia e eu ficaríamos na biblioteca, uma do lado da outra, que os dias passam lentamente, como se por um acaso estivessem se esticando para que a quinta demore a chegar.

— Eu digo já, normalmente os dias demoram a passar, mas de alguma forma estão passando rápido. – Comentou e fiquei olhando para seu rosto enquanto ela se mantinha concentrada nos cadernos.

— Olá meninas. Posso ajudar em algo? – Uma moça se aproximou e Galateia arrumou sua franja que caía sobre os olhos, antes de olhar pra mim e sorrir. Caralho, ela não faz ideia do quanto isso mexe comigo. Se eu não tivesse pleno controle do meu cérebro, possivelmente estaria babando que nem um desenho animado.

— Bom dia Sara! - Saldou se virando para moça e sorri simpática. - Victória quer comprar algumas coisas aqui. – Alertou e a moça de mais ou menos nossa idade sorriu gentilmente.

— Como sempre me arrumando clientes. Você é um doce. – Falou gentilmente e meu sorriso se transformou em uma boca entortada de ciúmes. Galateia não é um doce! Quer dizer, talvez ela seja, mas não fala tão carinhosa assim com ela, que estranho.

— Não venha com elogios. – Falou calmamente e quase dei um soquinho pro alto em comemoração. Toma, distraída. - Atenda a Victória que eu vou dar uma olhada por aqui. – Falou começando a se afastar e olhei para moça que negou com a cabeça enquanto ria.

— Não quer ver a sessão de figuras? Aquelas de cereja chegaram. – Alertou e Galateia se virou de volta pra gente com um sorriso. – Estão lá no fundo.

— SÉRIO? – Falou surpresa, saindo rapidamente para os fundos da loja, deixando somente a atendente e eu.

— Ela adora cerejas! – Comentou e assenti. Mais uma coisa para lista que fiz sobre Galateia, ela adora cereja.

XxX

Suspirei arrumando a bolsa no ombro e esperando a moça voltar com o bendito cartaz que foi buscar por onde a Galateia tinha ido antes. Eu queria ter ido junto, mas acabei ficando quando ela disse “é só um minutinho”, já fazem dez e nada dela voltar. Será que se eu for atrás vai ser muito feio?

— Então, lindinha... Uma cartolina. – Falou surgindo de trás da estante, enrolando a cartolina e a olhei com os olhos estreitos. Lindinha? – Um pincel de número 12. – Entregou-me os dois e foi para trás do balcão, procurando algo na estante e se virando. - E um pote de tinta preta.

— Oh! A tinta. Eu não iria me lembrar, nem Vicent se lembrou. – Falei agradecendo por ela ter pegado tal coisa. Ainda bem que ela se lembrou de me mostrar isso, eu estava tão ocupada em querer saber o que ela estava fazendo que não me liguei que tinha coisas a mais para comprar

— Normalmente as pessoas esquecem. Agora me diga... Você está no mesmo grupo que Galateia, certo? – Perguntou curiosa e assenti. E como você sabe disso? Certeza que estava de papo com ela. – Hum, menos mal. – Sorriu gentilmente e estreitei os olhos. Quê?

— Por que a pergunta? – Perguntei séria e ela sorriu de novo.

— Por nada, só curiosidade mesmo. – Fiquei a encarando e ela suspirou. - Certo! Você até parece uma menina legal. – Começou e cruzei os braços. Não vem com esse papo pra cima de mim não, você tá agindo muito suspeita.

— Não! Eu não sou nem um pouco legal, e muito menos pareço ser. – Falei séria e ela riu divertida.

— Interessante... Continue assim e se tornará amiga número um da miss rabugenta. – Apontou para trás e me virei, vendo Galateia olhando uns ursos de pelúcia e voltei a olhar pra Sara para continuar a conversar, não calculando direito o tempo, porque meu rosto ainda estava vermelho por ter visto Galateia toda fofinha sorrindo para os ursinhos. – Ah. O amor é algo tão fácil de ver, tão vulnerável.

— O quê? Que amor? – Perguntei surpresa e ela riu me mostrando uma carta que tirou do nada. Ah... Agora ela é mágica?

— Amor. Tarô! Sabe as cartas que significam algo bom? – Perguntou e estreitei os olhos. Uma cartomante? Essa menina é uma cartomante? E pior! Ela viu meu amor por Galateia? Mas que porra é essa? Bem que eu desconfiei que essa papelaria era algo estranho. - Vejamos! Seus olhos para minha amiga ali são sinceros. Que cartas sairiam para você se hipoteticamente eu estivesse te dando uma consulta grátis por ser linda? – Perguntou mexendo nas cartas e em seguida me olhou com uma sobrancelha erguida. — Sua primeira carta? – As virou para mim e puxei uma sem muito interesse e em seguida mais duas. - Ok! Vire à primeira. – Pediu e virei desinteressada. Não acredito nesse tipo de coisa, e pior! Não acredito que estou fazendo esse tipo de coisa.

— Você sabe que isso é palhaçada, né? – Perguntei sem ânimo e ela me olhou por de baixo dos cílios enquanto arrumava as cartas.

— Quanto menos acreditar, mais eu posso ver.

— Sim, entendo. Vai dizer aí que eu vou ficar solteira até meus trinta anos e ser uma velha com onze gatos? – Perguntei e ela negou com a cabeça sorrindo.

— Tá me vendo com uma bola de cristal aqui? – Perguntou e cruzei os braços.

— Não é a mesma coisa?

— Não? Enfim, cala a boca e concentra, por favor. – Pediu e estreitei os olhos.

— Vê logo isso pra eu poder ir embora.

— Tá bem, olha só. O mundo. Sabia que é a melhor carta? – Falou animada e revirei os olhos. A melhor carta, sei. Ela tá é me enrolando. – Vire outra. - Pediu e virei a outra fingindo desinteresse. Tá... Como assim "O mundo"? 

— E agora? – Perguntei curiosa por ela piscar várias vezes.

— A temperança... – Sussurrou de forma baixa e apontou para outra carta, que virei curiosa. - O sol? – Perguntou a si mesma e sorriu para mim com carinho. Ok, ela está me assustando.

— E aí?

— Bom! Pelo que estou vendo, Victória. Você tem uma grande sorte. Quer saber o que cada uma significa? Ou não se importa com o seu destino? – Mordi o lábio inferior e neguei com a cabeça. Quando eu chegar em casa olharei na internet o que cada carta dessas significa e o que significam juntas. Sara não precisa saber que estou curiosa sobre meu futuro ao lado de Galateia, se é que existe um futuro. Ela não precisa saber que estou curiosa.

— Hum! Você já está brincando com ela? – Galateia perguntou ao meu lado e dei um pulo assustada, o que a fez rir baixinho. Caramba, desde quando ela estava aqui? - Você acredita nesse tipo de coisa, Victória? – Perguntou curiosa e sorri sem jeito, negando com a cabeça várias vezes.

— Eu não! Foi ela que insistiu. – Acusei apontando para Sara e Galateia sorriu.

— Ah! Vejamos... Sua hipotética consulta grátis por ser linda? – Assenti e ela olhou para Sara negando levemente com a cabeça.

— Sabiam que vocês duas são ótimas clientes? Eu me lembro das suas cartas, Ninfa fofa. – Falou olhando para Galateia e lhe olhei também. Ela também escolheu cartas? - A única diferença de você com a Victória é que em vez do sol você pegou a imperatriz. – Estreitei os olhos e Galateia cruzou os braços a olhando séria e erguendo uma sobrancelha, como se a pedisse para explicar.

— "O mundo" de ambas significa que o amor de vocês é puro e verdadeiro. – Contou e me apoiei na outra perna de braços cruzados. Tá, eu não acho que tenha malícia com a Galateia e... Eu “gosto” dela tem três anos.

— Você está me esperando falar alguma coisa pra continuar? – Galateia perguntou sem paciência pelo silêncio da menina que fez uma careta desgostosa.

— Tava esperando palavras carinhosas de você, meu amor. – Falou sarcástica e ergueu outra carta que eu tinha escolhido. – A “temperança" de ambas, significa que a vida sexual será ótima. – Corei violentamente e olhei para o outro lado. Que porra de vida sexual? Eu teria sexo com... PORRA.

— Isso foi inconveniente. – Galateia murmurou e lhe olhei de canto de olho, vendo que seu rosto estava tão vermelho quanto o meu. Oh meu Deus, ela tá com vergonha.

— A verdade nua e crua. – Sara falou divertida e ergueu minha outra carta com um sorriso. - "O sol" da Victória. – Apontou para mim e suspirei. - Significa que você crescerá e aprenderá muito com seu amor, em todos os sentidos da palavra. Ele te ensinará que as vezes, mesmo que você esteja certa de que não está errando, está cometendo o maior erro da sua vida. – Olhei para Galateia de canto de olho outra vez, já que eu só puxei mesmo as cartas porque era em relação a ela.

— Então você está dizendo que Ga... – Calei a boca por um momento por quase soltar o nome da Galateia e olhei para moça que tinha um sorriso maldoso nos lábios. – Que essa pessoa, meu amor no caso, que pode ou não existir, vai ser tipo uma professora. – Fiz graça e Galateia riu como se aprovasse minha falta de crença.

— Vai rindo. Quem ri primeiro, me dá razão depois. – Falou como se fosse A vidente e revirei os olhos assim como Galateia, embora no fundo isso esteja me deixando curiosa. Como ela descobriu tão fácil que eu gosto da Galateia? – A falta de fé de vocês é triste, mas enfim. "A imperatriz" da ninfa, significa que não é tempo de paixões e sim amor verdadeiro e, que você precisa aprender a enxergar o lado da outra pessoa se quiser ter um romance feliz. Nem tudo gira em torno de você e vai precisar saber lidar com as situações quando elas surgirem, por mais que elas te tirem completamente da sua zona de conforto.  – Falou séria e me olhou rapidamente antes de voltar a atenção para as cartas. – Mas quem sou eu pra dizer, não é? Suas duas céticas. – Murmurou.

— Fala sério! Isso tudo é bobagem – Galateia falou e assenti, mesmo que tudo esteja me deixando interessada. – Não é questão da fé. Meu amor nem mesmo se lembra de quem eu sou. – Falou em um sussurro e lhe olhei surpresa por ouvir. Espera! A Galateia já tem alguém que ela ama? De verdade? Tipo... Ela ama uma pessoa e essa pessoa não lembra dela?

— As cartas não são pra hoje, nem pra daqui a dois dias ou um ano. – Sara falou séria e Galateia olhou no relógio em seu pulso.

— Nossa, olha só a hora! Está tarde pra caralho. Daqui a pouco já toca o sinal de entrada da escola. – Falou e colocou um monte de coisas sobre o balcão, coisas que até agora eu não tinha visto em suas mãos.

— Você é minha cliente mais fiel, Ninfa.

— Para de show e me dê logo a conta. Sabe que sou quase que a sua única cliente, já deu uma olhada na entrada dessa papelaria? Victória hoje me disse que nunca tinha entrado em um centro satânico antes. – Contou e arregalei os olhos por ela contar, porém suspirei aliviada por Sara rir.

— Sabe que eu te amo, rabugenta. – Falou divertida e entortei os lábios, indo olhar uns chaveiros enquanto Sara batia o preço de cada coisa na calculadora.

Então eu peguei a melhor carta do baralho? "O mundo", se isso fosse verdade, os deuses realmente me amariam. Ainda aprenderei muito com Galateia? Tipo, de verdade? Será que se... Ah, fala sério. Acorda Vick, você não acredita em tarô! E não é agora que vai acreditar e também... Galateia já gosta de alguém. Droga! Ela já gosta de alguém.

— Já podemos ir! – Galateia chamou e saí de perto dos chaveiros, indo para perto dela, que me esperava na porta. - Na verdade você já podia ter ido, não precisava me esperar. – Sonha.

— Tem problema não. Você me mostrou a papelaria, o mínimo que eu podia fazer é esperar. – Ela assentiu e juntas saímos da papelaria. Na verdade, eu só esperei porque contava os dias para pelo menos uma vez no mês me esbarrar em você. Agora que posso ficar ao seu lado, não vou desperdiçar nenhum segundo. - Quer me dar um pouco de suas sacolas? Pra ser sincera... É a primeira vez que vejo alguém comprar tanta coisa em uma papelaria. O que tem aí? – Perguntei e ela ficou em silêncio um tempo, caminhando quieta.

— Algumas coisas que minha mãe precisa e umas que eu preciso. – Falou por fim e assenti. Ah sim! Chegamos ao ponto chave de tudo, o que me faz lembrar o porquê de eu ser tão fascinada por Galateia, sua mãe! Scarlet. M. Maiden. Se Galateia já tem alguém que gosta, as chances de eu ter uma oportunidade são zero, então pelo menos continuarei com um segundo objetivo: conhecer Scarlet.

Mas eu não peguei a carta "O mundo"? Isso deveria me indicar sorte, né? Porque eu pensei na Galateia quando a puxei, mesmo que involuntariamente… Eu pensei. Isso deveria significar uma vitória na minha vida, então... Por que ela já tem alguém que gosta? E... E se ela gostar de um cara? Não que seja estranho, eu também achava que deveria gostar deles até me esbarrar nela. Mas, se ela gosta... Que chances eu teria? Mesmo se ela fosse bissexual, ela já gosta de outra pessoa. Se não tenho nenhuma chance... Por que tirei o mundo?


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Notas finais do capítulo

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