Dor. Seu peito doía todos os dias numa dor aguda. Médico algum conseguia diagnosticar a causa, não, não havia remédio que tiraria essa incômoda sensação. A sensação de definhar lentamente.

Yashiro emagreceu. Seus olhos que antes eram alegres e vivazes se tornaram opacos e deprimentes, olheiras escuras enfeitava seu rosto se destacando por causa da cor pálida do antigo rosto corado.

Minamoto-senpai a visitou uma vez quando faltou por uma semana. Ela odiou. Queria o mandar embora, gritar, chorar e chorar até acordar desse pesadelo. Minamoto ficou plantado na sala sem jeito quando Yashiro apenas se levantou e foi embora, se recusando a escutar o que ele tinha a dizer, sobre o quão melhor e benéfico era o desaparecimento do Hanako em sua vida.

Você está bem ? - sua mãe perguntava. Yashiro sorria e balançava a cabeça dizendo que sim. Sim . Estava tudo bem. Não. Essas lágrimas que jorram do nada é apenas os hormônios. Nada demais.

Aoi tentou fazer a amiga desabafar. Mas ela não entenderia. Não. Yashiro somente sorria dizendo que estava ótima e desviava o olhar encerrando o assunto.

Ela empurrou essas mentiras por bastante tempo. Quantos meses se passaram ? Quantas vezes ao dia ela passava no antigo prédio batendo na porta da cabine de um banheiro mofado e silencioso. Ela chorou todos os dias naquele lugar, lembrando de como tudo se coloria com as cores quente do pôr do sol que entrava pela vidraça. Ela estaria rindo, ou reclamando do quão grudento Hanako era, depedendo do dia.

Como ela sentia falta do passado. Ela não se importaria se o Hanako fosse grudar nela o dia inteiro, nem ter que ficar presa no banheiro fazendo a limpeza. Não. Ela só queria que tudo voltasse ao normal. Que essa dor no peito parasse. Ela não aguentava mais. Ela não conseguia seguir em frente, não poderia o esquecer. Nunca.

Hanako a decepcionou. Ele era um egoísta mentiroso. Um dia ele contaria tudo a ela, foi isso que ele prometeu. Ele mentiu. A pediu para esquece-lo com um maldito sorriso falso. Como ele teve coragem de fazer isso ? Mentiroso, ela o odiava por entrar em sua vida ao ponto de fazê-la não se imaginar sem ele por perto. Odiava a si mesma por não conseguir realmente o odiar porque o amava profundamente. Ela havia se apaixonado por alguém que sequer estava vivo.

Ela o amava que doía. Fazia tempo que havia decido que não seria feliz sem esse idiota egoísta. Por que ela também era uma egoísta e talvez ser egoísta dessa vez não importaria. Não importaria se as pessoas olhassem tristemente para ela, ou se o Hanako ficasse zangado.

Ela não diz nada quando Kou entra e se senta ao seu lado. Ele também tinha uma aparência mórbida, era apenas a sombra do garoto sorridente de antigamente. Kou a entendia. Foram três vezes para ele, três vezes que viu o amigo sumir e a última vez o deixou traumatizado.

Em uma tarde qualquer no verão. Quando todo mundo apenas ignorou o fato que dois alunos sumiram de repente das aulas, uma aluna olhava pela janela, entendiada. Então aconteceu algo inesperado. Foi tão rápido que ela mal processou os acontecimentos, o vulto de duas pessoas caindo, o som surdo do baque delas no chão.

O sangue se espalhou lentamente ao redor deles, como uma sombra vermelha os envolvendo. O casal deitado no chão em uma posição estranha dava sua última respiração, nada mais podia ser feito pelas duas pobres crianças. A multidão de alunos os rodeava, uns choravam e outros apenas estavam perplexos, os professores os afastavam dos corpos e ligavam insistentemente chamando ambulância, numa tola tentativa de salva-los.

Os olhos mórbidos dos dois se fecharam e tudo estava acabado.

A dor de Yashiro Nene se foi.

O Minamoto Kou estava feliz.

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— Hanako-kun!!!

— Yashiro! - Ele olhou para trás. Ele estava zangado por ela fazer o que fez, jogando todo o futuro no lixo. Mas ela sorriu e o coração dele se aqueceu.

Yahsiro correu ao seu encontro. Pulou tão desesperadamente em cima dele que os fez cair no chão. Ela chorou, o apertou e o beijou por todo o rosto, rindo e soluçando feliz. Seu peito doía de tanta alegria que ela tinha certeza que a qualquer minuto explodiria. Estava tão feliz, nunca pensou que estaria feliz em morrer e ter que pagar pelo seu pecado ficando presa junto com Hanako. Kamisama foi tão misericordioso.

— Hanako-kun - Ela choramingou sentindo ele a abraçar. Tinham tantas coisas para conversarem e ela ainda lhe daria um tapa mas ficaria para mais tarde. Eles iriam ter bastante tempo a partir de agora.

— Você é idiota. O que eu vou fazer com essa rabanete idiota? - Ele sorriu fungando um pouco. 

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Quando o trabalho dessas quatro crianças chegarem ao fim, e seus pecados forem perdoados, elas vão se encontrar na próxima vida. E nas próximas. Para nunca mais se separarem - Kamisama disse suspirando. Crianças teimosas.