Solitude escrita por claradasideias, Cherry


Capítulo 1
Solidão


Notas iniciais do capítulo

claradasideias: Foi querendo escrever essa fanfic que acabei tendo a ideia de "A Guardiã que perdeu a memória", precisei da ajuda da Cherry para manter o foco porque vocês viram o quanto desviei nessa outra. kkkkk Aliás,essa história é baseada em um comercial, link nas notas finais do capítulo.



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Adrien teve uma criação muito limitante. Após sua mãe sumir misteriosamente, seu pai tornou-se muito protetor com ele e o filho quase não podia sair de casa. Era obrigado a ter aulas de várias coisas, todas particulares e em sua casa.  

Ele apenas tinha direito a ter uma pessoa como amiga, Chloé. Eles se conheciam desde sempre porque suas mães foram amigas no passado. Para ele, essa era conexão mais forte que alguém poderia ter: amizades sendo passadas através de gerações. 

Apesar de Chloé sempre ter sido boa com ele, Adrien queria explorar o mundo, conhecer novas pessoas, viver tudo aquilo que só via em filmes e livros. Então um dia, os dois elaboraram um plano para que ele pudesse ir à escola. 

Graças ao esforço da secretária de seu pai, o plano foi bem sucedido e ele pôde conhecer pessoas novas e viver grandes aventuras ao lado delas. Ao contrário de muitos que odiavam ir à escola, esses eram os dias mais felizes daquele menino. 

Naquele colégio, ele encontrou até mesmo o amor de sua vida. Após a faculdade, os dois se casaram e tiveram três belos filhos. Foram tempos de alegria, onde Adrien achou que nunca mais ficaria sozinho novamente. Ele só não sabia que a solidão nunca o abandonaria fácil assim. 

Prestes a completarem bodas de prata, Marinette não resistiu e acabou partindo precocemente desse mundo. A causa da morte foi um mal súbito, ao menos ela não sofrera durante a passagem. O marido ficou meses de luto e chegou a mudar-se para o campo nesse período, procurando a paz interior. 

Para completar seu momento de solidão, foi por esse momento que seus filhos começaram a sair do ninho. O mais velho, Louis assumiu a gestão da empresa de moda da família e ficou em Paris durante o período sabático do pai. Sua filha Emma encontrou também o amor verdadeiro e mudou-se para uma casa só dela e de seu marido. Já Hugo, o caçula, sempre sonhou em fazer faculdade no exterior e acabou saindo do país. 

Adrien acabou encontrando a paz na calma na cidadezinha de Yonville e decidiu ficar permanentemente lá. Sentia falta dos filhos, porém compreendia que em algum momento eles viveriam sua própria vida e sairiam do seu lado. Esperava que pudesse vê-los novamente em dias especiais, onde reuniriam toda a família como ele nunca fizera no passado. 

O primeiro dia especial que aconteceu foi justamente o natal e, agora que já tinha superado o luto de sua esposa, estava animadíssimo para rever os filhos e saber sobre suas vitórias e derrotas na vida. Começou a planejar todo o banquete e telefonar para os filhos garantindo suas presenças. 

Apesar de no momento todos confirmarem felizes a presença e demonstrarem alegria por seu pai ter superado a perda de sua mãe, pouco depois os cancelamentos começaram a surgir. 

—Olá, pai... Eu queria dizer que estou grávida! - era Emma ao telefone falando animadamente 

—Oi, filha! Que alegria! - Adrien estava começando a ter o buraco que Marinette deixou preenchido novamente, mal podia esperar para conhecer seu primeiro netinho... -Você vai trazer o bebê no natal para nos conhecermos, né? 

—Então pai... - sua voz não era mais animada –Eu queria dizer que não estou me sentindo muito bem por causa da gravidez. Mas ano que vem nós vamos com certeza. 

—Não, tudo bem... - ele respondeu desanimado 

—Pai, eu estava a caminho da sua fazenda, mas recebi uma ligação do hospital dizendo que houve um acidente gravíssimo e que eu sou o único especialista de lá e eu não vou poder ir ao encontro de família. O acidentado pode morrer se eu não fizer a cirurgia... - era Hugo, que acabou se formando em medicina na Alemanha 

—Salva uma vida, meu filho. - o pai tentou passar confiança 

—Pai, apareceu um investidor de última hora e eu preciso preparar algum projeto para ele para janeiro agora e nós temos nada e... Estou meio sem tempo, sabe? Me perdoa se eu não for à ceia de natal? - era Louis, o novo gestor da Gabriel 

—Tudo bem filho. - respondeu em tom desanimador 

—Me desculpa - Louis foi verdadeiro 

Assim, Adrien passou o natal sozinho com uma decoração que esperava ao menos 5 pessoas além dele próprio: Louis, Emma, seu marido e Hugo.  

Aquilo foi muito familiar para ele, que se lembrou dos natais que tivera antes de ir à escola onde ele sempre ficara sem a companhia de seu pai. Sentiu-se dominado pela raiva como outrora já se sentiu e, rebeldemente começou a destruir todos os enfeites que havia comprado. 

Ao menos o ano seguinte seria diferente, certo? Errado. Alguns anos se passaram com Adrien sozinho em sua casa. Todo ano, seus filhos inventavam uma desculpa nova para se ausentar naquele ano, trabalho demais ou “não consegui comprar a passagem para Yonville a tempo”.  

Isso frustrava a cabeça dele, se sentia tão sozinho, nem os filhos ligavam mais para sua existência, nem quando estavam livres vinham lhe visitar. Quando Marinette estava viva, tinha a companhia dela, porém até isso a vida lhe tirou. Ele já estava se acostumando novamente à essa deprimente situação, quando teve uma brilhante ideia. Só esperava viver o suficiente para pô-la em prática, pois sentia-se mais fraco a cada dia. 

... 

A surpresa daquele ano foi quando, na semana do natal, todos os filhos dos Agreste Dupain-Cheng, receberam a informação de que seu pai havia falecido. 

Emma foi a primeira a ficar sabendo. Estava alegre brincando com sua filha mais velha, que agora já tinha 5 anos e nunca tinha conhecido seu avô pessoalmente. De repente, o telefone toca. Era o hospital comunicando sobre o falecimento de seu pai por ataque cardíaco. 

A mulher sentiu o chão sumir diante de seus pés e se agarrou em sua filha na tentativa de não cair buraco abaixo. Porém, ao lembra-se que ela nunca conhecera o avô falecido, a criança pereceu tóxica em seus braços e Emma precisou soltá-la. 

No hospital, enquanto se dirigia para o próximo atendimento, alguns médicos do hospital vizinho em Yonville chamaram Hugo com uma expressão não muito boa. Ele pensava que fora algum doente com algo sério e praticamente incurável, esses casos eram realmente desanimadores. Entretanto, era algo muito pior, seu pai morrera de um ataque cardíaco. 

Depois de tantos anos trabalhando com a morte, Hugo estava mais valente para encará-la. Mas golpes baixos assim, ninguém conseguia aguentar. Ele não conseguiu se concentrar nos atendimentos durante todo o dia pois só ficava vendo o rosto de seu pai nos pacientes. 

Louis estava preocupado com a situação atual da empresa. Sua mãe e seu avô foram os grandes estilistas que ajudaram a fazer a empresa crescer, com um pouco de ajuda dos bons contatos que tiveram com Audrey Bourgeois, é claro. Mas agora que ambos se foram, era difícil achar bons estilistas com ideias criativas visto que nenhum dos filhos herdaram tal talento. 

Quando um de seus funcionários do mais alto escalão entrou apressado em seu escritório, pensava que ele havia descoberto um novo grande talento. Muito pelo contrário, era a perda de um que já fora descoberto. Louis ficou desconsertado quando ouviu sobre a morte de seu pai. Parecia que sua missão de continuar o legado da família não tinha mais muito sentido. Para manter vivo as ideias ele deixou as pessoas... E agora estava sem nada. 

Por meio do celular, os irmãos comunicaram-se entre si, combinando de ir até Yonville na véspera no apartamento dele, para planejarem o funeral e se juntar nesse momento tão difícil. 

Quando os três irmãos se encontraram em frente à fazenda de Adrien em Yonville, cumprimentaram o marido de Emma, que trazia consigo a filha mais velha do casal e o recém-nascido Pierre. Hugo o pegou no colo. 

Antes de adentrarem o local, decidiram conversar. Todos sentiam muitas saudades uns dos outros e estavam desesperados por encontrar um pedaço que fosse daquilo deixado por seus pais que morreram tão jovens. 

—O Pierre é lindo, Emma. Já sabemos que é uma mãe maravilhosa. 

—Ele nunca conheceu o avô, nem sua irmã mais velha... – A loira disse. – Por culpa minha, eles nunca conheceram o avô. 

—Emma, não tinha como a gente saber... – Louis fala envolvendo a irmã em seus braços. 

—Mas mesmo assim, o papai estava louco pra conhecer os dois e eu decidi não os trazer. Se tivesse vindo antes, talvez ele tivesse tido tempo de brincar com os netos, de fazer a receita de macarons da mamãe... A gente nem teve tempo de se despedir dele... 

—Se serve de consolo, eu podia te pedido férias da empresa e deixado o contrato para depois do Ano Novo, mas decidi não vir. Papai sempre me disse para não me afundar no trabalho e foi o que fiz. Ignorei o que ele falou e agora vou sofrer as consequências... 

—Pelo menos vocês tinham uma desculpa verdadeira, eu inventei um paciente para não ter que vir para cá por pura preguiça. – Os olhos de Hugo se enchiam novamente de lágrimas. – Eu menti pro nosso papai!  

—Achei que perder a mamãe já tivesse sido um baque grande, mas perder o papai também está sendo. – Emma fala limpando as lágrimas com as mãos. – Eu acho que nunca falei “eu te amo” tantas vezes quanto deveria... 

—Eu também não... – Responderam os outros dois em uníssono. 

—Vamos acabar com isso, temos que planejar o funeral do papai. – Ela segura nas mãos de seus irmãos. – Vamos fazer isso juntos e passar esse feriado juntos, como o papai e a mamãe sempre desejaram. 

Todos se arrependeram de tão pouco terem visitado o pai que, apesar de não morar mais em Paris, nem vivia tão longe assim deles. Agora, nunca mais poderiam usufruir da festa que o pai deles tanto queria preparar para os cinco. 

De mãos dadas, eles adentraram a grande casa, achariam que encontrariam tudo sujo, com teias de aranhas por todos os cantos, mas foi especificamente o contrário. Estava tudo perfeitamente limpo, uma grande árvore de natal decorada com enfeites vermelhos e dourados, a lareira acesa e uma grande mesa de jantar com velas acesas os esperavam, fazendo os irmãos se olharem confusos, parece que foi só naquele momento que eles se deram conta que era véspera de natal.  

Pensaram logo que Adrien estaria planejando a mais nova festa que daria para eles, na esperança que viessem e ele pudesse conhecer os netos, quando aconteceu o fatídico ataque cardíaco. Aquela decoração que talvez alegrasse a muitos só despertou tristeza naqueles irmãos. 

Logo veem uma sombra saindo do corredor, pensaram até na possibilidade de ser um fantasma, pois era o pai deles ali, o mesmo pai que disseram estar falecido. Olharam para o senhor mais confusos ainda, até que Adrien decidiu se pronunciar: 

—De que outro jeito eu nos reuniria de novo?  

As lágrimas nos irmãos se intensificaram, correram em direção de seu pai e lhe abraçaram forte, o velhinho também começou a chorar e abraçou os filhos como se fosse a última coisa que faria no mundo. 

—Te amo, papai! – Os três disseram juntos. 

Ali Adrien não conseguia ver os três adultos, mas sim as três pequenas crianças que corriam por aquela casa quando eram menores, brigando para decidir qual seria o desenho animado que assistiriam aquela manhã.  

Logo Louise, a neta mais velha do senhor, veio correndo e o abraçou, Adrien distribuiu beijinhos por toda sua cabeça. O mais velho viu o quanto ela era parecida com sua falecida esposa, Marinette, e sentiu-se completo pela primeira vez desde então. Foi o momento mais lindo e mágico que todos ali já vivenciaram.  

Após isso, o marido de Emma se aproximou com Pierre, com todo o cuidado possível, o senhor pegou o bebê em seu colo e começou a balançar. Emma abraçou o marido, que retribuiu o gesto. 

Os irmãos não culparam o pai, pois entenderam o lado dele. O lado de estar sozinho no mundo e sentir que nem os filhos sentiram a sua falta, prometeram a si mesmos que iriam ir para Yonville passar o natal com toda a família todo ano.  

Com a meia-noite, também veio a grande ceia que Adrien havia preparado sozinho, todos comeram e se empanturraram juntos. E no dia seguinte, em baixo da árvore estava lotado de presentes comprados pelo senhor. 

E todos ficaram felizes, pois afinal, era natal. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui, comentem o que acharam, esperamos que tenham gostado, desculpem pelos erros e até mais.
Link do comercial que inspirou a história: https://www.youtube.com/watch?v=ProeoZAlSvo



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