Let it snow, let it snow, let it snow escrita por Finholdt


Capítulo 1
And since we've no place to go let it snow, let it


Notas iniciais do capítulo

Essa terça saiu o desfecho dessa saga do Damian abandonar o manto do Robin e me surpreendi ao gostar do que foi feito e do que parece que vai acontecer. PLUS, a roupa nova do Damian É LINDÍSSIMA, esse guri tem muito estilo.
E sim, as idades estão de acordo com o que DEVERIA SER se a DC tivesse o mínimo de senso de espaço-tempo. Eles falaram que o Dick ficou sem memórias por 18 meses, que os Supersons tiveram dois verões como amigos e que o Damian continua com 13 anos? Não senhor, ele cresceu sim.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798086/chapter/1

Damian olhava a neve caindo sobre si sem realmente enxergar. Ele estava em uma enrascada e sinceramente, não tinha ninguém além de si mesmo para culpar por isso.

Depois de reafirmar que não vai voltar a ser Robin, dessa vez sem gritos e socos acompanhando, para o pai, Damian seguiu o seu rumo sozinho. Não havia muito para um garoto de quinze anos, sem teto e sozinho, fazer, além de ir procurar um lugar para ficar já que ficou implícito que Damian não voltaria a morar com Bruce. Damian precisava de um tempo longe de tudo, a culpa pela morte do Alfred ainda o corroendo como uma ferida aberta.

Então Damian fez aquilo que não se imaginava fazendo desde que se mudou para morar com o pai: foi atrás da mãe.

Talia ficou tão descaradamente contente em vê-lo que Damian ficou acanhado por não visitar a mãe mais vezes, lados que se danem. Ela o abraçou, o confortou, e agiu como se ele ainda fosse o seu garotinho. E Damian jamais falaria isso em voz alta, mas ele amou a atenção e os abraços. Ela ofereceu chá e abrigo, os quais ele aceitou. Talia era uma mãe rígida quando precisava, mas também muito indulgente.

Porém ao cair da noite, Damian se pegou pensando que ele estava simplesmente repetindo a história. Ele está sempre atrás de alguma figura paterna (ou materna) em busca de orientação e abrigo. O que aconteceu com querer seguir o próprio caminho? Ele cometeu erros – tantos erros – que fingir que ele aprendeu nada com eles seria um insulto não só para o próprio orgulho quanto para todos os outros que estavam contando com ele.

Então, no dia seguinte, Damian voltou a arrumar suas coisas e deixou a mãe, que sorria resignada às suas costas. Ele fingiu não notar o quanto os olhos dela estavam brilhantes e ela não apontou que Damian não fazia ideia do que ia fazer depois.

Agora, Damian se encontrava sentado no telhado de um prédio encarando o céu como se esperasse que respostas simplesmente caíssem junto da neve.

... O que de certa forma aconteceu.

Por mais que ele não usasse mais o nome Robin, isso não significava que Damian desaprendeu todo o seu treinamento. Ao sentir um leve distúrbio na trajetória do vento, ele automaticamente avançou para cima. Ele não via quem era, alguém invisível provavelmente, mas isso não o impediu, que sentiu a forma humanóide cair no chão com a força do seu soco. Sem pensar, Damian pressionou o cotovelo contra a parte que ele julgava ser o pescoço.

— Aiii!

Damian piscou, atordoado. Espera um segundo...

Maya?!

Saltando de cima dela como se a garota estivesse em chamas, Damian quase perdeu a visão do uniforme branco dela, não mais invisível.

— Se eu soubesse que essa era a recepção me esperando, ia ter deixado sua bunda miserável congelando aqui fora! — Ela resmungou, tossindo, enquanto se levantava.

Ele não achou sensato apontar que ela jamais faria isso, ainda estava surpreso demais. Qual foi a última vez que a viu? Há dois anos? Antes de Jon ir para o espaço e voltar como outra pessoa, antes de Richard perder as memórias, antes de Alfred—

Damian interrompeu o fluxo de seus pensamentos, acordando do choque.

— O que você está fazendo aqui? — A pergunta saiu bem mais ríspida do que ele pretendia, mas a adrenalina ainda pulsava nele.

Maya tirou o capacete, enfim mostrando o seu rosto e o quão irritada estava antes de cruzar os braços. Damian piscou algumas vezes enquanto a encarava, feições familiares e estranhas desenhavam no rosto da amiga. Ele não conseguiu deixar de pensar que mais uma vez um de seus amigos mais importantes cresceram sem ele.

— Eu que te pergunto! Eu estava voltando para casa quando vi alguém no telhado, então resolvi investigar o que era e estava prestes a te cumprimentar quando você pulou em cima de mim igual um louco!

— Tt.

Ver Maya não estava ajudando muito o estado de espírito de Damian com toda essa situação. Como contar para a pessoa que o fez aceitar o R que ele havia renegado o nome e o uniforme? De repente, Damian se sentiu estranho. Coberto por uma emoção que não soube nomear. Ele não estava arrependido de sua decisão de travar seu próprio caminho, mas também não queria decepcionar mais uma pessoa que importava.

Alguma coisa deve ter aparecido no rosto dele, o que o fez amaldiçoar brevemente sua falta de máscara, pois as feições de Maya logo mudaram de irritada para preocupada.

— Ei. Você está bem?

Damian não respondeu.

E, de alguma forma, Maya soube.

༻❅❄❅༺

Damian encarava o pequeno apartamento decorado como se fosse uma algo completamente alienígena. E considerando que seu melhor amigo era metade alien, isso não deveria ter o chocado tanto.

Era menos sobre as decorações natalinas e mais sobre o que diabos ele estava fazendo aquilo.

Considerando que ele não tinha sequer um teto sobre sua cabeça ou qualquer perspectiva no momento, ele não devia estar hesitando tanto em aceitar a oferta da Maya de ficar com ela, mas tudo era estranho demais e Damian não sabia como agir.

— Você tem certeza de que não tem problema eu estar aqui? — Ele perguntou, desconfortável.

Maya arqueou uma sobrancelha para ele, parecendo estar achando graça.

— E por que teria?

Agora era Damian quem estava ficando irritado.

— Que tal você só responder à pergunta. — Era para ser uma pergunta, mas soou mais como uma ordem. Bom. Pelo menos um senso de normalidade.

Maya pareceu concordar, pois só soltou uma risadinha e ajeitou um enfeite de sua pequena árvore de Natal.

— Não, Damidiota. — Ela respondeu, o antigo apelido acompanhado de seu sorriso sendo o bastante para Damian relaxar levemente. — Eu não moro mais com a minha mãe, então tem apenas nós aqui.

Isso o fez voltar a ficar tenso. Não por questões puritanas ou qualquer outra coisa do tipo, mas sim porque Damian sentiu que estava se impondo onde não era chamado, de novo.

— Talvez seja melhor eu ir embora...

Isso a fez piscar, surpresa.

— Mas você acabou de chegar.

— Eu tenho mais o que fazer-

— Ah é? E com quem? — Ela debochou, ignorando a expressão furiosa no rosto dele. — Você não está mais com o Batman e pelo visto também não está com a sua mãe. E se eu te encontrei parecendo cachorro abandonado, só posso supor que os seus amiguinhos titãs também te largaram.

༻❅❄❅༺

Maya nunca foi uma pessoa propositalmente cruel, mas Damian sempre conseguia arrancar as suas piores reações quando ele a frustrava, e uau nem ela sabia o quanto de ressentimento acumulado ela estava segurando ao longo dos anos.

Ela respirou fundo e evitou encará-lo nos olhos, a pose desafiadora rapidamente substituída por uma envergonhada.

— Olha, está frio lá fora, tudo bem? Só senta aí que eu vou acender a lareira.

Damian não se moveu além de respirar fundo, provavelmente se controlando. O que só provava que Maya tinha razão sobre ele não ter mais aonde ir. O que era... Muito triste. E que eles tinham muito o que conversar.

— Eu devia mesmo ir embora. — Ele disse mais uma vez.

— Você não vai mesmo me deixar sozinha na véspera do Natal, né?

Ele piscou, perdido. Ele claramente esqueceu que dia estavam pelo visto, o que fez Maya alargar o sorriso ainda mais.

— Amanhã eu ia tomar café com a minha mãe e então ir atrás do Suren e ver no que ele se meteu dessa vez.

Damian piscou mais uma vez, surpreso. Do quê? De ver que ela não abandona os amigos assim que eles perdem o brilho da novidade? Maya se interrompeu mentalmente. Ela não vai ganhar nada em continuando sendo propositalmente maldosa. E, droga, é Natal! Eles podem discutir depois.

— Bem, já que você está insistindo tanto, posso muito bem te acompanhar então. Já que é Natal e tudo o mais..., mas eu não tenho nenhum presente comigo.

— Não diga! A total falta de malas e sacolas me enganaram completamente! Neste caso, acho melhor você dar o fora.

— Engraçadinha. — Ele revirou os olhos, mas parecia lutar com um sorriso.

E então, como se só agora ele tivesse notado que estava parado em pé ao lado da janela desde que chegaram, Damian lentamente foi até o sofá pequeno e sentou-se.

— Eu não sou mais o Robin. — Ele sussurrou. — Você está decepcionada comigo?

Maya parou por um minuto, pensando bem em suas próximas palavras.

— Damian, eu jamais ficaria decepcionada com você por seguir o próprio caminho. Você é a sua própria pessoa, e se o que você precisa é se afastar do Batman e dos Titãs, é claro que vou te apoiar.

Damian não era uma pessoa muito física, por isso ela ficou tão surpresa ao sentir a mão dele de repente apertar a sua em gratidão. Ela virou a mão e o apertou de volta, entrelaçando seus dedos.

— E, ei, eu tenho um sofá perfeitamente... Bem, talvez não perfeitamente... Um sofá decente para você dormir, se quiser.

— Decente ainda é um eufemismo, se quer saber-

— Que tal você maneirar essa sua língua com a pessoa que está te dando um teto, hein?

Maya deu às costas a ele para ir até a pequena cozinha e pegar algo da geladeira, por isso perdeu quando Damian literalmente lhe deu a língua.

Na cozinha, Maya parou por um segundo, pensando. Ela era uma garota de 17 anos que mal podia se chamar de vigilante considerando que ela estava focando bem mais na escola do que na luta contra o crime. Ela tentou morar com a mãe um tempo e as duas se davam muito bem na maior parte do tempo, porém ela tinha dificuldades em aceitar o passado de Maya, que então achou melhor simplesmente morar sozinha e visitar a mãe sempre que podia para então manter o bom relacionamento das duas. Tecnicamente, não era nem maior de idade, então que diabos ela está pensando em arrumar um novo colega de quarto assim?

Mas então Maya era assaltada com a imagem de Damian olhando para o céu, tão triste e sozinho, uma expressão tão vulnerável naquele cabeça-dura, que Maya sabia antes mesmo de se aproximar dele que não podia o deixar sozinho. Damian era querido demais para isso, com ou sem ausência.

Respirou fundo e prendeu o riso ao imaginar o Damian olhando e julgando suas decorações pelo apartamento. Ela sabia que ele não era muito festivo, preferindo apenas a troca de presentes e um simples jantar.

Ela voltou com uma manta em um braço e um prato cheio de cookies no outro, ainda sorrindo. Sentou-se no chão, perto da árvore em direção a janela e colocou o prato a sua frente. E então, virou para Damian e bateu no chão ao seu lado, um convite muito claro. Ele a olhou desconfiado mas desceu do sofá e sentou-se ao seu lado. Maya então o cobriu com a manta de um lado, e então se cobriu do outro. Damian franziu a testa, incomodado, e Maya estava prestes a abrir a boca para perguntar se havia algum problema quando ela reparou que as orelhas dele estavam ficando um tom adorável de rosa.  Rindo baixinho, ela estendeu o prato de cookies para ele, que pegou um.

— Bem, e agora? — Ela perguntou, observando a neve caindo.

— Não faço a menor ideia. — Damian se virou para ela e pela primeira vez naquela noite abriu um sorriso grande e sincero. — Não é ótimo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let it snow, let it snow, let it snow" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.