Hold You escrita por Julia Souza


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Essa fic faz parte do Projeto One-shot Oculta, um amigo oculto entre autoras do fandom de Crepúsculo e eu tirei a Ana Paula! (@melodrana_)
Ana, espero que goste da one, talvez não seja nada que você tenha pensado para o seu combo 1, mas foi feita com muito carinho.
Quando vi a foto, pensei no Natal, mas também em uma melancolia, tristeza, então resolvi juntar os dois, mas de uma forma leve. Coloquei a música de uma forma sutil, mas como você deve conhecer a letra, acredito que consiga pegar a referência.
Ah, a música utilizada pela Bella já existe, não foi escrita por mim, nas notas finais tem link para o clipe ;)
Terá uma thread no twitter (@juliasouza08) de curiosidades (Fotos de lugares, personagens…), se quiser, dá uma olhada lá quando terminar de ler. Boa leitura! :)
Um Feliz Natal e um próspero ano novo :*



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28 de novembro                                                                Bella Swan

A neve está quase cobrindo as minhas botas pretas. Talvez não seja muito prudente andar pelo parque com toda essa neve, mas eu preciso. Amanhã é Thanksgiving Day e Angela não está aqui, mais uma vez.

As imagens correm pela minha mente. O turkey[1] começando a assar, papai colocando os ingredientes dos cookies no balcão da cozinha, enquanto Ang e eu corremos pelas escadas para nos juntarmos a ele e preparamos a nossa sobremesa. O gritinho da mamãe pedindo para tomarmos cuidado com os degraus. O início da nossa época favorita do ano, a tríade das comemorações: Ação de graças, Natal e Ano Novo.

Estou sozinha no Central Park, procuro uma parte que tenha menos decorações natalinas e um banco. Mesmo depois de quatorze anos da morte da minha irmã, gosto de passar um tempo sozinha um dia antes das festas de fim de ano. Puxo um pouco a manga do casaco e limpo a neve já acumulada no banco e me sento, arg, esqueci as luvas. Lembro do acidente, estávamos dando uma última volta em Phoenix, depois de passarmos as férias de verão com a tia Beth.

Meu pai, Charlie, dirigia e minha mãe, Renée, falava sem parar sobre o quanto estava animada para ver os novos objetos que estavam para chegar no antiquário. Minha irmã e eu estávamos no banco de trás, cada uma em um lado, nos despedindo dos cactos que víamos passar pela janela. Foi muito rápido, só ouvi um barulho ensurdecedor e gritos desesperados.

Um carro sem controle bateu na parte lateral do nosso, bem no lado de Angela. Charlie ficou um tempo no hospital e eu também, Renée ficou menos tempo e acabou tendo que ser a primeira a lidar com tudo isso. Ela é a mulher mais forte que eu conheço e entende esse meu momento perto dessas datas, assim como meu pai. Sinto a neve começar a cair e vejo que é hora de me levantar, devem estar me esperando em casa, com um chocolate quente.

Está muito frio, agora que me dispersei dos pensamentos, percebo. Ando o mais rápido que consigo para o metrô, quando estou quase no final da escada da estação, não sinto meu pé encostar no próximo degrau e meu corpo vai inteiro para frente. Quando vejo, já estou caída nos pés da escada, com a parte inferior da canela latejando de dor, sim, ela foi direto em um degrau.

‒ Hey, precisa de ajuda? ‒ Um homem alto se aproxima e me ajuda a levantar. Com mãos firmes e enluvadas, ele me põe de pé. Esse cara me viu cair? Que ótimo, ele parece um ator de cinema e me encontra estrebuchada no chão do metrô.

‒ Obrigada! ‒ digo, finalmente conseguindo olhar em seus olhos verdes.

‒ Nada, você consegue andar? ‒ Não muito, mas óbvio que digo que consigo, já basta esse mico todo. Quando eu vou dar meu primeiro passo, apoio na parede.

‒ Sem ofensas, mas parece que você precisa de ajuda sim. ‒ Ele diz, com um sorriso brincando nos lábios. Filho da mãe, ele está certo.

‒ Está ok, Sr. gentileza. ‒ digo, enquanto ele ri alto. Até a risada dele é bonita, só faltam me dizer que é uma pegadinha, meu dia já não estava sendo muito legal.

‒ Obrigado, mas meu nome é Edward Cullen. E o seu? ‒ rindo, ele estendeu a mão.

‒ Isabella Swan. ‒ Acho que acabei de receber o melhor aperto de mão da vida. Como eu sou boba, deve ser as luvas.

E então descobri que ele também iria para o Brooklyn, ele me ajudou a entrar num vagão e fomos conversando. Não era uma pegadinha, o cara era legal mesmo. Edward está em New York há cinco anos e trabalha cantando e tocando em alguns bares em Manhattan. Ele é de Phoenix! Logo contei que minha tia mora lá. Talvez seja por isso que eu tenha achado Edward meio familiar, apesar de não ter nascido na cidade, passei muito tempo lá quando criança, entre boas e terríveis lembranças, tenho uma conexão com Phoenix.

Não queria preocupar meus pais, então pedi um Uber para me levar em casa, normalmente iria andando, era uns quinze minutos, gosto de andar, mas agora eu só queria colocar a minha perna para cima. Me deixando total surpresa, ele pediu meu número, disse que queria saber se eu ficaria mesmo bem. Ou ele está flertando comigo? Meu Deus, eu não sei fazer isso. Agi naturalmente e dei meu número, ele só deve estar sendo educado.

Quando cheguei em casa, minha mãe logo me viu meio mancando e contei toda a história. Sentada no sofá da sala, com um chocolate quente na mão e muito Cataflan Gel na minha canela, escuto meu celular apitar em cima da mesa de centro. É Edward. Trocamos mensagens até o final da noite. Incrível como estava sendo fácil conversar com ele, Rose ficará chocada quando souber que estou conversando com um estranho, já que até hoje ela não me convenceu a usar o Tinder.

Curiosa, minha mãe me pergunta por que estou rindo enquanto olho para o celular, então conto que Edward acabou melhorando o meu dia. Quando falo Cullen, sua testa franze. Ela conhece esse sobrenome. Me pede para ver a foto no aplicativo de mensagens e solta um “Será?” e vai para o escritório ‒ onde meu pai está ‒ levando o meu celular. Fico sem entender nada.

Os dois voltam juntos, agora com um álbum de fotos nas mãos. Abrem numa parte já marcada e então vejo a foto. Eu estou no meio, no auge dos meus quatro anos, com um microfone de brinquedo na mão, Ang, com seus seis anos, está do meu lado esquerdo, apontando uma câmera para mim, também de brinquedo. Há um menininho que parece ter a minha idade, do meu lado direito, olhando para mim e sorrindo, meio abaixado, com uma guitarrinha nas mãos. Seus cabelos ruivos caem nos olhos. Ao lado dele, vestida de princesa, uma menina segura a saia do vestido enquanto faz uma careta para câmera de Ang. Essa foto engatilha outras lembranças, como nós quatro num parquinho com terra, o menino me desafiando a comê‒la...

‒ Bell’s, esses são Edward e Alice Cullen, você e Ang brincavam na garagem deles quando iam visitar a Elisabeth, eles eram vizinhos dela. Mas você e Edward tiveram alguma briga infantil e acabaram se afastando, e bem, depois do acidente a gente não voltou a Phoenix com tanta frequência… ‒ Minha mãe tira a foto e me entrega.

‒ Não brinca! ‒ exclamo, enquanto trago a foto para mais perto do meu resto. ‒ Bem que o sorriso… ‒ Isso é muita coincidência.

‒ Manda uma foto da foto para ele! – Renée diz, animada.

‒ Quê? Não, ele vai achar que eu sou louca mandando foto antiga aleatória.

‒ Mas não é aleatória, filha. ‒ Meu pai diz, me devolvendo o celular ‒ Eu não esqueço um rosto, esse rapaz cresceu, mas alguns traços permanecem.

 ❄❄❄❄❄

No dia seguinte, assistimos “Esqueceram de mim” antes do jantar, era o filme favorito de Ang. Isso é o máximo que consigo, arrumar toda a casa para o Natal e fazer os cookies para a sobremesa já não era algo que fazíamos juntos. Charlie tentou por um tempo, mas não deu certo. Eu não acho que fico amargurada, o Natal só não tem mais a mesma graça para mim, a magia se foi antes mesmo da minha infância terminar.

Depois desses dois dias com meus pais, chegou a hora de voltar para o meu cantinho, o Antique Crystal, o antiquário, eu moro na parte de cima da loja. Vinte quatro anos de idade e meio que pago aluguel e trabalho para minha mãe, isso é que é deixar os negócios em família. Não era bem o que sonhava, mas era a minha realidade no momento. Quando terminei a faculdade de Inglês, dei algumas aulas particulares, mas percebi que a educação não era pra mim, para a decepção de Charlie ‒ ele é professor de história do high school. No meu tempo livre, escrevo, foi até uma forma de lidar com o acidente, lembro que no meu primeiro dia de terapia a psicóloga propôs que eu fizesse um diário e depois disso nunca mais parei. Inclusive, conheci Rosalie Hale no consultório da psicóloga infantil, ela também era paciente. Construímos uma amizade que começou numa sala de espera e evoluiu para outros âmbitos. Rose costuma dizer que somos amigas até hoje porque somos muito diferentes, mas muito iguais. E de alguma forma, eu entendo.

A família Hale é bem rica, dona dos hotéis Hale e como uma boa herdeira Rosalie cursou administração, para tocar os negócios quando chegar a hora. Mas, o que a família dela e eu não imaginávamos, é que ela ia conhecer o Emmett McCarty, ‒ um lutador de MMA ‒ se apaixonar perdidamente e se casar aos vinte cinco anos. De repente, no ano passado, estava em Las Vegas em uma capela com o Elvis Presley casando a minha melhor amiga e o Emm, que tinha se tornado um amigo muito especial depois que passamos a conviver juntos, o que ele tinha de tamanho, tinha de bondade, o cara é um amor, mesmo sendo um profissional nas artes marciais. O casamento foi loucamente lindo, a cara deles. Jasper Hale, irmão um ano mais novo de Rosalie, também estava na cerimônia, ele não morava nos Estados Unidos, na verdade, viajava o mundo e há quatro anos tem um canal bombado no Youtube, onde mostra tudo sobre as suas viagens.

Subo as escadas com um pouco de dificuldade e me jogo no sofá. O antiquário era da minha avó Helen, que deixou para a minha mãe, e com muitos anos no bairro, temos clientes muito fiéis. Meu espaço não é tão grande, mas é suficiente para reunir meus poucos ‒ e fiéis ‒ amigos. Envio uma mensagem para Rose, pedindo para que ela passe aqui amanhã, já que minha mãe me deu uma folga por causa da queda, com a Black Friday meu pai vai vir ficar com ela na loja, ele só dará aula na segunda‒feira agora. Minha amiga logo responde, confirmando que virá e trará guloseimas. Ela me conhece tão bem.

Olho para a foto de Edward logo abaixo da de Rose ‒ Sr. Gentileza foi como salvei seu contato ‒ e resolvo mandar a foto de quando éramos pequenos, digitalizei com um aplicativo de celular antes de vir para cá. Esse reencontro deve significar alguma coisa, não? Envio e vou tomar um banho quente, quando volto ao sofá, Edward já me respondeu. Como assim você tem uma foto minha e da minha irmã? E lá vou eu explicar. Ele fica tão surpreso com tudo, que me pede uma chamada de vídeo para conversarmos melhor.

‒ Hey, não faço chamadas de vídeo com estranhos. ‒ digo sorrindo, assim que atendo.

Bom, parece que não somos tão estranhos assim. Qual era a possibilidade, Isabella? ‒ Ele ainda parece chocado.

‒ Pois é, parece que a sua gentileza o fez reencontrar uma amiguinha de infância. E me chame de Bella. ‒ É até estranho o ver me chamando de Isabella agora. ‒ Aliás, você sabe porque nós brigamos?

Não faço ideia, mas eu conheço alguém que pode lembrar… ‒ Então, uma mulher aparece ao seu lado, seus cabelos escuros não estão mais longos como quando era pequena e sim curtos e repicados, um corte estiloso. ‒ Alice!? ‒ quase grito.

Oi, Bella! Ao contrário desse cabeçudo, eu reconheceria você! ‒ ela diz, enquanto dá um tapa na testa do irmão. Dou uma gargalhada ‒ Posso te chamar de Bella, né?

‒ Claro, Alice! ‒ Ver os dois juntos me fez lembrar de mais momentos nossos, mas nada da minha briga com o Edward.

Em minha defesa, a Bella também não reconheceu. Alice, já faz um tempo, só você para lembrar, com essa memória de elefante. ‒ Edward diz, enquanto olha para Alice, baixando ligeiramente a mão em que segura o celular.

Alice concorda com o irmão. E então eles falam de Angela e dizem que sabem sobre o acidente. A mãe deles, Esme, demorou para contar para eles, mas eles perceberam meu sumiço, até mandaram uma carta. Eu nunca recebi, concluímos que provavelmente mandaram para o meu antigo endereço, já que depois que eu e meus pais nos recuperamos, mudamos para uma casa mais próxima do Antique Crystal. Eles também se mudaram na mesma época, os pais de Alice e Edward foram fazer alguns cursos relacionados a área médica no Canadá, Esme era recém formada em pediatria e Carlisle em cardiologia.

E hoje estamos aqui numa chamada de vídeo, era para acontecer, eu sei. ‒ Alice diz com convicção. ‒ Bom, querem saber por que brigaram? ‒ Alice faz uma cara de mistério. Eu já amo as caras que ela faz, parece até que sentia falta disso e não sabia. ‒ Sim! ‒ Edward e eu confirmamos.

Gente, é até engraçado, mas lembro que estávamos numa pista de patinação de gelo sintético, como eu e Ang já nos achávamos adultas ficamos de olhar vocês enquanto a dona Esme ia ao banheiro. Bom, Edward e Ang sabiam patinar direitinho, já a gente… e ainda resolvemos largar o skating aid[2]! Edward estava me segurando e você resolveu seguir a sua irmã, que tinha ido para o outro lado do ringue, bem, você caiu, foi muito rápido, não deu para Edward te segurar também, mas você chateou, porque ele tinha dito que te seguraria. Angela foi correndo te ajudar, mas ainda bem que você estava protegida com capacete, joelheira e tudo mais, todos estávamos.

‒ Tinha que ter uma queda no meio, né? ‒ Eu disse enquanto gargalhava.

­E aí Bella, me perdoa agora? ‒ Diz Edward, o rosto em expectativa.

‒ É claro! ‒ Digo ainda entre risadas ‒ Criança tem cada coisa, provavelmente fiquei muito chateada porque o pessoal da terceira série presente no ringue estava me olhando, mesmo sem nem morar em Phoenix.

­Que bom que resolvemos isso! ‒ Alice bate uma palma ‒ Agora, quando vamos sair?

Combinamos de jantar sábado, no Anthony's Place, um restaurante italiano aqui do Brooklyn. Ele está aqui há anos, assim como o Antique Crystal, já comemorei alguns aniversários lá, é um lugar confortável, agradável e a comida é divina. Edward ficou de fazer a reserva e nos despedimos. Estamos dispostos a colocar o papo de anos em dia nesse jantar.

 

29 de novembro de 2019

No final da tarde de sexta‒feira, um pouco depois dos meus pais fecharem a loja, Rose interfona para mim, colocamos um interfone porteiro eletrônico, logo assim que vim morar aqui, então consigo falar com quem está do lado de fora e posso liberar a entrada daqui. Quando abro a minha porta, ela já está lá com os seus um e oitenta de altura. Nas suas mãos estão duas sacolas, que imagino estarem cheias de coisas que gostamos de comer. Enquanto Rose coloca seu casaco e sua bolsa de couro sintético ‒ ela jamais usaria couro animal ‒ no cabideiro na parede ao lado da porta, pego as sacolas e levo para o balcão da cozinha. Minha amiga quer saber como estou e digo que melhor que ontem, que amanhã estaria quase cem por cento para o jantar.

‒ Jantar? ‒ Rose diz enquanto se senta na banqueta do balcão ‒ Que jantar?

‒ Lembra do Edward? ‒ Começo a fazer um chocolate quente, para comermos com alguns bolinhos que ela trouxe. ‒ Então, mandei a foto para ele.

‒ O que? E você não me mandou print da reação dele? ‒ Rose fala indignada.

­‒ Ai, eu esqueci, estava nervosa, não é todo dia que você manda uma foto de infância para alguém que te ajudou no metrô e esse alguém está na foto, né?

‒ Peraí, ele te chamou para jantar? ‒ ela fala, fazendo um coque nos cabelos loiros.

‒ Alice propôs o encontro, estávamos em uma chamada de vídeo, ele me ligou depois do choque inicial.

‒ Ah… eles moram juntos? ‒ Rose se levanta e pega duas canecas no armário da cozinha.

‒ Acredito que sim, amanhã devo saber com certeza. Essa data já me deixa nostálgica, você sabe, agora então…

‒ Como está sendo lidar com essas “memórias novas”? ‒ diz fazendo as aspas com as mãos.

‒ Dói um pouco, mas também é bom, sabe? Parece que eu bloqueei algumas lembranças de Phoenix e agora não tem como escapar, pois quero ter esse reencontro ‒ Levo minha mão à minha cicatriz no canto da sobrancelha, uma das marcas do acidente, às vezes toco sem perceber, como uma mania. Rose me aperta em um abraço, ela não precisa dizer muito, esse gesto já me diz que ela está comigo para tudo.

‒ E aí, qual o Instagram deles? ‒ Ela vai até a bolsa para pegar o celular e nota o meu silêncio. ‒ Eu não acredito que você ainda não olhou! Mas o que esperar de alguém que não posta há três meses, né?

‒ Posto no meu perfil de poesias, que está indo muito bem obrigada. ‒ Ela nem está mais olhando para mim e sim para o celular, com certeza fazendo seu trabalhinho de stalker.

‒ Os perfis não são fechados! ‒ Exclama, vindo me mostrar o celular. Rose prefere ter um perfil fechado, com o hotel e um marido lutador conhecido, já parece exposição demais. ‒ Tem vídeo do Edward cantando!

Levo as comidas e o chocolate para a mesa de centro e ficamos um bom tempo no sofá, olhando as fotos de Alice ‒ que descobrimos ser psicóloga e com um ótimo gosto para looks ‒ e as poucas fotos de Edward e alguns vídeos dele cantando. Não sei com o que Rose ficou mais revoltada, por eu não ter ido conferir se ele tem namorada ou por ele ainda não ser famoso, porque é muito talentoso. E ele não tem namorada, ela me garantiu. Depois de alguns episódios de “This is Us” e muita pipoca, Pringles e M&ms, Emm veio buscar Rose, pois já estava tarde para ela voltar sozinha.

❄❄❄❄❄

Não dá para ir a um restaurante italiano sem tomar um vinho, e para minha sorte não preciso cansar minha picape e sim andar dois quarteirões para chegar ao Anthony’s Place. A minha intenção não é me entupir de vinho, mas tenho horror a gente que consome bebida alcoólica e dirige, mesmo que seja uma taça de vinho ou uma garrafa de cerveja. Nos encontramos na porta do restaurante, Alice é mais baixa que eu, tem uma aparência delicada e logo me abraçou. Quando Edward me abraçou, percebi que minha cabeça fica na altura de seu peitoral e pude sentir o cheiro maravilhoso do seu perfume. Alto e cheiroso, ninguém tem piedade de mim, né.

A porta do restaurante está envolta em um grosso festão verde, com luzes e bolas de Natal, laços vermelhos complementam a ornamentação. Ao adentrar percebo mais desses festões e um pouco acima da lareira, que fica um pouco mais afastada, há uma grande guirlanda com luzes e enfeites vermelhos. A decoração do lugar, que é simples e aconchegante, combina com o clima natalino.

A recepcionista nos indicou uma mesa próxima a janela, ao nos sentarmos nas cadeiras de madeira, não demora muito para um garçom vir nos atender. Como adoro comida italiana, sei que fica mais harmônico a comida ser acompanhada de vinho branco, mas não saberia diferenciar um Merlot de um Sauvignon Blanc, Alice parece entender, então ela decide o que vamos beber.

Da entrada ao prato principal, conversamos sobre o passado, na sobremesa passamos a falar sobre o que mudou e como estamos agora. Entre olhos cheios de lágrimas e risos, começo a construir memórias novas com esses dois amigos que voltaram para a minha vida, é incrível ver como eles se tornaram adultos maravilhosos.

‒ Bella, esse lugar é incrível! Eu estou apaixonada por essa comida ‒ Alice diz, pousando sua taça na mesa, segundo ela, a última.

‒ Eu também, já não vejo a hora de voltar ‒ Edward diz, rindo ‒ Mas na próxima, a gente escolhe, tudo bem?

‒ Que bom que gostaram, gente. E nada mais justo que vocês decidam o próximo encontro.

‒ Tem um bar próximo a Times Square que cobra três dólares por cerveja e ainda oferece um hot dog grátis a cada bebida. Ele que descobriu ‒ Alice aponta para o irmão.

‒ Se apresentar em bares tem dessas coisas, a gente descobre outros. O Rudy’s é meio cheio, mas acho que vale a pena ir conferir.

‒ Eu topo! ‒ Me animo ‒ E preciso dizer, quanto de álcool cabe em um corpo tão pequeno, Alice?

‒ Eu tenho uma resistência enorme, mais que o Edward, mas não ganho do nosso pai ‒ Todos rimos.

‒ Vocês precisam conhecer a Rosalie mesmo, ela vai te acompanhar Alice, certeza!

Então Alice pediu para que eu levasse Rose e Emmett ao tal bar. Ela vai amar tanto, vai beber e Emm comer os cachorros‒quentes que ela não quiser. Depois de pagarmos a conta, os irmãos se ofereceram para me acompanhar até em casa. Ao se despedirem, Alice e Edward prometeram voltar outro dia para conhecer a loja.

 

4 de dezembro de 2019

No meio da tarde, Seth Clearwater liga para telefone do antiquário, ele é um rapaz que mora aqui perto e ajuda a gente na loja às vezes e durante o mês de dezembro trabalha todos os domingos no Brooklyn Flea ‒ uma das feiras mais conhecidas de New York, que tem artigos de moda, arte, artesanatos e antiguidades ‒ com a minha mãe. Ele ligou para avisar que sofreu uma entorse[3] de grau dois e precisaria ficar no mínimo uma semana de repouso. Aconteceu na escola, no último treino da equipe de futebol americano da qual faz parte. Desejei uma boa recuperação para Seth ao telefone, mas irei mandar alguns muffins, que sei que ele gosta, como meu desejo de melhoras.

Eu terei que ficar no seu lugar no domingo e na segunda-feira terei que ajudar minha mãe com as caixas de produtos que chegarão cedinho. Charlie poderia ajudar nessa, mas sei que ele estará ocupado corrigindo alguns trabalhos antes do winter break[4].  O problema é que domingo é o dia que marcamos para ir ao Rudy’s, não queria ser chata, mas vou ter que cancelar, tenho um compromisso com a minha mãe.

Rose não aceitou que não encontraria os Cullen e marcou um lanche no restaurante do hotel Hale mesmo, na sexta. Edward infelizmente já tinha compromisso, sexta era um dia cheio para ele no trabalho, tocava e cantava em mais de um lugar. Já Alice não tinha muitos pacientes na sexta, então resolvemos que seria uma tarde só nossa.

O hotel Hale era um dos hotéis mais confortáveis e elegantes de New York, o terraço do hotel era conhecido por oferecer festas incríveis. E a cozinha tem a melhor pecan pie[5] de New York. Na adolescência, Rose e eu sempre comíamos essa torta de sobremesa ou porque batia a vontade, na verdade, até hoje pedimos ela e não demorou muito para Rose comentar sobre isso com Alice e sugerir que ela experimentasse. Olhei feliz para minha amiga, se ela ofereceu pecan pie é porque adorou Alice. E claro, Alice adorou a torta. Bem-vinda ao clube!

❄❄❄❄❄

Aos domingos, o Brooklyn Flea se instala bem abaixo da Manhattan Bridge, nos outros dias acontece em lugares diferentes. Com o Natal se aproximando, mais pessoas ‒ bem agasalhadas ‒ caminham entre as barracas, provavelmente procurando algo original e especial para presentear alguém. Isso me lembra que preciso comprar uns presentes. Dar um presente, mesmo que ele não tenha valor material é algo que não abro mão e não faço só em datas comemorativas, me faz bem surpreender meus pais e amigos com uma lembrança numa quarta-feira à noite.

Quando o crepúsculo pinta o céu e a hora de voltar para casa se aproxima, avisto Edward chegando na nossa barraca, com um casal que acredito que sejam os pais dele. Esme é um pouco mais alta do que eu, tem um rosto em formato de coração e parece delicada, como a Alice. Carlisle é bem alto, loiro e olhos verdes idênticos aos de Edward. Ao se aproximarem, nos cumprimentamos e então uma festa de abraços se inicia. Edward diz que os pais estavam doidos para me ver.

‒ Bella, como você está linda, querida ‒ Esme diz, tocando em meus cabelos, que cortei no início de novembro, na altura do queixo.

‒ Obrigada Esme, vocês estão ótimos!

‒ Quando Edward comentou que estaria aqui e saímos mais cedo da clínica, resolvemos dar uma passada e rever vocês ‒ Carlisle falou, muito simpático.

Carlisle, Esme e Renée acabaram entrando em uma conversa e eu fiquei na barraca com Edward, que perguntou se poderíamos comer alguma coisa depois. Minha mãe escutou e disse que poderia ser agora, que eu ainda não tinha comido. Então acabou que os pais dele e Renée ficaram juntos e Edward e eu fomos em busca de alguma barraca que ainda estivesse em funcionamento, pois junto da Brooklyn Flea, acontece a feira gastronômica de Smorgasburg, com barracas de diversas cozinhas internacionais. Se eu não estivesse cansada, sugeriria que fossemos para o Brooklyn atravessando a ponte a pé, mas além disso, Edward estava com o carro dele e já tinha dito que me levaria para casa.

New York já é uma cidade iluminada, imagina no Natal. Ao passarmos pelas luzes natalinas das ruas, já indo para minha casa, Edward comentou o quanto ele e Alice gostavam do Natal e da energia boa dessa data.

‒ Só não erre o caminho e acabe nos levando para Dyker Heights ‒ eu disse, rindo. Nesse bairro residencial do Brooklyn, os moradores enfeitam suas casas com muitas luzes e decorações extravagantes, com direito a Papai Noel gigante e muito mais.

‒ Seria tão ruim assim? É divertido ‒ e ele termina a frase com um sorriso torto.

‒ Eu só não curto mais o Natal, perdeu a graça. ‒ respondo.

‒ Então você gostava?

‒ Sim. Todas essas datas do finalzinho do ano eram incríveis para mim e Ang, o Natal era o clímax, pois ainda tinha os presentes. Fico um pouco melancólica nessas datas, sinto que falta algo, e bem, falta mesmo.

‒ Nem consigo imaginar estar numa situação dessas…, mas o Natal, por exemplo, também é uma época de esperança, de amor e recordações, né? Preencher o momento com boas lembranças pode ajudar.

‒ É verdade, eu fico pensando em Charlie e Renée, nós nunca mais comemoramos essas datas do jeito que gostávamos. Nunca será a mesma coisa sem Ang, mas sinto que fui egoísta esses anos em que não pensei muito em como seria para eles.

‒ Ah, Bella, eles vão entender, mas acho que nunca é tarde para darmos uma chance para o Natal.

‒ Sabe, desde que houve esse nosso reencontro tenho pensado sobre isso, as lembranças constantes da minha irmã doeram, mas também me fizeram bem, me trouxe um outro sentimento, sei lá, de que tivemos um tempo e aproveitamos ele.

‒ Bom saber que de certa forma mexemos com sua vida, estava falando com a Alice que você era nosso presente de Natal ‒ Ele piscou para mim? Assim eu nem consigo pensar.

‒ Ah, e vocês são o meu. Viu? Não sou o Grinch. ‒ Edward solta aquela gargalhada.

 

14 de dezembro de 2019

O MMA não era um esporte legalizado em New York City, mas em dois mil e dezesseis se tornou legal. Então, hoje podemos prestigiar Emm na sua última luta do ano, que será no Madison Square Garden e Rose conseguiu ingressos para mim, Alice e Edward, com direito a uma after, só para amigos e familiares dos lutadores.

Não era a primeira vez que assistia uma luta, mas é sempre uma emoção, ainda mais nesse grande evento, pois além das lutas, mais cedo teve um evento sobre MMA e o que pretende para o esporte no próximo ano. Rose se levanta da cadeira, grita por Emm e torce para ele não se machucar feio. Hoje ela também trouxe seu irmão, Jasper, que veio para o Natal e o Ano Novo. Com cinco pessoas mandando energias positivas para Emm e o seu talento, o resultado foi ele sair vendedor.

Na própria arena tinha um espaço para o after, o espaço estava decorado com sutis estrelas pratas que pendiam do teto, uma árvore de Natal enorme se encontrava no centro do local, com enfeites azuis e pratas. Havia algumas mesas no canto direito, no esquerdo estava um grande bar e buffet, nos fundos uma pista de dança. Emm estava radiante e Rose o acompanhava, depois que ele deu algumas entrevistas, ficamos todos juntos. A noite estava sendo incrível.

Depois de um tempo no bar, fomos para a pista de dança. Algum DJ conhecido ‒ mas não por mim ‒ tocava boas músicas e embalados por esse clima, Edward e eu conversamos muito sobre música. Ele me contou que foi o único que quis uma carreira artística na família, mas teve e ainda tem todo o apoio deles. Pergunto por que ele ainda não foi ao The Voice e ele foi, mas não esteve nas finais. Digo que ele é extremamente talentoso e sua hora vai chegar. Em meio ao papo, confesso a ele que sempre quis aprender a tocar violão, para colocar melodia em algumas letras que escrevo e Edward falou que poderia me ajudar nisso.

Quando vou ao banheiro com Rose, a primeira coisa que ela me diz é que Edward é ainda mais bonito pessoalmente. Bom, eu avisei.

‒ Bella, senti um clima na pista, heim. ‒ Ela diz, batendo o cotovelo no meu.

‒ Que clima que não rola quando toca reggaeton, né? ‒ respondo, fazendo graça.

‒ Tá, mas você quer? ‒ ela me olha intensamente esperando uma resposta.

‒ É aquilo né, se ele quiser eu quero! Mas falando sério, eu tô gostando dele sim. ‒ Rose ri e diz: ‒ Ah, mas ele quer, vai por mim.

Ao sairmos do banheiro, encontramos com Edward.

­‒ Alice não está com vocês? ‒ Ele pergunta assim que nos vê ‒ Já mandei mensagem e ela não respondeu. Chegou a hora de ir e quero saber se ela vai comigo ‒ Edward me contou que dá aulas de violão para crianças na parte da manhã.

‒ Não, procuramos ela antes e não achamos. Pensei que ela estava com Emm. ‒ Assim que Rose termina de falar, Emm nos encontra e diz: ‒ E aí?

‒ Hey, Alice estava com você? ‒ Pergunto a ele.

‒ Não, eu estava conversando com meu treinador. Mas quando eu estava vindo pra cá ‒ Emm olha rapidamente para Edward ‒ a vi saindo com Jasper pelos fundos ‒ Rose e eu nos olhamos na hora e com um sorriso falamos juntas: ‒ Entendi.

 

19 de dezembro de 2019

No final de uma sexta-feira fria, quando estou para fechar a loja, Edward e Alice aparecem.

‒ Já que não dá para sequestrar o Noel, trouxe a tampinha, a pessoa que mais ama o Natal, depois de mim, claro ‒ Edward diz, apontando para Alice.

‒ Posso ser pequena, mas sou a mais velha, então me respeite, garoto! ‒ Alice responde, colocando a mão na cintura. É uma cena engraçada, com a outra mão, ela está segurando um saco quase do tamanho dela.

‒ E ela veio até com um saco! ‒ Rimos alto, menos Alice.

‒ Ah pronto, o casalzinho vai se juntar agora? E Bella, esqueceu que não é alta? ‒ disse já irritada.

‒ Desculpa, Alice. ‒ sorrio amarelo e me aproximo pegando sua mão. ‒ O Edward é má influência para mim, você sabe.

‒ Ei! ‒ diz ele, fingindo‒se ofendido.

‒ Verdade. ‒ Então Alice me abraça ‒ Mas enfim, vamos começar, pois temos muito trabalho! ‒ Trabalho?

Coloquei a placa de closed na porta da loja e subimos para a minha casa. Na sacola de Alice tinha um presente para mim, um violão. Era de Edward, disse que era pra eu finalmente começar a aprender a tocar. O apertei em um abraço e disse que só daria o deles no domingo, ‒ iria almoçar na casa deles ‒ que nem tinha comprado ainda. Mas Edward disse que não tinha problema, que havia visto o violão hoje e que ele precisava ser meu.

Mas a sacola de Alice não tinha só isso, havia também alguns enfeites de Natal. Sim, Edward tinha falado que eu não decorava a minha casa e isso ficou perturbando a mente deles até que eles vieram fazer essa intervenção.

‒ Mas faltam cinco dias para o Natal, daqui a pouco terei que desfazer tudo ‒ digo.

‒ Bom, como já disse, nunca é tarde, Bella. ‒ Edward diz, enquanto tira um globo de neve de uma caixinha. ‒ E lá em casa a gente só desfaz a decoração em janeiro.

‒ Ang e eu sempre pedíamos para que Renée não tirasse as decorações, se deixasse por nós, elas ficavam até março lá em casa.

‒ Bom, acho que estamos fazendo isso pela Ang também, né Edward?

‒ Isso. Tudo bem, Bella? ‒ Edward me pergunta, esperançoso.

‒ Sim. E já que vamos decorar, precisamos de chocolate quente. ‒ Aponto para a cozinha. Edward e Alice se entreolham e dizem juntos, sorrindo: ‒ Claro.

Nunca vi minha casa tão linda. Globos de neve na mesa de centro, na mesa de jantar, três garrafas com luzes coloridas dentro a enfeitam. As canecas em que tomamos o chocolate quente são natalinas. Edward tinha voltado ao carro para buscar um pinheiro, meu primeiro pinheiro. O colocamos ao lado do sofá, decoramos com enfeites vermelhos e dourados, e a melhor parte: Alice conseguiu fotos ‒ com Rose e meus pais ‒ e as penduramos com os enfeites. Tantos momentos congelados no tempo nessas fotografias, que hoje parecem aquecer o meu coração.

Estamos sentados no sofá admirando o nosso trabalho quando Alice olha rapidamente para Edward e diz:

‒ Então, gente, preciso ir ‒ e se levanta para pegar sua bolsa. ‒ Tenho um encontro com Jasper.

‒ Ainda não acredito que você está saindo com o irmão da Rose. Será que finalmente ele vai morar em New York? ‒ Pergunto, me levantando para guardar as xícaras e pratos dos sanduíches que comemos.

‒ Ah, eu posso ver que sim. ‒ ela me responde sorrindo.

Depois que Alice vai embora, decido adiantar uma parte do meu presente para Edward. Escrevi uma música para ele, mas falta alguns ajustes e colocar uma melodia. Para minha sorte, agora eu tinha um violão e então começamos a trabalhar nela ali na hora.

All I knew this morning when I woke, is I know something now, know something now… I didn't before[6] ‒ começo cantando, Edward me acompanha no violão.

And all my walls stood tall, painted blue, well, I'll take 'em down, take 'em down… And open up the door for you[7] ‒ Ele inicia sua parte solo e eu não acredito que a música tomou forma.

And all I feel in my stomach is butterflies, the beautiful kind making up for lost time taking flight, making me feel like ‒ completo e entoamos juntos em seguida: ‒ I just want to know you better, know you better, know you better now, I just want to know you better, know you better...

Come back and tell me why, I'm feeling like I've missed you all this time… And meet me there tonight, and let me know that it's not all in my mind…[8] ‒ estamos indo para o final, os olhos de Edward brilham.

Is everything has changed…[9] ‒ Finalizamos com o último verso. Edward deixa o violão de lado e seus olhos não saem dos meus. Levando as mãos ao meu rosto, ele diz: ‒ Bella, está incrível. Obrigada pelo presente tão especial ‒ Seu rosto se aproxima e seus lábios pousam exatamente na cicatriz que tenho no canto da sobrancelha.

‒ De nada ‒ Respondo sorrindo. Posso sentir sua respiração se misturando com a minha, levo minhas mãos a sua nuca e então seus lábios macios agora tocam os meus.

Nosso beijo teve gosto de chocolate quente, já disse que sou viciada em chocolate quente?

❄❄❄❄❄

E pela primeira vez o Natal foi na minha casa. Quando meus pais chegaram, o tender já estava no forno e eles trouxeram torta de maçã. Juntos preparamos os molhos, acompanhamentos e biscoitinhos natalinos. Voltamos a ter uma tradição dos Swan. Olhei para 

uma foto minha e de Ang que estava na estante e sorri, nessa foto ela era um bebê e eu tinha dois anos, estávamos preguiçosas na cama dos nossos pais.

Animados, Charlie e Renée me contaram que os Cullen tinham feito o convite para a festa de Ano Novo na casa deles. Eles haviam me contado no domingo, todo ano realizavam uma festa para os amigos. Também chamaram Rose e Emm, que já confirmaram presença. Ela tinha me mandado uma mensagem mais cedo, dizendo que o Papai Noel lhe trouxe oficialmente a administração do hotel, ficamos de comemorar muito na festa.

Não imaginava passar o Natal assim esse ano, mas mesmo em poucos dias, o reencontro com Alice e Edward me mudou. Principalmente Edward, e não só sobre a volta do meu gosto pelas datas comemorativas que mais gostava. Ele me transformara mais do que eu achava que fosse possível mudar sem deixar de ser eu mesmo.

 

30 de dezembro

Hoje de manhã, Edward me mandou mensagem dizendo que viria me buscar no começo da tarde. Perguntei para onde iríamos e ele respondeu algo que deixa a ansiedade de qualquer pessoa alta: surpresa. Só me pediu para que eu me agasalhasse muito bem e colocasse botas de neve.

Edward parou às duas horas em frente à loja. Primeiro fomos a uma cafeteria, tomei um chocolate quente e um croissant tradicional e Edward um latte e donuts, mas essa não era a surpresa, era só uma parada. Enquanto comíamos, fizemos um jogo: cada um contava uma curiosidade sua.

‒ Uma vez, minha mãe me contou que a minha avó falava que amava antiguidades, porque quando olhava para um objeto ela gostava de imaginar qual a história dele, por quais mãos ele passou. E isso me marcou tanto que não esqueci e passei a gostar muito mais de passar tempo na loja.

‒ E hoje você trabalha lá, muito bom! ‒ Edward diz ‒ Okay, minha vez: Fiquei com vontade de postar um vídeo no meu canal no Youtube, cantando Everything has changed ‒ Foi esse o nome que demos para a música que escrevi.

‒ Edward, a música é sua, pode fazer o que quiser. Na verdade, pensei em postar um trecho no meu perfil de poesias também, você topa?

‒ Claro! Amanhã podemos gravar…Posso te perguntar uma curiosidade que eu tenho? ‒ Respondo que sim. ‒ Porque o antiquário se chama Antique Crystal? Tenho curiosidade sobre nomes.

‒ Bom, minha avó de novo. Esse amor dela pelas antiguidades junto com o apelido que o meu avô deu para ela, ela a chamava de cristal, uma forma de carinho entre eles.

‒ Parece que dar apelidos é de família, seus pais te chamam de Bell’s, você me chama de Sr. Gentileza às vezes…

‒ É verdade, esse foi bem espontâneo, adoro.

‒ Por falar nisso, podemos ir?

  Então paramos na entrada do Central Park, andamos de mãos dadas pelo parque, até que chegamos na pista de patinação que é montada todo inverno. Começo a rir.

‒ Edward, não acredito ‒ aperto sua mão ‒ Vamos relembrar nossa briga? ‒ digo, ainda rindo

‒ Não, viemos ver se aprendeu a patinar. Pronta? ‒ E me leva para alugar os patins.

‒ Talvez eu não tenha melhorado nisso com o tempo. Tem skating aid?

‒ Não vai ser preciso, Bella. ‒ E então ele me leva até o ringue. Seu braço direito está ao redor da minha cintura, seu corpo grudado ao meu, posso sentir seu calor mesmo com toda a roupa de frio.

‒ Tudo bem, vai me segurar?

‒ Sempre.

 

 


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Notas finais do capítulo

[1] Peru, comida tradicional no jantar de Ação de Graças.
[2] Objeto que auxilia na patinação, semelhante a um andador
[3] Lesão que ocorre quando o tornozelo vira, torce ou gira de uma forma estranha.
[4] Férias de inverno.
[5] Torta de nozes pecã, muito popular nos Estados Unidos, principalmente no outono e inverno.
[6] Tudo que eu sabia esta manhã quando acordei, é que eu sei de uma coisa agora, sei de uma coisa que… eu não sabia antes
[7] E todas as minhas paredes são altas, pintadas de azul, mas eu vou derrubá?’las, vou derrubá?’las e abrir a porta para você / E tudo que eu sinto são borboletas no estômago, do tipo bonito, recuperando o tempo perdido pegando voo, me fazendo sentir que / Eu só quero te conhecer melhor, conhecê-lo melhor, conhecê-lo melhor agora
[8] Volte e me diga o porquê, estou me sentindo como se tivesse sentido sua falta durante todo esse tempo... Me encontre lá esta noite e me deixe saber que não é tudo coisa da minha cabeça
[9] É que tudo mudou | https://www.youtube.com/watch?v=w1oM3kQpXRo | Pertence a Taylor Swift

Obrigada por ler!
Espero que tenha gostado! Comenta o que achou, por favor :)



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