Dabi - Conselheiro Amoroso em Condicional escrita por Kacchako Project


Capítulo 1
Você sabe onde me achar!


Notas iniciais do capítulo

Betagem por @Oceanizing e capa por @uwu_queen



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Ele se lembrava bem da notícia, fazia uns cinco anos desde que conseguiram pegar alguns membros de uma das gangues mais perigosas, naquele dia o programa que estava assistindo fora substituído pela urgência daqueles fatos.

"Um dos principais membros do grupo preso, que estava foragido, foi localizado, reconhecido como Dabi. De acordo com a polícia, sua função ia além de desovar os corpos, ele será julgado e receberá sua pena em dois dias. Caso tenha alguma informação sobre esse assunto, pedimos que informem as autoridades."

Neste ano, há alguns meses, a notícia se repetiu — com circunstâncias diferentes — , os advogados de Dabi haviam feito o pedido de livramento condicional e como ele teria cumprido dois terços da pena — casos de condenação por crime hediondo ou a ele equiparado, pelas provas de marcas nos corpos desovados, o juiz concedeu desde que use a tornozeleira eletrônica e que alguém de sua família sempre fique por perto.

Katsuki acompanhava o amigo no mercado central da cidade, era dia de promoção e estava lotado. Recebera uma lista da mãe com os itens que faltavam em casa e era de extrema importância trazer tudo — sem exceção.

— Acho que a fila vai demorar mais um pouco, vou ali olhar a carne. — Shoto diz enquanto se vira para o setor dos refrigerados.

O loiro batucava no carrinho com uma mão, enquanto na outra segurava o celular e atualizava a timeline do Instagram. A primeira imagem que apareceu foi da garota que tinha uma queda desde a primeira vez que a viu.

— Garota bonita.

A voz soou atrás de si, ao se virar deparou-se com um homem mais velho e que não conhecia.

— E quem é você? — perguntou guardando seu celular no bolso e encostando as costas no corrimão do carrinho. — Deseja algo?

— Sou Touya, 'tô procurando o Shoto. Sabe onde ele 'tá?

— Deve 'tá voltando — disse retornando sua atenção para a fila a sua frente, ignorando totalmente o mais velho. Mais duas pessoas e estariam longe dali.

O meio a meio não demorou tanto para aparecer com dois sacos de carnes em mãos, sem notar a presença do outro encostado em uma das prateleiras nas laterais. Conversa vai e conversa vem, ele só o nota quando o amigo murmura algo e aponta discretamente para o tal "Touya".

A expressão de Todoroki abriu em surpresa, como se estivesse vendo um fantasma.

— O que você tá fazendo aqui? Eu te falei pra ficar em casa!

— Vim comprar meu queijo, osh.

— Eu disse que compraria para você, mas que saco Touya!

— Sempre que eu te peço algo, não chega pra mim. Não quero te dar trabalho então eu vim.

— Não era para você sair sozinho, tá louco.

— Cara, acabei de receber permissão 'pra sair de casa, me deixa. Pronto.

Bakugou observava a discussão atordoado, não sabendo se dizia algo ou não. Mas havia aprendido que em briga de marido e mulher não se mete a colher — mesmo que em outro sentido e circunstância.

Sua voz saiu baixa, entretanto, alta o suficiente para chamar a atenção de ambos:

— Albino, tu não me é estranho. Te conheço?

— Provavelmente sim, loiro.

— Não, não o conhece — disse o bicolor, atrapalhando as poucas palavras que sairiam da boca do mais velho.

Bakugou deu de ombros, avançando o carrinho para enfim pagar e irem embora. Na saída não haviam notado que perderam o dia inteiro naquele local, cada um pegou suas compras e seguiu seu caminho.

A verdade era que, o homem de nome Touya não lhe era estranho — sua aparência, o modo de agir e a semelhança com Todoroki faziam as coisas mais suspeitas.

Entretanto, o pensamento foi esquecido ao chegar em casa, logo atacando um pratão servido pela mãe.

No fim de semana, Shoto marcou de se encontrarem à tarde em sua residência, para realizarem o trabalho proposto pela professora Midnight. Bakugou não morava longe do amigo, mas era uma bela caminhada até lá — e estava fazendo um calor tremendo, coisa que ele odiava.

— Tempo fudido... — murmurou enquanto abanava o folheto em mãos que pegara de um transeunte. — Espero que o meio a meio tenha ao menos um ar condicionado.

Quando virou à direita para rua do amigo, seguindo para reta final do caminho, ouviu sendo chamado:

— Oe, loiro — disse um homem atrás de uma cerca de madeira de uma casa. — Vem cá. — Acenou.

Katsuki olhou do homem para a rua vazia, fazendo isso mais de uma vez, com o cenho franzido andou até ele, porém mantendo uma distância segura do desconhecido.

— Você é o do mercado... O tal Touya, não é?

O albino apenas balançou a cabeça, apoiando suas mãos na madeira que separava-os.

— Pode me fazer um favor? — perguntou enquanto o loiro dava de ombros. — Me compra um picolé ali, por favor. Eu te dou o dinheiro. — Apontou para o carrinho de um homem do outro lado da rua.

— E por que... você não vai?

— De certa forma, me "proibiram" de sair daqui. Vai cara, tá muito quente.

Katsuki respirou fundo e esticou a mão pegando o dinheiro do mais velho, dirigindo-se ao outro lado para comprar o picolé do senhor. Sem especificação de sabor, acabou comprando um de morango e esperava que fosse o suficiente.

Procurou o Touya com os olhos em todos os cantos daquele cercado, mas ele tinha sumido.

— Só pode ser piada. Eu vou comer esse sorvete e que se dane.

Quase abriu a embalagem se não fosse a porta da casa abrindo a sua frente, com Todoroki saindo e levando o celular em mãos na orelha até lhe ver e parar seu movimento repentinamente.

— Eu ia te ligar pra saber se você tinha se perdido.

— Tsc. Só me distrai por um segundo. — Levantou a mão com o picolé enquanto entrava dentro da casa. — Se quer?

— Não, pode ficar.

Passaram por Natsuo na sala, Katsuki o cumprimentou e logo recebeu um aceno de volta. Shoto explicou para o irmão o motivo do amigo estar ali, complementando:

— Se precisarem de mim, estou no quarto.

E saiu com o loiro em seu encalço. Mas obviamente o mundo estava conspirando contra ele naquele dia.

— Aí está meu sorvete, valeu mesmo em loirinho!

O albino disse arrancando o picolé da mão de Bakugou, logo abrindo e colocando-o dentro da boca.

— Morango, nada mal!

Katsuki estava assustado, pelo fato do estranho do mercado estar ali na casa do amigo ou a presença repentina do homem para cima de si, nem ele sabia. Apenas parou enquanto observava-o.

— Caralho Touya! — exclamou Shoto enquanto apontava o dedo no peito do mais velho. — Você não respeita nem um pedido feito à você? Eu te pedi, com educação, para ficar dentro do quarto enquanto ele estava aqui. Mas não, tinha que abusar e pedir para comprar sorvete pra você ainda por cima? — Suspirou.

— Você tem sorte de ter a gente, então por favor, respeite as únicas coisas que lhe pedimos.

— Respeito? Primeiro vocês têm que começar a fazer isso pelas minhas comidas. As coisas que lhe peço nunca chegam para mim.

Natsuo que estava quietinho confortavelmente sentado no sofá, levantou a mão pronunciando-se:

— Ah. Isso aí fui eu. Queria te provocar para ver até onde você aguentaria não socar ninguém. Mas você se segurou bem, Dabi. — Riu enquanto dava tapinhas no ombro do irmão.

Ao ouvir o nome, Bakugou arregalou os olhos de surpresa. Estupefato. Aquele seria o mesmo Dabi, o criminoso da gangue?

— Eu disse que você me conhecia. — Deu de ombros, virando-se e retornando de onde veio.

— Foi mal aí Katsuki.

— Mas que merda Shoto! Não é perigoso ele aqui? — Agitado apontava para o lugar que o outro havia ido.

O bicolor sentou-se no chão e ajeitou suas coisas na mesa antes de respondê-lo.

— Não, esse idiota não quer voltar pra cadeia, tenho certeza absoluta disso. — Bateu a mão ao seu lado, indicando para o amigo sentar. — Do que vamos falar?

~ × ~

O trabalho havia levado horas para ser feito — não que houvessem terminado —, em alguns minutos de descanso, os olhos saíram do caderno ao vídeo-game embaixo da TV para um pedido suplicante ao dono, que apenas acenou. Nenhum dos dois aguentava mais o calor e o ventilador mais o ar condicionado ligados não surtiam o efeito que tanto apreciavam.

Mas a vontade de se distrair com algum jogo de luta se dissipou quando perceberam que não iriam conseguir mais serem produtivos depois da pausa, levando-os a tomarem um ar fresco no quintal do fundo junto ao sorvete dado por Fuyumi.

Sentaram na grama bem cuidada, aproveitando cada colherada do sorvete antes dele derreter. Não havia mais sol, mas estava abafado, o que dava ao Katsuki a ideia de tomar banho de mangueira — e não iria fazer isso ali, obviamente.

O silêncio entre eles não era ruim, mas havia uma dúvida que rondava a mente do loiro sobre o amigo que desejava perguntar.

— Hm, Shoto — chamou a atenção do amigo para si enquanto buscava as palavras certas. — E o Deku?

— O que tem ele?

— Você e o Deku se resolveram?

Como o bicolor apenas acenou com a cabeça, Bakugou considerou que havia tocado em um assunto delicado, então não esperava que ele fosse responder.

— Estamos bem, expliquei para ele o porque eu tinha me afastado. — Enfiou uma colherada na boca antes de continuar. — Inclusive, ele mesmo adivinhou que o Touya era o Dabi e afins.

— Mas me fala, já conseguiu falar com a Uraraka? Sei que você disse que não precisava de ajuda, mas não acha que está meio, hm, travado?

O assunto tão esperado que Bakugou esperava conseguir desviar do amigo estava aí bem a porta. Com toda sua personalidade teimosa e cabeça dura que não desistia tão fácil, quando o assunto era Ochako Uraraka, ele era um covarde.

O sorriso da garota que derretia todas suas barreiras do seu coração, o olhar gentil para com todos e aquele charme de bochechas redondas. Era sua perdição.

E lá estava ele novamente, perdido em pensamentos e sem saber o que fazer em relação a garota.

— ... Chamando Katsuki. Terra chamando Katsuki.

— Ei! — Acordou de seu pequeno transe quando a combuca em suas mãos foi puxada rapidamente, de forma abrupta.

— Seu sorvete tá derretendo e tá muito calor para ser desperdiçado, então eu vou terminar aqui, beleza?

— Filho da pu...

— Não xinga a minha mãe, não! E irmãozinho, eu não vou devolver antes que você diga algo. — Apontou para o irmão e sentou na madeira da varanda.

— Faz o que quiser, Touya. — Shoto disse levantando-se. — Eu já volto Katsuki. — Adentrou a casa.

— Ei, Katsuki. — Dabi apontou a colher para o garoto que ainda continuava sentado na grama.

— Bakugou, não somos próximos.

— Tanto faz, loiro — disse fazendo o mais novo revirar os olhos. — Eu ouvi um pouco da conversa de vocês e tu tá com problema com aquela garota do Instagram né?

— Tsc. Você parece já saber a resposta. — Pegou o celular do bolso para ver o porque tanto vibrava.

— E que tal a gente fazer um acordo? — questionou roubando a atenção do garoto. — Eu te ajudo com ela e você me ajuda em um negócio.

— E o que você sabe sobre conquistar garotas? — Ergueu uma de suas sobrancelhas em sinal claro de deboche.

— Bastante coisa até. Eu já namorei, garoto.

— Antes de ser criminoso ou depois?

Um mínimo sorriso lateral surgiu no rosto do Todoroki mais velho, o garoto era bom em provocar, mas ele não ia deixar — precisava da ajuda e não iria desperdiçar essa chance.

— Está tudo bem aí? — A cabeça do bicolor surgiu pela porta de correr da sala.

— Tá sim, não se preocupa irmãozinho. — Dabi abanava a mão para o outro como pedido de "vá embora, está atrapalhando".

— Está sim, meio a meio, não se preocupe — pronunciou-se levantando. — Mas já vou, minha mãe. — Mostrou o celular pro amigo.

— Se estiver interessado na proposta, você sabe onde me achar! — gritou o mais velho com a colher na boca do mesmo lugar.

Na saída, Shoto deixou bem claro para que Bakugou tomasse cuidado sobre qualquer ideia idiota do irmão — que poderia ser bem manipulativo quando queria.

Contudo, Bakugou se viu interessado no que teria que fazer para o albino ex-criminoso lhe ajudar.

Só esperava que isso não desse errado. 

 


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Notas finais do capítulo


Oi oi! Hoje estou aqui, debutando no @KacchakoProj que comemorou agora em Outubro/Novembro 1 ano de existência!!!

Em celebração, nosso tema bimestral foi um desafio com um detalhe do site: cada membro da equipe tem um personagem representativo lá, que aliás, se você não visitou da uma passadinha lá (o link estará aqui nos comentários) e nas fics desse bimestre, o tal personagem precisar ser responsável em juntar a Ochako e o Katsuki de alguma forma.

E mais, tem uma lista que montamos com frases, objetos e palavras que tem que estar dentro da história!

Bom, meu personagem representativo é o Dabi e sabemos que talvez ele não faria algo desse tipo né ahshuahu, então aqui temos um universo alternativo, mas ele ainda seria "vilão". Um criminoso de primeira!

Eu acredito que eu tenha esquecido de usar algo da lista, então nos próximos capítulos terão elas aqui. Perdoem, tenho Alzheimer.

Farei o possível para postá-la em menos de 1 mês cada capítulo hehe então já agradeço o apoio de vocês, seja em comentário, curtida ou só a leitura! Obrigada!



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