Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 16
How Deep is Your Love .


Notas iniciais do capítulo

Olááááá.
Sim, eu não apareci ontem! Tu saberia que não ia rolar se olhasse meu twitter, nem precisa me seguir o sua ovelha descerrada, é só olhar as vezes pra ver se eu não tô morrendo. Ontem eu de fato estava praticamente morrendo de dor de cabeça, mas não interessa muito, eu sei.

"Você não apareceu ontem! E aí? Um capítulo a menos???? E minha ração, sua idiota?"

Calma! Nada de capítulo a menos, o de ontem vai ser postado aqui e até uma da manhã eu posto o outro que seria de hoje.

Ok, agora sério. Você já deu uma olhada nos comentário do vídeo no YouTube que se chama:

"Eliminar 20 kilos de Fezes em 1 hora acaba com Estômago Alto e Barriga Grande em 1 hora Diva aos 50"???

É sério, se você nunca viu, por favor, vá lá ler os relatos. Eu tenho certeza que dará algumas risadas. Não tem mau humor que sobrevive aos comentário, garanto. Ultima vez que fui ver eu chorei, mas chorei de rir.

Dito isso e dado a minha dica.

Música para o capítulo: Bee Gees - How Deep is Your Love

~Boa leitura.



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Victória Pov.

Girei a caneta em meus dedos e foquei no movimento que fazia com o objeto. Eu disse pra ela arriscar e ela vai. Eu sou o ser mais burro desse mundo, não tem condição. Por que eu tinha que abrir a boca e falar “vai lá amiga, lute por quem você ama” tá que não foram essas palavras que eu usei, mas caralho. Como eu ia adivinhar que no dia seguinte ela ia dizer que vai arriscar? Inferno, eu só quero boiolar por ela sem a preocupação de alguém chegar e me chutar pra longe e virar um Pitbull pra me afastar, porque é exatamente o que eu seria se ela me desse bola, se bem que eu seria mais parecida com um Poodle.

Suspirei fechando meu caderno quando o professor começou a apagar o quadro e olhei para Galateia um instante, desviando o olhar rapidamente por fazer contato com o azul de seus olhos. Porra! Por que ela já estava me olhando?

— Finalmente posso falar. – Vicent reclamou e bateu a mão na mesa chamando minha atenção. É irônico como que antes eu tinha de ficar esperando momentos assim para ficar observando a Galateia e agora passo o tempo todo ao lado dela. - Não é por nada, mas eu liguei pra você tipo, um milhão de vezes. – Vicent lembrou e voltei a suspirar. Ele me ligou duas vezes seguidas.

— Nem foi tanto assim, Vicent. Você me ligou duas vezes. – Lembrei e ele franziu o cenho.

— Então! Isso é muito. Por que não me atendeu?

— Estava no silencioso e eu só vi depois.

— Por quê? – Perguntou curioso.

— Ai! Eu estava na biblioteca. Por isso. – Resmunguei e ele suspirou. Vicent é um chato quando quer, na verdade... Ele é chato sempre.

— Hum, ok! E você, Ninfa? Te liguei sete vezes. Para você foi a cobrar. – Alertou e Galateia que agora olhava para janela perdida no seu mundo, pareceu voltar pro nosso, arrumando a blusa de uniforme e pegando o celular sobre a mesa para desbloqueá-lo com sua digital.

— Hum... É mesmo, você ligou.

— Caralho! Você nem olhou o celular hoje?

— Não vi necessidade. Só o uso quando preciso. Não estava precisando. – Sorri de canto e Vicent se levantou quando o sinal soou, fazendo um bico de todo tamanho antes de sair.

— Acho que magoamos ele. – Falei me sentindo levemente mal com a situação e Galateia deixou o celular sobre a mesa, me olhando divertida. Isso sem querer me leva a pensar nas cartas. Será que aquilo era real? Galateia e eu... A gente tem alguma chance? Quer dizer, se esse amor desmemoriado dela, sei lá, morrer. Meu gaydar meio que aponta na direção dela, mas ela é tão séria que não consigo ter certeza se é do vale ou só linda demais.

— Não se preocupe com o Vicent, ele não se magoa por coisas assim, fica puto, mas não se magoa. Não dou cinco minutos pra ele voltar cheio das intimidades. – Sorri para ela e olhei em volta da sala, constatando que apenas nós duas estávamos ali. O intervalo aqui deixa as salas desertas, ou seja, meu ambiente favorito, e o de Galateia também.

— Eu estou entediada. – Resmunguei e Galateia deitou a cabeça na mesa, fechando os olhos.

— Eu estou com sono. Vou dormir, se não se incomodar. – Falou sonolenta e sorri.

— Não me incomodo não. – Alertei e fiquei em silêncio uns minutos, percebendo que foi o suficiente para ela dormir. Engraçado, ela quase sempre dorme na sala de aula na hora do intervalo. Como que ela consegue? Eu tenho receio de dormir e não conseguir acordar com o sino.

Sobre o que ela me disse na biblioteca... Será que se eu perguntar ela me conta de quem ela gosta? Ou eu devo ir tentando pegar pistas para descobrir se é um garoto ou uma garota? De que porra eu estou falando também? Eu deveria é deixar quieto pra largar de ser retardada, mas... Quando eu disse pra ela insistir, eu não imaginei que apenas um dia depois seria o suficiente para eu me tornar ainda mais cadelinha dela.

Massageei o rosto com ambas as mãos e peguei meu celular sobre a mesa, abrindo o jogo Game Of Sutans para jogar, fazendo todas as tarefas do meu reino e indo para campanha, ganhando quatro etapas antes de voltar pro parlamento e recrutar mais soldados. Sorri para quantidade suficiente e fui para a última etapa de castelos conquistados, o pegando para mim antes de enfrentar o chefão, que não iria consumir nenhum soldado, apenas meus Vizires. O matei rapidamente e usei os 100 diamantes que ganhei para entrar em um festim antes de ir receber os presentes do novo emissário que havia desbloqueado. Consumi todos os itens da minha mochila e ocupei meu tempo gastando todas as minhas esferas de energia para andar pelo baile de máscaras enquanto o tempo passava.

Normalmente eu tenho preguiça de ficar recarregando isso, porque demora uma eternidade, mas na falta do que fazer, até que é um passatempo legal e eu tenho 239 esferas para gastar. Alimentei meus herdeiros já entediada e desci a barra de notificação para conferir as horas, vendo que já ia dar 28 minutos de intervalo. Sorri fechando o jogo e me inclinei na direção de Galateia.

— Galateia! – Chamei baixo e ela não respondeu, sorri de canto e levei a mão esquerda suavemente até seu cabelo castanho, fazendo um leve carinho. Primeira vez que encosto no cabelo dela, é bem mais macio do que eu imaginava. – Galateia, acorda. O intervalo já vai acabar. – Falei baixo, não obtendo resposta. – Vamos, acorda de uma vez. Você sempre se assusta com o sino. – A sacudi um pouco e a mesma fez uma careta desgostosa, dando um gemido de reprovação ao ser balançada. - Você é uma preguiçosa. – Resmunguei afastando seu cabelo do rosto e o colocando atrás da orelha, aproveitando para fazer um leve carinho em seu rosto, dando graças a Deus por ela não acordar com meu toque. - Você é linda. - Sussurrei e meu braço foi agarrado de forma leve por ela, me levando a dar um sobressalto na cadeira, porra! Que susto. – Desculpa, eu nã-. – Me calei ao ver que seus olhos ainda estavam fechados e que ela se aconchegou em meu braço, deixando um leve sorriso brotar em seus lábios. - O que foi? – Perguntei sorrindo também e a vi cheirar meu braço, se aconchegando mais. Um arrepio correu por todo o meu corpo, especialmente o braço que ela segurava. Deus! Ela está me cheirando.

— Yo! Eu trouxe suco pra vocês. Bebe logo que o intervalo já vai acabar. – Vicent apareceu na porta e o olhei vermelha. - Hum... Você foi pega pela quase sonâmbula? – Perguntou se aproximando e colocou os sucos sobre a mesa. - É fácil acordar ela quando está assim. Só precisamos tocar seu ponto fraco, que é bem... – Chegou perto do ouvido dela e assoprou levemente. Tudo o que vi naquele momento foi Galateia soltar meu braço no susto e acertar um soco na direção de Vicent, o derrubando no chão, já que o soco pegou em seu pescoço. Movi meu corpo para trás no susto e Galateia olhou para o chão confusa.

— Ai meu Deus! Você está bem? – Perguntou assustada, se levantando e ajudando Vicent a se levantar também, eu por outro lado, apenas fiquei sentada observando tudo. Que tipo de golpe foi esse? Ela parecia saber exatamente onde acertar o soco. - Aaah! Eu já te avisei para não fazer isso. O que eu disse sobre me acordar assim? Você vai acabar se machucando. – Falou fazendo um leve carinho no cabelo dele enquanto o mesmo se sentava com a mão no pescoço.

— Foi mal! Só queria mostrar pra Vick que você tinha um ponto fraco. – Reclamou e Galateia me olhou de canto e deu um sorriso tímido, fazendo meu coração disparar e eu engolir em seco. Porra! Não sorri pra mim assim, que desgraça. Vai me matar do coração, caralho.

— Não assopre mais o meu ouvido. Posso te machucar da próxima vez, de verdade. É um reflexo, não consigo controlar. – Alertou voltando a se sentar e Vicent suspirou me entregando um dos sucos, que era de maracujá e entregou um de laranja para Galateia, ficando com um de uva.

— Mas isso foi surpreendente. Você parecia saber onde o acertar para imobilizá-lo. – Comentei sacudindo meu suco e o furando com o canudo.

— Isso é porque a Ninfa sabe karatê! Faz aulas desde criança. Faixa preta né, priminha? – Vicent perguntou e Galateia fez que sim com a cabeça, fazendo uma careta de nojo ao provar o próprio suco.

— Eca, é de laranja... – Resmungou e olhei para Vicent sem entender.

— Ah! Parece que troquei acidentalmente. Vick ficou com o de maracujá. – Alertou e meu suco foi puxado de minha mão. Olhei para o lado surpresa e Galateia o tomou despreocupadamente. - Galateia! – Vicent repreendeu, e em vez de eu ficar puta por tomarem a minha comida, sorri toda idiota. Eu achei isso tão bonitinho e, ela faz Karatê! É faixa preta.  Depois eu que sou atleta? Meu Deus do céu, ela luta artes marciais! Tem coisa mais foda que isso? Caralho, ela de quimono deve ser a coisa mais gostosinha desse mundo.

— Ela pode ficar com o meu. – Me ofereceu a caixinha de seu suco e sorri. ESPERA! O meu eu ainda não havia provado, mas o dela ela provou! ISSO VAI SER UM BEIJO INDIRETO? PORRA, PELO AMOR DE DEUS. Eu gostaria muito de um beijo direto? Gostaria, mas se isso é tudo que tenho, bora de aproveitar.

XxX

Guardei meus materiais dentro da bolsa e bocejei cansada por ter passado por mais um dia de aula. Levei as mãos para trás da cabeça e me espreguicei, olhando de canto de olho para Galateia e corando por seus olhos estarem fixos nos meus braços. Ter sua atenção atrapalhou meu espreguiçamento, levando os músculos das minhas costas a reclamarem pela interrupção.

— Droga. – Praguejei me curvando na mesa e ouvi uma risadinha dela. Você ri de mim? Caralho! Como me concentrar em uma tarefa simples como espreguiçar se você me olhar com esses olhos azuis lindos?

— Que houve aí? Quebrou a coluna? – Vicent perguntou neguei com a cabeça me endireitando.

— Não! Eu não consegui me espreguiçar direito. – Avisei olhando diretamente para Galateia, que agora focava sua atenção na janela. Agora você olha pro outro lado né.

— Que pecado. Enfim, Ninfa! – Chamou e Galateia o olhou em curiosidade. - Hoje vamos por caminhos diferentes? – Perguntou e ela pegou seus materiais os guardando na bolsa, cobrindo a boca para bocejar.

— Hoje vou pra casa da minha mãe. Então sim.

— Droga! Eu estou quebrado hoje porque ajudei meu pai a carregar aquelas tábuas do suposto “armário” que ele vai desistir na metade do caminho. Queria uma carona. Bem que podia pedir seu motorista pra me levar, já que pega o metrô. – Choramingou e Galateia sorriu.

— Meu motorista não está nas redondezas.

— Droga dupla. – Reclamou e suspirou logo em seguida. - Já que não tem jeito, eu posso ir sozinho. A pé. – Fez drama e foi a vez de Galateia suspirar.

— Vai de táxi!

— Dinheiro. – Estendeu a mão e Galateia revirou os olhos.

— Você sabe que eu só uso cartão. – Alertou.

— Você usa? O bichinho deve estar com teias de aranha guardado na sua bolsa a tanto tempo. – Falou divertido e olhei para Galateia em curiosidade. Ela não é de gastar dinheiro?

— Realmente, mas tudo bem. Aqui. – Pegou uma bolsinha dentro da mochila e a abriu, tirando de lá um cartão Black e estendendo para ele. CARALHO! A GALATEIA TEM UM CARTÃO BLACK? QUANTO DINHEIRO ESSA MENINA TEM? – Se você perder isso, eu te mato. – Alertou e Vicent o pegou, batendo continência o segurando entre o dedo indicador e médio.

— Eu prefiro fugir com ele. – Brincou divertido.

— Aí você é preso por furto. – Alertei o fazendo rir.

— E Galateia quebra minhas pernas. Enfim, só derrota. – Lamentou e ri negando com a cabeça. Porra, ela tem um cartão Black! Meu pai tem um cartão desses, mas ele só tem porque é dono de três negócios.

— Quebrar as suas pernas é o de menos que vou fazer. – Galateia resmungou e ele riu.

— Tudo bem, diva. Não vou perder. – Segurou a cabeça dela beijando seu rosto e ergui o punho fechado por ele vir em minha direção enquanto Galateia limpava o rosto com uma careta.

— Não se atreva ou leva um socão. – Ameacei.

— Ain, ainda com medo de se apaixonar por mim. – Reclamou. – Quando não estiver vendo, receberá o beijo desse querubim.

— Você? Um querubim? Me poupe. A Galateia que é um querubim. – Apontei e ela afastou a cabeça que mantinha apoiada na mão para me olhar com uma sobrancelha erguida. ESPERA! EU FALEI ISSO ALTO?

— A GALATEIA? – Gritou e ela se levantou com um sorriso divertido.

— Você ouviu. Eu sou um querubim, você tá mais pra um smurf. – Falou se sentando sobre a mesa e Vicent revirou os olhos.

— Era só o que faltava, a gatinha aqui alimentar esse seu ego. – Reclamou e acabei rindo para disfarçar meu nervosismo por ter falado isso sem perceber. Alimentar o ego dela? Eu faria isso com gosto todos os dias. – Enfim, estou indo embora. Te aviso para ligar pra mãe se por acaso ela começar a chorar pelos cantos. – Avisou dando tchau e me ergui colocando a mochila no ombro direito.

— Vicent é meio... Como posso dizer... Intruso? – Perguntei e Galateia sorriu.

— Ele só age desse jeito perto de quem se sente confortável. – Alertou e assenti. Isso significa que eu sou legal? – Não se importe muito pro jeito dele de querer dar beijos e essas coisas. Ele não está dando em cima de você e nem fará isso. Tem uma própria política sobre amigas, na verdade a maioria das amizades dele é feminina. Mas a namorada dele é incrível demais para que cogite a ideia de se interessar por outra menina. – Alertou analisando as unhas e olhei ao redor, vendo que só restava nós duas na sala. Estranho, ela sempre é a mais rápida em sair, parece até que está fugindo de algo.

— Hã... Você não vai embora? – Perguntei e ela parou de olhar para as unhas, focando a atenção em meu rosto.

— Estou te esperando. – Engoli em seco ao ouvir suas palavras. Como assim me esperando? ESPERA! AGORA TODA SEXTA-FEIRA ELA VAI ME ESPERAR PARA IRMOS JUNTAS?

— Esperando?

— Sim! Eu também vou pegar o metrô hoje, então pensei que poderíamos ir juntas, já que vamos no mesmo vagão ou não? – Perguntou e dei um sorriso sem graça. Em dias assim que eu quero matar a Vanessa. Porra, justo hoje ela tinha que me chamar?

— Porra, eu adoraria, de verdade mesmo. – Falei e encolhi os ombros. – Mas a Vanessa me pediu para passar na diretoria hoje, então eu preciso ir lá. – Lamentei e ela sorriu.

— Ok! – Falou descendo da mesa e pegando sua bolsa a pendurando no ombro como eu. - Nos vemos segunda. – Alertou e se aproximou de mim, passando os braços ao meu redor em um abraço. Arregalei os olhos e congelei. PORRA, CARALHO, PELO AMOR DE DEUS! ELA TÁ ME ABRAÇANDO.

— Er... Sim, nos vemos na segunda. – Garanti erguendo meus braços para lhe abraçar de volta. Misericórdia, que menina cheirosa, pelo amor de Deus. Afastei o corpo do seu e dei um leve sorriso de canto antes de me inclinar e beijar seu rosto com carinho. Foda-se se ela achar estranho. ELA ME ABRAÇOU E AGORA EU TENHO PRIVILÉGIOS.

— Verei os livros que me recomendou. – Falou um pouco sem graça, mas não pareceu estranhar meu gesto. Eu estava certa! A maioria da população feminina se despede assim e... Ok! A maioria da população que se despede assim não é lésbica e está extremamente interessada no alvo, mas foda-se, eu estou feliz.

— Eu também vou ler os que me passou. - - Falei lhe dando passagem e ela se encaminhou até a porta, fazendo um pequeno aceno com a mão. Deus, é linda demais. – Hey, Galateia! Espera aí. – Chamei alto e fui em direção a porta, vendo que ela havia parado no corredor para me esperar.

— Sim?

— Você anotou o que fizemos na biblioteca hoje, não anotou? – Perguntei interessada e ela assentiu.

— Anotei, por quê?

— Pode deixar comigo essa parte? É que... Você já vai terminar aquela e eu quero ser útil de alguma forma. – Falei na intenção de lhe poupar trabalho e ela sorriu.

— Claro. – Puxou a bolsa para frente de seu corpo e a abriu, pegando um caderno pequeno. – Aqui.

— Muito obrigada. Trarei de volta na segunda. – Alertei.

— Sem problema. – Começou a andar e lhe segui andando ao seu lado sem conseguir tirar o sorriso do meu rosto.

— Tenha uma boa noite. – Desejei quando chegamos no final da escada e ela sorriu.

— Você também. – Continuou andando e esperei ela se afastar o suficiente para dar vários pulinhos no mesmo lugar, comemorando por ela me abraçar e por eu ter coragem o suficiente para beijar seu rosto. ESSA GAROTA É PERFEITA DEMAIS.

XxX

Rosnei saindo do carro em passos duros e Vane saiu logo em seguida, me acompanhando de perto. Porra, não acredito que isso realmente aconteceu, que inferno.

— Dá próxima vez me deixa vir de metrô, inferno. – Reclamei irritada e ela fez uma careta.

— Nossa! Eu pensei que você iria ficar feliz de pegar carona comigo, até falei "aproveitar que saio no horário dos alunos hoje e levar minha afilhada fofa comigo" com as meninas. – Contou.

— Para! Mentira que você falou isso, Vane. – Falei séria e ela suspirou.

— Ok! Eu usei a palavra peste, mas sério. Eu pensei que fosse gostar da carona. – Falou sincera e suspirei. Ela tentou fazer uma coisa legal, eu não deveria reclamar. Ela sempre tenta ser legal e sempre é.

— Olha...Eu gostaria! Juro que gostaria se fosse qualquer dia, menos a sexta. Eu espero pela sexta a semana toda, é como ganhar o último pedaço de pizza! – Comparei e ela estreitou os olhos.

— Humm! Isso está fedendo. Você vê alguém que gosta na sexta? Por que comparar com o último pedaço de pizza...

— É isso mesmo! Então pode não me oferecer carona na sexta? – Pedi pegando um dos alcaçuz que comprei para Jhu e mordi a vendo sorrir de leve.

— Claro! Se me contar de quem você gosta.

— Eu não vou te contar. – Resmunguei e ela fez uma expressão desgostosa.

— É uma menina? – Perguntou e me engasguei com o alcaçuz que comia.

— Quê?

— É uma menina? – Repetiu e a olhei assustada. – Vamos, Vick. Eu não nasci ontem. Você nunca namorou antes e também nunca disse achar um garoto bonito, não é nada feminina com escolhas de roupas ou sequer gosta de maquiagem.

— O que isso tem a ver? Só porque eu não gosto dessas coisas e nunca namorei antes, não quer dizer que eu goste de meninas. – Reclamei pelo estereótipo usado e ela riu divertida.

— Pode até ser, mas se tratando de você? Quem é que tinha poster da Joan Jett e da Amy Lee no quarto até ano passado? – Perguntou e fiz uma careta.

— Não quer dizer nada.

— Você sempre faz as missões com as mulheres quando joga aquele jogo lá daquele homem careca. – Estreitei os olhos em sua direção tentando adivinhar do que ela falava.

— É o Kratos! Não o homem careca. – Resmunguei.  - E as mulheres me dão muito XP. – Alertei e ela ficou em silêncio uns segundos antes de me olhar com uma expressão maliciosa.

—  A Galateia! Você está mesmo a fim da Galateia, não é mesmo? Ela vai de metrô nas sextas. – Bateu na própria mão e gargalhou ao me ver fazer uma careta. - Eu sabia! Aquela história de ensinar natação pra ela estava muito mal contada, e o seu sorriso quando eu disse que podia fazer grupo com ela. Eu sabia que você tinha um crush fodido nela.

— Cala a boca, nada a ver. – Resmunguei me encolhendo e ela riu.

— Se não tem nada a ver, por que você tá vermelha? Só admite que dói menos. – Alertou e suspirei derrotada. Mas que desgraça.

— Você venceu. Agora cala a boca. – Reclamei.

— Tá bom, tá bom. Te desejo sorte. Ela é um pouco complicada. Vai descobrir por si só. – Alertou e fiz uma careta desgostosa.

— Será que dá pra parar de falar dela como se a conhecesse? – Pedi irritada e ela apertou os lábios evitando rir.

— Mas eu a conheço.

— Você acha que conhece todos os alunos daquela escola, mas acredite, só conhece o que eles querem que você conheça. – Avisei e ela riu baixinho.

— Você não pode afirmar isso, mas ok! Não falo mais nada da sua amada Galateia. Só ia dizer que ela é... Quer saber? Deixa quieto. Você não merece a informação. – Murmurou cruzando os braço e fiz uma careta revirando os olhos. – Boa sorte.

— Não fale dela. Eu não gosto. – Murmurei. - Mas brigada pelo “boa sorte” acho que preciso. – Sussurrei e ela sorriu.

— Que gracinha. Você já tá toda trouxa, né? Cadelando.

— Para! – Ralhei e ela riu.

— Cuidado para o Polifemo não te matar como fez com o Ácis. – Advertiu e lhe olhei com os olhos estreitos.

— É sério! Mais uma piadinha sua e eu conto pro meu pai que você mentiu pra ele sobre aquela roupa amarela horrível de academia. – Ameacei e ela ficou em silêncio.

— Seria capaz?

— Quer arriscar? – Perguntei e ela gargalhou.

— Certo! Eu não faço mais piadinha de você com a Ninfa. Só que você sabe que a origem do nome dela também pode ser levada pelo lado do Pigmaleão, né?

— Bom mesmo, ou pai vai ficar sabendo que o uniforme dele é escroto pra caralho. E não! Ela é a Ninfa das águas, eu sei disso porque eu sei. – Ficamos em silêncio e o elevador chegou à cobertura, que era onde morávamos. Apartamento que faz parte da cooperativa de imóveis que meu pai herdou do meu avô.

— Só uma pergunta. – Vane falou parando na porta e me olhando curiosa.

— Qual? – Perguntei já imaginando que sairia algo maldoso daquela boca suja.

— Você é ativa ou passiva?

— Cala a boca, Vanessa! – Bradei a tirando de frente da porta e entrando em casa.

— Qual é Vick! É só curiosidade, se bem que você tem cara de passivinha.

— O que tem cara de passivinha? – Pai perguntou sentado no sofá e olhei para Vane irritada.

— Pai! Vane acha que esse uniforme é escroto. – Falei sem dó alguma e Vane me olhou como se fosse me matar a qualquer segundo.

— É assim, Victória? Ok! James... Sua filha é lésbica. – Contou e dei um pulo no lugar pelo choque que levei.

— VANESSA! – Gritei cobrindo a boca com as mãos trêmulas e Jhu apareceu na sala.

— Que legal! Estão brincando de confissões? Fui eu que quebrei o aquário da Vick. – Revelou e lhe olhei por um momento.

— O quê? – Perguntei e logo voltei à atenção pro meu pai, que nos olhava de forma séria. Porra! Mas que desgraça.

— Em primeiro lugar: Eu sei que esse uniforme é escroto Vanessa! Sabia que estava mentindo, porque você colocou seu sorrisinho falso quando elogiou. Eu conheço quando você está mentindo. Segundo: Sei que foi você Jhu! A provas que comprovam isso, marcas de suas mãos no vidro. – Ferrou! Eu fui deixada por último. Eu te mato Vanessa. Caralho velho! NINGUÉM SE ASSUMI DESSE JEITO. Porra! Eu nem tive como me preparar. - Terceiro. – Olhou para mim de forma séria e engoli em seco. - Filha... Eu sei da sua orientação sexual desde que reclamou que na minha academia tinha poucas mulheres, mesmo que seja uma academia de boxe. – Corei da cabeça aos pés e todos começaram a rir. - E também... A Jhu me contou. – Olhei para Jhu e ela correu para trás de Vanessa. – Galateia, não é? – O QUÊ?

— Você... – Rosnei para baixinha que se encolheu.

— Foi sem querer! Ele me chantageou! Ameaçou nunca mais me dá doce. – Falou com os olhinhos cheios de água e suspirei. Ela não tem culpa, meu pai é muito persuasivo.

— Tá! Eu não estou brava. – Estiquei a mão e ela veio até mim devagar, se abraçando em minha cintura. Não acredito que em menos de um minuto saí de Nárnia puxada pelo cabelo.

— Jura? Não vai ficar de mal de mim?

— Juro! Não vou ficar de mal. – Acariciei seus cabelos loiros e olhei para meu pai receosa. Não foi bem dessa forma que eu imaginei contar que sou do meio LGBTQ+.

— Não me olha assim, Vick! O amor é para todos. – Falou carinhoso e meus olhos marejaram. Eu não acredito que tenho uma família perfeita.

— Verdade! Eu amo você, maninha. – Jhu brincou e baguncei o cabelo dela com um sorriso.

— Não acredito que isso tá realmente acontecendo. Agora só falta eu falar pra mamãe. A única pessoa que me assustava era você, pai. – Confessei e ele sorriu negando com a cabeça.

— Eu jamais faria você ter medo de mim, filhote. Desde que você não prejudique ninguém e nem a si mesma, eu sempre estarei te apoiando. – Garantiu e fui lhe abraçar por uma vontade enorme de chorar me atingir. Eu sou muito privilegiada. – E sobre você ligar para sua mãe... – Começou e limpei uma lágrima olhando para cima. - Eu já liguei para ela no dia que descobri e contei. Desculpa.

— Você o quê? PAI. Como assim? Isso deveria ser algo para eu fazer. – Reclamei.

— Eu não queria que ela tivesse uma reação ruim se você contasse, então ameacei ela que nunca te deixaria visitá-la de novo se não te aceitasse. – Contou e lhe olhei incrédula. – Mas daí ela começou a rir de mim e a dizer que sabia disso desde que você era um feto. – Reclamou fazendo um bico e arregalei os olhos. – Por curiosidade, é possível saber quando a criança ainda é um feto? – Olhou para Vanessa como se ela soubesse e a mesma franziu o cenho.

— Claro que não, seu tapado. Ela estava te zoando. Olha para Vick, hétero que ela não é. – Falou o óbvio e meu pai me olhou com uma sobrancelha erguida.

— Como assim? Tem pisca-pisca em algum lugar? – Questionou e ri negando com a cabeça. Deus, eu amo meu pai.

— Mas é uma anta. James, amor da minha vida. – Vane começou e andou até ele lhe dando um selinho. – Olha pra sua filha. – O virou em minha direção. – Já ouviu ela elogiar ou sequer achar qualquer ser humano do gênero masculino bonito ou atraente? – Perguntou e ele negou com a cabeça. – Uhum, e a Madonna? Lauren Jauregui, Amy Lee, Shakira, Scarlett Johansson, Jessica Alba, Megan Fox, Jennifer Lawrence, Jennifer Aniston, Laura Prepon? O que ela diz em comum sobre elas?

— Perfeitas, maravilhosas, donas do meu cu. – Falou imitando um voz fina e me encolhi.

— James, sua filha é lésbica e está lésbicando desde que começou a elogiar mulher. – Contou e senti meu rosto esquentar de vergonha. Porra, eu não acredito que isso aconteceu desse jeito. Eu estava com medo de falar sobre isso com eles e agora é como se nunca tivesse tido importância. Eles não ligam pro que gosto e isso é mais do que eu poderia querer a minha vida toda. Mas e a minha mãe? Será que isso vai incomoda-la? Quer dizer, até uns dias atrás eu não tinha certeza se gostava mesmo da Galateia, mas caramba. Acho que não tenho muito para onde correr e... Gostaria de contar pra minha mãe que gosto de uma menina tão linda. No fundo sei que ela vai me aceitar, o que só me deixa ainda mais feliz por saber que minha família, de qualquer lado que eu olhe, me ama muito.


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Notas finais do capítulo

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