Uma Memória escrita por Aline Black


Capítulo 1
A decisão


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Estou aqui com uma nova história (ainda sem terminar 7AD, mas em breve vou voltar a postar ela).
Essa vai ser uma história curta, no máximo 3 três capítulos, espero que gostem.

Boa Leitura!



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“Eu estou quebrado, em muitos sentidos, a escuridão de minha alma está tornando-se cada vez mais densa, eu já não consigo mais contê-la.”

“Qual será a solução para isso, para acabar com essa angustia? A morte talvez? É...provavelmente a morte é a melhor opção. Mas como eu chegarei até ela é a grande questão. Será que eu tenho coragem suficiente de acabar com minha própria vida?”

“Certamente não, eu prefiro jogar esse fardo nas mãos de outra pessoa e eu até já tenho uma pessoa em mente.”

Depois de refletir muito, Severus decidiu que naquela noite fria de dezembro, ele se entregaria nos braços da morte, porém, as mãos de outra pessoa a levariam até lá.

Severus deixou o castelo e se dirigiu, em meio a neve, até os portões de Hogwarts. Caminhava lentamente, mal sentia o vento frio em sua face, era quase como se não estivesse mais vivo, como se fosse apenas uma sombra ou uma marionete.

Quando deixou os portões do castelo para trás, ele aparatou.

Seus pés tocaram a neve novamente alguns segundo depois, ele havia chegado ao seu destino, Godric´s Hollow. Ele sabia que em breve os encontraria, sabia que eles estavam por ali, então começou a andar pelo pequeno povoado.

Era noite de Natal, havia algumas pessoas na igreja entoando cânticos. Severus passou por ali, deu uma olhava pelas janelas, sentiu certa inveja daquelas pessoas que ali compartilhavam a fé em um salvador, quisera ele naquele momento também ter fé em algo a que pudesse se agarrar.

Severus continuou andando, então os avistou, estavam em frente ao túmulo de Lily. Ele, mesmo de longe, percebeu que Potter chorava, enquanto a garota Granger o consolava.

Um barulho foi ouvido, Potter e a Granger assustaram-se, saindo dali rapidamente. Snape os seguiu, porém mantendo uma distância segura. Ele notou que os dois entraram em um construção, uma velha casa que parecia abandonada.

Snape esperou alguns minutos, então também entrou no local. Teve cuidado para entrar e não ser visto, seus anos como espião o ajudaram nisso. Logo encontrou Potter e Granger agachados em um canto, conversando aos sussurros.

— Acho que Voldemort pode nos achar aqui? — Questionou Harry.

— Acho que é um dos primeiros lugares que ele mandaria seus seguidores manterem sob vigilância, afinal o túmulo de seus pais está aqui. — Respondeu Hermione.

Potter suspirou e passou a mão pelos cabelos.

— Vamos terminar logo o que temos para fazer aqui e então vamos embora. — Disse o garoto.

— Harry, nem tudo é tão simples. — Disse Hermione.

— Sei que não, Hermione. Mas eu já estou tão cansado de tudo isso, só quero que tudo isso tenha um fim logo. — Disse Harry deixando transparecer sua exaustão.

Severus achou que aquele era o momento perfeito para revelar-se.

— Entregue-se ao Lorde, então tudo irá acabar — disse o homem com sua voz grossa.

Harry e Hermione levantaram-se de um salto. Logo apontando suas varinhas para Snape.

— Você, — Potter o mirou com ódio — assassino!

Snape deu de ombros e disse:

— Aproveite que estou aqui em sua frente e vingue-se, vingue Dumbledore.

Harry estava prestes a atacar Snape, porém um grito de Hermione o impediu.

— Não! Não faça isso Harry.

— Está tentando defender ele, Hermione? — Perguntou Harry irado, sem tirar seus olhos de Snape.

— Não é isso, — tentou explicar-se Hermione — pode ser uma armadilha e você está caindo direitinho.

Snape olhou com escárnio para o garoto, então disse:

— Não se preocupe, Potter. Não é uma armadilha como supôs sua amiguinha. — Sua voz estava carregada de sarcasmo.

— Se não é uma armadilha, o que está fazendo aqui? — Hermione tomou a palavra, seu olhar era firme, encarava a face de Snape.

“Vim até aqui para Potter me matar”, era essa a motivação de Severus, porém não poderia deixá-la tão explícita. Mas ele sequer havia pensando em uma outra desculpa para usar naquele momento.

— Ele veio atrás de mim, Hermione! O que mais poderia ser? Ele veio me “capturar” para depois me entregar a Voldemort. — Disse Harry enraivecido. — Mas não vou deixar isso acontecer! Vou matá-lo antes!

Era exatamente isso que Snape queria, queria morrer, queria deixar essa vida assombrada para trás. Já havia cumprido sua palavra, já havia cumprido seu papel nessa maldita guerra sem fim. Agora ele desejava descansar, se possível, pela eternidade.

— Mate-me, Potter! Vingue seu querido Dumbledore. — Disse Snape com um sorriso dissimulado em seus lábios. — Eu sei que deseja isso.

Snape viu os olhos do garoto brilharem de raiva, era isso que ele queria, queria que o garoto lhe mirasse com raiva e que desse fim a sua existência, esse seria o castigo por ter, de certa forma, “matado” Lily. Ser morto pelas mãos do filho dela era o melhor fim que poderia cogitar, era como se fosse seu pedido de perdão por ter ajudado a destruir a vida daquele garoto.

— É isso que farei. — Disse Harry pronto para atacar Snape.

Severus também levantou sua varinha, porém não se defenderia, deixaria o garoto terminar com sua agonia. Snape escutou o feitiço e viu a luz verde vir em sua direção. Porém, essa luz não lhe atingiu.

Quando abriu seus olhos, viu o rosto de Granger em lágrimas e Potter deitado no chão, aparentemente ele havia sido estuporado pela garota.

“Por que ela havia feito isso?”, questionou-se Severus.

— O que está fazendo? — Snape usou um tom ferino. — Quer me entregar Potter, é isso?

Seu plano havia acabado de dar errado, não seria nessa noite que acabaria se entregando nos braços da morte e tudo por culpa da Irritante-Sabe-Tudo-Granger.

— Não, não quero entregar Harry. — Respondeu Hermione, sua voz tremia devido as lágrimas. — Mas eu não podia deixar ele matar você.

— Por que Granger? — Questionou Snape de forma sarcástica. — Não quer que seu amiguinho se torne um assassino, assim como eu? Quer protegê-lo?

— Não é apenas isso. — Disse Hermione, dessa vez desvaindo o olhar. — Há mais coisas que quero proteger.

— O que é tão importante a ponto de você estuporar seu próprio amigo? — Questionou Snape mantendo o mesmo tom.

— Você... — sussurrou Hermione.

Snape achou que estava alucinando, ele achou ter escutado “você”. Então ele mandou que ela repetisse.

— O que disse, Granger? Diga em alto e bom tom!

— Você é importante! — Hermione quase gritou a frase.

Snape piscou algumas vezes e ficou encarando Hermione.

— Não seja ridícula, Granger. — Esbravejou Snape. — De onde você tirou essa loucura? Eu sou o homem que você deveria odiar, aquele que matou Dumbledore, que traiu a Ordem!

— Eu sei disso! — Disse Hermione já com algumas lágrimas nos olhos. — Mas não posso odiá-lo.

— Porque? — Questionou o homem. — Porque não pode me odiar?

Hermione permaneceu em silêncio.

Snape então aumentou o tom e disse:

— Vamos! Diga logo!

— Por que eu amo você! — Disse Hermione olhando nos olhos de Severus, o desespero era nítido em seu olhar.

— Não diga bobagens. — Debochou o homem. — Você sequer sabe o que é amor, você é apenas uma criança.

Hermione secou as lágrimas com o dorso da mão e deu um pequeno sorriso sem vida.

— Acho que o senhor não percebeu, mas eu já não sou mais criança, já tenho dezoito anos. E estou lutando em uma guerra, arriscando minha vida praticamente todos os dias e estou fazendo isso por amor, amor aos meus amigos, aos meus pais, aos meus ideais. Eu sei o que é o amor e também sei que ele se apresenta em diversas formas. — Hermione suspirou e então continuou: — O amor que sinto por você é diferente do todos os outros amores que já senti em minha vida. Mas não se preocupe, eu não espero nada em troca.

Snape encarou a jovem por algum tempo.

— Você certamente não parece estar em seu juízo perfeito, Granger. — Disse o homem.

Hermione riu e depois disse:

— Às vezes também acho isso, mas não posso mudar o que sinto pelo senhor, não é uma escolha. Além disso, se o senhor fosse tão ruim quanto deseja aparentar, já teria comunicado Voldemort de nossa localização, já teria nos entregado e certamente esse lugar estaria repleto de Comensais da Morte.

Snape foi pego pela perspicácia de Granger.

— Eu sei que há mais no senhor do que deixa aparente, — continuou ela — há algum tempo eu vinha desconfiando disso. O senhor sempre procurou proteger Harry, a sua maneira, mas fez. Minhas suspeitas se confirmaram no nosso terceiro ano em Hogwarts, quando nos protegeu de Lupin. Depois disso, passei a observar suas ações, através delas descobri algumas coisas, porém também me descobri em um amor platônico.

Hermione riu tristemente.

— Falei com Dumbledore sobre as coisas que descobri sobre o senhor, algumas ele confirmou, outras deixou implícitas. Por isso, sei que apesar de não ser um homem perfeito, ainda não é de todo mal. Então não há como eu odiá-lo. Não importa como eu veja essa situação, é impossível odiá-lo.

Snape ficou indignado, como Dumbledore pode revelar coisas a uma criança, como ele pode colocar sua vida nas mãos de uma criança. Além disso, ele havia prometido manter sua “bondade” oculta de tudo e de todos. Severus sentiu-se traído por Dumbledore.

Snape passou a mão pelos cabelos em sinal de frustração.

— O que quer com tudo isso Granger?

— Nada, eu não quero absolutamente nada. Eu sequer pensei em revelar meus sentimentos ao senhor, acabei fazendo isso devido à pressão do momento. Além disso, não se preocupe, nunca direi a ninguém o que descobri e nem o que Dumbledore me falou. São segredos que irão para o túmulo comigo. Porém, eu só tenho um pedido a fazer ao senhor.

Severus então riu por dentro, sabia que no fundo a garota acabaria pedindo algo, certamente não era de todo desinteressada como aparentava.

— O que quer, Granger? — Snape perguntou voltando ao seu habitual tom monótono.

— Eu quero que o senhor apague a minha memória e a de Harry desse nosso encontro. — Pediu Hermione. — Primeiro, porque não quero que Harry fique se remoendo por não ter conseguido matar o senhor e me culpando por ter interferido. E segundo, por que quero esquecer que revelei meus sentimentos ao senhor, pensar nisso só vai acabar me ferindo mais e ainda vai alimentar meu amor platônico.

Snape ficou olhando para a bruxa, mesmo conhecendo-a há mais de sete anos, aquela criatura a sua frente ainda era uma completa incógnita para ele.

— Sei que hoje eu não passo de uma aluna aos seus olhos, mas peço que antes de apagar minhas memórias, guarde-as. No futuro, quando essa maldita guerra acabar e tudo estiver em paz, se sentir algo por mim e estiver disposto a dar uma chance para o que sinto, devolva as minhas memórias desse momento. — Hermione enxugou uma teimosa lágrima. — Saiba que quando me pedir, eu correrei para seus braços sem questionar.

Hermione tirou de sua pequena bolsa um frasco, abriu-o, encostou a ponta da varinha em sua têmpora esquerda e retirou dali um fio prateado, recheado de memórias, colocou esse fio dentro do pequeno frasco e fechou-o. Caminhou até Snape e estendeu o frasco para ele.

— Por favor, pode atender aos meus pedidos? — Perguntou Hermione.

Snape, mesmo sem estar completamente certo sobre seus desejos, aceitou o frasco e o guardou no bolso de suas vestes, porém não disse uma palavra sequer.

— Obrigada, — disse Hermione com um pequeno sorriso agradecido nos lábios.

Ela afastou-se novamente, foi para perto de Harry, que ainda estava caído no chão. Sentou Harry da melhor forma que pode, escorando as costas do amigo na parede mais próxima.

Hermione colocou-se em pé, estava visivelmente nervosa quando dirigiu-se a Snape novamente.

— Estamos prontos, pode fazer o feitiço, primeiro em Harry, por favor.

Snape assentiu, aproximou-se e apontou a varinha para o garoto Potter, logo depois pronunciou o feitiço.

Obliviate. — Um feixe de luz translucida saiu da ponta da varinha de Snape.

Em Potter, já estava feito, faltava apenas Hermione.

— Minha vez, — disse Granger suspirando pesadamente — por favor, não esqueça de meu pedido.

A bruxa ficou em pé em frente a Snape, logo fechou os olhos, não queria encarrar Severus enquanto ele apagava sua memória.

Obliviate. — Disse Snape com a sua voz grossa.

Logo depois que pronunciou o feitiço, o corpo de Hermione cambaleou para frente, tendo que ser segurado por Snape, ela havia ficado atordoada pelo feitiço.

Severus a segurou pelos ombros, logo depois sentou-a ao lado de um desacordado Potter. Antes de ir embora, Snape deu mais uma olhada na bruxa, então disse em voz alta:

— Não esquecerei o que me pediu, senhorita. Se, quando isso tudo acabar, eu ainda estiver vivo, prometo que lhe devolverei essa memória.

Severus então, transformando-se em uma nuvem de fumaça escura, desapareceu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse primeiro capítulo?
Comentem se querem que essa história tenha um final feliz ou triste, vou escrever o final de acordo com os comentários que receber!
Um beijão!



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