Keybringer Pirates escrita por Kardio


Capítulo 3
Capitulo III


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como tem passado? Tiveram um bom natal? Espero que sim. Acordando nessa manhã, que inclusive é aniversário de minha mãe (yaaaaaay), para trazer mais um capítulo fresquinho para vocês (talvez nem tanto, já que ele está pronto faz um tempo rsrs), mas sem mais delongas, aproveitem!



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Capítulo III – Razão para Sonhar.

—- Sofie –

Minhas mãos já estavam calejadas e vermelhas de tanto segurar as extremidades do leme, já não sentia mais os pés de tão dormentes que estavam e com certeza minha pele já deveria estar começando a sentir os efeitos do sol escaldante, mas não há nada do que eu possa reclamar, afinal não existe liberdade e alegria maior do que sair ao mar em busca de algo que realmente se quer.

Já fazia doze horas que havíamos partido para o alto mar, nas primeiras horas de viagem Deus parecia nos apoiar e os ventos sopraram totalmente á nosso favor, dessa maneira foi fácil guiar Luke, um total inexperiente em navegação, para que ele posicionasse as velas e obtivéssemos o máximo de benefício com o vento, graças á isso conseguimos rapidamente chegar à corrente marítima que queríamos; temos alguns suprimentos, mas não o suficiente para uma longa viagem, então temos que chegar á uma nova ilha o mais rápido possível, antes que eles acabem, a ilha mais próxima é a Ilha Shannon e essa corrente é a melhor maneira de chegarmos á ela.

— Ei, Sofie, tô com fome. – Luke reclama, ele realmente parecia totalmente sem forças, o capitão debilmente amarra uma das cordas em uma das protuberâncias do mastro, a vela range ao se locomover para o outro lado, além de pequeno, esse navio pesqueiro não está nas melhores condições, provavelmente vamos precisar trocar de navio muito em breve. – Quando vamos parar pra comer? – questiona Luke, ele realmente parecia faminto, coloco uma mecha rubra para trás da orelha, fitando o horizonte enquanto observo também o mar à nossa frente.

— Em alguns minutos chegaremos ao fim desta corrente marítima, quando isso acontecer podemos recolher as velas, jogar a âncora e ir descansar, mesmo que quiséssemos, não chegaremos a lugar algum hoje. – Luke fica de boca aberta, impressionado.

— Não sabia que você conhecia tanto de navegação, ainda bem que agora você é minha navegadora. – fiquei seriamente tentada a discordar dele e que não faço parte dessa tripulaçãozinha, mas me lembrei do que ele havia feito com aquele sequestrador, talvez não seja a escolha mais prudente discordar de um homem tão forte e perigoso.

— Navego sozinha desde meus oito anos, então tive que aprender bastante para sobreviver. – explico simplesmente. – E você? Como chegou naquela ilha sem nem ao menos saber navegar? – ele sorri sem jeito, coçando a cabeça.

— Invadi um dos navios de turismo que ia pra lá e me escondi no meio da carga, foi até que bem fácil. – os olhos deles acendem-se com um brilho selvagem. – Mas agora que você tá aqui, vai ficar mais fácil para irmos para onde quisermos. – fito os céus, o pôr do sol lançava uma aquarela sobre as águas oceânicas.

— Não com essa espelunca. – ele me olha confuso. – Não me entenda errado, realmente foi ótimo pra nós o Lyon ter nos conseguido esse barco, mas ele não serve para grandes viagens e ainda por cima está em péssimo estado. – solto um longo suspiro. – Vamos precisar de um navio maior e provavelmente de um ou dois carpinteiros para cuidar dele.

— E de um cozinheiro! – precipita-se Luke, ouço seu estômago roncar e vejo-o fraquejar de fome. – Só de pensar em quanto tempo não como, eu começo a passar mal. – ele se senta desfalecido no chão de madeira, me concentro e vejo que, pouco a pouco, a velocidade do barco parecia diminuir e depois de alguns minutos estávamos apenas sendo levados por ondas randômicas enquanto nenhum vento soprava pra lugar algum, a corrente marítima finalmente havia acabado.

— Ótimo, recolha as velas e baixe a âncora, vou ver o que consigo nos arranjar. – solto o leme e vejo Luke se reanimar com a possibilidade de novamente comer, levantando-se re-energizado, solto um pequeno sorriso e desço as escadas que separavam o convés do andar inferior, onde estavam os aposentos e a cozinha.

— - Luke - -

O vento soprava fracamente, como uma brisa de primavera, suave e acalentador, minha pele parece relaxar e os músculos retesam-se ao toque da brisa agradabilíssima, uma sensação de sono e cansaço espalha-se por meu corpo, mas não era de se estranhar, estamos viajando há mais de uma dezena de horas sem descanso nenhum, meu corpo deve estar perto de seu limite e não o culpo por isso. Com dificuldades termino de amarrar as cordas que prendiam as velas, mantendo-as enroladas, ao finalizar a tarefa, meus músculos queimavam de dor e minhas pernas pareciam trêmulas, desço cuidadosamente do mastro, a barriga roncando, o que será que a Sofie ta preparando? Eu adoraria um bife, se bem que provavelmente só temos peixe, então... Bife de Peixe! Com batatas! E um suco! Como eu amo suco.

Vou até um dos cantos do navio, girando uma manivela, a corrente presa à ela começa a se desenrolar e a âncora desce aos mares, alguns segundos se passam até que o barco dá um leve solavanco quando a mesma atinge o solo, fazendo-nos parar, olho ao redor, as águas estavam bem calmas, nem parecia que estávamos no mar e sim em um rio de águas calmas, escoro-me á amurada do navio, observando o pôr-do-sol, minutos se passavam, mas nada conseguia me afastar daquela visão, a luz do sol refletia na água, fazendo nela um espelho onde ambos os sóis, o real e a imagem, pareciam se fundir enquanto a aquarela se espalha por céus e mar, é possível ver alguns cardumes de peixes passarem em disparada próxima à superfície da água, ocasionalmente subindo para reabastecer-se de oxigênio.

— O mar realmente é o melhor lugar para se estar... – murmuro para mim mesmo. – E é nesse mar que minha jornada começa... – meu coração enche-se de alegria e, de repente, sinto-me totalmente renovado de novo, subo sobre a amurada, ficando de pé sobre a mesma. – Ei, seus peixes malditos! Prestem bem atenção! – grito a plenos pulmões, para quem quisesse e conseguisse ouvir. – EU SOU O HOMEM QUE VAI SE TORNAR O REI DOS PIRATAS! E ISSO COMEÇA AQUI E AGORA! – aponto com o dedo indicador para cima. – Serei o maior que já existiu e todas as pessoas no mundo saberão quem eu sou!

— Ei, qual a grande idéia de ficar gritando pro nada? – uma voz fala de trás de mim, viro-me e vejo Sofie parada frente à escada, tinha uma faca de cozinha na mão e as unhas cobertas com algumas escamas de peixe. – Você pode ser forte, mas ainda seria um problema se alguém ouvisse sua barulheira e quisesse arrumar briga em pleno mar. – meus ombros se encolhem e sento-me na amurada, fazendo bico.

— Mas todos têm que saber que o novo Rei dos Piratas tá aqui. – Ela arqueia a sobrancelha, encostando à parede do navio.

— Você realmente acredita nesse sonho né? – a voz dela parecia estranha, como se não compreendesse como seria possível.

— Claro que eu acredito! – respondo prontamente, convicto. – Mesmo que eu morra tentando, eu vou sim me tornar o Rei dos Piratas.

— Você não pode se tornar se morrer tentando. – ela revira os olhos. – Você sabe que todos os piratas do mar estão atrás da mesma coisa que você né? – fito-a confuso.

— E daí? O título de Rei dos Piratas só pode ser dado a uma pessoa, então pode muito bem ser eu. – ela limpa uma das mãos na roupa, passando uma mecha rubra para trás da orelha, os orbes azuis pareciam brilhar com as luzes do pôr-do-sol.

— Você tem idéia do quão difícil vai ser conseguir isso? – assinto, logo depois abaixando a cabeça.

— Sim, tenho plena consciência do quão difícil será, mas seria ainda mais difícil viver uma vida sem sonhos... Não sonhar é como morrer, eu odeio me sentir como morto, então por isso eu sonho! – ergo o olhar, ela parece se intimidar com a intensidade do meu olhar. – Sonho para me sentir vivo! Quanto maior o sonho, mais sinto o sangue correndo em minhas veias, quanto maior o perigo em alcançá-lo, mais meu corpo se move nessa direção. – ergo a cabeça, fitando distraidamente o céu. – E é por isso que eu sonho tão alto, se é pra me sentir vivo, então que eu esteja vivo mais que os outros, se é pra ser grande, então que seja maior que os outros, eu vou ser o maior, o melhor e o mais forte pirata que já existiu, por isso eu digo. – novamente voltei a fitá-la nos olhos, dessa vez sustentando o olhar. – Eu vou ser o Rei dos Piratas. – um silêncio desconfortável se instala no local, vejo Sofie abrir um sorriso no canto de seus lábios.

— Você realmente é um pirata muito interessante, capitão Luke Hardy. – sua voz parecia satisfeita com minha resposta.

— E você? – vejo seu sorriso se desfazer, seu corpo parece ficar tenso e os olhos perdem o brilho anterior. – Por que não parece que você tem sonhos mesmo que seu sonho seja tão grande quanto o meu?

— É pura bobagem. – sinto meu sangue ferver e vejo os punhos com força, as pontas dos dedos ficando brancas de tamanha força empregada.

— Nenhum sonho é bobagem! – bramo e ela parece se assustar com minha reação. – Você nunca chegará a lugar nenhum enquanto continuar a ignorar os desejos do seu coração. – ela solta um longo suspiro.

— De que adianta eu acreditar em algo que não posso cumprir? – seu tom esbanjava ironia e deboche. – Conhecer todas as ilhas do mundo e guardar uma lembrança em todas elas? Faça-me o favor. – caminho com passos duros até lá, enfiando a mão no bolso.

— Se você não acredita que vai conseguir... – tiro a mão de dentro do bolso, junto dela trago uma lasca de vidro colorido. – Então eu vou acreditar por mim e por você. – os olhos dela parecem recuperar o brilho.

— Isso é... – Entrego a lasca de vidro à ela, que a segura cuidadosamente em sua mão.

— Um pedaço da vidraça que você quebrou quando invadiu a casa do prefeito. – ela ergue o olhar á mim e abro um grande sorriso. – Se é pra guardar uma lembrança dessa ilha, então que seja uma que nos remete ao momento em que nos conhecemos. – ela aperta a lasca cuidadosamente, soltando um sorrisinho pequeno.

— Está bem, vamos deixar assim por enquanto. – ela guarda o vidro em um dos bolsos de sua jaqueta, logo em seguida jogando uma mecha rubra pra trás da orelha. – Vamos, a comida está pronta. – sinto meu estômago roncar violentamente, tinha até esquecido que estava com tanta fome.

— Vamos comer!!! – saio correndo em direção às escadas enquanto a lua puxava seu véu da noite pelos céus.

— - Sofie - -

Sento-me sobre a cama, um mistura de fragrâncias de suor e peixe exala do colchão no momento que encosto no mesmo, os aposentos desse barco são pequenos, mas vêm bem a calhar, havia espaço para uma cama, uma escrivaninha e uma cômoda, nada muito luxuoso, mas eu diria que o suficiente para se viver quando se passa semanas no mar em pescarias, uma lamparina sobre a cômoda iluminava fracamente o local.

Meus olhos focam-se na pequena janela que dava vista para o lado de fora do navio, o balanço das ondas movia o barco, mas não o mudava de lugar, a lua encontrava-se brilhante no céu, brilhando majestosamente enquanto as estrelas cobriam o véu da noite de luzes, o tempo parecia frio como deveria ser, pouquíssimas nuvens habitavam o céu por agora, não havia sinais de tempestade ou coisas parecidas por perto, então acho que posso ficar tranquila, pelo menos até amanhã pela manhã.

“Se você não acredita que vai conseguir, então eu vou acreditar por mim e por você.”

A voz de Luke ressoa em minha mente, encolho os ombros, deixando a cabeça cair, meus olhos fixam-se nos chão de madeira, o balançar do barco me traz muitas recordações, muitas das quais eu não gostaria de lembrar.

— Quem diria que eu entraria em um navio de novo depois de tudo aquilo... – murmuro para mim mesma, flashes de memória voam por minha mente, memórias daquela noite efervesciam como mágica das profundezas de minha memória.

O cheiro de sangue. O crepitar das chamas. Os gritos desesperados. Os olhares de medo. O som dos canhões. O medo da derrota. Mas a memória mais forte em minha mente, com certeza vêm dela, que mesmo com tudo aquilo acontecendo, não deixou de sorrir e de me proteger, mesmo com o fim à sua frente.

Um barulho estranho me arrancou de meus pensamentos, como uma coisa gosmenta á cair na água, provavelmente Luke estava vomitando de novo, eu não comi, não tinha fome alguma, mas ele atacou a comida como se sua vida dependesse disso, se estivesse envenenada ele já estaria morto, mas houve algo que não entendi, a cada garfada que dava, seu rosto ficava mais roxo e ele parecia ainda mais apreensivo, mas não sei o porque, eu acho que fiz tudo certo, fritei o peixe até ele e o óleo ficarem pretos, quando acabei, coloquei o óleo por cima para dar um gosto melhor, tinha uma panela com arroz já preparado dentro da geladeira, ele estava bem liguento e com cheiro forte, acho que deve ter sido algum tipo de tempero que usaram para conservá-lo melhor, esquentei a panela e botei sal, mas acho que exagerei na quantidade e compensei botando um pouquinho de açúcar, desde então Luke corre pro banheiro a cada cinco minutos pra vomitar... Será que ele é alérgico a peixe?

Ergo-me, pensando em ir até lá fora ver como ele estava e vejo o pedaço da vidraça sobre a mesa, naquele momento me vejo rapidamente á observar tudo que havia acontecido nos últimos dois dias.

“Eu? Pra você, eu sou a Morte.”

“Quando uma fera não possui saída, ela mostra suas garras.”

“Eu sou Luke Hardy, o homem que vai virar o mundo de cabeça pra baixo e se tornará o novo Rei dos Piratas.”

“Eu posso te tirar daqui, mas só se você entrar pro meu bando.”

“Vamos, nossa jornada começa agora!”

“Por que você está fazendo tudo isso?”

“O quão forte poderei ser se não consigo nem ao menos ajudar um amigo que precisa de mim?”

“Vamos navegar.”

“Nenhum sonho é bobagem!”

“Se você não acredita, então eu acreditarei por mim e por você.”

Sinto como se um turbilhão estivesse atacando meu cérebro, ando de um lado para o outro dentro do quarto, inquieta, murmurando pra mim mesma o quão impossível são todas essas coisas. Rei dos Piratas? Navegar o mundo inteiro? Quanta tolice. Parece que estamos no maternal e sonhamos que podemos ser o que quiser. O mundo não é um mar de rosas! Sonhos são só sonhos! Eles nunca se realizam, por isso são o que são... Mas... E se... For possível?

Ouço a porta ranger e Luke botar a cabeça pra dentro.

— Ei, Sofie, você tá fazendo muito barulho, tá tudo bem? – sinto um surto de ira subir em minha cabeça e arremesso uma faca contra a porta, que já estava apropriadamente fechada graças aos rápidos reflexos de Luke.

— Não entra no meu quarto sem bater seu animal! – exaspero e ouço sons pesados pelo corredor, provavelmente Luke correndo, ouço um “desculpa” ecoar ao longe.

Sento-me novamente sobre a cama, não sei quando minhas pupilas ficaram tão pesadas ou quando minhas pernas e braços ficaram tão fracos, mas acho que chegou à hora de dormir, hoje foi um longo dia.

“Um dia você encontrará alguém que ganhará novamente sua confiança, quando isso acontecer, você deve segui-lo até o fim dos mares se for preciso.”

Mas... Esse alguém seria o Luke?

— - Luke - -

Mais um dia havia começado e prontamente nos pusemos a navegar, era uma manhã de pouquíssimas nuvens, o vento era agradável e o sol não estava tão quente, em suma, o clima estava perfeito, cardumes de peixes nadavam perigosamente próximos à superfície e eram atacados por rasantes de gaivotas vez ou outra, encontro-me sentado sobre a madeira no topo da vela, esse sem dúvida nenhuma era o melhor lugar desse navio, a vista era simplesmente incrível e já que o vento estava a nosso favor, não havia muito que fazer, a vela estava posicionada e o navio rumava á todo vapor em direção à próxima ilha, ao horizonte vejo um vulto se formar, grandioso e imponente como uma montanha, quanto mais nos aproximamos, mais fácil ainda se torna identificar o que é. 

— Terra à vista!!! – uma alegria incomparável surge dentro de mim ao pronunciar aquela frase, já era aproximadamente meio-dia quando finalmente começamos a nos aproximar da ilha Shannon, após um dia longo de viagem e uma noite onde mal pude dormir por causa dos constantes vômitos causados pela comida estragada, finalmente estamos chegando á uma nova ilha, será que conseguiremos achar mais alguém pra tripulação por lá?

— Você parece bem animado. – constata Sofie, um leve sorriso se formava em seu rosto. – Essa é a ilha Shannon, aqui existe um comércio bem único de animais, o que a faz uma ilha muito visitada... – ela faz uma pequena pausa. – Devemos tomar cuidado, a partir daqui estaremos constantemente sobre território da Marinha, não podemos deixar que eles nos achem, e se não conseguirmos fugir, vamos ter que lutar. – fito-a lá de cima.

— Ok, ok. – me seguro ao mastro, escorregando por ele até chegar ao convés. – Ei, você acha que vamos achar algum novo membro por lá? – empolgadamente questiono-a.

— Não faço ideia. – ela muda a direção do leme, mas o navio não parece obedecer, indo para o lado oposto. – Merda. – murmura ela, inutilmente tentando mudar a direção que o barco seguia.

—O que houve? – aproximo-me da borda do navio que era arrastado para o lado oposto ao da cidade.

— Fomos pegos por uma corrente marítima, provavelmente vamos ter que ancorar na floresta. – Sofie fazia força para manter o barco nos eixos, mas era inútil, a corrente nos arrastava e tudo o que podíamos fazer era observar enquanto o navio era levado ao lado oposto da ilha.

— - Sofie - - 

Pisar em terra firme de novo realmente era algo do qual eu senti falta nesses dias, é uma pena que essa terra firme seja uma floresta desconhecida e com uma péssima fama de ser diferente de todas as outras que existem.

O clima era bem abafado, típico de florestas com árvores enormes como essa, a vegetação é fechada e pouco convidativa, com poucas flores e frutos à mostra, pelo menos na área costeira, caminho um pouco e sento-me sobre uma pedra enquanto espero Luke terminar de fixar a âncora e nadar até a praia, as ondas iam e vinham sobre a areia quente, pernilongos empestavam o ar, ferroando-me vez ou outra, obrigando-me a expulsá-los, mas havia algo de errado, suas picadas não pareciam penetrar na pele, na verdade, pareciam mais bicadas do que ferroadas, observo mais atentamente e percebo um fato que me impressiona bastante, não eram pernilongos, mas sim águias imperiais, porém seu tamanho era extremamente reduzido.

— Ei, Sofie, terminei! – Luke chega correndo e fazendo barulho, suas calças molhadas por causa do trecho de água que teve que passar até poder chegar à terra, ao se aproximar, as mini-águias fogem. – Ei, aquilo não são águias? Pareciam maiores nas fotos. – fala confuso, ergo-me, elevando meus olhos em direção à floresta.

— E são... – ao longe vejo o que parecia ser um gato doméstico, porém com juba, deixando claro que, assim como as águias, aquele leão também se encontrava em um estado diminuto. – Tem alguma coisa de errado com essa floresta. – um forte estrondo se faz ouvir, o pequeno leãozinho foge apavorado, assim como os outros animais da floresta, outro estrondo ressoa, ainda mais forte que o primeiro, provavelmente este foi mais próximo que o anterior.

— Tem alguma coisa vindo para cá. – Luke se põe entre mim e a entrada da floresta, mas duvido que até ele estivesse esperando o que apareceria; um terceiro estrondo, mais forte do que os dois anteriores ribomba pelo ar enquanto as árvores mais próximas sucumbem ao solo, um ser imenso de aproximadamente 20 metros se ergue perante a flora derrubada, com certeza estava em um tamanho incomparável, mas com certeza aquilo era uma formiga. – Incrível!!!! Uma formiga gigante! Que demais! – Luke fala, parecia que tremia de empolgação, francamente, será que ele percebeu que aquela coisa está tentando nos matar?

— Não é hora pra ficar babando. – ele assente, assumindo uma postura de combate. – “Peraí”, você vai lutar com essa coisa? – falo impressionada, a escolha mais segura á ser feita por qualquer pessoa seria fugir, mas ali estava o capitão, erguendo seus punhos sem temor algum de perder a vida.

— Claro que vou, por que eu não iria? – ele avança contra a formigona, o animal usa suas pinças para agarrar uma das árvores destruídas e arremessá-la em Luke, a energia azulada envolve o punho dele e sua voz ressoa. – Vital Punch! — seu golpe estoura contra a árvore, a madeira cede e se divide em duas, caindo e se estraçalhando no chão. – Vamos lá, você pode fazer melhor que isso! – ótima idéia provocar um ser que pode te esmagar sem nem perceber que o fez, Luke realmente merecia um prêmio de coragem, ou talvez um de estupidez aguda.

A formiga ataca novamente, desta vez tentando pisoteá-lo, Luke escapa, deslizando rapidamente por entre os golpes, logo após saltando e usando um galho de árvore como impulso, subindo nas costas do animal.

— Te peguei, Vital Hammer! — dessa vez a energia azul vai desde seu punho até seu cotovelo, ele ergue o braço acima da cabeça, logo após descendo-o com violência como um martelo ao bater em pregos, o golpe atinge com força e o animal ruge de dor, chacoalhando-se violentamente, em um desses movimentos Luke é arremessado para longe, caindo sobre a areia fofa.

A formiga parecia bem irritada agora, e não acho que Luke vá ter a chance de subir sobre ela novamente, não havia nada que eu pudesse fazer, meu caminho estava bloqueado pela árvore anteriormente lançada e mesmo que estivesse, não vejo como minhas facas fariam dano á uma carapaça tão dura a ponto de resistir aquele soco poderoso.

— Cuidado, vocês dois! – uma voz desconhecida adverte antes que um projétil se lançasse sobre a formiga, a atingindo com tanta força que a faz cair e afundar sobre a areia, vejo pedaços de seu exoesqueleto serem arremessados pelo ar, totalmente espatifados, o que foi aquilo afinal de contas? Olho ao redor, não vejo absolutamente ninguém que pudesse ter disparado algum canhão contra aquela formiga.

— Ali! – Luke aponta para o topo das costas da formiga, sobre o corpo inanimado do animal havia um jovem, aproximadamente 19 anos, ele era bem forte, possuía por volta de 1,92m, seus cabelos negros estavam bastante bagunçados, olhos castanhos serenos, seus punhos cobriam-se do líquido gosmento que saía de dentro da formiga, estava coberto por um casaco de folhas, provavelmente para conseguir se disfarçar em meio á floresta, espera um pouco... Ele se lançou sobre a formiga e destruiu o exoesqueleto dela só com a força dos próprios punhos? Que espécie de força ridícula é essa?

— Ei, vocês estão bem? – ele limpa as mãos e salta de sobre a formiga, aterrissando suavemente, meu cérebro parece demorar um pouco pra compreender que aquele cara tinha acabado de esmagar uma formiga de vinte metros sem nem ao menos se machucar.

— Sim, não nos machucamos... Eu acho. – olho para Luke e ele parecia estranhamente... Fraco. Luke parecia meio cambaleante, o que era estranho. – Luke? – ele solta um sorriso fraco.

— Eu to bem... – como que para contradizê-lo, seu corpo tomba ao chão e ele desmaia, aproximo-me rapidamente dele, uma preocupação que eu não sentia por outra pessoa fazia anos começa a surgir.

O que aconteceu com ele?

— - Continua - -


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Notas finais do capítulo

E aqui estamos nós novamente! Espero que tenham gostado e continuem acompanhando a história daqui pra frente. Deixem seus reviews/comentários/pensamentos que estiverem tendo sobre a história até aqui, ajuda e incentiva mais do que vocês pensam. Até a próxima pessoal!



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