Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 28
All The Things She Said


Notas iniciais do capítulo

Oi oi.Sono, sono, vontade de morrer, sono.

Real estou quase desmaiando aqui então... É isso?

Revisão tá cagada, creio eu, qualquer coisa, acerto depois e tal

Att 2/2??? Eu nem sei mais o que tô fazendo.

Música para o capítulo tá meio ???????????????, mas é essa aí mesmo ou o resultado seria eu dormindo na frente do pc. A música não é ruim, mas não combina? Acho. Eu nem sei mais o que tô fazendo da vida.

Enfim.

Música para o capítulo: t.A.T.u. - All the Things She Said

Playlist da história.

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Dito isso

~Boa leitura.



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Victória Pov.

Pisquei várias vezes tentando processar a frase que ela havia dito “até gostaria” Meu Deus?? Por que do nada ela disse isso? Justo no dia que vai pra minha casa? Espera... Vai tomar no cu. EU VOU PASSAR A NOITE DO LADO DESSA DEMONIA? Caralho. O que está acontecendo com ela? Isso foi tão... Tão... Porra. O que está acontecendo? ELA ACABOU DE FALAR QUE GOSTA DE MENINAS? GALATEIA GOSTA DE... SOCORRO, ELA É DO VALE? AAAAAAAAAH.

— Você vai entrar? – Ouvi a pergunta e olhei para porta da papelaria, vendo a menina das cartas com um espanador na mão. – Galateia já está com a Sam. – Alertou e apertei a alça da minha bolsa indo totalmente aérea em direção a entrada. Espera... Sam?

— Sam? Espera, por que a Sam estaria aqui? – Perguntei ao parar a sua frente e ela me olhou em curiosidade.

— Galateia te traz e você não pensa no por quê? Pelo jeito te faltam detalhes. Prazer, irmã mais velha da Sam. – Abri a boca surpresa e ela sorriu. Oh... Agora faz sentido ela ter me trazido para papelaria. - Bem-vinda. – Saudou e sorri em resposta. - Como vai? Nunca mais voltou aqui. Algum progresso com a Galateia? – Questionou entrando na frente e olhei para os lados procurando a dita cuja, chegando mais perto do seu corpo para sussurrar.

— Eu não sei... O que você disse sobre as cartas aquele dia, era verdade? – Perguntei e ela riu baixinho.

— Depende! Só conto se lembrar meu nome.

— Sara. – Resmunguei por ser um nome fácil de lembrar, além de que, Galateia já o disse outras vezes.

— Droga, assim fica sem graça, você não vai precisar implorar pela minha sabedoria. – Reclamou e neguei com a cabeça. – Enfim, nunca erro, ainda mais quando o casal escolhido está lado a lado, mas... Por que está curiosa agora? Aconteceu alguma coisa mágica? – Sussurrou de volta e tornei a olhar para os lados para ver se Galateia não surgia de algum canto.

— Galateia não está por aqui? – Perguntei preocupada e ela riu. Eu não sei quanto tempo fiquei parada do lado de fora.

— Não se preocupe, ela foi lamber minha irmã um pouco. Quer ir lá falar com elas? – Perguntou e assenti. – Ótimo, mas só depois que me responder, caso contrário não entra na minha casa. A fofoca vem primeiro, desembucha. – Cruzou os braços e lhe olhei em silêncio por alguns segundos, tentando descobrir se falava sério ou não, percebendo que era sério quando sua sobrancelha se ergueu.

— Ela meio que acabou de me dizer que é... Bem... – Sussurrei confusa e seus olhos se fecharam lentamente antes de soltar um suspiro.

— Gay, gay, homossexual e gay? Sério? Ela precisou te dizer? Não está escrito na cara dela? Mais lésbica que a Galateia, só a própria bandeira.

— Como eu ia saber?

— Sabendo? Eu lá ia lê cartas pra hétero? Me respeita. Aguento a Sam porque é da família e não se deve ter preconceito com os familiares. Até respeito ela, mas ela lá com o namorado dela e eu aqui. – Falou e lhe olhei de cima a baixo. Espera, Sara é lésbica?

— Você...

— Se me perguntar se eu sou lésbica, vou acertar a primeira coisa que ver na sua cabeça. Cadê o seu gaydar? Tá com defeito? – Reclamou me virando de costas como se procurasse algo. – Deus, pelo menos uma das partes não é lerda por completo.  

— Parte do quê? – Perguntei totalmente confusa e ouvi outro suspiro seu.

— Sua lerdeza me esgota, enfim.  SAAAAM! TENHO UMA SURPRESA PARA VOCÊ. – Gritou do nada e fechei brevemente os olhos por zunir meus tímpanos.

— MENTIROSA, A GALATEIA JÁ TÁ AQUI. – Ouvi o grito dela de volta e só então me toquei do que Sara disse. Por que eu sou lerda? – COMO ASSIM VOCÊ TROUXE A VICK, GALATEIA? VAI BUSCAR ELA AGORA. – Gritou e cutuquei as costelas da Sara, que me olhou com os olhos estreitos.

— Por que eu sou lerda? – Perguntei confusa, mas engoli em seco quando Galateia surgiu na porta. Meu rosto esquentou de vergonha ao me lembrar da sua frase antes de entrar aqui primeiro. “Até gostaria” e é do vale...

— Vem cá bebê. – Chamou voltando para dentro e Sara riu abrindo a porta do balcão para me dá passagem. Caralho, ela está fazendo de propósito, não tem outra.

— Você ainda tem dúvidas sobre o quê? – Sussurrou e suspirei.

— Não sei se é sério ou brincadeira.

— Acho que você não conhece o senso de humor da Galateia... Enfim, nada direi sobre isso. Vai logo lá pra dentro antes que Sam apareça se arrastando no chão. – Me empurrou pelos ombros e ri entrando no espaço, sorrindo por Galateia estar me esperando ali enquanto analisava as unhas. Ok, essa garota já é linda no seu normal, mas porra, usando esse kimono chega a ser crueldade com meu coração.

— Pronta?

— Completamente. – Comecei a lhe seguir pelo corredor e olhei para faixa do seu kimono que estava amarrada na cintura. Sorri perversa e passei minha mão por ela, puxando a faixa para trás. Minha intenção era quase lhe derrubar, mas ela se virar de supetão, firmar o antebraço um pouco abaixo do meu pescoço e me empurrar para parede, me pegou totalmente desprevenida. CARALHO.

— Quer morrer? – Perguntou divertida e arregalei os olhos por seu corpo estar tão próximo do meu. Garota? Não me joga contra a parede desse jeito, não logo depois de me informar que curte beijar bocas femininas.

— Você que vai matar? – Provoquei tentando não deixar tão óbvio que estava prestes a ter uma síncope. Porra, do nada! Essa maldita tirou o dia para fazer meu coração disparar?

— Vão se beijar? Se forem, eu quero ver. – Ouvi a voz de Sam e olhei em direção ao som, a vendo na entrada da porta em sua cadeira de rodas. – Trouxe até um lanchinho para assistir. – Ergueu o pacote de salgadinho que comia e Galateia se afastou de mim erguendo os braços como se estivesse se rendendo.

— Vick é uma garota difícil, palavras dela.

— A VICK? – Ouvi o grito histéricos de Vicent e o mesmo surgiu por trás da Sam. - Caralho! Galateia trouxe você. – Falou surpreso e me afastei da parede. - Estou chocado com sua presença. – Continuou e Galateia pegou minha mochila a colocando sobre o próprio ombro. - Você some, evapora. Não responde minhas mensagens... – Resmungou emburrado e dei de ombros.

— Sua última mensagem foi perguntando se eu tomava banho me lambendo ou se fazia minhas necessidades na piscina como os peixes no mar. Você acha mesmo que perderia meu tempo lendo suas outras mensagens?

— Era uma dúvida importante! Você é gatinha, mas também é uma sereia. Espera! Você come peixe? – Perguntou e revirei os olhos.

— Larga de ser idiota, por isso que ninguém quer amigar com você. – Sam reclamou e ele lhe olhou em choque. – Como fica minha reputação se você estraga ela quando descobrem que é meu namorado? – Virou a cadeira no corredor e ri alto. – Vamos para meu cantinho da felicidade. – Chamou e dei língua pro Vicent, seguindo Sam e Galateia pelo corredor até chegar em uma sala da casa dela, onde era praticamente toda completa de almofadas e protetores? – Como pode ver, minha mãe acha que sou uma recém nascida. Se você jogar uma criança aqui, ela certamente vai quicar pra tudo quanto é lado, se bobear até os tijolos da parede foram feitos de espuma. – Brincou e acabei rindo ao perceber que embora ela estivesse exagerando, o ambiente inteiro era realmente protegido por todos os lados.

— Pode se sentar onde quiser. – Galateia alertou e neguei com a cabeça algumas vezes.

— Estou bem de pé. E eu ainda te devo uma surra. – Brinquei a vendo colocar minha mochila sobre um dos sofás.

— A não, ela está te provocando. – Sam começou usando um tom de surpresa. - Eu não deixaria se fosse comigo. Implica comigo assim pra você ver se eu não te dou uma tesoura voadora no pescoço igual a Viúva negra. – Passei a língua sobre o lábio inferior e o mordi logo em seguida para evitar minha risada. Cara...

— Pode rir, sei que você quer. – Vicent cutucou minhas costas e acertei um tapa na sua mão.

— Ela não é doida de me provocar. – Galateia falou se virando de costas e sorri diabolicamente, eu não sou doida? Isso é um desafio?

— Có... – Comecei imitar o som de uma galinha e seu movimento de andar parou subitamente. – Có, có, có. – Continuei e senti meu coração errar umas batidas quando ela se virou para mim, o rosto com uma expressão séria.

— Você não fez isso. – Falou quase em um rosnado e ri.

— Não? Có, có, có. - Me atrevi a bater os braços juntos ao lado do corpo e virei para os lados enquanto passava os pés no chão devagar.

— Oh shit, é melhor nos afastarmos para nossa segurança. – Vicent falou correndo para o lado da Sam e lhe olhei divertida.

— Você é tão medroso. Ela não me venceria nem em um mi-. – Parei subitamente de falar quando meu braço foi puxado para frente e tudo rodar em uma velocidade absurda antes de sentir o baque do meu corpo ao cair sobre as almofadas com a respiração acelerada e o coração disparado. PORRA! Ela me derrubou com um golpe? Caralho.

— Nem em um milhão de anos? Era essa a frase que ia usar? – Perguntou se ajoelhando com as pernas de cada lado da minha cintura e se sentando sobre meu abdômen. Arregalei os olhos pela minha temperatura corporal se elevar com a simples visão dessa garota sentada sobre mim. – Não me provoca, Victória. Eu posso ganhar de você com uma mão amarrada nas minhas costas. – Seu tom de voz saiu sério e sorri por isso significar que se continuar provocando, coisas assim podem acontecer direto. Caralho, ontem ela disse que não gosta de ninguém, de NINGUÉM caralho. Isso significa que posso flertar com essa deusa sem peso na minha consciência.

— Vai sentar em cima de mim toda vez? Se sim, eu não calo mais a boca. – Pisquei e prendi a respiração por seu tronco se inclinar em minha direção e seu cabelo fazer cocegas do lado do meu rosto antes da sua boca ficar próxima da minha orelha.

— Por que você não faz o teste e descobre? – Sussurrou voltando a posição anterior antes de rolar para o lado e se erguer, me deixando largada. Olhei para o teto tentando acalmar as batidas do meu coração e soltei a respiração, inspirando o cheiro do seu perfume que havia ficado no ar. Cacete, minhas mãos estão tremendo. Essa garota ainda vai me matar, puta que pariu. Descobrir? O que essa maldita quis dizer com descobrir? Ela está me provocando! Por quê? Deus! Será que existe chance? Ela me disse que não tem... ESPERA! POR QUE ELA ME DISSE QUE NÃO TINHA MAIS NINGUÉM QUE GOSTAVA? ISSO É UM SINAL?

— Quanto tempo vai ficar largada aí? – Ouvi a voz do Vicent e pisquei várias vezes me situando, olhando para os lados e vendo que Galateia não estava mais no local. – Ela foi trocar de roupa tem uns cinco minutos e você viajando aí. Que mundo foi esse que ela te levou? – Brincou e me sentei em um solavanco.

— Eu acho que tenho chance! – Falei rápido e ele arregalou os olhos

— DE VERDADE? – Gritou junto de Sam e me ergui em pura euforia. Pelo amor de tudo que seja mais sagrado, eu não posso estar errada nisso.

— DE VERDADE. – Gritei de volta.

— O que vocês estão gritando aí? – Sara surgiu no cômodo com as mãos na cintura e um olhar curioso.

— Vick viu uma barata voadora. – Vicent mentiu e ela deu um pulo no lugar, olhando para todos os lados a procura do inseto que não existia.

— Como a porra desse bicho entrou aqui? – Perguntou focando sua atenção em um canto do teto e todos nós olhamos na mesma direção, vendo de fato uma barata andando na parede e voando para pousar por cima da porta que estava fechada. O QUE DIABOS? DE ONDE ESSE BICHO VEIO?

— MEU DEUS! MATA. – Sam gritou empurrando a cadeira para trás da irmã e Vicent tirou o chinelo do pé o jogando pra acertar o bicho, mas na hora que o arremessou, a porta foi aberta por Galateia e o chinelo acertou diretamente seu rosto.

— Mas que desgraça? – Reclamou com a mão no rosto e se abaixou no chão resmungando alguns xingamentos.

— Não quero te alarmar, mas tem uma barata bem ali em cima da porta. – Sara falou e ela olhou para trás, esticando o braço para pegar o chinelo no chão.

— Quem jogou essa porra? – Perguntou e apontei para o Vicent, o que a levou a revirar os olhos.

— Tinha que ser esse merda mesmo. Não faz nada direito. – Olhou para barata e jogou o chinelo nela, acertando em cheio. – Caolho do caralho. – Se levantou pegando o chinelo de volta para bater sobre o inseto que se mexia todo desengonçado no chão.

— Olha a sua distância pra minha. Caolho nada, foi só questão de proximidade. – Vicent reclamou cruzando os braços e arregalei os olhos pelo chinelo voar na direção dele e acertar seu peito, o levando a sacudir os braços com uma careta de nojo pelo chinelo sujo devido a morte da barata. – Eca, não joga essa coisa nojenta em mim.

— Eu devia te fazer engolir ele por acertar no meu rosto. – Reclamou e só então foi que notei que ela usava o uniforme da escola, mas que ainda não estava totalmente pronta, porque o paletó estava aberto e a gravata apenas jogada sobre o pescoço. Tenho certeza que Galateia jamais consideraria isso como “estar pronta” se tratando de si mesma, mas meu Deus, ela é linda demais.

XxX

Sabe aquele momento em que você olha para pessoa e sente seu coração palpitar mais forte? É exatamente como estou me sentindo agora. Galateia está incrivelmente sexy escorada na pilastra do metrô. A forma com a qual ela está lendo o guia turístico da pessoa que a perguntou o caminho e acabou esquecendo o papel com ela quando estava prestes a perder o comboio, sei lá! Seus olhos estão tão atentos no objeto desconhecido. O jeito em que o vento bagunça sua franja que teima em cair sobre seu olho, a levando constantemente passar a mão sobre ela a colocando no lugar, sua expressão desgostosa ao olhar o relógio, principalmente agora, que seus lábios se contraíram em um delicado e discreto beicinho, o qual só eu estou tendo o privilégio de ver devido ao meu ângulo.

Posso agradecer a Débora por ter me prendido na escola por uns 10 minutos hoje. Galateia acabou vindo para o metrô na frente e agora não sabe que eu a estou observando. Suspirei pegando meu celular na intenção de tirar uma foto dela. Tem momentos onde a beleza dessa garota precisa ser capturada. Desbloqueei o aparelho abrindo a câmera e aproximando o zoom para ter a visão perfeita dela, e também para acertar perfeitamente o ângulo. Porém assim que batia a fotografia os meus dedos tremeram levemente sobre o aparelho e senti um arrepio subir por minha espinha quando o flash acendeu antes do som do "Clik" soar mais do que alto.

Meu coração disparou quando os olhos dela seguiram o flash, conectando-se aos meus. Olhei para os lados enquanto o arrepio em meu corpo ficava cada vez mais intenso a cada passo que ela dava em minha direção. Que vergonha, meu Deus! QUE VERGONHA. Apertei o celular ajeitando minha bolsa e meu raciocínio mais rápido diante do meu desconcerto foi correr dali. Não acredito que o flash estava ligado. Porra, se fosse cedo tudo bem, mas já está escuro, óbvio que ela ia detectar de onde veio o flash. Deus, eu nunca passei tanta vergonha na minha vida.

— Licença. – Pedi as pessoas a minha frente enquanto tentava me esconder entre elas. Eu não quero mais que ela vá na minha casa hoje, porra. Não quero ver ela pelos próximos quarenta dias depois desse mico. – Burra, sua burra. Confere o flash antes, tapada. – Rosnei passando entre as pessoas e arregalei os olhos quando tropecei no meu cadarço desamarrado, dando um giro de 180 graus e caindo com tudo no meio do chão. – Satanás. – Xinguei tentando me levantar, vendo que minha mochila havia caído um pouco longe e os livros dentro dela se espalhado pelo chão. Deus? Hoje é o meu dia de ser humilhada? Um aviso antes? Porra. Engatinhei pelo chão recolhendo minha mochila e comecei a pegar os livros um por um, parando o processo quando uma gota de sangue pingou sobre a minha mão. – A não, vai tomar no cu. – Reclamei e só então senti a dor em meu lábio inferior. Ótimo, lindo, perfeito, era só o que estava faltando para completar minha vergonha.

— Caiu feio que nem uma fruta podre, Victória. – Um rapaz falou dando uma risadinha e ergui a cabeça com minha pior expressão de ódio ao reconhecer a voz como um dos idiotas da minha sala.

— Quer que eu dê um chute no meio das suas bolas pra ver o que vai ser feio? – Ralhei indo pegar meu livro e ele deu um leve chute o empurrando para longe. – Ótimo momento para me encher o saco, cara. VOCÊ ESCOLHEU UM ÓTIMO MOMENTO. – Gritei me erguendo pronta pra partir pra cima dele e o acertar com um soco, mas travei completamente quando uma mão tocou suavemente meu pulso. Ah não.

— Tá tudo bem? – A voz de Galateia perguntou e fechei os olhos por minha raiva ser substituída por vergonha outra vez. – Peguei seu livro. – Esticou o braço me entregando e suspirei antes de pegar.

— Esse corno que chutou. – Reclamei o enfiando na bolsa e olhei irritada para o rapaz que agora fingia mexer no celular.

— Esquece ele, deixa eu te ajudar. – Passou por mim e se abaixou recolhendo meus livros e quando foi se abaixar para pegar o terceiro o mesmo rapaz o chutou para longe, apertei o punho para ir lhe socar de puro ódio, mas Galateia girou o corpo mais rápido do que eu pude perceber e lhe acertou um soco na boca do estômago, o que o fez se curvar sem ar. – Esse era o último? – Perguntou como se nada tivesse acontecido e foi buscar o livro, vindo em minha direção logo depois. – Meu Deus, você se machucou! – Colocou rapidamente o livro na minha bolsa e tocou meus lábios com seus dedos, fazendo uma expressão preocupada, o que fez a dor concentrada ali evaporar no mesmo instante. – Dói?

— Nem um pouquinho. – Sorri e ela bateu levemente as mãos ao lado do meu corpo para tirar a poeira do chão que estava no meu uniforme, que cá entre nós, era muita, até parece que caí em uma estrada de terra. Talvez seja porque estou com o paletó amarrado na cintura e só com a blusa social branca.

— Vem, vamos ali no banheiro. – Chamou pegando minha mochila a colocando no ombro e agarrando minha mão com a sua, me puxando em direção ao banheiro do metrô. Passei pelo rapaz que ainda parecia tentar recuperar o folego e soltei a mão da Galateia para me pendurar em suas costas, deixando parcialmente o peso do meu corpo sobre o dela.

— Você o socou forte? – Perguntei em um sussurro e ouvi sua risadinha.

— Acertei o diafragma dele. – Se gabou e ri ao entrarmos no banheiro. Eu amo essa garota. – Agora vem cá. – Colocou as mochilas sobre o balcão de pedra e abriu a sua, pegando um lenço para o molhar na pia e se virar para mim, se aproximando para limpar meu lábio inferior de leve. – O que aconteceu pra cair? – Perguntou focando em meus olhos e por um momento fiquei hipnotizada com o azul. Por que ela me disse que não gostava de mais ninguém? – Vick? – Chamou e pisquei me situando.

— Ah! Cadarço. – Contei apontando para baixo e ela suspirou.

— Então agora irei chamar meu motorista. – Alertou e arregalei os olhos.

— Por quê?

— Porque você se machucou.

— Amada? Eu cortei o lábio, só isso. – Falei dando graças a Deus por ela não mencionar sobre a foto que tentei tirar dela. Eu só estava a achando linda e queria uma foto.

— Não importa. Vou chamar o meu motorista. – Frisou o vou e voltou a limpar sobre meu lábio.

— Ai! – Choraminguei ao sentir a dor e suas mãos se afastaram no susto.

— Desculpa. – Pediu voltando a se aproximar de mim, só que agora em uma distância mínima, de forma que eu podia sentir sua respiração em meu rosto. Apertei a beirada da pia no intuito de acalmar as batidas do meu coração. – Prontinho. – Sussurrou afastando o lenço dos meus lábios e se virou pegando seu gloss labial na bolsa, o passando levemente sobre meu ferimento. – Tenta não tirar ele, vai ajudar a manter o corte húmido sem precisar ficar mexendo os lábios. – Se voltou para bolsa e sorri de canto assentindo, virando-me para o espelho e levando um susto ao ver meu reflexo com o cabelo todo arrepiado.

— Mas que porra. – Murmurei jogando toda minha franja para trás, o que diferente da franja da Galateia, não caiu sobre meu olho, e sim para ambos os lados de meu rosto. Levei meus dedos ao lábio inferior em perceber que não havia nem sinal de que estava cortado, que apenas mantinham uma cor avermelhada. - Uau! Você é boa nisso, nem parece que me machuquei. – Sorri a olhando pelo reflexo no espelho, a vendo mexer no celular e o levar ao ouvido.

— Não foi tão sério, vai sarar rápido. – Sorriu e fiz o mesmo, começando a lavar minhas mãos quando ela foi atendida.

Galateia Pov.

Ajeitei a cabeça da Vick que dormia no meu ombro e olhei para seu celular que ela segurava com as duas mãos. Ela estava tirando foto minha? Aquilo foi um flash, não foi? Fora que ela não tinha motivo algum para sair daquele jeito quando lhe vi. Por que estava tirando foto escondida e simplesmente não me pediu? Eu jamais negaria tirar uma foto com ela, na verdade, gostaria bastante.

O que mais devo fazer pra que perceba que estou interessada nela? Hoje eu realmente tentei deixar óbvio, mas parece não ter surtido efeito algum. Será que preciso ir mais além do que estou indo? Não tem condição ela não ter notado o meu interesse depois de hoje. Sara me disse para tentar o plano B quando estivéssemos indo para escola, que se resumia a transparecer o máximo de seriedade quando flertasse, mas se tratando da Vick, ela vai perceber? Acho que as coisas só vão ser claras para ela quando eu disser com todas as letras que quero beijar a sua boca.

— Lerdinha. – Acariciei seu rosto com carinho e olhei para janela do carro, vendo as várias luzes da cidade, percebendo que faltava pouco para chegar na casa dela. De fato estou feliz por ela ter me convidado, se for ver pelo lado de que tanto ontem quanto hoje, nós praticamente não nos vimos na escola, porque ela passou o dia todo na aula de natação. Embora eu não goste da piscina, vê-la em roupa de banho é uma das visões mais relaxantes que tenho.

— Senhorita Galateia. – O motorista chamou e lhe olhei rapidamente.

— Senhor?

— Quer que eu venha lhe buscar que horas? – Perguntou virando o volante para estacionar frente ao prédio da Vick e neguei com a cabeça algumas vezes.

— Não terá necessidade, irei passar a noite aqui. – Alertei sacudindo Vick levemente até ela se remexer e fazer uma careta para se espreguiçar.

— Porra, a gente chegou! – Exclamou olhando pela janela e ri baixinho. Dificilmente uma frase dela não vem acompanhada de um palavrão. – OH! VOCÊ VAI FICAR. – Gritou me olhando animada. – Vem, vamos logo. Vane saiu mais cedo da escola hoje só para preparar o jantar e papai vem mais cedo da academia também. Você na minha casa é O evento. – Continuou e abriu a porta descendo do carro e me puxando pelo braço. – Vamos logo. Boa noite senhor motorista. Não precisa se preocupar que Galateia só volta para casa na segunda-feira. – Alertou e arregalei os olhos. O quê? Como assim segunda?

— Ei, isso não foi combinado. – Reclamei me deixando ser puxada para fora e ela riu. - Até segunda? Eu não me programei pra isso, não avisei pra tia Cass, minha irmã ou trouxe roupa.

— Você tem um celular, pode avisar da minha casa. Minhas roupas dão em você, não inventa desculpa. – Pegou nossas bolsas dentro do carro e sorriu ao fechar a porta. – Estou te sequestrando. – Piscou e olhei para o motorista, que tinha um sorrisinho no rosto.

— Então vejo a senhorita na segunda-feira. – Fechou a janela dando partida no carro e arregalei os olhos. Quê? Eu acabei de ser largada aqui? Pelo Robert? Em seis anos de serviço, ele nunca fez algo sem confirmar comigo antes.

— Você é toda minha agora. – Vick agarrou minha mão e lhe olhei surpresa por sua escolha de palavras. O que está acontecendo aqui?

— Você não pode me sequestrar, sabia disso? – Brinquei pegando minha mochila de volta e ela riu baixinho.

— E por que não posso? Tem uma lei dizendo que não posso sequestrar uma grande gostosa? – Perguntou acenando para o porteiro e parei de caminhar por um momento. O quê?

— Grande o quê?

— Gostosa. Preciso soletrar? – Perguntou apertando o botão do elevador e engoli em seco. O que aconteceu com essa garota? Dizer que sou lésbica foi o suficiente para ela acordar? Meu Deus, eu quase tive uma síncope quando falei que era gay. Tive de entrar na loja primeiro e praticamente correr para não ter de olhar na cara dela.

— Ouvi dizer que muita coisa será passada na escola depois da semana seguinte. –  Tentei mudar o assunto. Eu não vou me manter sã se ficarmos nesse assunto dentro de um elevador.

— Eu também ouvi! É uma coisa sobre estarmos adiantando tudo por causa das competições, né? – Apertou o botão do seu andar e as portas se fecharam. Obrigada senhor.

— Aham. Você vai competir natação, né? Já que ontem e hoje me deixou o dia todo sozinha. – Reclamei e ouvi sua risadinha antes de sentir seu braço passar por meu ombro e sua cabeça tocar a minha.

— Desde quando você é carente assim? Sou eu que fico esperando sua atenção todos os dias. – Reclamou e foi minha vez de rir.

— Não posso sentir sua falta?

— Pode, eu amo que você sinta. Respondendo sua pergunta, se eu vencer, serei a nova salva-vidas da escola. – Falou orgulhosa e beijei seu rosto com carinho, também me sentindo orgulhosa por ela ter sido escolhida pela professora. Vick é uma excelente nadadora.

— Vai ser a melhor do ramo. Você é incrível.

— Você acha mesmo? Antes eu estava com preguiça, agora até que estou curtindo a ideia. – Sorriu e fiz o mesmo.

— Claro que eu acho, você é muito boa no que faz. – Confirmei e olhei para porta do elevador quando a mesma se abriu.

—  Finalmente, venha comigo, você vai adorar minha família. – Saltitou para fora e se virou para pegar minhas duas mãos e me puxar dando leves pulinhos enquanto me guiava pelo corredor.

— Você não tem medo de cair não? – Perguntei erguendo uma sobrancelha e ela sorriu grande para mim, segurando minhas mãos mais forte.

— Se eu cair você me segura, é treinada pra isso e eu conheço esse corredor de olhos fechados, fora que... Chegamos. – Soltou minhas mãos apontando para porta branca fechada e sorri. – Só preciso pegar minha chave. – Virou a bolsa que tinha nos ombros para frente e a abriu procurando pelo objeto. - Droga! Acho que esqueci a chave de novo. – Murmurou revirando a bolsa e toquei a campainha enquanto ela ainda procurava o objeto metálico. – Ou perdi essa merda lá no metrô, saco. – Reclamou.

— Vick? - Uma voz fina soou lá de dentro e Vick parou de procurar a chave para erguer a cabeça

 - Eu! Abre a porta.

— Você esqueceu a chave? De novo? Não vou abrir. – Respondeu e os olhos verdes se arregalaram em descrença.

— Abre logo.

— Eu não, mamãe já te disse para não esquecer a chave e você faz isso direto. Disse que iria me vingar, considere essa minha vingança.

— Não tem graça. Eu te dou um doce se abrir.

— Mentirosa.

— Abre logo essa porta, filhote de demônio. – Praticamente gritou antes de voltar a olhar a bolsa, sorrindo por achar o malho de chaves, mas antes que fechasse a mochila a porta foi aberta em um solavanco. Olhei para o lado um pouco surpresa pelo som dela se abrindo e dei um salto no lugar pelo chute que recebi na canela.

— Olha o que você fez! – Vick rosnou e olhei para criança que havia me chutado, os olhinhos azuis arregalados em susto.

— Meu Deus! Desculpa. – Pediu e neguei com a cabeça por não ter doído, mas ter me feito pular só pelo susto.

— Não tem problema não. – Sorri levando a mão para acariciar os cachinhos loiros. Oh, o cabelo dela tem a mesma textura gostosinha que o da Liane, que fofo. Deus, essa criança é a coisa mais linda.

— Não faz carinho que ela vai te seguir até em casa. – Vick implicou e ela lhe deu língua.

— Oh! Você é a Galateia! – Exclamou olhando para cima e assenti concordando. – A Vick é toda trouxa por você, fala seu nome dormindo direto. – Contou e arregalei os olhos com a informação. Isso acontece com frequência? Não foi só daquela vez?

— Se eu jogar essa mochila em você, te mata? – Vick perguntou testando o peso da mochila e lhe olhei divertida. – Está meio leve, acho que terei de bater umas dez vezes até conseguir. – Deu um passo em nossa direção e coloquei a menina atrás do meu corpo.

— Mas não vai mesmo. Eu gostei dela, não vai bater.

— Toma! Gostei de você, Galateia. Sempre te contarei tudo que quiser saber. – Se escondeu mais atrás de mim e Vick me olhou com os olhos estreitos.

— Vai ficar defendendo isso?

— Com toda certeza, é minha cunhadinha. – Voltei a acariciar os cachinhos e ouvi sua risadinha.

— Certo, você que sabe. Enfim, essa é a Jhu, mas pode chamar de peste ou cachinhos.

— Me chama de cachinhos de novo que eu te acordo com um copo de água na cara, sua bosta. – Ameaçou e estendi a mão em um escudo por Vick vir em sua direção. – Você pode me chamar de cachinhos, Galateia. Gostei de você, minha heroína. – Abraçou minhas pernas e sorri. – Vick! Você nem para avisar que traria a Galateia hoje. Eu teria ficado mais apresentável. – Resmungou e me virei em sua direção para reparar em como estava se vestindo, sorrindo em ver o pijama de coelhinhos que usava.

— Para que outra roupa? Você está muito fofinha. – Elogiei e franzi o cenho por ela sair correndo para dentro sem dizer nada. - O que aconteceu?

— Você elogiou. – Vick colocou a mão em meu ombro e riu baixinho. - Ela não sabe reagir a elogios, morre de vergonha. – Me empurrou lentamente para dentro do seu apartamento e fechou a porta com o pé esquerdo. – COCÔ! CHEGUEI. – Gritou jogando sua mochila no sofá e fazendo o mesmo com a minha ao praticamente a arrancar de mim.

— Não me chame de cocô, seu pedaço de merda. - Vanessa apareceu emburrada na porta da sala e me olhou com uma sobrancelha erguida.

— Ah! Eu trouxe mesmo a Galateia pra dormir comigo. – Vick falou e lhe olhei divertida, o que fez seu rosto ficar vermelho. - Quer dizer... Er... Pa-para dor-dormir aqui em casa.

— Bem-vinda, Galateia. – Sorriu carinhosa. - Estou fazendo o jantar, logo ficará pronto. Já conheceu a Jhu? JHU, VEM FALAR COM A VISITA. – Gritou pela filha.

— Eu já falei com ela. – Sorri de volta e ela assentiu.

— Tudo bem, fique á vontade que quando tudo estiver pronto eu chamo vocês. – Voltou de onde veio e me virei para Vick, vendo que ela pendurava o paletó, que antes estava amarrado em sua cintura, no suporte perto da porta, focando sua atenção na mesma quando o barulho de chave entrando na fechadura foi ouvido.

— Ué, tá aberta? – A voz masculina soou antes da maçaneta girar e seu pai surgir ali, quase cobrindo o espaço todo do arco de passagem. Deus, o pai da Vick é extremamente musculoso e alto. – Filhote! Chegou cedo. – Se abaixou um pouco puxando Vick para seus braços e a erguendo no ar ao lhe abraçar. Ele tem o físico igual ao do Dwayne Johnson.

— Galateia me trouxe de carro. – Contou se soltando e ele olhou em minha direção com um sorriso.

— Que bom que veio mesmo. Bem-vinda ao nosso lar, saí mais cedo do trabalho só para apreciar a sua visita. - Estendeu a mão me cumprimentando e a apertei sorrindo.

— Fico lisonjeada com a consideração, senhor.

— Senhor nada, não precisa disso. Pode chamar de James mesmo. – Deu uma piscadinha e assenti. - Ah! – Deu um gritinho e se virou para Vick. – Eu comprei seu aquário novo. Achei que como a Galateia iria vir, vocês gostariam de organizar ele e essas coisas. – Saiu para o corredor e se abaixou, voltando com um enorme aquário em mãos. – Depois do jantar eu posso instalar pra você no lugar. – O colocou sobre a mesa de centro e pousou as mãos na cintura. – A não ser que queira que eu arrume agora.

— Não. – Negou com a cabeça e pegou minha mão esquerda. - Pode ser depois, ainda tenho que mostrar meu quarto para Ga-. – Arregalou os olhos e soltou minha mão para correr em direção a uma porta e a abrir rapidamente. – VOCÊ FICA AÍ! – Gritou quando fui lhe seguir, o que me fez sentar no sofá pelo susto. - É rapidinho. Eu ia limpar meu quarto, mas você me chamou para ir ver a Sam e não deu prazo. Já volto. – Juntou as mãos e assenti me encolhendo um pouco no lugar por me sentir meio desconfortável por ser deixada sozinha em um lugar que não conheço.

— Papai, você chegou. – A irmã de Vick veio correndo para sala e pulou no homem que lhe ergueu no alto beijando seu rosto. – Olha só a Galateia, ela é bonita. – Mostrou e sorri me sentindo menos deslocada.

— Ela é muito linda, meu amor. – Senhor James sorriu a colocando no chão e a mesma veio sentar ao meu lado.

— A Vick falou que você sabe Karatê! É verdade dela? – Perguntou e sorri carinhosa.

— É sim, sou faixa preta.

— Opa, eu ouvi faixa preta? – James perguntou se sentando no outro sofá e assenti. – Isso é incrível. Duas atletas na família, eu não poderia pedir mais. – Falou como se sentisse orgulho e franzi o cenho um pouco confusa.

— Perdão?

— É namorada da Vick, logo, vou te considerar como uma filha. Já faz parte da família. – Falou divertido e olhei para as minhas mãos por meu rosto esquentar de vergonha. Namorada? Por que todo mundo está mais avançado que nós duas?

— Ela não é namorada da Vick, papai. A Vick é burra, não conseguiria sozinha. – Jhu comentou e ri baixinho. – Viu, até a Galateia acha ela burra.

— Não! – Neguei voltando a rir. – Estou rindo da naturalidade com a qual você a chamou de burra.

— Você não tem irmã? – Perguntou e lhe olhei.

— Tenho.

— E não chama ela de burra?

— Não... Ela é muito inteligente.

— O que isso importa? É questão de implicância. Vick também é inteligente, quando quer. – Riu e sorri. Acho que nunca chamei a Liane de burra, nós nem sequer brigávamos. Nossa criação foi tão estranha que o tempo que passávamos juntas sempre era para nos divertirmos ao máximo. – Quantos anos você tem?

— Eu tenho 17, e você?

— Vou fazer 11 em dois meses. Papai vai me levar no parque aquático. – Contou animada e olhei para porta do quarto da Vick quando ela foi aberta pela mesma.

— Pode vir agora, tudo limpo. – Chamou e me ergui, indo até minha mochila, a colocando no ombro para pegar a sua.

— Você demorou.

— Ela foi esconder as revistas pornô que tem. – Jhu falou divertida e pude ver o exato momento que o rosto da Vick começou a ficar vermelho.

— Até parece que sua irmã tem isso, Jhu. – James falou e o olhei, prendendo o riso para sua expressão, como se não acreditasse completamente no seu julgamento, não acredito.

— Nem você acredita no que está dizendo, pai! – Vick reclamou e Jhu se ergueu com um sorriso maldoso.

— Sabe de nada pai! Essa aí? Duvido nada ter até vídeo. – Tentei segurar o riso e olhei para Vick para evitar rir, mas ver sua expressão incrédula me fez cobrir a boca com a mão direita para rir. Meu Deus! A família dela é bem exótica.

— JHU, EU TE MATO. – Gritou furiosa e a criança lhe deu língua.

— Aí a prova. Se ficou nervosinha é porque é verdade. – Provocou. Essa criança parece o Vicent!

— Ora sua pirralha filha da puta. – Veio correndo na direção dela e a mesma se escondeu atrás do pai, que ficou mexendo os braços para Vick não se aproximar mais.

— Não me chame de puta, Victória. – Vanessa surgiu na sala com uma concha em mão e olhei de um lado para o outro.

— Cala a boca, Vane! Vou matar sua filha. Essa nojentinha. – Ralhou esticando a mão para agarrar a criança que soltou um gritinho, sendo erguida pelo pai, que a colocou no pescoço.

— Não vai matar meu bebê não. Olha o seu tamanho pro dela. – Reclamou se afastando com a menina que colocou a língua para fora a mantendo assim enquanto Vick quase espumava pela boca. Eu não acredito que eles se comportam assim. Na casa da minha mãe mal ocorria alguma conversa e, na casa da tia Cass é tudo sempre tão calmo. Eu não sabia que famílias podiam agir desse jeito.

— Que feio, Vick! Galateia aqui e você pagando de doida. – Vane falou negando com a cabeça e Vick pareceu levar um choque, virando a cabeça em minha direção quase igual uma boneca, o que me fez rir ainda mais.

— Não! Eu não sou doida, Galateia. – Falou rápido e veio vermelha na minha direção. – Eu não sou assim, Jhu que me tira do sério, essa cobra. – Rosnou o final da frase olhando para menina que fingia analisar as unhas.

— Vai mostrar seu quarto para ela que eu cuido da Jhu. – Vane alertou indo até a menina e a pegando com uma expressão séria. - Vamos ter uma conversinha por você dizer o nome de tal revista aqui dentro. – Avisou e Vick sorriu.

— Aproveita e mata. –  Pediu e pegou minha mão, o que me fez parar de rir e me concentrar em ficar séria. A família dela parece ser extremamente ligada uns nos outros e isso é uma coisa muito especial, pelo menos para mim. Eu gostaria que as coisas fossem assim com a Liane e minha mãe.


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Notas finais do capítulo

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