Keybringer Pirates escrita por Kardio


Capítulo 6
Capitulo VI


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Como tem passado? Espero que bem, mesmo com tudo que tem acontecido no mundo ultimamente. Sou um pouco sonhador demais, então me permito sonhar com dias melhores vindo em breve. Espero que possam encontrar algum tipo de conforto diante de tudo que tem acontecido e espero que esse simples capitulo possa ajudar em algo. Espero que gostem.



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Capítulo VI – Para Destruir ou Proteger! A Luta de cada um!

— - Sofie - -

A lua surgia timidamente no céu enquanto o crepúsculo jogava seu manto de estrelas sobre toda a extensão celeste sobre nós, já estávamos esperando do lado de fora há algum tempo, Luke estava entre mim e Lenny enquanto Zodick mantinha-se relativamente afastado, pouco mais á frente de nós, quando o vi sair da enfermaria tive a impressão de que seu rosto demonstrava uma mistura absoluta de emoções, por um lado ele parecia pronto para enfrentar quem quer que ouse ameaçar este orfanato, por outro ele não parecia ter certeza de que éramos capazes de vencer essa luta, como se soubesse o tamanho da enrascada que estamos prestes a nos meter, e provavelmente ele deve saber mesmo.

Olho por sobre o ombro para uma das janelas do segundo andar do orfanato, Bruna estava lá, parecia aflita e preocupada, mais do que qualquer um de nós, não a culpo, de todos os momentos, este é o único na qual ela é incapaz de ajudar, os momentos mais angustiantes são os que nos tornamos inúteis, neste momento ela devia estar passando por algo que eu com certeza não gostaria de experimentar, alguns garotos estavam próximos à ela, engalfinhando-se energicamente em busca de um pequeno espaço na janela para ver o que se passava, e é com o súbito olhar de surpresa deles que percebo quando Eagle finalmente começa a se aproximar.

A marcha deles era lenta e quase fúnebre, o silêncio só era cortado pelos altos coaxares dos sapos gigantes próximos à beira do rio, á alguns metros de distância, Eagle vinha ao centro, tão careca, imponente e mal-humorado quanto consigo me lembrar, atrás deles vinham seus três discípulos, o número um era mais alto e parrudo, a ponta de sua orelha esquerda era cortada, provavelmente algum acidente na infância, o discípulo número dois parecia mais baixo e esguio que os demais, possui um piercing na ponta da língua, a qual ele deixa o tempo todo à mostra, o outro não possuía nada que chamasse a atenção além de seus olhos afiados, parecia pronto para matar alguém apenas por encará-lo.

— Quem diria. – Eagle se pronuncia ao reduzir a distância entre nós. – Eu não esperava que vocês estariam aqui para lutar novamente, Zodick. – logo após ele parece começar a analisar nós três, como se tentasse capturar alguma informação que lhe fosse útil. – Muito menos que traria amigos.

— Não vou permitir que arranque de mim o que me é precioso. – a voz de Zodick era firme e séria, completamente resoluta.

— Não estou aqui para arrancar nada. – um sorriso perverso se mostra no rosto do Mestre Marui da Águia. – Eu estou aqui para destruir e lhe levar de volta ao Pai. Nada mais. Nada menos. – os olhos dos dois fixam-se, como se desde já estivessem travando uma batalha, mesmo que psicológica.

Lenny parece começar a ficar desconfortável com a situação, quanto a Luke e Zodick já pude perceber uma maior acomodação, afinal, ambos são guerreiros poderosos, já Lenny... Eu realmente não sei do que ele é capaz, mas se Zodick o deixou lutar, provavelmente ele deve esconder algo debaixo da manga além de bananas para lanches rápidos.

— Que tal tornarmos isso mais divertido? – É a voz de Eagle a primeira a rasgar o silêncio. – Estamos em números iguais aqui. – ele vira-se de costas, caminhando até seus discípulos. – Faremos batalha de um contra um, o primeiro lado a ter seus quatro integrantes derrotados, perde. – ele vira-se novamente, dessa vez parado ao lado de seus companheiros. – O que me diz? – o silêncio de Zodick é sepulcral, posso notar seus punhos se apertando, as pontas de seus dedos perderam a cor devido a força exercida, provavelmente a idéia de colocar nossas vidas e as das crianças do orfanato em um jogo oferecido por assassinos não deveria lhe agradar, mas Zodick certamente sabia qual a decisão mais inteligente a se tomar.

— Que assim seja, vamos vencê-los da mesma maneira. – Eagle sorri.

— Quanta confiança. – o careca estala os dedos e o discípulo número um toma a frente, ao mesmo tempo ouço Luke socar uma mão contra a outra.

— Beleza, eu vou primeiro. – o rosto de Luke era sério, mas eu podia ver algo em seus olhos que me faz aliviar, Luke estava com força total, a exaustão não estava mais presente, não tem como ele perder essa, Zodick assente e abre espaço para o capitão passar. – Vou quebrar esse cara. – a voz dele exalava confiança enquanto tudo o que saía da boca do discípulo Marui eram gargalhadas de escárnio.

— Me quebrar? Você não tem nem chance, moleque! Talvez eu nem precise usar o estilo da Águia contra você. Um mata-leão deve ser o suficiente para dar um fim à essa luta. – Luke estrala todos os dedos, assumindo uma postura de combate.

— Não vai me matar, não sou nenhum leão. – ok, talvez eu tenha me enganado em confiar nesse cara, ele é só um imbecil mesmo, que tipo de resposta é essa afinal?

Luke encerra a conversa e rapidamente avança em direção ao aprendiz Marui, este por sua vez reage, suas mãos assumem uma postura como se fossem as asas de uma águia e ele revida o avanço com um ataque frontal, o capitão se contorce para desviar do golpe, logo em seguida agarrando o braço do oponente, deixando a guarda do mesmo enfraquecida, aproveitando-se disso Luke desfere um forte chute contra as costelas do Marui, o mesmo se contorce de dor, Luke gira, parando atrás do oponente com o braço do mesmo travado em suas costas.

Nesta hora faço questão de olhar cuidadosamente cada um que observava a luta, Zodick não esboçava reação apesar de um pequeno sorriso começar a mostrar-se no canto de seus lábios, diferente dele, Lenny parecia extremamente empolgado com o início da luta, ver seu amigo lutando bem contra um adversário considerado poderoso devia ser algo gratificante para ele, Bruna ainda expressava grande preocupação através da janela, apesar de que a maneira como Luke luta é capaz de tranquilizar qualquer um que seja seu aliado.

E aterrorizar os inimigos.

A face de Eagle mostrava um misto de indignação e surpresa, logo após transformando-se em fúria, não sei se por um Marui estar sendo derrotado ou por Luke ser tão forte, mas sinceramente não estou disposta a descobrir.

O aprendiz Marui tenta se libertar usando a força bruta, ao ver que seria inútil, tenta atacar usando sua outra “asa”, o que se prova inútil quando Luke defende-se de cada uma delas sem quaisquer dificuldades, à seguir é a parte traseira dos joelhos do aprendiz de Águia que é atacado, forçando-lhe á ajoelhar-se, sem qualquer reação, provavelmente o aperto de Luke estava tão forte que a dor atrapalhava seu julgamento, mas é então que, quando eu menos esperava, Luke larga o braço dele apenas para desferir dois tapas, um em cada um dos ouvidos, a força usada deve ter sido suficiente para confundir o sistema de equilíbrio dele, pois ele vai ao chão, completamente tonto.

Luke ajeita sua postura, virando-se em minha direção com alegria, um sorriso bobo tomava conta de seu rosto enquanto ele fazia um “v de vitória” com os dedos e inicia sua distraída caminhada de volta para nossa direção, não vendo quando o homem corpulento ergue-se do chão e, mesmo cambaleante, insiste em continuar com a luta, desta vez seus punhos estavam cerrados e seus olhos mergulhados em fúria, para mim estava claro, a humilhação de estar apanhando para Luke usando o estilo da Águia foi tamanha que o fez abandonar o estilo e atacar indiscriminadamente, cego pelo ódio.

— Um moleque como você não pode vencer um Marui! – ele rosna enquanto salta, tentando desferir um soco aéreo contra o capitão, mirando de cima para baixo contra a cabeça do mesmo, mas o que ocorre a seguir não é bem o que ele esperava.

Vital Whip! — são as únicas palavras que deixam a boca do pirata enquanto ele salta, girando seu corpo em 180°, sua perna, já completamente embebida pela familiar energia azulada, descreve um arco perfeito contra as costelas do Marui, que brame de dor enquanto é arremessado velozmente contra o rio, esbarrando com força contra um dos giganto-sapos á beira do rio antes de cair dentro do mesmo com um gêiser de água a jorrar do impacto.

Luke aterrissa no chão, desta vez encarando Eagle, ele faz um sinal com as mãos enquanto abre um grande sorriso, “1-0” é o que seus dedos expressam, por enquanto, a vantagem está do nosso lado.

— - Zodick - -

Por um momento, mesmo que mínimo, cheguei a me perguntar se Luke teria alguma chance, mas ao final da luta, meus questionamentos somem tão depressa quanto surgiram, eu estava certo, em condições perfeitas Luke é mais forte que todos os mestres Marui que já conheci, um mero aprendiz não teria a menor chance contra um guerreiro tão poderoso e a maior prova disso é justamente o corpo do Maruí a chocar-se contra a água, sem chances de revidar.

Os outros dois discípulos precipitam-se para ajudar seu companheiro ferido, mas um sinal de Eagle é suficiente para detê-los, ao que vejo o mestre Marui segue à risca um dos grandes ensinamentos da família de assassinos: “A Marui é invencível, no momento que um guerreiro é derrotado, sua expulsão é certeza”. A partir daquele momento o primeiro discípulo não faz mais parte da Marui.

— Isso foi incrível, Luke! – Lenny e Luke tocam seus punhos, empolgados e sorrindo, realmente se tornaram bons amigos nesse pouco tempo de convívio. – Ok, agora é minha vez. – o próximo a tomar a frente é o próprio Lenny.

Confesso que me sinto muito desconfortável em deixar Lenny participar dessas lutas, ele ainda não tem experiência o suficiente em lutas para lutar contra um aprendiz da Marui, mas não acho que qualquer coisa que eu diga a ela vá mudar a maneira como ele se sente, afinal, esse orfanato também faz parte da vida dele, tanto ou até mais do que da minha, foi aqui onde ele cresceu de um garoto que não sabia nem cuidar de si mesmo para um adulto responsável que estava fazendo de tudo por si e, principalmente, pelos outros. Essa luta é algo que não posso tirar dele. E que não irei.

Troco olhares com o jovem sardento, seus olhos convictos aliviam um pouco a tensão em mim, desta maneira, abro espaço e dou-lhe passagem, ele toma a frente, seus punhos cerrados, seu joelho mexia-se em um movimento rítmico, seria aquilo empolgação ou nervosismo?

Eagle vira-se para um de seus discípulos, sinalizando para o discípulo número dois dar um passo à frente, ele era um pouco mais baixo que os outros dois, seu corpo era bem menor que o do anterior, ao chegar à frente de Lenny, vejo-o assumir a posição de mãos característica da postura da Águia, ele parecia um pouco mais confortável no estilo do que o aprendiz anterior, mas mesmo assim sua postura ainda possuía uma série de falhas, algo que nunca é visto em um mestre da Marui, ele ainda estava longe do pico das habilidades da Águia, mas não parecia nem de longe um oponente a ser subestimado.

Antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa para advertir Lenny, o mesmo avança contra o segundo discípulo, a luta de Luke devia ter deixado-o tremendo de empolgação... E de descuido. Um balanço largo é seu primeiro movimento, sendo facilmente aparado com apenas uma das “asas” do Marui, mesmo um aprendiz poderia parar um golpe tão lento e previsível, logo após vejo a “asa” esquerda do Marui realizar três golpes rápidos, acertando precisamente o peito de Lenny, que recua alguns passos.

O aprendiz salta, realizando dois chutes em meio ao ar, um após o outro, Lenny cruza os braços frente ao corpo, erguendo uma defesa apressada, o impacto dos golpes o empurra ainda mais para trás, uma careta de dor se exibe em sua face, os golpes de seu oponente eram bem pesados, logo após vejo o jovem Marui girar o corpo, mirando um chute giratório contra a cabeça de Lenny, este por sua vez coloca o braço esquerdo na frente, buscando proteger-se apenas para ver sua defesa ser dizimada, o chute pega de raspão em seu rosto, mas deve ter sido particularmente doloroso em seu braço, que já começava a inchar mesmo tendo sofrido tão poucos golpes.

O Marui completa seu movimento de rotação e, ao tocar a ponta de seu pé no chão, dispara outro chute, desta vez vindo no sentido oposto ao anterior, não parecia disposto a deixar Lenny descansar, o corpo do garoto ainda estava curvado para frente por causa do último golpe, então o segundo chute explode contra o ombro esquerdo do garoto, o corpo do mesmo é empurrado para trás, cambaleando.

Lenny recua três largos passos antes de recuperar o equilíbrio, só para tomar mais dois golpes rápidos da “asa” direita do Marui, ambos focando seu estômago. Lenny consegue se recompor e salta para trás, buscando espaço, e o faz bem a tempo de desviar-se da “asa” esquerda do Marui, é então que vejo algo que me deixa bastante aflito.

A “asa” esquerda atingiu-o de raspão e rasgou-lhe uma linha reta no tecido de sua camisa. Os estilos da Marui foram criados para serem artes marciais que evocassem todo o potencial de caça dos maiores predadores do mundo animal. Os grandes mestres Marui possuíam “garras” e “presas” mais afiadas do que qualquer besta existente, e ver um aprendiz que já conseguia usar este potencial em combate não era algo que me agradava.

— Não pense que terá tanta sorte na próxima vez. – o aprendiz Marui indaga, novamente assumindo sua postura de luta inicial. – Meu braço direito ainda é apenas uma “asa”, mas meu braço esquerdo... Este é a “garra” que irá dilacerar você. – vejo Lenny engolir em seco e, instintivamente, exclamo.

— Lenny, você ainda tem chances! Use seu poder! – Lenny parecia nervoso pouco antes disso, mas, ao escutar o que falei, os músculos de suas costas parecerem relaxar.

— Sim... – ele fala tranquilamente e noto que seus braços começaram a aumentar de tamanho, Luke e Sofie parecem ficar particularmente surpresos ao verem os braços de Lenny ficarem ainda maiores até quase tocar o chão, tão grossos quanto troncos de árvores, pêlos avermelhados crescem por sobre a pele, as mãos, agora muito maiores, pareciam estar muito mais fortes. Lenny estufa o peito, batendo seus imensos braços orgulhosamente contra o peito. – Aí está. – viro os olhos para a dupla pirata pouco atrás de mim. – Este é o poder da fruta do Gorila. – os olhos de Luke enchem-se de um entusiasmado brilho de empolgação.

— Que maneiro! – os olhos de Luke fixam-se em mim. – Ei, como ele conseguiu isso? Eu também quero. – volto a fitar a luta, que parecia prestes a recomeçar.

— Ele comeu uma Akuma no Mi por acidente há alguns anos atrás e se tornou um homem-gorila. 

— Akuma no Quem? – Luke pergunta confuso, será que ele nunca ouviu falar dos lendários frutos que são o maior mistério de todos os mares? Antes mesmo que eu pudesse respondê-lo, é Sofie quem toma a palavra.

— Agora tudo faz sentido! – a ruiva exclamou. – Isso explica como ele conseguiu carregar aquela formiga gigantesca para dentro da cidade sem qualquer tipo de ajuda. – ela parecia usar aquilo como uma resposta para questões que antes haviam sido levantadas em sua mente. – Luke... – ela então se dirige á seu capitão. – Quando tudo isso acabar, eu te explico melhor o que é aquilo, mas por enquanto, devemos apenas torcer pelo Lenny. – dou uma olhada rápida apenas para ver Luke assentir e voltar a prestar atenção na luta, faço o mesmo bem à tempo de ver Lenny ser golpeado no rosto por um chute enquanto, inutilmente, tenta golpear o aprendiz Marui com um dos seus imensos, pesados e lentos braços, outro golpe contra o estômago seguido de um chute contra o rosto que joga a cabeça de Lenny para o lado, o garoto firma seus pés, recusando-se á cair, seus braços tocam o chão, buscando apoio.

Essa luta em nenhum momento foi fácil para Lenny, o adversário é mais rápido e mais experiente do que ele, e, ainda por cima, têm mantido um pé no freio enquanto analisa Lenny cuidadosamente, sob essas condições, Lenny só têm uma chance de ganhar, ele deve esperar o Marui baixar sua guarda e, nesse momento, usar sua força sobre humana para acabar com ele de uma vez só.

Um, dois, três, quatro golpes depois e Lenny já parecia próximo de seu limite, seu corpo deveria estar dolorido e seus poderes não estavam fazendo efeito, a fruta do Gorila ainda não tivera a chance de mostrar seus verdadeiros pontos fortes, e o jovem Marui não parecia disposto a deixar essa chance aparecer, recuando a uma distância segura após cada golpe, sua postura ainda era cheia de falhas, mas estava ficando cada vez mais relaxada, como se finalmente tivesse notado o tamanho da vantagem que tinha em mãos e o quão indefeso oponente estava diante de si.

O aprendiz Marui começa á circular um Lenny exausto, seus olhos mantinham-se focados apesar de seu sorriso esbanjar confiança, ele o rodeia como uma águia ao observar uma presa machucada, procurando o melhor momento para dar-lhe o golpe de misericórdia, e o momento chega.

Lenny fica impaciente, não parecia estar gostando de apanhar tanto sem ao menos ter chance de revidar, então avança com tudo contra o Marui, mas era inútil, a Águia-aprendiz era muito mais veloz e avança para dentro da guarda de Lenny antes mesmo que ele pudesse atacar, a “asa” na direita desfere um arco compacto, acertando com força o rosto de Lenny, o garoto cospe sangue antes de ser acertado, novamente no estômago, este golpe em particular parece ter sido mais forte que todos os anteriores.

O corpo de Lenny se curva de dor, caindo sobre seus joelhos, ele parecia esgotado, seu corpo devia estar no limite, a única coisa que o impedia de tombar ao chão era seus grandes braços.

— Que resistência. – constata o aprendiz Marui. – Mas é inútil, minhas asas o derrubaram, Gorila. – vejo sua mão esquerda erguer-se acima da cabeça, usava o estilo da Águia, mas não era uma “asa”, mas sim uma “garra”. – E como eu disse... Minhas “garras” vão destroçar você. – em um golpe rápido, a “garra” da Águia se crava profundamente na carne do ombro direito de Lenny, o garoto arfa de dor, causando uma angústia interminável em meu peito.

O aprendiz Marui corta o ombro dele superficialmente, mas o suficiente para fazer o sangue espirrar pelo chão enquanto Lenny desaba, seus braços já de volta ao normal, seu rosto vai ao pó enquanto a postura da Águia some das mãos do aprendiz Marui.

— Acho que isso é um empate agora. – o aprendiz Marui provoca, olhando dentro de meus olhos enquanto o seu pé pisa sobre a cabeça de Lenny, a fúria espalhando-se como uma doença dentro de mim. – Mas não se preocupe, em breve vamos derrotar cada um de vocês.

— Ei... – a voz de Lenny soa fraca e debilitada, mas ele ainda possui força o suficiente para erguer sua mão, envolvendo o calcanhar do Marui dentro dela. – Pra onde... – o Marui faz uma careta de dor quando Lenny começa a apertar seu pé, as veias no braço do sardento começam a se dilatar, a força exercida aumentava a cada instante. – Você pensa... – a mão de Lenny se transforma no braço do Gorila enquanto o ruído de ossos quebrando ressoa pelo ar junto ao grito de dor e agonia do Marui. – Que tá olhando? – a força descomunal de um gorila renasce dentro do machucado Lenny.

O aprendiz Marui cai ao chão, agonizando com a dor de sua perna quebrada, Lenny ergue-se com dificuldade, seus dois braços novamente transformados juntam-se acima da cabeça e logo após descem com força, como um martelo a chocar-se contra um prego, o impacto da força do golpe cria uma cratera ao redor do aprendiz Marui que é encontrado sangrando e inconsciente quando os braços de Lenny voltam ao normal.

O jovem sardento cambaleia, seu corpo todo tremia, de sua boca escorria um filete de sangue, seu rosto estava inchado, o corte em sua camisa deixava aparecer algumas marcas roxas, suas pernas e joelhos tremiam de dor e cansaço, mas seu rosto demonstrava alívio e seu sorriso uma grande felicidade, afinal, ele disse que ia proteger o orfanato, e foi isso o que ele acabou de fazer.

— Dois a zero.

— - Sofie - -

Surpreendente.

Essa é a única palavra que eu conseguia pensar nesse momento.

Minha primeira grande surpresa foi a reação de Lenny ao passado de Zodick. Não imaginava que ele fosse querer lutar depois de descobrir tudo aquilo.

A segunda... Bem, eu simplesmente não esperava encontrar um usuário de Akuma no Mi em um lugar destes.

E por último... Eu não esperava esse desfecho.

Quando ele caiu, pensei que seria o fim, mas ele calou minha boca e mostrou do que era feito.

Luke fez questão de levá-lo lá para dentro onde uma Bruna extremamente aflita e desesperada iria cuidar dos ferimentos dele, posso ver também no rosto de Zodick o quão preocupado o moreno está. Tenho certeza que ele não queria e nem esperava ver Lenny tão machucado, mas também posso dizer que foi um alívio para ele que, no final, ele tenha vencido.

Dou alguns passos à frente, pousando a mão sobre o ombro dele.

— Ei, não se preocupa, ele está em boas mãos agora, a Bruna vai deixar ele novinho em folha. – ele me fitou nos olhos, a preocupação em seu rosto se ameniza, e ele assente, viro meus olhos para o campo de batalha e vejo o terceiro discípulo já pronto para a batalha, as duas derrotas não parecem ter abalado o lado de lá, o olhar afiado do aprendiz Marui parecia tão ou até mais preparado do que antes. – Eu vou deixar o Eagle pra você, então esse aí é meu. – ele assente e eu tomo á frente, sacando uma das facas Kukri e três facas de arremesso, as quais deixo presas entre meus dedos.

— É um belo armamento esse seu. – comenta o aprendiz Marui.

— Eu sei, por isso ando com ele, pena que não posso lhe dizer o mesmo. – o jovem de olhos afiados sorri pelo canto dos lábios.

— Você é uma assassina bem famosa. – constata ele.

— Me diga... Já esteve em uma batalha de assassinos? – ele nega. – Pois bem, deixe-me explicar algo sobre elas... – arremesso todas as três facas precisamente, uma contra cada um de seus olhos e outra mirando seu peito esquerdo. As “asas” da Águia rapidamente se erguem, assim como esperei, ele para minhas facas de arremesso com grande maestria, mas era tarde demais, sua postura estava completamente aberta, enquanto as facas voavam, me movimentei junto á elas e agora, meu corpo está a meros cinco centímetros do dele. – Elas costumam ser rápidas. – realizo um rápido corte, que vai desde seu peito esquerdo até o ombro direito.

O sangue espirra enquanto o aprendiz Marui vai ao chão, completamente rendido.

Uma desvantagem bem desagradável é seu oponente saber tudo sobre você enquanto você não tem informações dele, a luta de Lenny serviu para que eu pudesse ver como um estilo como o da Águia funcionava quando seu usuário não era um mestre no mesmo. Pude perceber que, quando defensivamente usado, ele demorava em torno de meio segundo exposto, então eu só precisava fazê-lo se defender com suas “asas” e, com olhos como aqueles, era praticamente impossível que ele não o fizesse quando eu arremessasse minhas lâminas.

É irônico.

Os olhos da Águia.

Sua principal arma.

Neste momento foram seu carrasco.

Limpo na calça o sangue que sujava meu Kukri, em seguida guardando-a cuidadosamente enquanto recolho as lâminas de arremesso, ergo o olhar, fitando o único oponente ainda em pé, o Mestre Marui Eagle, com um sorriso em meus lábios pronuncio as palavras que ele não esperava ouvir antes do início das lutas.

— Três a zero, só falta você, Eagle.

— - Continua - - 


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Notas finais do capítulo

Olá novamente! Espero que tenham gostado. Tem sido uma grande satisfação para mim voltar a escrever essa história, e principalmente saber que algumas pessoas têm gostado do que tenho escrito. Espero que possam nos acompanhar até o fim. Desde já peço que deixem seus reviews/pensamentos/opiniões sobre a história e nos vemos no próximo capítulo!



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