Faz Isso por Mim escrita por Aiko_chan


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Esta é a primeira fanfic que escredo do the GazettE, portanto espero que gostem.

Boa Leitura



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Apenas o seu olhar me fazia baixar a guarda, apenas o seu sorriso me confortava, apenas os seus braços me aqueciam, naqueles dias em que eu não tinha mais forças, naquelas noites, quando o medo e a tristeza me derrubavam, fazendo-me chorar mares e oceanos.

 

Ele sempre fora o meu porto de abrigo, o melhor amigo que todos desejam, aquele que nos apoia incondicionalmente, aquele que nos ralha quando fazemos algo de mal, mas que logo depois nos abraça e nos diz que nos adora apesar de tudo o que façamos de mal. Eu adorava...e adoro a maneira que ele me acolhe nos seus braços nos noites escuras e frias e sussurra ao meu ouvido, dizendo que tudo irá correr bem e que estará sempre ao me lado, aconteça o que acontecer.

 

É por isso e muito mais que eu o amo… amo como irmão, amo como amigo, como homem, muito antes de ele ser melhor amigo ele é homem, um homem doce e justo, se todos os homens fossem como ele a paz reinava neste mundo de cinismo e hipocrisia.

 

Ele escondia-se atrás das saias da mãe a primeira vez que o vi. Tinha acabado de me mudar para aquela cidade, sinceramente não tenho grandes lembranças desse tempo, tinha apenas 3 aninhos, o que me lembro mesmo foi do seu sorriso doce e tímido, enquanto se escondia atrás da mãe, enquanto olhava para mim. Ele ia todos os dias para minha casa, tentava brincar comigo, mas eu não queria, por alguma razão do submundo eu não gostava dele, talvez por ele andar sempre atrás da minha mãe, até em pequenina era ciumenta…ainda hoje sou, principalmente quando o assunto se trata dele.

 

Naquele preciso momento ele olhava para mim, deitado no sofá da nossa casa, sim, nós vivamos juntos pelo menos à 1 ano. Eu estava sentada no cadeirão, com perninhas à chinês lendo um livro. Eu sou uma pessoa muito reservada, gosto de ter o meu cantinho, gosto de ler enquanto ouço música, gosto de escrever antes de me deitar e depois de acordar, ouvindo música também, ele diz que sou estranha por ler enquanto ouço música. Por alguma razão também estranha eu não estava a ouvir música.

 

- Estás a ler sobre… - perguntou-me depois de um breve momento de silêncio.

 

Pensei um pouco antes de responder, pousei o livro, não me apetecia ler mais e olhei para ele, a sua beleza, deixava qualquer um aos seus pés, a sua pele branca e macia, qualquer um de boca aberta e o formato do seu corpo, qualquer um sem palavras.

 

- Um romance proibido…- respondi por fim, sentando-me em condições e tirando o livro de cima do meu colo, pondo-o sobre a mesinha, que estava no meio dos sofás pretos.

 

- Os teus preferidos.

 

Certíssimo.

 

Ele sabia perfeitamente os meus gostos, conhecia-me como ninguém, conhecia-me até melhor que os meus próprios pais. Continuou a olhar para mim, deixando-me constrangida com o seu olhar avassalador sobre mim, parecia que estava a derreter.

 

- Tens fome Yoko? – Neguei com a cabeça.

 

Ele veio até mim, ficando de joelhos à minha frente, a sua mão quente veio até mim, acariciando-me o rosto. O seu toque era tão suave, tão doce, tão agradável, queria poder ficar ali e senti-lo para sempre.

 

- Tens de comer meu amor.

 

- Não tenho fome Kou!

 

O seu olhar demonstrava pena, compaixão, já há dias que eu não comia praticamente nada, depois do que acontecera a última coisa que me apetecia era comer, queria apenas dormir, ler ou escrever para afogar as minhas mágoas, que corroíam pedacinho por pedacinho do meu corpo, agora frágil e debilitado.

 

- Por favor Yoko – pedia-me – pelo menos come uma peça de fruta ou um pouco do bolo que a tua mãe trouxe, por favor, não te deixes ir assim a baixo, dessa maneira tão destrutível.

 

- Eu não consigo Uruha – chamei-o pelo nome artístico, ele preferia quando eu o chamava por Kou ou Kouyou, ou aqueles nomes queridos e fofuscos com que os namorados se chamam, apesar de não sermos namorados.

 

- Faz isso por mim!

 

Porque que ele tinha que usar aquelas palavras, porque que ele tinha que usar aquele tom, porque que ele sabia de tudo sobre e mim e sabia como me convencer, eu odiava quando ele se punha com aquele rosto lindo, com aqueles olhos doces e dizia “ faz isso por mim!”.

 

Não consegui resistir, quando dei por mim, estava sentada à mesa a comer com ele um pedaço do bolo simples que a minha mãe nos tinha trazido. Ele sorria vitorioso, vendo-me comer, os seus olhos brilhavam, eu queria ver muitas mais vezes, aqueles olhos brilharem por estarem contentes comigo, mas isso agora raramente acontecia, depois do que acontecera.

 

Acabei de comer o bolo, Uruha levantou-se pegando no prato onde o tinha posto.

 

- Queres mais?

 

- Não kou.

 

Lavou o prato, secando-o, bem secado e guardou-o no armário, veio até mim, sorrindo-me, estendeu-me a mão, agarrei-a fazendo o máximo de força possível, que era bastante pouca. Ele puxou-me com força, fazendo com que eu esbarrasse contra o seu peito.

 

Afastei-me dele, sentindo falta do seu corpo ao pé do meu…do seu calor corporal.

 

- Vou tomar banho!

 

- Eu vou para a cama, já tomei banho à bocado – ficou a ver afastar-me indo em direcção à porta que correspondia à casa de banho.

 

- Ficas bem?

 

Virei-me para ele, vendo o seu semblante preocupado, que era o que eu via mais ultimamente.

 

- Já não sou nenhuma criança!

 

Fui fria com ele, coisa que ele não merecia, não merecia mesmo nada, eu conseguia ser tão estúpida. Naquele momento eu não, não era uma criança, era uma coisa muito pior do que isso, eu ficara tão mal que desaprendi tudo o que tinha aprendido ao longo dos anos. Ele não tinha culpa nenhuma, mas eu parva, grosseira como sou ainda sou capaz de ser fria, ingrata, mal-educada com a pessoa que mais me tem ajudado e que mais me quer bem.

 

- Ultimamente é o que mais pareces.

 

Mesmo sendo estúpida com ele, ele acabava sempre por dar a volta à situação, dizendo coisas completamente contraditórias, fazendo-me ficar fula, mas perceber o quando ele tinha razão, vendo bem, todos estes anos ele tivera razão.

 

- Desculpa.

 

Entrei na casa de banho, não esperando que ele fosse dizer uma única palavras, abri a água quente e despi-me, indo para dentro do chuveiro, deixei a água a escaldar percorrer o meu corpo quente e frio ao mesmo tempo e demorei-me ali, sentindo aquela boa sensação que se parecia em muito à sensação de ter o corpo de Kouyou junto ao meu.

 

Entrei no meu quarto apenas com a toalha a tapar o corpo, vesti rapidamente o pijama e penteei o meu cabelo escuro, sorri ao ver no fundo do quarto um quadro enorme com uma fotografia de duas crianças sorridentes, eu e Kouyou. Ele sempre fora dono de uma beleza estonteante a qual com o passar dos anos foi aumentando se é que isso é possível, ele não passava de despercebido a ninguém, sempre sorria fosse em qualquer altura que fosse, por minha causa agora aquele sorriso eterno já não aparecia, às vezes aparecia um sorriso ou outro, mas nunca como antes.

 

Deitei-me na cama, mas adormecer estava difícil, muito difícil, como tudo na vida que é feita de obstáculos e mais obstáculos. A minha decidira colocar um obstáculo enorme para eu ultrapassar, mas parecia impossível, para mim, aquele obstáculo parecia estar sempre a crescer, provavelmente por eu ser tão frágil e emotiva.

 

Uma hora e meia depois ainda me mantinha acordada, pensava e pensava, não conseguindo adormecer.

 

Levantei-me e dirigi-me ao quarto de Kouyou, abri a porta tentando fazer o mínimo barulho possível para não o acordar, senti-o remexer-se na cama, virando-se para a direcção onde eu estava e vi-o abrir os olhos lentamente.

 

Inocentemente levei a mão à boca mordendo o indicador, um vício que eu tinha adquirido ao longo dos anos. Ele sorriu para mm, à espera que eu lhe fizesse aquela pergunta, aquela que eu sempre fazia quando me dirigia ao seu quarto à noite, antes de tudo aquilo acontecer, porque depois daquilo, foi ele que se dirigiu ao meu quarto, com a sensação de que eu estava a chorar.

 

O sorriso que apoderava-se dos seus lábios bem desenhados, era aquele que eu tanto sentia falta, aquele que eu já à algum tempo não via.

 

- Posso dormir contigo? – Perguntei tímida.

 

O sorriso tornou-se maior, puxou os lençóis para baixo e bateu de leve, ao seu lado, na cama, como se me pedisse para me deitar.

 

Fui rapidamente até á sua cama, descalcei as pantufas que tinham a cara de um coelhinho, Kou tínhamos oferecido no Natal, enquanto eu lhe oferecera outros mas com o nome the GazettE, a sua banda, a banda na qual ele era e é guitarrista.

 

Deitei-me ao seu lado virada para ele em forma de conchinha, ele ficou a olhar para mim, acariciando os meus cabelos, enrolando os dedos longos neles, formando caracóis, o meu cabelo era encaracolado por natureza, a minha mãe era japonesa, mas o meu pai não.

 

- Kou – chamei – Desculpa por tudo o que te tenho feito passar.

 

Ele passara demasiado com os meus problemas, envolvera-se demasiado em coisas que não tinham nada a ver com ele, ou tivesse um pouco, mas mesmo assim ele não tinha que se envolve, por causa dos meus problemas ele sofrera e ainda sofre.

 

- Eu avisei-te de que espécie era ele – relembrou-me – eu disse-te para não te envolveres com ele, mas tu não me ouviste, fizeste precisamente o contrário de tudo o que te pedia, porque?

 

- Eu estava demasiado iludida, e era tudo tão perfeito no inicio. Ele era tão querido, tão doce comigo.

 

Estava-me a fazer bem falar do que acontecera, durante este tempo eu não tinha trocado uma única palavra com ninguém, tinha medo que ao falar daquele que me magoara tanto fizesse com que eu sofresse e o relembrasse ainda mais, mas pelos visto, é precisamente o contrário, só faz bem, ajuda a aliviar.

 

- Eu devia ter-te chateado ainda mais, talvez se tivesse insistido muito mais, nada disso teria acontecido, talvez se eu…

 

Coloquei o dedo sobre os seus lábios, ele só estava a dizer asneiras.

 

- Não digas isso a culpa foi toda minha, eu não devia ter ido na cantiga dele, devia ter visto o que ele fizera com as outras raparigas.

 

- O que aconteceu contigo e com ele não foi a mesma coisa do que aconteceu com as outras raparigas, e tu sabes muito bem disso.

 

Olhei para ele o seu tom de voz revelava raiva e seu olhar mais raiva ainda. Segurei o seu rosto com uma mão e aproximei-me, depositando um selinho nos seus lábios.

 

Nós não éramos namorados, nem nunca tínhamos sido, mas eu, por alguma razão desconhecida, gostava de o beijar, no inicio beijos que não tinham significado algum, mas que com o passar do tempo começaram a significar, eu comecei a apaixonar-me por ele. Essa foi uma das razões pela qual eu me envolvi com a pior pessoa que existe à face da Terra.

 

 Uruha aproximou mais os seus lábios dos meus, sentia a sua língua percorrendo-me os lábios, entrando na minha boca quando dei passagem, aí iniciou-se um beijo a sério, sem qualquer tipo de luxúria.

 

Afastou-se, acabando com o beijo. Olhou-me no fundo dos olhos.

 

- Tens que…não digo esquecer porque isso é impossível, mas tens que por isto para trás das costas – sorriu-me – Eu acredito em ti!

 

Voltou a encostar os lábios nos meus, mas daí não passou.

- Agora vamos dormir, amanha tenho que ir para o estúdio.

 

Sorri, lembrando-me que aquele homem ali ao meu lado, deitado na mesma cama que eu era um famoso guitarrista japonês, o guitarrista principal do the GazettE e o dono das coxas mais tentadoras do mundo.

 

- Si porque estas coxas têm que trabalhar – apertei-lhe uma das coxas, a única coisa que as tapava era mesmo o lençol.

 

- Não apertes propriedade privada – refilou

 

Levantei-me, sentando-me rápida mente sobre ele, o que talvez não foi muito bom ideia, já que fiquei sobre uma coisa que não devia, sentei-me um pouco mais à frente sobre a sua barriga.

 

- Propriedade privada?! Desde quando?

 

- Desde momento em que lhe tocas-te da primeira vez.

 

- Toquei pela primeira vez? Como?

 

Fiz ar de inocente, sabendo perfeitamente a quando ele se referia, eu sabia perfeitamente como tinha tocado naquelas pernas, naquela noite e nas outras que se seguiram, nós não nos beijávamos apenas, apesar de sermos os melhores amigos, muito acontecia entre nós, a prova disso foi que a minha primeira vez tinha sido com ele, num momento de loucura, mas essa não tinha sido a primeira vez que eu tinha tocado naquelas coxas grossas de maneira provocante. 

 

- Tu sabes muito bem.

 

Segurou-me pela cintura e tirou-me do seu colo, deitando-me ao lado dele. Beijou-me a ponta do nariz, fazendo-me rir. Ele também riu.

 

-Já sentia a falta da tua gargalhada.

 

Passou a mão pelo meu rosto e pelo meu cabelo, tirando os fios que insistiam em cair-me sobre ele. Deveras também sentia falta se rir junto com ele e de ver que ele ria por minha causa.

 

- E eu do teu sorriso – senti-me corar quando o seu olhar se tornou mais penetrante – Kou… – Olhei para o seu peito, tentando não ser corrompida pelo seu olhar – Desculpa por tudo…a última coisa que queria, era fazer-te sofrer, por minha causa o teu sorriso esvaeceu. Eu prometo…a sério que prometo…voltar a repor esse teu sorriso nos teus lábios, e voltar a ser o que era.

 

Comecei a sentir algo molhado a escorrer pelo meu rosto, eu…eu estava…estava a chorar? Mas quando? Eu não as sentia sair dos meus olhos, eles estavam secos. Lembrei-me de olhar para Uruha, que no entanto pousara o rosto no meu.

 

Não era eu que chorava, se fosse eu o mais normal era chorar dos dois olhos, era sentir ambos os lados do rosto húmidos, molhados. Eu apenas sentia um lado molhado e não era o que estava encostado na almofada e sim o seu estava encostado do de Uruha.

 

- Kou-chan – murmurei quando finalmente percebi que era ele que chorava e não eu.

 

Coloquei os braços à volta do pescoço dele, uma mão agarrando os cabelos claros dele com força, puxando-o mais para mim. Senti a sua mão agarrando-me a cintura com força. Era a primeira vez que via Uruha chorar, lembro-me de o ver chorar quando criança, mas após isso não tenho lembrança de uma única lágrima nos seus olhos rasgados.

 

- Eu apenas quero ver-te feliz – sussurrou entre soluços.

 

Puxei-o ainda mais, ficando eu de costas sobre a cama e metade do corpo dele sobre o meu, afastei-o um pouco para poder ver o seu rosto. O rosto transbordado lágrimas e beleza.

 

- Eu só serei feliz se tu estiveres ao meu lado…-sorri – também feliz.

 

 Uma lágrima caiu-me perto dos olhos, sorri ainda mais para ele, limpei-lhe as lágrimas dos olhos com cuidado. Ele estava realmente emocionado.

 

- Eu adoro-te bebé – disse-me.

 

- Eu também te adoro meu grande pequenino.

 

Ele agarrou-me com força. Pouco depois dormia sobre o meu peito, como um bebé sobre o peito da mãe, era o que era nesse momento um bebe chorão. Não, ele não era um bebé chorão qualquer, ele era o meu e só meu bebé chorão.

 

E naquela noite, depois de várias noites de insónias e mal passadas, eu dormi como um perfeito anjo, naquela noite não, eu não chorara eu sorria perante o futuro que me esperava, um futuro que teria muitas e muitas barreiras para serem ultrapassadas junto de Kouyou. Esta barreira finalmente tinha sido passada, mas provavelmente muito estaria para vir. Só tenho 22 anos, tenho uma vida inteira pela frente, mas o mais importante é que o que me acontecera não voltaria a acontecer, eu já tinha aprendido.


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Notas finais do capítulo

Originalmente esta fanfic tem uma continuação, porque há coisas que se ficaram por saber...eu não a postei e dei a fanfic como terminado, porque não sei se ela será lida ou se irão gostar, por isso digam alguma coisa, as vossas criticas e se acham que eu deva postar a continuação ou naõ.

Bjs.