Não Se Apaixone Pelos Rosemberg escrita por Melrianne soares andrade


Capítulo 9
Capítulo 9: Lúcifer a caminho




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Necessito tirar minha carteira de motorista, assim colaria um ponto final nessas caronas que me são oferecidas. Sempre quando resolvo caminhar sozinha para qualquer local, uma vez ou outra aparece um homem gordo, barbudo e bêbado; ou então um cara jovem, porém com segundas intenções.

 

— Não somos amigos — faço uma pausa — ou você não entendeu? — o olho.

 

— Digamos que você não foi muito clara — tinha um sorriso zombeteiro no rosto. Reviro os olhos impaciente.

 

— Eu devia ter te deixado na rua quando tive a chance — entro em seu carro, me rendendo.

 

Seu carro estava cheirando uma mistura de ambas nossas colônias, a do Blake tinha um cheiro mais agressivo, mas o meu era uma controversa do seu. 

 

Depois daquela revelação lastimável, não consegui pregar os olhos à noite toda. Sempre culpei minha mãe. Sempre culpei minha mãe de tudo o que havia acontecido na minha vida depois que foi embora de casa, mas o culpado é nada mais, nada menos que o meu pai; o homem que sempre encarava como um herói e um guerreiro por conseguir superar a perda da minha mãe.

 

— Você mentiu — passa pela minha mente o diálogo que tivemos quando nos conhecemos.

 

— Como é que é? — tira os olhos da rua por alguns segundos.

 

— Me afirmou que não era o filho gerado fora do casamento dos meus pais.

 

— Pensei que vocês fossem o tipo família que sempre contavam tudo uns para os outros — contrai sua mandíbula — e eu só estava tirando uma com a sua cara — sorri para mim.

 

— É, eu também achava. Mas agora sei que não contamos tudo uns para os outros.

 

Sem nem perceber, noto já termos chegado ao colégio. De longe, avisto meus amigos sentados em uma das mesas do gramado do edifício. Caminho em direção aos meus colegas, ignorando os olhares curiosos direcionados para mim e o Blake, o garoto novo, de quem acabei de sair do seu carro.

 

— Então a gente se vê mais tarde? — Blake grita, tendo certeza que eu o ouviria mesmo estando longe. Eu o avisei que não devia me dirigir a palavra enquanto estivéssemos no colégio.

 

Como de costume, sempre me juntei a Evan, Aiysha e Every antes das aulas se iniciarem. Eles ficaram me enchendo de perguntas sobre quem era o garoto novo que peguei carona. Era praticamente impossível tentar esconder algo deles, então eu apenas não escondia. Every  se interessou por Blake logo de cara, igual com todo garoto novo que entrava na escola.

 

Mencionei com eles  sobre o que aconteceu na casa dos Rosemberg no dia anterior. Eu simplesmente ria enquanto tentava contar detalhadamente para os eles. Claro que a minha versão da história foi bem mais emocionante, mesmo que alguns detalhes não tenha sido realmente o que aconteceu; obviamente ocultei algumas partes onde me senti envergonhada e quando o garoto solitário insinuou que eu não era interessante. 

 

Não iria gastar o meu tempo contando como Henrik tem língua afiada e que não tem medo de a usar, principalmente falando desse modo com a filha do Diretor.

 

— Estou orgulhoso de você, tenho repulsa daqueles caras — Evan faz uma careta.

 

— Só porquê não te fez uma música, não tinha necessidade de falar daquele jeito com o Maison — Every parecia fixar o olhar em algo atrás de mim.

 

— Tenho cara de quem estou interessada em ter uma música em minha homenagem? Ah por favor, tenho coisas mais importantes para me preocupar — me seguro para não mencionar que não sou a única para quem Maison não fez uma música inspirada.

 

— Lúcifer a caminho — Aiysha avisa.

 

— Lúcifer? Mais que Lu... — me viro para trás, calando minha boca ao ver quem era.

 

Hoje não era mais um dos dia comuns em que ficávamos sentados nos bancos do jardim sem chamar a atenção de ninguém, pois Henrik caminhava em nossa direção; ou pelo menos é o que aparentava. 

 

O que eu falei noite passada era para evitar exatamente isso o que há de ocorrer agora. Só tem uma explicação para o que está acontecendo, eles querem se vingar pelo que eu disse. Não consigo pensar em uma segunda explicação. É a coisa mais óbvia, querer se vingar um por um.

 

— Melinda Berkeley — arqueio a sobrancelha ao Henrik  se sentar em minha frente, ficando do lado de Aiysha.

 

— Por que ainda está falando comigo? — noto os olhares de meus amigos sobre o garoto. Aiysha e Every o encaravam como se fosse um ídolo, diferente do Evan que expressava raiva em seu rosto — Aquelas verdades de ontem não foram o bastante para você?

 

— Sabe — se inclina até meu ouvido — eu gostei de você, gostei de ver a raiva que existia dentro dessa garota perfeita que finge ser. Até porque, isso é raro de se acontecer — sussurra. Me arrepio ao sentir sua respiração quente contra meu pescoço.

 

— Tá muito perto — entreolho Evan por termos falado em uníssono.

 

Evan Sherwood é só um melhor amigo super protetor às vezes, mas pelo modo de vista dos alunos do colégio, proteção vinda dele, faz gerar algumas dúvidas que nos colocam em situações muito constrangedoras.

 

Sigo com o olhar seus passos se distanciarem da nossa mesa, indo para dentro do prédio. Mesmo estando com a sua presença  bem distante de mim, ainda consigo  sentir o calor da sua respiração no meu pescoço. Me contorço ainda sentada pelo formigamento aumentar ainda mais. Quero o quanto antes  que aquela sensação momentânea fuja o quanto antes de cada parte do meu corpo.

 

 

Não acredito que depois de todas aquelas palavras que eu disse para ele, tenha feito ele realmente gostar da minha pessoa.

 

— Que coisa —  Aiysha quebra o silêncio, enquanto desfrutava do seu iogurte de morango.

 

— Eu nunca soube qual era a sensação de ter um Rosemberg tão perto assim de mim... — Every faz uma pausa — Até agora — rouba alguns meio sorrisos da gente, menos do Evan.

 

— Nunca mais quero senti-lo perto de mim, pois ele tinha um cheiro insuportável de canela e mascava um chiclete do mesmo sabor — Aiysha faz uma careta.

 

Eu também não sou muito fã de canela, acho que seu rosto estava tão perto do meu, que não consegui notar o cheiro da canela impregnado em suas roupas ou em sua boca. Não menti quando disse para o pai dos Rosemberg que não me dava muito bem com garotos, pois ao ver o mico que acabei de passar agora, conclui o que afirmei para Henk Rosemberg.

 

O sinal das aulas soam por todo o colégio , incluindo o jardim, o que interrompeu nossos alguns minutos que tínhamos restante para poder descansar,  antes de confrontarmos as aulas. Que vinham pela frente.

 

Entro dentro do prédio e capto logo de cara Nicholette e Blake, a garota usava seu celular para usar como microfone para gravar algo que comentava com ele. Tento ao máximo possível esconder meu rosto com o livro de linguagens  que segurava, mas foi em vão. Nicholette grita meu nome, ficando impossível ignora-la tão descaradamente. 

 

Caminho em passos curtos até os dois, sem nenhum pingo de vontade de ser entrevistada a essa hora do dia.

 

— Se eu não te conhecesse até acharia que iria me ignorar — semicerro os olhos  diante da tamanha falsidade da garota.

 

— Como se eu não tivesse tentando — resmungo só para mim. Blake que estava ao meu lado me cutuca com o cotovelo, mostrando que me ouviu.

 

— Continuando — observo ligar o gravador de voz no seu eletrônico — Você dizia que Melinda Berkeley e você são... — aproxima seu "microfone" perto da boca do garoto. Blake se aproxima perto do celular. 

 

— Não vou te ajudar a destruir a reputação da Berkeley — me dá uma última analisada antes de sair pelos corredores. Por um segundo achei que Blake jogaria o nome da nossa família no lixo e contaria que papai traiu mamãe com outra enquanto estavam casados, mas pelo contrário.

 

Mas também agindo desse modo daria a entender que  tínhamos algo a esconder.

 

— Você ouviu o Key — arregalo os olhos por ter mencionado o apelido do loiro. Nem mesmo temos intimidade o suficiente para nos chamarmos pelos nossos apelidos.

 

— Ainda vou descobrir esse seu segredo, Berkeley — avisa antes que eu possa me livrar dela.

 

Deixo Nicholette sozinha e me locomovo em direção à sala onde seria a aula de linguagens,

 

 

A matéria de línguas estrangeiras não é a favorita de muitos do colégio, por isso metade da sala matava essas aulas, mas hoje infelizmente não era o dia em que os populares resolviam não comparecer a essa aula. Possivelmente, devem estar por um fio de reprovarem nessa matéria, e como todos sabem, esse ensinamento é muito importante para o boletim do aluno. 

 

Novamente a professora estava ensinando o mesmo capítulo por conta de ver pegando alguns estudantes colando na prova diagnóstica.

 

— Professora — levanto a mão e chamo sua atenção e da classe para mim.

 

— Fale somente em inglês, Melinda — gesticula as mãos, significando que era minha deixa para mostrar se sei falar corretamente ou se aprendi algo com suas aulas práticas.

 

— Sure, sorry — minhas mãos começam a ficar suadas por conta do nervosismo de errar algo — Excuse me, teacher. Can I leave the room to go to the bathroom? — sorrio orgulhosa da minha pessoa por ter me esforçado em línguas estrangeiras.

 

— Convencida — ouço um pigarro no fundo da sala. Ainda bem que não ligo muito para opiniões ofensivas dos invejosos que frequentam a mesma região que eu.

 

— Go on, Melinda — sorri, com os olhos sendo atraídos para outro ponto da sala

 

— E por que não seria, Hayden? — professora questiona o garoto que implica com todos ao seu redor — Você sabe muito bem que ela é melhor que geral da sala juntos — o menino range os dentes, mostrando irritação em seu rosto.

 

Me retiro do local em movimentos discretos ao presenciar a tensão se aumentar cada vez mais enquanto eu estivesse lá.

 

 — Claro que a senhora diz isso, é o pai dela que paga seu salário — escuto o tom de voz alto do garoto mesmo estando fora da sala.

 

O banheiro parecia estar ficando mais longe a cada passo que eu dava, talvez estivesse com um pouco de receio de ter que me encontrar com Hayden, aquele garoto problemático e impulsivo. 

 

O medo dele fazer algo de ruim comigo corre pelas minha veias. Não sei pelo qual o motivo sua raiva por mim, eu sinceramente não tenho culpa de ser a filha do Diretor. Disso eu não me responsabilizo.

 

Passo em frente ao vestuário feminino que se é usado depois da torcida das cheerleaders ou depois de alguma atividade que envolva esforço físico e suor. Ouço um barulho vindo do vestuário onde garotas são proibidas de entrar, essa regra é praticamente inútil por cada minuto ver alguma garota fanática por caras invadirem  o espaço masculino e apreciar o cheiro de testosterona.

 

 Ando na ponta do pé por causa do barulho do vestuário ecoar mais alto pelo corredor vazio, entro no local e escondo meu corpo nos armários de metal, posiciono só metade da minha cara para ver o que se acontecia. 

 

Tinha um cara de cabelos cacheados de costas, segurando o braço de uma garota com agressividade, forço mais a vista e consigo reconhecê-la. Era a Aimee Jones!? 

 

— Você tá ficando maluco, Maison Rosemberg? Me solta! — a mesma olha para mim, mas desvia rapidamente. A garota segurava a mão grande do garoto, tentando afrouxar os apertos direcionados no seu braço.

 

Não acho que Maison seria capaz de fazer isso com qualquer garota. Entendo que Aimee tenha ficado muito atrás dele, mas isso não é motivo de tratá-la desse modo. 

 

Continuo paralisada contra o armário, examinando-os de cima a baixo. Estando de costas, ele não parecia muito com o Maison. Seus cabelos não eram tão brilhosos e cacheados, e sim pareciam estar que foram feitos de última hora; seus dedos não aparentava ser de quem tocava violão, e olhando bem, não era seu rosto que refletia no espelho do armário. 

 

Aquela loira armou tudo isso pra pensar que o cantor apaixonado que eu achava que conhecia, tinha uma personalidade dupla? Se ela acha que isso poderia me afastar do garoto, está muito enganada.


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