Queen escrita por Andie Jacksonn


Capítulo 1
Capítulo 1 - The show must go on


Notas iniciais do capítulo

Pessoas lindas do meu coração, tem uns mil anos que não escrevo nada, então peço desculpas por qualquer erro.

Espero que gostem.

É uma honra poder participar do DEZEMBROMIONE. Obrigada



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Queen

Hermione Granger colocou mais uma de suas caixas de livros no chão e limpou o suor do rosto.

Por que ela tinha trazido tanta coisa de Sydney? Ela devia ter escutado a mãe e enviado seus livros pelo correio, mas queria tê-los com ela quando se instalasse no novo apartamento em Londres.

Ela olhou para a janela de seu novo quarto e quase não acreditou que tinha realmente voltado e conseguido aquele emprego na Potter, ainda mais como uma das diretoras administrativas da empresa.

Os Potter começaram vendendo produtos para cabelo, mas como não deu muito certo, eles acabaram indo para o ramo de roupas. Agora, depois três gerações, a família tinha um império de moda: Potter era uma marca de roupas famosíssima e todos os anos anunciavam parcerias com empresas de sapatos, joias, bolsas e outros acessórios. Não era surpresa para ninguém que eles lançavam as maiores tendências do país.

Hermione não se considerava apaixonada por beleza e moda no geral, ela só adorava a empresa. Pois é, para uma militante dos direitos humanos como ela, gostar de uma empresa (cujo principal propósito é fazer dinheiro) era uma das grandes ironias de sua vida e praticamente uma hipocrisia. Mas ela defendia a Potter porque foi o primeiro lugar no qual sentiu que seu cabelo não era alto demais, seus dentes não eram grandes demais e que ela não era sem-graça demais.

A Granger ainda lembrava a primeira vez que foi naquele prédio com seus amigos, Harry e Ron, e como nenhum dos adultos lá olhavam para ela da mesma maneira que a maioria das crianças fazia: achando-a estranha e feia. Ela não entendeu quando um fotógrafo a chamou de linda e perguntou se ela não queria tirar foto com os amigos, mas acabou aceitando porque o estúdio era muito legal e eles deixaram-na tirar algumas fotos segurando livros. Tinha sido um dos melhores dias de sua vida, nunca tinha recebido elogios de alguém que não fosse seus pais, e ninguém se importava com o fato de que ela era tímida ou só tinha dois amigos, mesmo aos 12 anos.

Depois disso, ela começou a pesquisar sobre a empresa, aprendeu que padrões de beleza são uma merda e que a Potter queria mostrar para as pessoas que elas eram lindas, sim, e que não precisavam ser super magras para se sentirem felizes ou se sentirem desejadas, caso essa fosse a intenção. Ela ainda guardava as revistas (na época, Potter lançava uma revista com seus produtos) com modelos plus-size, negras, latinas, asiáticas e de idades diferentes: Hermione queria ser como elas porque aquelas mulheres não tinham vergonha de ser quem eram e estavam mostrando isso para o mundo todo ver.

Claro que a Potter não era perfeita, porém Hermione conhecia James e Lily (pais do seu amigo Harry) e eles realmente trabalhavam para produzirem roupas para todos os gostos e pessoas. Eles eram pioneiros em muitas coisas, afinal que marca falava sobre autoestima e amor-próprio em 2000? Hermione não conseguia lembrar.

Agora, ali estava ela, pronta para começar no novo emprego e de volta a Londres depois de dez anos sem colocar os pés na Inglaterra. Estava ansiosa para ver Harry de novo, Gina, Luna, Neville e ele.

Argh!

Ela revirou os olhos.

Não tinha por que pensar em Ron de maneira diferente. Ele tinha sido seu amigo assim como Harry.

E só um crush estúpido na adolescência.

Ela nem sabia por onde ele andava.

Hermione não tinha 16 anos mais, tinha 26, pelo amor de Deus.

Não era possível que ela ia ficar nervosa se visse Ron de novo.

Aff.

.

.

.

Hermione ajustou seu terninho azul-marinho, entrou no prédio que pertencia aos Potter e abriu um sorriso enorme quando avistou Lily Evans-Potter. Ela era uma das pessoas mais lindas e legais que já tinha conhecido, e costumava falar que Hermione ia trabalhar ali, ajudando-a a criar moda de uma maneira acessível e que abraçasse todas as mulheres.

Hermione não acreditava muito naquela época porque queria ajudar as pessoas e achava que a moda não era o caminho, mal sabia ela que estaria ali, pronta para ajudar Lily a fazer exatamente aquilo que a mais velha previra.

— Hermione – disse Lily antes de abraçar a amiga do filho. – Sempre deslumbrante.

Granger teve que rir porque tinha uns dez anos que Lily não a via. Algo em seu rosto deve ter transparecido seu sentimento, porque a mais velha continuou:

— Mesmo que tenha anos que não te vejo pessoalmente o que eu disse não deixa de ser verdade.

— Obrigada, Lily. Você também continua tão maravilhosa quanto me lembrava.

— Inteligente, linda e bem educada – riu Lily enquanto pegava Hermione pelo braço e a levava em direção aos elevadores. – Esse é o tipo de companhia que sempre quis para meu filho. Vamos lá encontrar com ele. Bom que você participa da reunião que vai acontecer agora.

As duas saíram no último andar, e de longe Hermione avistou um cabelo desarrumado de costas para ela. Seu coração ficou quentinho porque só agora ela percebia que sentia muita falta do amigo, mesmo que ele tenha ido visitá-la na Austrália umas duas vezes.

Harry estava dentro de uma sala de reunião de paredes de vidro com outras pessoas, mas assim que virou e a viu com a mãe, veio em sua direção e lhe deu um abraço tão apertado que a tirou do chão:

— Hermione! Hermione! Hermione! – cantarolava ele. – Você está aqui, finalmente. Vem, vou te apresentar algumas pessoas com as quais você vai trabalhar, sua secretária e a sua sala. Tem uma vista maravilhosa. Até meu pai ficou com inveja porque minha mãe cuidou de tudo pessoalmente.

Assim que eles entraram na sala, Granger viu James Potter, presidente da empresa, que também já estava em pé para abraçá-la:

— Posso falar como uma pessoa velha e dizer que “o bom filho a casa torna”? Quero dizer, a boa filha a casa torna. Seja bem-vinda, Hermione. O nosso time não estava completo sem você.

— Obrigada, Sr. Potter. É muito gentil de sua parte.

— Sem formalidades comigo, okay, querida? Praticamente vi você crescer – disse ele, sorrindo para ela.

Viu? Um dos motivos de ter aceitado esse emprego foi o fato de que sabia que se sentiria bem-vinda tanto quanto se sentiu quando visitou o prédio pela primeira vez.

Lily chamou a atenção de todos, dizendo que poderiam se sentar para começar a reunião; ela apresentou Hermione oficialmente e então uma pessoa abriu a porta para entrar:

— Com licença. Peço desculpas pelo atraso, Lily e Sr. Potter.

Hermione não conseguia acreditar no que via.

— Queen? – perguntou o ruivo que tinha entrado, arregalando os olhos.

Sério isso?

Granger não conseguia acreditar que era a primeira vez que via Ron em 10 anos e a primeira coisa que ele falou foi um apelido ridículo da época da escola.

Apelido ridículo que ele tinha dado.

E daí que ela era fã da banda e do Freddy Mercury? Ela gostava de admirar pessoas que não tiveram medo de irem atrás dos seus sonhos e que não tinham medo de serem elas mesmas.

Ela amava Queen. E aí, quando um dos professores pediu para cada pessoa fazer uma apresentação sobre alguém que lhes inspirava, ela escolheu Freddy Mercury, um dos poucos homens que merecia direitos, segundo a Hermione de 13 anos. Para explicar que ele era um artista incrível e que tinha um estilo único, ela decidiu vestir uma jaqueta amarela e fazer um penteado no cabelo para homenageá-lo.

No fim das apresentações, ela continuava sendo a sabe-tudo da sala, mas agora era também uma esquisita. Hermione sabia que comentavam pelas suas costas e que só não tinha sofrido bullying porque era melhor amiga de Harry e Ron, populares desde que ela se lembrava. Entretanto, um dia quando estava na biblioteca, Ron veio ao seu encontro e falou:

— Me ajuda, queen.

Claro que ele não podia ter falado isso baixo.

Claro que não.

E é claro que quase todo mundo naquele ano começou a chamar ela assim. E parece que Ron nunca parou.

 – E tem gente que ficou no ensino médio – Granger disse antes de revirar os olhos.

— O que você está fazendo aqui, Hermione? – repetiu Ron, ainda chocado por ver Hermione. Meu Deus, já tinha mais de dez anos.

E ela estava tão adulta. Por que ela sempre, sempre, sempre parecia madura que ele? Ele tinha chegado no prédio às sete da manhã, sua roupa estava amassada e tinha certeza de que sua jaqueta era a única roupa jeans naquela sala cheia de gente importante.  

— Surpresa! – falou Harry abraçando Hermione pelos ombros. – A Mione agora vai trabalhar com a gente aqui. Quero dizer, ela vai trabalhar em outra área, mas nós três vamos poder ficar juntos de novo.

Hermione e Ron olharam para o sorriso de felicidade de Harry e riram.

— Harry, por que não me contou? – perguntou Ron.

— Queria fazer uma surpresa! Dã! Não é o máximo? Mione vai ser uma das diretoras administrativas da Potter.

— Diretora? – repetiu Ron. Viu? Ela tinha acabado de chegar e já era diretora, por que ela tinha que ser tão melhor e linda em tudo?

— Sempre o tom de surpresa, não é, Ronald?

 – Não é isso, Mione... Não revira os olhos para mim.

Foi a vez de Harry rir:

— Vocês já estão implicando um com o outro. Como nos velhos tempos.

Hermione abriu a boca para responder, mas Lily chamou os três para sentar e começarem a reunião. Ela não acreditava que Ron trabalhava lá. Mas fazendo o quê? Ele dizia que ia seguir carreira na polícia ou passar em um concurso como seus irmãos. Que estranho.

Toda a família de Ron trabalhava para o governo: Seus dois irmãos mais velhos trabalhavam para o Banco Nacional, o terceiro deles trabalhava para a família real, e os gêmeos eram da Scotland Yard. Gina, irmã mais nova do Ron, tinha conseguido uma bolsa na faculdade para jogar futebol, mas até onde Hermione sabia, também era detetive.

O que teria acontecido?

Ron tinha tanta certeza do que queria, e agora era tão estranho vê-lo numa jaqueta jeans em uma reunião sobre a coleção primavera/verão da Potter. E ele estava fazendo anotações em um caderno! Era uma visão tão estranha para a Granger, porque tinha dias que ele nem levava lápis para a escola, dizia que só teria que estudar de verdade quando fosse fazer alguma prova para a faculdade ou emprego.

As pessoas na reunião estavam discutindo cores, estampas, modelos e estavam analisando os croquis que Harry havia preparado já que um dos lançamentos teria apenas suas criações. Hermione achava tão legal que seu amigo havia seguido os passos da mãe e se tornado um estilista, e ela estava amando ver como essa equipe trabalhava, mesmo que o seu trabalho fosse apenas lidando com números.

Verdade.

Por que ela estava na reunião se seu emprego era administrativo?

Ela não precisava saber o que a marca estava preparando, né?

E por que eles estavam perguntando se Ron tinha tido alguma ideia?

Como assim?

Ele não entendia nada de moda, certo?

E por que ele estava falando de ideias para engajamento em redes sociais e aquilo que ela estava vendo perto do pescoço dele era uma tatuagem?

Quê?

Até onde a Granger se lembrava, o pai de Ron odiava tatuagens com todas as forças.  

Claro que Ron era um adulto agora.

E podia fazer o que quiser.

Claro. Eles tinham a mesma idade.

Ela estava esperando encontrar aquele chatinho ruivo da escola?

E por que todo mundo parecia super interessado em saber o que ele pensava o respeito do lançamento da nova coleção?

E por que Hermione estava numa reunião sobre a nova coleção? Era não era da área de criação, nem produção!

E desde quando Ron tinha aquela voz grossa?

Essas reuniões não deviam ser super secretas?

— Hemione? – chamou Lily.

— Quê?

— Está tudo bem, querida? Você parece meio tonta.

Tonta?

É claro que Hermione estava tonta!

Ela não estava entendendo mais nada. Desde quando ela não entendia as coisas?

— Sinto muito. – disse Granger, se levantando – Eu estou me sentindo um pouco cansada, acho que ainda não me acostumei com o novo fuso horário. Eu vou beber um pouco de água. Com licença.

Hermione não esperou a resposta de ninguém e saiu da sala. Ela encontrou uma mesa ao lado do bebedouro com café e chá, e ela tomou os dois, um atrás do outro.

Depois respirou fundo.

Uma vez.

Duas vezes.

Três vezes.

Parecia que Londres tinha mudado mais do que ela imaginava.

E Ron Weasley também.

.

.

.

Hermione achou uma sala de espera naquele andar e esperou que alguém viesse atrás dela, porque ela não estava entendendo várias coisas.

Cerca de 30 minutos depois, Harry a encontrou e lhe mostrou a empresa. Quando eles chegaram no 13º andar, o Potter disse que era área onde Ron dominava.

— E o que exatamente ele faz?

— Ron é um dos chefes do departamento de publicidade e propaganda, e é por isso ele estava na reunião, pra ir pensando na melhor maneira de apresentar a nova coleção.

Hermione Granger nem tentou esconder sua surpresa.

— Meio diferente do Ron que você lembra, não é, Mione? – disse Harry com um sorriso.

— Muito. Achei que ele seguir os passos dos irmãos e ir atrás de um concurso. Nada contra, mas é tão diferente.

Harry concordou e continuou:

— Ele é muito bom, de verdade, entende tudo de computadores e redes sociais. E não estou falando só porque ele é meu melhor amigo.

— Eu acredito, mas nunca imaginei um Weasley trabalhando numa empresa de moda. O pai do Ron nunca foi muito fã da sua família por isso, não é?

Harry suspirou.

— Desculpa. – pediu Hermione.

— Tudo bem. Os pais do Ron sempre acharam que a gente ganhou dinheiro fácil demais e que somos meio metidos por isso.

— Mesmo assim eles adoram você.

— Todo mundo me adora, Granger, obviamente. Só espero que continue assim.

— E por que isso mudaria? – perguntou Hermione, interessada.

— Sei lá, né? – disse Harry dando de ombros enquanto entrava no elevador.

Os dois continuaram o tour e almoçaram juntos em um restaurante próximo da empresa.

E assim se passou o primeiro dia de trabalho de Hermione.

O primeiro mês.

E o segundo também.

Ela se acostumou à nova rotina, ao novo fuso horário, ao seu trabalho e estava aprendendo a amar Londres de novo.

Depois daquele primeiro dia, Hermione não viu Ron nenhuma vez, a não ser no mini jantar que Harry organizou com alguns amigos da escola. Quase todo mundo estava lá e foi bom rever seus colegas, principalmente Gina. Ela estava maravilhosa, como sempre, e cheia de histórias para contar sobre tudo e todo mundo; talvez Granger tenha perguntado sobre sua família e a Weasley tinha um monte de coisa pra falar:

— O Jorge vai se casar com a Angelina ano que vem, assim que o bebê nascer e passar o resguardo. Todo mundo ficou meio chocado, né? Mas minha mãe e meu pai estão super felizes por ganhar outro neto ou neta.

— Por que todo mundo ficou chocado? Eles não namoravam desde o ensino médio?

— Não! A Angelina namorava o Fred!

Hermione ficou boquiaberta.

— Essa foi a cara que a gente fez. Tudo bem que o Fred e ela terminaram logo depois que começaram a faculdade, mas ninguém fazia a mínima ideia de que ela estava saindo com o Jorge agora.

E aí a Gina continuou contanto outras coisas que tinham acontecido com a família, menos sobre quem a Granger queria ouvir.

Harry também nem mencionava o amigo, e as secretárias (que sempre sabem de tudo) não falaram nada além de que ele era super educado e tinha um ar perigoso por causa da moto, as jaquetas e as tatuagens.

Perigoso?

Desde quando, gente?

Ron era considerado legal e popular até onde ela se lembrava. Mas bad boy intocável?

Faça-me o favor: ele era otaku.

Quase ninguém sabia, mas ele era secretamente viciado em anime e outros desenhos de super-herói. Ele tinha chorado por causa de Naruto uma vez, pelo amor de Deus. Isso lá era ser bad boy?

Hermione estava tendo muita dificuldade de ver seu antigo amigo e crush nesse homem que as pessoas estavam falando. Mas aquilo não importava agora porque a Granger tinha que trabalhar, afinal Lily tinha dito que precisava dela no estúdio fotográfico da empresa.

— Hermione! É você?

Granger se virou e viu alguém que não esperava ver mesmo.

Lilá Brown.

Linda como sempre.

— O Ron tinha me falado que você estava trabalhando aqui, mas quase não acreditei. Acabei de falar com ele lá em cima e agora vou para sessão de fotos. Você também vai? Qual é o seu trabalho aqui?

— Brown, calma. Uma coisa de cada vez, pode ser?

Lilá Brown sorriu e disse:

— Desculpa, eu sei que falo demais. É por isso que você não gostava de mim na escola, não é?

A Granger sentiu suas bochechas esquentarem: essa era só a metade do motivo pelo qual ela não gostava de Lilá. Sim, ela conversava demais na aula (o que Hermione odiava), mas ela tinha sido a primeira namorada do Ron, primeiro beijo e outra primeiras vezes que ela nem queria pensar.

Hermione odiava se sentir assim, mas tinha ciúmes e um pouco de inveja porque ela era linda, sabia disso. Enquanto a Granger tinha sido uma adolescente que lutava com a própria baixa autoestima.

— Não precisa ficar sem graça, Mione, eu sei que eu exagerava, e pra ser sincera, eu também não era sua fã. Eu tinha um pouco de inveja.

Quê?

Hermione olhou para mulher parada na sua frente: suas roupas estavam impecáveis, e caríssimas, e sua pele negra brilhava como se ela fosse uma boneca, isso para não falar no rosto perfeito.

— Por quê?

— Porque você era a mais inteligente e era a melhor amiga do Harry e o do Ron.

— Quê?

— Com o tempo, e terapia que faço até hoje, melhorei muito, mas muito mesmo.

Hermione achou que ia ficar tonta de novo.

— Você sempre foi a pessoa que todos queriam sair ou serem amigos, não eu, Brown.

— Mas as pessoas não gostavam de mim de verdade. Só queriam ficar perto de mim pelo dinheiro da minha família ou porque queriam ter alguma coisa comigo. O Uón, o Harry e Gina te amavam de verdade, e você não tinha que ir em festas ou fingir ser quem não era. E eu estou falando muito de novo, não é?

Hermione respirou fundo e tomou coragem para perguntar algo que a incomodou no segundo que ela disse que tinha ido ver o Weasley:

— E você e o Ron ainda estão juntos?

— Lógico que não, a gente acabou virando amigo, acredita? E ele também é amigo do meu noivo – falou ela mostrando a pedra gigante que tinha no seu dedo. – Você não disse se está indo para sessão de fotos...

— Eu estou. Lily pediu pra falar comigo. E você?

— Sou uma das modelos, sua boba, você não sabia? – Lilá agarrou o braço de Hermione e começou a andar. – É tão mara que você tenha voltado e vamos trabalhar juntas. Podemos sair depois. E você pode me chamar pelo primeiro nome, a gente já se conhece há tanto tempo.

— Pois é.

Lilá parou de andar e virou para a Granger:

— Trabalhando como modelo, eu percebi que esse mundo capitalista e machista quer colocar as mulheres umas contra as outras, e eu decidi me negar a fazer isso. E, também prometi a mim mesma e à minha terapeuta que se encontrasse você de novo, ia tentar ser sua amiga e não continuar com uma rixa idiota, principalmente por causa de um garoto.

Hermione teve que rir.

— Então você sabia?

— Que você gostava do Uón? Demorei um pouco pra perceber, mas sim.

— Tem mesmo muito tempo. Mas obrigada por ter vindo falar comigo agora. Eu também tinha inveja de você – admitiu a Granger, sem graça.

— Por quê?

— Porque você era a mais linda da escola, porque ele gostava de você. E porque você realmente fala demais.

Lilá riu.

— Olha, estou super atrasada, tipo uns dez anos, mas vou pegar seu telefone e a gente vai sair, ok? Por mais que o Ron seja um homem maravilhoso, não vale a pena ter duas garotas gatas que nem a gente brigando por ele, menos ainda por aquela versão magrela do ensino médio.

 Dessa vez foi Hermione que pegou o braço de Lilá.

— Você tem razão e obrigada. Agora vamos que a Lily já deve estar esperando.

— Ah, você é modelo também?

Hermione riu de novo.

Parecia que algumas coisas tinham mudado para melhor.

.

.

.

Hermione entrou no estúdio e todos estavam na correria: arrumando as luzes, organizando o cenário, ou chamando as modelos para começar a arrumar o cabelo e a maquiagem.

Ela tinha que admitir que era muito bom estar ali, mesmo que não participando ativamente do que estava acontecendo.

— Bom dia, Hermione. Bom dia, Lilá. Não sabia que vocês eram amigas – comentou Lily ao ver as duas de braços dados.

As duas tiveram que rir.

— O que foi?

— É uma amizade recente – comentou Lilá, rindo.

— Adorei. Mas vou precisar pegar a Hermione emprestado só um pouquinho.

Lily a chamou para mostrar quais eram as ideias para o ensaio fotográfico que seria lançado naquele mês de setembro mesmo para a coleção de outono. As modelos eram todas inglesas, mas usavam tamanhos diferentes, tinham alturas diferentes e tons de pele diferentes.

— Eu amei tudo, Lily, mas ainda não entendi por que você precisa de mim aqui.

— Queria que você me ajudasse um pouco porque o Harry não vai poder estar aqui hoje. Você se importa?

— Claro que não, mas...

— Ótimo, poder ir cumprimentar as modelos e ver se o fotógrafo já está pronto que eu recebi uma ligação do James e preciso ver o que é.

Lily nem esperou Hermione responder e saiu do estúdio, talvez fosse mesmo uma coisa séria. De qualquer maneira era melhor ir ver se alguém precisava de alguma coisa. 

E no fim, o que a Potter precisava era de um fotógrafo novo.

— ... agradecer por ter esse rostinho bonito apesar de ser gordinha, não é? E já perdi as contas de quantas vezes você veio pegar comida aqui no bufê. – comentou David Luka, fotógrafo que estava começando a ficar muito famoso no ramo da moda – Fico com medo de não caber na foto, gracinha. Estou preocupado com você.

Ele riu olhando para Kate Hastings, uma das modelos plus-size convidadas para a coleção.

E Hermione não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

— Como é que é? – questionou ela de maneira ríspida enquanto olhava para a cara aquele idiota.

— Eu estava brincando. Kate e eu somos amigos, certo? – Hermione sabia que ela mesma não era ninguém no ramo da moda, mas talvez o babaca não soubesse disso por isso estava se justificando.

Kate não respondeu, e não parecia triste, muito menos decidida a discutir, mas suspirou cansada, como se já estivesse acostumada a ouvir essas coisas.

— Não me interessa se você é amigo da rainha! Aqui não aceitamos esse tipo de comportamento. Pode se retirar – respondeu a Granger, usando seu melhor olhar superior.

— Como é?

— Você está demitido, e se reclamar, eu vou chamar a segurança e vamos ter um belo de um espetáculo.

— Você sabe quem eu sou? Você tem alguma ideia sua... sua... horrorosa? – David olhou para Hermione com ódio.

— Você é o cara que, como diretora dessa empresa, eu acabei de demitir. Devo mesmo chamar a segurança?

Hermione ouviu uns risos atrás dela e percebeu que muitas pessoas já observavam o que estava acontecendo. Mas depois dessa resposta, o fotógrafo se limitou a xingá-la, dizendo que a coleção era uma merda e que não precisava daquilo. E que a Potter já estava ultrapassada.

— Obrigada – disse Kate, ainda sem acreditar no que tinha acontecido, enquanto o acéfalo se dirigia à saída. – Me desculpe, mas não conheço você ainda.

— Essa é minha amiga Hermione Granger. – disse Lilá, abraçando Hermione pelos ombros. –  Ela é mesmo uma das diretoras daqui, porém não é sempre que ela agracia meros mortais como nós com a presença dela.

Hermione tentou sorrir para as modelos que estavam ali e para as pessoas trabalhando, mas por dentro estava completamente desesperada. O que ia dizer à Lily? E como eles iam tirar as fotos agora?

Hermione também tinha certeza de que não tinha o poder de demitir ninguém. E agora?

Ela que seria demitida!

Ai, meu Deus!

Granger tinha acabado de estragar o projeto todo.

Ou não?

Claro que Lily deveria ter algum fotógrafo como plano B, certo? A empresa deveria ter uma equipe assim, mesmo que não fosse ninguém famoso.

Seu celular começou a tocar e ela viu que era Lily. Engoliu em seco antes de atender:

— Oi?

— Então quer dizer que te deixo sozinha por cinco minutos e a srta. diretora demite nosso fotógrafo celebridade?

Claro que alguém da equipe ali já tinha ligado para ela e contado do ocorrido.

—  Eu sinto muito, Lily. Eu deveria ter ligado pra você e contar o que aconteceu antes de fazer uma loucura dessas, mas me deixa explicar o que aconteceu.

— Não quero saber, Hermione. Você demitiu o fotógrafo, pois então trate de arranjar outro antes que eu chegue aí.

E desligou.

Hermione tinha saído do estúdio para conversar com Lily, mas agora como iria voltar a dar as caras lá?

E como arranjaria alguém, gente?

— Hermione.

— Ah! – se assustou Granger ao ver Lilá do seu lado.

— Tudo bem? Parece que você viu um fantasma.

— Não está tudo bem porque eu vou ser demitida.

— Claro que não. Você foi incrível! Tenho certeza de que todos os chefões e chefonas dos andares de cima concordam. Arrasou demais, se eu não tivesse lá, não acreditaria no show que você deu.

— Lilá, para de falar só um pouquinho, porque eu preciso achar um fotógrafo agora! E ainda assim é provável que eu vá para o olho da rua – Hermione estava à beira de um colapso e a modelo não parava conversar.

— Chama ele, ué.

— Ele quem?

— Meu ex e seu futuro.

—  Como é que é?

.

.

.

E por isso Hermione Granger parou no 13º andar, um daqueles que não eram divididos em salas e tinham gente trabalhando em todo canto.

Mesmo assim não foi difícil ver os cabelos ruivos da pessoa que procurava.

Se ela não estivesse tão desesperada teria surtado um pouquinho ao vê-lo todo sério, com as mangas da camisa puxadas até os cotovelos e um braço praticamente fechado de tatuagens.

Ele a viu de terninho, toda bem arrumada e teve que sorrir, pensando que Hermione realmente se encaixava como uma das pessoas importantes da empresa. Mas quando olhou nos olhos dela viu sua Queen não parecia bem.

Ron Weasley pediu licença da conversa que estava tendo e foi até ela.

— O que foi, Mione?

— Eu preciso de você.

.

.


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Notas finais do capítulo

Falta só mais um capítulo, gente.
Prometo.
E mais Romione para vocês :)



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