Would You Dare? escrita por Drunk Senpai


Capítulo 7
The Less I Know, The Better




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Bra focou sua atenção nas pernas. Sabia o que ia fazer, já havia treinado inúmeras vezes, e tarefas físicas estavam longe de ser um desafio para seus genes saiyajins. Mesmo assim, ainda sentia aquele frio no pé da barriga, pouco antes do salto. Sabia que todos a estariam olhando no momento das cambalhotas de costas e até mesmo pensar sobre isso, já bastava para sentir como se fosse perder o equilíbrio a qualquer instante.

Não podia concentrar-se nisso. Tudo o que precisava era de foco, e lembrar-se das palavras de seu pai, todas as vezes que lhe ensinara algo sobre orgulho. Bastava lembrar-se do quão boa ela era. Incontestavelmente sempre fora uma das melhores atletas ali, seus movimentos eram precisos, firmes e belos...

Mesmo assim... Ser uma das melhores não bastava.

A posição vergonhosa naquela lista ainda martelava em seus pensamentos, era a segunda melhor... Sentiu enquanto o frio na barriga se transformava num embrulho em seu estômago. Não devia estar pensando nisso. Apenas fechou os olhos e executou sua parte, o melhor que pôde. Não foi perfeito. Pensara enquanto ouvia os aplausos e elogios. Nada além de barulho.

—Uau, você foi incrível! – Ouviu a voz atrás de si. – Perfeita! -“Não exatamente.”, pensou antes de virar-se para o rapaz empolgado.

Havia algo na forma deslumbrada que Yakii a olhava que a fazia sentir estranha. Estava acostumada com o interesse dos rapazes sobre ela, mas nenhum até então o demonstrara com tanta intensidade.

Ele é um cara bacana, acho que gosta de você...” – Lembrou-se de Goten lhe dizendo.
—Obrigada. – Tentou lhe mostrar um meio sorriso.

Se aquilo era verdade, então devia ao menos tentar, certo? Aquela podia ser a distração que precisava para silenciar as vozes maldosas em sua mente, que insistiam em ataca-la. O rapaz lhe mostrou um sorriso bonito, antes de voltar a se juntar aos outros jogadores, do outro lado do campo. Quase que instintivamente, se pegou fazendo caras bobas para o rapaz de cabelos negros, quando seus olhos se encontraram. Apenas coisas normais, mesmo que tudo o que ele lhe deu como resposta tenha sido um sorriso distraído.

—Bra! – Antes que pudesse reagir, sentiu-se puxada pela garota de cabelos castanhos. – Então é verdade? Você e o Yakii? – Questionou, com empolgação em sua voz.
—Pares... – Bra não a detestava, não exatamente. Mas não podia negar certa antipatia que sentia pela moça energética e dramática que tentava competir por sua posição, desde que começou na equipe. – É só um encontro. – Respondeu simplesmente.
—Ai, não brinca! Todo mundo tá dizendo que ele pode ser a nova estrela do time de futebol! – Continuou, enquanto caminhavam com os braços dados, já que Bra não conseguira encontrar um motivo para se desvencilhar. – Sua safadinha! – Não a detestava... – Acho que a popularidade dele vai ser ótima pra sua campanha como capitã, não? – Não mesmo... – Bom, quem sabe eu não faço o mesmo? – Terminou com uma gargalhada, ainda mais irritante.

—Maldita...- Murmurou para si mesma, quando a outra se afastou. Como ousava sugerir algo assim? Não era uma tarefa fácil, controlar seus impulsos contra Pares, mas já tinha tempo de prática.
—Já ouviu a última? – Seu braço fora tomado outra vez, agora por Marron que sussurrava, enquanto caminhavam para as arquibancadas. – Eu ouvi que ela já tem um alvo!
—Quem é o pobre coitado? – Perguntou, ainda irritada.
—Ninguém menos que o nosso querido quarterback, o Goten! – A loira apontou na direção de Pares, que comentava algo com uma de suas amigas, enquanto observavam o rapaz de cabelos negros correndo.

Tudo bem, talvez a detestasse um pouco...


***

A água fresca em seus lábios e em seu rosto, era como um presente dado pelo próprio kami-sama, depois de ter corrido sob aquele calor escaldante. Goten estava mais que pronto para colocar-se embaixo de um chuveiro, mas algo chamou sua atenção. Logo ao lado de sua toalha de rosto, repousava um pequeno envelope cor de rosa. O perfume de flores era delicado e as letras cursivas na carta eram belas e cuidadosamente escritas. Não se demorou para abrir.

Para Goten.”

“Querido Goten, você faz meu coração palpitar e minha mente girar, a ponto de esquecer quem sou eu. Sei que um dia, será todo meu.

— Com amor, sua admiradora secreta.

Não pôde evitar o pequeno sorriso em seus lábios. Mesmo que estivesse tão confuso com toda a situação com a Bra, aquilo lhe cativou de certa forma. Era bom saber que havia alguém por aí se sentindo daquela forma por ele. Além de ter lhe atiçado a curiosidade em se perguntar quem ela poderia ser.

Os dias que se seguiram dividiram-se em sentir-se estranho perto de Bra – quando conseguia ficar próximo a ela – e receber suas cartinhas, fossem em seu armário, ou em sua mesa, mas sempre incitando-o para descobrir sua autora de uma vez por todas.

Somando a isso, percebeu também durante aquele tempo, uma antipatia que crescia contra Yakii. Não necessariamente por algum motivo além de sua presença e tudo e qualquer coisa que ele fazia ou dizia, que lhe irritavam profundamente. E é claro, Uub tinha uma opinião críptica sobre aquilo também.

—Então tá me dizendo que simplesmente não suporta mais o cara? – Perguntou certo dia, quando conversaram sobre o assunto. – Mas isso é muito interessante... – Completou num tom insinuante que Goten não conseguia entender.
—Pois é... – Continuou, enquanto pegava alguns livros em seu armário. – Até ficar perto dele nos treinos é irritante... – Teve seus pensamentos interrompidos pelo envelope que caiu ao chão.

Não podia evitar o sorriso em seu rosto. Se as outras coisas lhe causavam tanto desconforto, ao menos isso servia para lhe distrair um pouco. Pegou sua carta do dia, para ler.

—Ora, mas o que é isso? – Uub questionou, interessado. – Como eu não sabia disso? – Goten riu enquanto o amigo se fingia de ofendido.
—São umas cartas que venho recebendo...
—De quem? – Perguntou, pegando o envelope em suas mãos.
—Não faço ideia. – Admitiu, pegando-o de volta. – Ela sempre assina como “Admiradora secreta”. Acho que é parte da diversão...
—Mas e quanto a Bra? – Perguntou alto, antes de receber uma cotovelada nas costelas. – Foi mal! – Seguiram na direção da sala de aula.
—Sei lá, cara. – Goten comentou, mais baixo. – Não tem nada pra falar... Eu ainda me sinto um idiota perto dela. Aliás, seu plano foi uma droga. – Acrescentou. – Não melhorou em nada nesses últimos dias. Pode até ter piorado, na verdade. – Uub riu um pouco.
—Como assim?
—No outro dia, na tutoria de biologia, ela me perguntou se eu tinha um lápis... – Só de mencionar, já se sentia constrangido. – E eu respondi ‘Quarta-feira’ e saí de lá! – Empurrou de leve o amigo que agora gargalhava alto no corredor. – Ou seja, eu tô muito pior que antes! – Concluiu, chateado.
—Mas o que vai fazer então? – Uub perguntou, já na porta de sua sala. -Sabe que não pode evita-la para sempre. O que vai fazer? – Pensou no assunto. Uub tinha razão. Não poderia fugir de Bra, mas ficar perto dela era tão...
—Não sei. – Admitiu. – Olha, no momento, só quero fazer minhas coisas. – Continuou. – E quem sabe, descobrir quem é minha admiradora... – Sorriu, antes de seguir para a sua sala.

—...E então eu vou... – Até ouvir sua voz de longe, era irritante. Goten sentou-se, tentando ignorar a conversa de Yakii com os outros. – E depois vou leva-la para jantar... – Não precisava de muito para saber exatamente do que ele estava falando, e então Goten já não conseguia deixar de ouvir. – E mais tarde, quem sabe... – O ouviu rir num tom malicioso.

Foi fácil para sua raiva subir até quase enfurece-lo, o que não o foi, contudo, foi impedir a si mesmo de soca-lo bem ali. Precisava se controlar, não queria imaginar o estrago que poderia causar. Mas ouvi-lo sussurrar com os outros ainda mais, o estava deixando louco àquela altura. Ao meio de novos risinhos maliciosos, Goten estava pronto para levantar, quando seu celular lhe chamou a atenção.

Cara, respira! Tô sentindo seu ki aumentar!” – Era uma mensagem de Uub. Ele tinha razão. Por mais que seu desejo fosse grande, não podia fazer nenhuma besteira que só complicaria ainda mais tudo o que já estava caótico o suficiente. Fez como seu amigo sugeriu e respirou fundo. Precisava se acalmar, e principalmente deixar de ouvir aquela maldita conversa.

Foi quando se lembrou do envelope ainda fechado, sobre seu caderno. Se algo podia distraí-lo, talvez aquilo o fosse.

Querido Goten, preciso vê-lo e te mostrar meus sentimentos! Se estiver interessado encontre-me na sexta-feira às 17:00h, no campo de futebol.

Goten pensou um pouco. Talvez aquilo fosse tudo o que precisava no fim das contas. Quem sabe, uma vez que tivesse alguém em sua vida toda aquela estranheza teria fim e as coisas poderiam enfim voltar ao normal?

No fim das contas, era tudo no que queria acreditar...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado,
Até o próximo!
Beijinhos ❤



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