Keep Your Heart Open - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Mantenha o Seu Coração Aberto


Notas iniciais do capítulo

Feliz natal, Ylla meu amor. Finalmente eu terminei um pedido seu e espero de coração que goste e perdoe a minha demora. Te amo ♥



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Quem olhasse não perceberia porque a discrição era uma de suas especialidades, mas Jorge Cavalieri estava bem nervoso enquanto observava a professora de português enfiar a mão dentro do pote cheio de papeizinhos com os nomes dos alunos onde ela estava sorteando as duplas para o trabalho. Seu nome havia acabado de sair e entre os colegas que ainda não tinham sido sorteados estavam opções ótimas e opções desastrosas.

— ...sua dupla é Davi Rabinoch e os temas de vocês são Litote e Ironia. — a mulher loira disse, colocando o papel de Davi junto a pilha dos outros já sorteados.

Jorge nem conseguiu conter um sorriso enorme, mas logo essa expressão de felicidade foi a se esvaindo do rosto ao olhar para o lado e ver Davi há algumas cadeiras de distância sendo consolado pelos amigos enquanto fazia a maior cara de desgosto.

Embora isso tenha acabado com o humor do jovem Cavalieri, ele inspirou fundo e soltou o ar bem devagar para manter a compostura e convencer a si mesmo a continuar feliz com seu parceiro de trabalho já que Rabinovich era inteligente e entre as opções restantes estavam Paulo Guerra e Jaime Palilo, então poderia ser bem pior.

Quando a professora terminou de sortear as duplas o som de cadeiras sendo arrastadas tomou conta da sala até que todos estivessem lado a lado com seus parceiros para combinar os detalhes de como fariam o trabalho.

— Sei que você não gosta de receber visitas da “ralé”, mas a minha avó tá passando uns dias na minha casa e ela assiste a TV muito alta. Dá pra gente fazer na sua? — Davi murmurou, sorrindo para tentar parecer simpático.

— Tanto faz. — Jorge resmungou sério, revirando os olhos antes de olhar para o colega. — Desde que você faça direito o que tem que ser feito. Eu tenho um nível bem alto e não aceito nada abaixo disso na minha equipe. Entendeu?

— Uh... Claro. Tá bom. — o judeu respondeu de cenho franzido.

— Ótimo. Eu anoto meu endereço e te dou depois. Agora presta atenção na professora.

Depois disso nenhum dos dois disse mais nada até o fim da aula, quando Jorge passou o endereço e o número do celular para poderem combinar melhor um dia e uma hora. Como a apresentação seria só na semana seguinte e o assunto era fácil, ambos concordaram em deixar para fazer o trabalho no domingo à tarde.

E quando o dia chegou Jorge trocou de camisa tantas vezes que chegou a perder a conta, suas mãos ficaram suadas e parecia que havia dois exércitos de borboletas travando uma guerra dentro de seu estômago. Por conta desse nervosismo todo, decidiu não olhar para o celular até que o judeu chegasse, mas depois do que pareceu uma eternidade ele não aguentou mais e deu uma olhadinha, percebendo que na verdade foram apenas cinco minutos.

— Mas que droga. — resmungou para si mesmo, desbloqueando o IPhone e entrando no whatsapp para ver os status e quem sabe assim se distrair.

Havia vários vídeos aleatórios que seus amigos virtuais roubavam do tiktok para postar ali e Jorge passou a grande maioria, pois se quisesse consumir esse tipo de conteúdo já teria o aplicativo baixado. Em algum momento enquanto ignorava tudo tocando na tela rapidamente sem prestar atenção acabou passando uma foto de Davi, a qual logo voltou para ver melhor.

“#IndoCaçarMeuDez” dizia a legenda abaixo da imagem de Davi fazendo um “v” com os dedos e dando um sorriso de canto.

Ele estava tão bonito. Jorge não resistiu a vontade de tirar um print para guardar a foto, mesmo sabendo que não deveria. Era a primeira que tinha do jovem Ravinovich já que nenhum dos garotos da sala fez questão de colocá-lo em qualquer grupo da sala ou sequer perguntar seu número ou adicioná-lo nas redes sociais, então não tinha acesso a fotos de ninguém.

Demorou mais ou menos uns quinze minutos até que Davi tocasse o interfone, forçando Jorge a controlar sua empolgação para conversar e descobrir mais sobre o colega de classe que o deixava... Consideravelmente intrigado.

Davi, no entanto, parecia ainda menos animado para fazer o trabalho (ou conversar) do que do dia do sorteio.

Essa atitude negativa deixava o jovem Cavalieri magoado, afinal nunca fizera nada ruim com o garoto de cabelo cacheado. Na verdade sequer tinha coragem de ficar muito perto, pois gostava dele e não sabia como lidar com esses sentimentos.

Pois bem. Se o judeu não estava a fim de ter uma boa convivência, não seria o Cavalieri a fazer questão. Aliás, a única coisa que fazia questão era de um trabalho bem feito.

Conforme o tempo passava mais incomodado Davi ficava na companhia de Jorge. A cada minuto o engomadinho parecia estar procurando uma nova desculpa para repreendê-lo dizendo coisas como “isso tá horrível” e “você sabe fazer alguma coisa direito?”, eram patadas atrás de patadas, em sua maioria extremamente desnecessárias.

— Quer saber? Chega! Eu cansei. Prefiro fazer atividade extra ou recuperação que ficar aturando menino mimado. — Davi resmungou, pegando seu material e jogando na mochila de qualquer jeito. — Eu nunca entendi direito porque os meninos te odiavam tanto. As coisas que eles dizem que você fala são tão absurdas, eu não sabia se era verdade por que você nunca tinha feito nada comigo. Foi só ter a chance, né? Tava todo mundo certo. Você é mesmo desprezível.

Jorge ficou surpreso com aquelas palavras e se levantou rápido, se colocando na frente da porta com os braços abertos para poder bloquear a passagem.

— Pera aí! Você não me odiava?

— Er... Meio que... não?

— Então porque ficou chateado de fazer dupla comigo? Eu vi a cara que você fez quando a professora tirou seu nome depois do meu.

— Eu queria fazer com algum amigo. O assunto é fácil, era pra ser um trabalho divertido de fazer. Você nunca falou comigo direito e os outros caras começaram a mandar uns “eita, sinto muito por você”, claro que dei uma desanimada. — Davi respondeu, erguendo uma sobrancelha. — E pelo visto eles tinham razão. Você não parou de me dar patada desde que eu cheguei.

— Olha, eu fiz isso porque achei que você já me odiava, então... Des... Desc... Descu...

— Vai falar ou não vai? Se for pra desperdiçar o meu tempo eu já posso ir embora.

— Desculpa, tá legal? Eu fiquei super animado de você ser a minha dupla e te ver com cara de desgosto foi como... Um soco na boca do estômago. — confessou, sentindo-se corar ao dizer aquilo em voz alta. — Eu sei que foi infantil da minha parte. Foi mal mesmo.

— Pera aí, você queria fazer dupla comigo? Por quê? — Davi questionou de sobrancelhas franzidas.

— Porque... Po-porque...

— Por queeee?

Jorge sentiu como se seu coração estivesse batendo na garganta, o impedindo de falar qualquer coisa, então avançou sobre Davi, segurou o rosto dele com ambas as mãos e lhe deu um beijo afoito.

— Nossa! Eu não devia ter feito isso, me desculpa. — pediu, se afastando lentamente e sentando na cama. — Em geral eu sou bem eloquente, mas quando se trata de expressar o que eu sinto acaba que... Eu nunca sei o que dizer. Mas eu sei que você não gosta de mim.

— Olha, Jorge... — Davi murmurou, fazendo uma curta pausa enquanto ia se sentar ao lado dele. — Eu não desgosto de você. Nem gosto. Sabe por quê? Porque eu não te conheço. E ninguém da nossa sala também porque você não deixa a gente se aproximar. Qual é a sua?

— É só que... Mesmo na minha antiga escola onde todo mundo tinha o mesmo nível que eu, sem ofensas, as pessoas se aproximavam de mim pelo status. Quando mais rica era a galera com quem você andava mais maneiro você era. — Jorge começou a contar, olhando para o chão sem realmente focá-lo. — Então eu me sentia sozinho ainda que tivesse uma multidão puxando meu saco. Aí eu fui me fechando, me fechando até começar a de fato afugentar todo mundo.

— Eu entendo, cara. De verdade. Mas não somos o pessoal da sua antiga escola, a gente não tá nem aí pro seu dinheiro ou pra quem é seu pai, vamos gostar de você se for um cara legal com a gente. — Davi constatou, cobrindo a mão do Cavalieri com a sua. — Para com as atitudes de playboy babaquinha e a gente pode começar a se aproximar.

— Isso quer dizer que tem alguma chance pra nós dois? — Jorge perguntou sorrindo, a guerra de borboletas em seu estômago até voltou.

— Eu não sei... Talvez. — as bochechas de Davi coraram e um sorrisinho involuntário se apossou de seus lábios. — Você é gatinho e tal, mas eu quero ver o que tem dentro dessa casca grossa que você usa pra se esconder. Aí sim vou poder te dar uma resposta mais exata.

— Eu vou ter que ser legal como o resto da ralé da sala?

— Mas é claro. Eles são meus amigos e eu não vou ser amigo, ou qualquer outra coisa, de quem trata eles mal.

Jorge revirou os olhos, mas manteve o sorriso. — Aff, vai ser difícil.

— Para, vai ser bom. Só... Mantenha o seu coração aberto.

— Tá bom, eu sou manter. Por você.

— Já é um começo. — Davi disse rindo, então segurou o queixo de Jorge e virou o rosto para lhe dar um beijo na bochecha. — Esse você mereceu. Agora a gente pode começar a fazer o trabalho sem mais patadas e estresse?

— Claro! Podemos sim, vamos lá. — respondeu tentando disfarçar a vergonha e alegria.

Nenhum dos dois sabia, mas aquele singelo beijo na bochecha foi o início de uma linda história de amor.


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