Keybringer Pirates escrita por Kardio


Capítulo 16
Capítulo XV


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Todos bem? Espero que sim, que estejam com muita saúde tanto física quanto mental, hoje trago mais um capítulo da nossa história, só que dessa vez vamos para um lugar um pouco diferente, ok? Enjoy!



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Capítulo XV - Aqueles Que Movem as Eras!

— - Lyon - -

O dia havia amanhecido, sem muitas nuvens no céu, algumas aves cortando o ar antes de mergulharem para caçar algum peixe desavisado que subira para a superfície em busca de oxigênio, o frescor das ondas partidas ao se chocarem contra o casco da embarcação refrescavam o ambiente, o calor não chegava nem mesmo a ser uma questão a essa hora da manhã, por volta das nove, aproximadamente. Havia partido a pouco mais de vinte horas de minha ilha natal e meu barco se encaminha para Ulzah, ilha famosa pela existência de um grande estaleiro mantido pela Kobilica, empresa famosa interoceânicamente pelos seus navios de grande qualidade.

Essa reputação acabou por atrair a atenção do principal peixe no mercado: a Marinha. Se me lembro bem, faz aproximadamente uns 8 anos, acho que eu deveria ter uns 7 anos na época, que eles fecharam um acordo com a Marinha, se tornando o único fornecedor da mesma em todo o East Blue. Lembro de escutar conversas do meu pai com seus assessores sobre esta ser a forma mais eficiente para a Marinha manter uma frota constante de policiamento nos Mares Cardeais, visto que baratearia a construção em larga escala e, já que nestes mares não havia necessidade de construir navios de guerra, seus principais construtores, engenheiros e carpinteiros poderiam se manter focados na armada da Grand Line.

E é por esse motivo que a Marinha fundou uma de suas principais bases deste mar em Ulzah, desta forma poderiam criar um centro de comando para decidir onde e quando devem enviar seus navios para as ilhas e, ao mesmo tempo, alivia a pressão sobre o capitão da ilha de Loguetown, visto que é o cargo mais alto neste mar e que se encontra cada vez mais sobrecarregado com tripulações piratas indo de vento em popa para atacar sua cidade enquanto rumam para a Grand Line. Aparentemente, muitas das funções administrativas da força policial dos mares migraram para Ulzah, foi por isso que tomei a minha decisão: é lá que irei me alistar.

Maturei por muitos dias a ideia de meu alistamento, e essas vinte horas no navio me fizeram pensar ainda mais nisso, já sentia minhas funções respiratórias diminuindo por causa de minha doença, minha constituição física não é das melhores, não tenho prática com nenhuma forma de luta ou armamento, eles não teriam motivo algum para me aceitar meu alistamento, mas mesmo assim tinha que tentar, eu não poderia simplesmente- 

Sou retirado de meus pensamentos quando vejo um corpo estranho voando em alta velocidade em minha direção, prestes a se chocar. Jogo meu corpo pro lado, deslizando pelo chão, inconscientemente fechei os olhos, então só pude sentir o barco balançar pelo violento impacto e o barulho de gritos da população e de madeira sendo quebrada. 

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O navio passou algumas horas sem se mover, o corpo havia se chocado contra o mastro principal, que tombara em frangalhos sobre a água. O capitão do cruzeiro imediatamente deu as ordens para baixarem as âncoras, para que não navegassem à deriva enquanto ele e os seguranças do navio investigavam o que teria causado tanto estrago, visto que estávamos a muitas léguas da ilha mais próxima e em um cenário de mar sem fim em todas as direções, muito mais longe do que qualquer canhão seria capaz de atirar. Teria sido algum tipo de fera marinha? Indagou um tripulante.

Mas qual não foi a surpresa de todos quando vimos um homem firmemente incrustado nas madeiras arruinadas do mastro, um homem conhecido e temido por toda a extensão daquele mar: Mark, o Naja. 

Seu corpo estava cheio de escoriações, alguns dentes pareciam lhe faltar e o sangue empapava seu rosto e roupas, parecia desacordado a algum tempo. Ao notarem isso, rapidamente o amarraram, recolhendo uma das âncoras e o auxílio de quase duas dezenas de homens, passaram a pesada corrente de ferro incontáveis vezes ao redor do corpo do pirata desacordado, prendendo-o à raiz do mastro destroçado. Com isso concluído, o capitão apressou-se em fazer ligações para a Marinha por meio do Den-Den Mushi central do navio, mas falhou em conseguir contato por muitos minutos até que, após uns 40 minutos de tentativas frustradas, uma voz respondeu.

Parecia se tratar de um capitão da Marinha em meio a uma missão especial, e que só atendeu nossa ligação pois estava passando próximo de nós e ouviram o chamado por socorro. O capitão do cruzeiro informou todo o ocorrido e implorou por resgate imediato, visto que a presença do pirata, mesmo firmemente preso, era um risco para a segurança de cada um dos tripulantes. Após protelar bastante, o capitão da Marinha solicitou nossas coordenadas e nosso destino e, ao perceber que rumávamos para a mesma ilha que ele, concordou em vir em nosso resgate.

Antes de desligar, alertou a todos nós sobre o alto grau de ameaça que Mark representava, pois ele é um conhecido usuário de poderes oriundos de uma Akuma no mi, então, se em algum momento ele acordasse, devíamos nos manter subservientes a ele até a chegada dos marinheiros, para evitar que civis inocentes fosse feridos.

Após o fim da ligação, um silêncio tenso se espalhou pelo convés. A grande maioria dos tripulantes do cruzeiro estava atônita com a figura do imenso homem espancado, e de como, de alguma forma, ele se mantinha vivo, embora eu duvide que não esteja com metade dos ossos quebrados devido ao impacto com o navio. Mas o mais intrigante disso tudo é… O que deixou ele assim?

Mark é um dos piratas mais fortes deste mar, diria até que um dos cinco mais temíveis e famosos, a própria Marinha local tinha dificuldades para lidar com ele, visto que não possuíam navios de guerra, apenas de transporte e policiamento. Então quem poderia ter sido? Viro-me na direção para a qual eu estava virado no momento que Mark veio voando, um imenso vazio azul abaixo dos céus e acima do mar, um arrepio quente e familiar se espalha por meu corpo, me levando a soltar um sorriso involuntário e sussurrar comigo mesmo.

—  Foi você, não é Luke?

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Passaram-se quase duas horas do momento em que contatamos a Marinha até a chegada do navio, e qual não foi a surpresa geral das pessoas no convés quando o vimos aproximar-se, um imenso e imponente Gunkan, o modelo mais temível existente no arsenal da Marinha. Existem navios de guerra, e existem os Gunkan, navios utilizados apenas pelas patentes mais altas, capazes de transportar centenas de homens por vez, e comandados apenas por oficiais dos mais altos escalões. O casco do navio erguendo-se metros e metros acima da superfície marítima, seus quatro mastros parecem quase tocar o céu, as doze velas estendidas. As torres de artilharia, uma cúpula de metal localizada em oito pontos do navio, cada uma contendo três canhões, isso fora as aberturas laterais com dezenas de canhões acoplados de cada lado. Uma verdadeira máquina de guerra. O que essa monstruosidade está fazendo aqui?

Algumas escadas de corda são baixadas e uma dezena de marinheiros desce por elas, o fizeram devido a diferença de alturas entre o Gunkan e nosso cruzeiro, os cinco primeiros a desembarcarem puxam seus rifles das costas, espalhando-se pelo convés, cercando o mastro onde o Naja estava preso, os quatro seguintes ficavam mais próximos, com suas espadas desembainhadas, por fim, desce um homem um pouco diferente dos demais, sua pele negra possuía algumas cicatrizes, seu porte físico era avantajado, os olhos caramelos inspecionam com atenção a figura espancada a sua frente. 

— Não há dúvidas, é realmente o Naja. - Ele olha ao redor, observando as pessoas no convés. - Quem de vocês é o responsável por esse navio?

— Sou eu, senhor. - Se pronunciou o capitão do cruzeiro, parecia bem nervoso e apreensivo, o marinheiro tirou o boné que cobria os cabelos crespos e aproximou-se, a capa da marinha esvoaçando atrás de si e as botas escuras batendo contra a madeira.

— Sou o capitão Zilei, ouvimos seu chamado pelo Den-Den Mushi, relate-me a situação. - O capitão do cruzeiro então contou como prosseguíamos viagem tranquilamente até que o pirata se chocou violentamente contra o mastro do navio, que despencou nas águas. O capitão Zilei ouvia tudo atentamente, ao fim do relato, ele virou-se para um dos marinheiros que portava um rifle, acenando com a cabeça para que fosse ao Gunkan. O mesmo escalou as escadas de corda até sumir no alto convés da máquina de guerra. Após alguns minutos, ele reaparece na borda da amurada do navio, fazendo um sinal positivo para Zilei, que acena.

Toda aquela situação me fez ter certeza de uma coisa: Zilei não é o comandante desse navio. O procedimento padrão da Marinha é de que os oficiais da organização tenham um parceiro que, embora com patente menor, costuma também ser um oficial. Capitães normalmente são alocados em uma base da Marinha e mantém seu próprio navio de guerra, para terem como combater não importa onde estejam, mas nunca ouvi falar de um capitão comandando um Gunkan, o que me leva a crer que Zilei nada mais é que o oficial de menor patente desse navio. O que me faz questionar: quem é o oficial mor? E o que diabos ele estaria fazendo aqui?

Com a autorização dada pelo superior, Zilei aproximou-se das pesadas correntes de âncora amarradas ao Naja e que o prendiam ao mastro destroçado. Sua mão esquerda afastou suavemente seu manto, só então me fazendo perceber a Katana em sua cintura. Os dedos de sua mão apertam-se firmemente ao redor do cabo da mesma, enquanto a mão direita segurava a bainha. Os joelhos se flexionam e Zilei abaixa os quadris, preparando seu golpe.

Cachoeira Ascendente! — O saque rápido e a lâmina da katana corta as grossas correntes que caem inutilmente ao chão junto da pesada âncora, olhei rapidamente sua lâmina e empunhadura enquanto ele a guardava, aquela não era uma espada normal, provavelmente era uma das espadas forjadas por grandes ferreiros do passado, elas são ao total 283, dividas em 4 classificações, mas não tenho um olho ou o conhecimento tão precisos a ponto de estimar qual espada seria e qual sua classificação, mas posso dizer que apenas por ter essa espada, Zilei já se torna um oponente formidável.

Após embainhar sua espada, o capitão pegou uma algema e colocou nos dois pulsos de Mark, mas será que isso sobreviveria a famosa força do capitão pirata? O marinheiro novamente se vira para o capitão do navio. 

— Primeiramente, iremos levar Mark para dentro do navio como um prisioneiro, por motivos de segurança. Logo após, ajudaremos vocês a embarcarem, idosos e crianças primeiro. - Ele faz um sinal para os marinheiros com espadas, que unem se para levantar Mark e carregarem-o até a borda do navio, lá próximo são jogados alguns ganchos de ferro, a qual eles prendem nas algemas enquanto a tripulação que permaneceu no barco puxa o prisioneiro para cima. Não penso que eles estão muito empenhados em dar um tratamento digno ao pirata. - E mais uma coisa. - Complementa Zilei. - Por motivos confidenciais, não iremos desembarcar-los no porto, mas sim na base da Marinha de Ulzah,

— Mas senh - tenta argumentar o capitão, mas Zilei ergue sua mão.

— Infelizmente isso não é negociável, lamento. - Ele então dirige-se às outras pessoas no convés. - Arrumem suas coisas, e peço perdão, mas não terão luxo algum conosco, assim que embarcarem, mandarei trazer-lhes alguma comida e água, mas não poderemos fazer muito mais que isso. - Ele vira-se para as escadas de corda, rumando em direção a elas. -Alguns marinheiros descerão para ajudá-los a embarcar e organizar suas coisas, não demorem, temos onze horas de viagem pela frente e não sabemos por quanto tempo teremos ventos a favor.

A impressão que Zilei causava era séria e imponente, seu caminhar era firme e parecia um homem forte, capaz de muitas coisas… Então assim é um capitão da Marinha.

 

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Depois de umas nove horas, chegamos à ilha de Ulzah, os ventos nos foram muito favoráveis, com as doze velas captando o máximo possível deles, o navio se moveu a velocidades incríveis, o que realmente não combinaria com o tamanho e peso da monstruosidade do Gunkan. Tratei de observar os marinheiros atentamente, todos pareciam fortes e bem treinados, moviam-se facilmente pelo deque, cumprindo suas funções com maestria. Devido ao meu porte físico, muitas vezes eles não notavam minha presença, eu tinha que estar sempre atento para não atrapalhá-los.

Zilei passava a maior parte de seu tempo próximo ao timoneiro, mas eventualmente mandava algum mensageiro para o lado de dentro da embarcação, provavelmente para perguntar algo para o seu superior no navio. Quem poderia ser esse?

A chega em Ulzah foi pacífica e sem problemas, a base da Marinha naturalmente era mais bem estruturada para receber o Gunkan e desembarcar os passageiros, mas nada que também não fosse possível no porto, o que só gera mais dúvidas sobre os motivos que nos levaram a ancorar aqui. Não se trata de pressa por parte deles, visto que esse naturalmente era o destino final do navio, como eles mesmos mencionaram, então o que pode ter sido?

Os marinheiros da base ajudaram os passageiros a desembarcarem, isso aconteceu logo após a retirada de Mark do compartimento de prisão do navio, seria transportado para dentro da base e iniciariam a papelada de requerimento para a transferência para Impel Down, ao menos foi isso que os escutei cochichar. O pirata já estava desperto e tinha condições de andar, embora fosse conduzido por dois guardas com espadas em mãos, não parecia ter forças o suficiente para reagir, fato esse que também não escapou aos olhos do capitão do cruzeiro, que mencionou algo para Zilei, que respondeu apenas com a palavra "Kairouseki", sem dar mais informações que essa.

Notei que, ao desembarcarem, os marinheiros estavam conduzindo os passageiros do cruzeiro para a saída da base, realmente não deve ser uma das principais intenções deles terem civis perambulando pela base. Apertei minha bagagem sobre o ombro e respirei fundo antes de me aproximar de um deles.

— Com licença. - Falei ao me aproximar, atraindo sua atenção. - Gostaria de saber onde pode ser feito o alistamento para ingressar na Marinha. - O homem ergueu uma sobrancelha, me olhando de cima abaixo, parecia um pouco incrédulo com meu questionamento.

— Ao descer a plataforma, siga o caminho até a entrada da base, lá, pegue o corredor oposto ao de onde você veio, segunda porta á esquerda. - Ele aponta com os dedos o caminho que devo seguir, mas logo ao terminar, ele pergunta. - Você vai se alistar? - afirmo com a cabeça. - Garoto, escute meu conselho, vá para casa. - Seu tom era severo. - A Marinha precisa de todos os homens que conseguir achar, é verdade, mas garotos fracos que não conseguem se defender só tornarão nosso trabalho mais difícil. - Suas palavras foram como facas cravadas em meu coração, mas me mantive firme, sem deixar transparecer a mágoa que senti.

— Obrigado pelo conselho e pelas direções. - Falei respeitosamente, seguindo meu caminho de desembarque.

Percorro um longo corredor, ele parecia ser localizado na extremidade esquerda da base, a medida que caminho, este corredor cruza-se com outros, o que me permite observar outros quatro corredores além desse no sentido em que estou andando, com cada um destes sendo cruzado por mais quatro corredores perpendiculares. Haviam correntes nas entradas desses corredores, provavelmente os marinheiros não queriam civis xeretando sua base também.

Ao chegar ao fim do corredor, o caminho vira-se para a esquerda, após mais alguns passos, chego a entrada da base, pelas instruções que me foram dadas, devo seguir em frente um pouco mais, ao cruzar a entrada principal, noto que o sol já começara  a se pôr, em breve seria substituído pela noite. As coisas ainda são muito incertas, não faço ideia de onde passarei a noite se for aceito, muito menos para onde irei se não for, o resto de minhas economias ainda estão comigo, mas não são muitas, e certamente não darão para eu comprar uma passagem de volta.

Chego em frente à porta mencionada, nela havia as inscrições correspondentes para “alistamento”, puxo o ar, mantendo-o em meus pulmões o mais demoradamente possível, a mão sobre a maçaneta. Ao expirar, tomo coragem e adentro a sala. Nada mais era que uma mesa no centro da parede aposto com um marinheiro já em avançada idade sentado do outro lado com uma quantidade colossal de papelada por todos os lados, em frente á ela, uma cadeira onde poderia me sentar, em um dos cantos da sala, uma maca, provavelmente para os exames físicos. Ao me ver entrar, o velho marinheiro ergue um olhar desconfiado.

— Pois não? - inquire ele, me aproximo, tomando lugar na cadeira a sua frente.

— Eu gostaria de me alistar para a Marinha. - falo firmemente, tentando manter o contato visual com os olhos senis que pareciam enxergar os mais fundo recônditos da minha alma.

— Hm. - Ele murmura em tom grave, pedindo uma sequência de informações pessoais, tais como nome, ascendência familiar, ilha e cidade natal e várias outras coisas. Ao fim disso, ele terminou de preencher uma folha da papelada e continuou. - Agora erga-se, vamos fazer o exame físico. - O obedeci e ele começou por medir-me com uma fita métrica. Ombros, braços, cabeça, tronco, pernas, cintura. Nada ficou de fora em suas anotações, em seguida ele pediu para eu sentar-me sobre a maca e tirar a blusa, auscultou meus batimentos e testou meus reflexos, também foram feitos teste de visão e mais alguns outros, até que por fim ele novamente se sentou do seu lado da mesa e pediu para eu vestir a camisa e sentar-me, o fiz. Após alguns instantes avaliando minha ficha, ele ergueu os olhos novamente. - Garoto, o que te traz aqui? - Olhei-o confuso.

— Já disse, vim para me alistar. - Ele abana a mão, impaciente.

— Já sei disso, quero saber o porque. - Seu tom era severo, mas demonstrava preocupação. - Você não tem o porte físico, não tem aptidão e nem é de uma família de marinheiros, nada te impede de tentar qualquer outra carreira, porque você está tentando correr de frente para a morte? - Sinto que meus ombros se encolhem diante de sua sentença. Passo um longo tempo em silêncio, até finalmente conseguir responder.

— Minha ilha foi atacada por piratas… Tentaram me usar como refém e um homem necessitou me salvar. - Ergo os olhos, imbuindo-me de uma confiança que eu não sabia possuir. - Eu quero entrar para a Marinha e ficar mais forte para defender as pessoas e fazer por ela o que aquele homem fez por mim. Para acabar com os piratas que causam mal às pessoas. É por isso que estou aqui. - Ele me dá um sorriso simpático, pegando um carimbo. 

— Vejo que não tem o corpo, mas tem a mente e a convicção de um marinheiro. - Ele fala satisfeito. - Se tivéssemos mais pessoas com esse tipo de determinação na corporação, essa não seria considerada a Grande Era dos Piratas. - Seu carimbo desce sobre minha ficha, um círculo vermelho vivo. - Entretanto, não posso arriscar sua vida dessa maneira, sua doença está em um estado avançado, não lhe resta muito tempo. - A esperança recém-construída em mim começa a se dissolver com cada palavra. - Uma crise em meio a uma missão colocaria em risco sua vida e a de seus companheiros, como responsável pelo seu alistamento, terei que reprová-lo. - A última palavra me atinge como um tiro no peito e sinto que as lágrimas quentes querem escorrer pelo rosto, mas mantenho minha compostura.

Ergo-me da cadeira e saúdo o ancião, como pensei, seria muito difícil ser aceito, mas era algo que eu devia tentar e, agora que o fiz, não tenho mais saída. Morrerei em breve sem ser nada além de um fardo para todos, sempre dependendo de alguém para cuidar de mim e me salvar. Nem por uma única vez consegui tirar de mim esse peso. Eu não mereço ser um marinheiro. 

Ao sair de dentro da sala, encarei a parede oposta por alguns momentos, sem saber ao certo o que fazer a seguir, é então que noto uma movimentação incomum acontecendo. Um homem era seguido por quase uma dezena de pessoas e parecia prestes a passar por mim, ele era alto e forte, possuía em torno de 50 anos, barba bem aparada e cabelos rosados, embora alguns fios cinzentos já começassem a aparecer aqui e ali, esses cabelos eram em parte presos por uma bandana florida com fundo azul e flores amarelas, abaixo da bandana era possível notar uma profunda e antiga cicatriz em “X”, bem ao centro de sua testa, estendendo-se até pouco acima de sua sobrancelha direita, em sua cintura trazia um cinto amarrado que prendia duas facas, uma em cada lado do tronco, sobre os ombros um longo manto onde, nas costas, estava escrito os kanjis correspondentes a “Justiça”, tinha algumas medalhas sobre o peito direito e um cachecol verde ao redor do pescoço, era seguido na direita por Zilei, na esquerda um jovem pouco mais velho do que eu o acompanhava e mais alguns marinheiros vinham atrás. Esse provavelmente é o homem que é responsável pelo Gunkan, o superior de Zilei.

Eles caminham rapidamente, pareciam com pressa, pressionei-me contra a porta, dando a eles espaço para que passassem. Ao cruzar comigo, vejo o grande homem levantar levemente e a cabeça e parar três passos depois, chamando a atenção dos outros homens, que logo pararam atrás de si, fiquei a observar a situação. 

— Que voz poderosa. - Ele diz simplesmente, virando-se para mim. - Garoto, quem é você? - Fico um tempo sem entender direito o que estava acontecendo, até que responde, hesitante.

— Eu… Meu nome é Lyon. - Ele fica um tempo me encarando, como se me analisasse, as pessoas ao seu redor pareciam surpresas com sua súbita parada e atenção em mim, o único que parecia compreender o que estava acontecendo era Zilei.

— Você é marinheiro? - Fecho os punhos inconscientemente, abaixando a cabeça.

— Não senhor, vim aqui para me alistar, mas fui negado. - Ele vira-se para os outros.

— Vocês, fiquem aqui, Lyon, venha comigo. - Ele pede para que eu me afaste e abre a porta, entrando, sigo-o porta adentro e, assim que vê o homem entrando, o marinheiro que estava sentado se ergue, batendo continência para o homem.

— Senhor Vice-Almirante, o que o traz aqui? - O homem coloca sua grande e pesada mão sobre meu ombro, puxando-me para seu lado.

— Gostaria que, apesar de sua avaliação, mudasse a situação de alistamento desse jovem, quero que o aprove e designe-o para ser meu aprendiz. - Meu corpo trava, uma sensação gélida me toma por dentro e o marinheiro mais velho parece hesitar.

— Mas senhor, este jovem possui uma doença muito séria, não acho que seja prudente tomar essa decisão. - Adverte ele ao Vice-Almirante.

— Novamente, peço que o aprove, eu mesmo me encarregarei de procurar uma cura ou tratamento para ele, mas necessito que cumpra minha ordem. - Ergo o olhar para o homem de elevada patente ao meu lado, ainda incrédulo do que estava acontecendo. Vejo o homem revirar alguns papéis até finalmente achar o que usou como minha ficha, pegou uma pequena concha, colocou-a em cima do carimbo de reprovado e apertou um botão no topo da mesma, após um som brevíssimo ser emitido da concha, ele a retirou de cima, revelando uma espaço novamente em branco onde havia estado o carimbo vermelho, em seguida usou outro carimbo, dessa vez azul, e aprovou meu alistamento, preencheu o espaço onde ele havia designar meu superior e entregou ao homem ao meu lado, ele o pegou e leu completamente minha ficha, em seguida devolvendo-a para o marinheiro mais velho. - Muito bem garoto, você é um marinheiro agora.

Caio sobre meus joelhos, levando meu rosto ao chão, muito emocionado, lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.

— Muito obrigado, senhor! - Falo emocionado. - Não irei decepcioná-lo.

— Sei que não vai. - Ele responde, ao erguer a cabeça, posso ver um sorriso em seus lábios. - Primeiro vamos cuidar de seu treinamento e de seu tratamento, depois disso sei que irá se tornar um grande marinheiro. - Seus olhos continham um fogo que raramente vi em algum outro lugar. - Essa Era já dura muitos anos, aqueles que a movem já mudaram várias vezes, seja do lado de marinheiros ou piratas. Por muito tempo carregamos o peso da Era em nossos ombros, esperando a próxima geração que herdará esse fardo após nós termos ido, somos aqueles que movem as Eras e creio que você será quem as moverá no futuro, Lyon. 

— Senhor, eu nem ao menos sei seu nome. - Ele estica a mão para mim, com intuito de me ajudar a levantar, seguro ela.

— Eu sou o Vice-Almirante Koby, agora vamos Lyon, temos um longo caminho pela frente.

— - Continua - -







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Notas finais do capítulo

E aqui estamos nós de novo, gostaram? Deixem suas dúvidas/pensamentos/reviews/impressões sobre o caminho dos personagens até aqui e até a próxima o/



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