Memória escrita por Seshat Vermelha


Capítulo 1
Capítulo 1




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13 de dezembro - Winchester, Inglaterra.

A neve caia silenciosamente sobre o casaco negro do rapaz. A pesada camada branca e macia cobria tudo ao seu redor, deixando tudo tão frio e cinzento. Deixando tudo tão melancólico.

O mundo branco parecia associar com o jovem. Ele era tão sem cor, tão sem humor ou sem sentimentos que as vezes duvidava se era realmente um humano. Vejam bem, nem mesmo o frio lhe incomodava.

Mas como todos sabem, a dúvida vem das inúmeras escolhas que temos. A dele era: Se realmente era um robô, por que todo o ano, no mesmo dia, visitava o cemitério? Por que ficava horas parado na frente de apenas um único túmulo? Por que incomodava tanto ver a neve cobrindo aquele nome tão comum para ele?

Amenamente, Near aproximou-se do túmulo, ficando de joelhos sobre a neve fofa, sentindo-a derreter lentamente abaixo de suas pernas finas e molhar suas calças claras, mas ignorou esse fato. Com seus dedos descobertos pela luva, ele limpou os finos blocos brancos que caiam sobre a rocha gélida. Sentiu seus dedos ficarem rígidos e sua mão arder com a baixa temperatura daquele dia, mas continuou seu afazer, até finalmente revelar o nome completo do falecido.

Mihael Keehl

13/12/1992 – 26/01/2013

Com gestos suaves, ele acariciou as letras fixadas, sentindo a textura sólida e delineada, como se quisesse tocar mais além naquela pedra esquemática.  Como se quisesse tocar no próprio Mihael.

Não tinha nenhuma foto, pois a única que ainda restava, Mello pegou e a destruiu.

Um ligeiro sentimento de arrependimento ocorreu nos olhos frios do albino, apertando levemente os lábios.

Sua visão focou muito além da pedra fria em sua frente. Numa visão, talvez uma lembrança.

Com um suspiro ávido, ele juntou suas mãos e permitiu orar.

Sim. O sucessor do maior detetive da história e o homem que lutou e derrotou um indivíduo que se dizia um celestial, estava orando.

Não sabia para quê e porquê. Apenas fechava os olhos e orava todo o ano, naquele mesmo dia, naquele mesmo local.

Quem sabe, algum dia alguém ouve suas orações e lhe concedesse um milagre.

Quando terminou, se levantou, ficando novamente de pé na frente do túmulo. Com um sussurro terno, ele diz calmamente:

— Feliz aniversário, Mello.

Como se o próprio alemão tivesse respondido o rapaz, uma súbita ventania atingiu o corpo magro dele, empurrando-o levemente. Por pouco seu gorro cinza não era levado pelo vento forte.

Sorriu.

Um sorriso melancólico.

Então, ele virou as costas e foi embora, sem dizer mais nada.

Não tinha flores, pois Mello detestava-as. Não trazia chocolate, pois não fazia sentindo obter chocolate para uma pessoa morta. Não existia lagrimas, pois Near não sabia ser humano. Havia apenas palavras cultas e ocultas vindo do detetive.

Ao passar do grande portão de ferro, a atmosfera parecia mais leve para o albino.

Era sempre assim quando saia da presença dele.

Saindo do cemitério, avistou um carro de luxo; preto e grande, do outro lado da rua. Com passos tranquilos, ele se aproximou e automaticamente a porta se abriu para ele. Não, o mundo não avançou tecnologicamente ainda, era apenas Halle que abriu a porta por dentro do veículo.

O jovem entrou e o carro avançou pela a estrada tranquila, indo em direção ao aeroporto, para voltar para Nova Iorque, onde é a localização do antigo prédio da SPK. Durante todo o caminho, Near pensou se voltaria a comemorar o natal novamente.


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Notas finais do capítulo

É isso! Obrigada por ler até aqui. Deixem seus comentários e aceito dicas de como melhorar minha escrita ♥



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