Talk Some Sense to Me - ShigaDabi escrita por Taimatsu Kinjou


Capítulo 1
Oneshot: I found love where it wasn't supposed to


Notas iniciais do capítulo

* imagem da capa não me pertence, créditos ao criador;
* fic inspirada na música I found ?“ Amber Run;
* acho que ficaram ooc, sorry;
Então, essa é minha segunda fic deles, tô feliz por finalmente conseguir escrever algo, apesar de não estar 100% satisfeita com o resultado, ainda preciso me ‘acostumar’ com eles. Mas, enfim, é o que tem pra hoje.



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Eu te usarei como um sinal de alerta

Se você está falando que não faz sentido,

então você perdeu a cabeça

Eu te usarei como um ponto focal

Para que eu não perca de vista o que eu quero

 

Dabi assiste chamas azuis engolirem os corpos caídos no chão sujo do beco, o fedor de carne queimada impregna rapidamente o ar, é repulsivo e desagradável, mas está tão acostumado que sequer reage. Afinal, esse cheiro o persegue há anos feito um carma que se arrasta em seu encalço, um companheiro desagradável e lembrete permanente da sua inevitável queda.

Não demora para as chamas morrerem num silvo baixo, deixando para trás apenas paredes manchadas de fuligem, cinzas e uma fumaça escura, mas isso ainda não é o suficiente. Nada parece diminuir o fogo que o consome de dentro para fora e continua a queimar sob sua pele, carbonizar um bando de lixos inúteis não serve para apaziguar a raiva que sobe pela sua garganta, que o sufoca.

Seu corpo está fumegando, sua pele arde como se tivesse sido escaldado em água fervida e rastros de fumaça escapam pelas frestas da sua pele danificada, contudo, isso não o incomoda agora. A dor que suas chamas causam parece distante agora, se sente dormente, sua mente está à mil por hora desde que soube da notícia.

Endeavor, o novo número 1 do país.

Isso o faz querer vomitar. Quer queimar tudo a sua volta até não restar nada além de cinzas fumegantes, assim como aqueles dois corpos instantes atrás. Assistir a queda de Endeavor, vê-lo ceder às suas chamas azuis seria o ápice do seu prazer.

Só que ainda não é a hora certa, se vai fazer isso precisa ser um espetáculo, um show para todos assistirem. Mas é tão difícil esperar e controlar essas chamas que fazem seu corpo doer por uma liberação.

Inclinando a cabeça para trás fecha os olhos e respira fundo, ele não sabe se é capaz disso por muito mais tempo.

— Até aonde pretende levar isso, Dabi? – A pergunta ecoa pelo beco. O tom de voz é calmo, mas ainda soa seca e quebrada, como se arranhasse a garganta a cada palavra dita. É familiar e estranhamente reconfortante.

Seu corpo enrijece, ele abre os olhos e aperta a mandíbula com força suficiente para quase ser doloroso, a perspectiva do que está por vir é desagradável. Se tivesse escolha preferia evitar um conflito direto, não quer discutir com Tomura sobre isso, mas parece que sua sorte (inexistente) gosta de fodê-lo. Ele tem o evitado e parece que o chefe percebeu.

Expirando com força obriga seu corpo a relaxar, os ombros caem sob o casaco pesado e sua expressão muda para algo desinteressado, perto o suficiente do habitual. Girando nos calcanhares ele pisca observando a figura magra se aproximar pelo beco, seus passos são tranquilos e propositalmente lentos.

— Até eu matar o tédio. – responde com um encolher de ombros indiferente.

Tomura para assim que chega perto do usuário de fogo, suas mãos estão enfiadas no fundo dos bolsos do casaco preto, uma monstruosidade que engole seu corpo magro. Seus cabelos azulados caem sobre o rosto marcado feito uma cascata desregular de mechas rebeldes, mas não serve para obscurecer aqueles olhos vermelhos estreitados numa careta. Mesmo numa distância segura, Dabi pode jurar que os sente fisicamente perfurar sua pele até os ossos.

Inclinando a cabeça o líder da LOV franze o nariz para o cheiro pungente. Sempre achou o poder de Dabi extravagante demais para o seu gosto, chama atenção demais e deixa muitos vestígios – fuligem, fumaça, o fedor – que nem sempre é conveniente. Ainda assim, sempre que vê as chamas azuis queimarem não consegue desviar a atenção delas, são cativantes de uma maneira que o incomodava no passado.

Com um olhar rápido verifica os prejuízos que esse passatempo causou. Alguns grampos parecem prestes a estourar e a área queimada pode ter aumentado, mas o que chama sua a atenção é a maneira que Dabi desvia o olhar do seu.

Incomodado com o silêncio Dabi dá um passo à frente, pronto para sair dali, mas Tomura bloqueia seu caminho.

— Sai da minha frente, chefe. – Ele diz engolindo um grunhido. Os olhos estreitos encaram o azulado de perto.

— Não.

Dabi inspira pelo nariz, irritado. – Shigaraki, eu juro qu-

— Vai me queimar como fez com eles? – Tomura questiona erguendo o queixo em desafio.

Estando assim, tão perto, é fácil lembrar que ambos têm a mesma altura, a forma curvada de Tomura enganosamente o faz parecer menor, mas nesses momentos a pressão que a figura parada na sua frente faz Dabi recuar. Não, não quer realmente machucar Tomura, ele (talvez) seja a melhor coisa que aconteceu na sua vida nos últimos anos. Mas essa conexão ainda é frágil demais para arriscar a estragar só porque é fodido demais, não agora que, finalmente, se entenderam.

Ainda assim, teimosamente continua em silêncio, suas mãos se contraem em punhos ao lado do corpo.

 

E eu segui em frente mais do que pensei que conseguiria

Mas eu senti a sua falta mais do que achei que iria

Eu te usarei como um sinal de alerta

Se você está falando que não faz sentido,

então você perdeu a cabeça

 

Os ombros de Tomura caem depois de um tempo, se sente cansado e não quer discutir sobre alguma merda fodida agora, eles têm passado por muita coisa nas últimas semanas. Não está sendo fácil pra ninguém, mas Dabi parece estar levando isso pra níveis alarmantemente altos. Tomura não gosta nada disso.

Soltando um suspiro alto ele afasta os cabelos do rosto e lambe os lábios secos antes de quebrar o silêncio numa voz baixa e controlada. – Dabi, se continuar assim vo-

— O que? – O moreno explode, seu tom não é mais alto que o som dos carros circulando na rua próxima, mas parece um estrondo naquele beco. – Vai me descartar também?

Tomura não recua. – Não. Você precisa desacelerar, idiota.

— Eu sei – responde, aborrecido. – Mas não consigo parar.

Ele sabe que Shigaraki está certo – assim como 80% das vezes que o bastardo abre a boca pra falar –, mas não consegue conter essa raiva líquida que se transforma em chamas azuis e queima seu peito. É patético se deixar levar pelas emoções, mas é tão difícil manter a estabilidade quando tudo o que seu corpo e alma desejam é marchar até a cara daquele maldito e queimá-lo.

Sem que nenhuma cautela o líder se aproxima dele, ergue as mãos mortais e segura o rosto quente com um toque firme, os indicadores erguidos no ar. Isso faz Dabi piscar pra fora dos pensamentos e engolir seco, ele sequer protesta quando é puxado para baixo até suas testas serem pressionadas juntas. Olhos azuis estão presos nos vermelhos antes dele beijá-lo.

Não é um beijo gentil ou suave, nenhum deles saber como ser assim. É uma bagunça de mordidas e línguas e gemidos. As mãos de Dabi são quentes demais na sua pele, causam irritação e deixam marcas vermelhas. Tomura por outro lado é desajeitado em segurá-lo mais perto, consciente de sempre manter dois dedos afastados.

Não é algo que terceiros chamariam de perfeito, mas para eles é o mais próximo disso que já tiveram e isso é tudo o que importa.

— Ei, preciso de você racional e foca no nosso objetivo – Tomura diz num sussurro ofegante quando se afastam para respirar. – Preciso de você aqui, comigo. Você entende isso, Dabi?

Há muitos significados nessas palavras, em algum lugar da sua mente agitada Dabi entende, mas decide deixar para analisar tudo e qualquer coisa mais tarde. Agora apenas se resigna a concordar. – Eu entendo, chefe. Só não sei se posso fazer isso.

— Se não pode fazer pela sua bunda queimada, faça pela liga e por mim. Estamos juntos nisso ou não, Dabi?

— Sim. Tudo bem. – responde sentindo a garganta repentinamente seca.

— Ótimo. Agora pare de ser um idiota imprudente, é irritante. – Tomura resmunga erguendo uma mão para coçar o pescoço.

A risada que o moreno solta é áspera e sem humor. – Certo, chefe.

 

E eu te usarei como um marcador temporário

De quando ceder e de quando receber

Eu te usarei como um sinal de alerta

Se você está falando que não faz sentido,

então você perdeu a cabeça


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero que tenham gostado, nem que só um pouquinho.
Qualquer erro me avise!
Até a próxima.
~Kissus~



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