Bloqueio criativo escrita por Aislyn


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Fui betar o capítulo e fiquei 'só isso, que curtinho?', mas é necessário para algumas partes de transição, talvez...
Boa leitura!



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O período da manhã foi reservado para uma reunião com Kojima, que foi encontrar Izumi com o objetivo de devolver o capítulo corrigido e ver se tinha algo mais para lhe entregar, e qual não foi sua surpresa ao receber não um, mas dois capítulos para betar. Sua alegria só aumentou ao ver que Izumi havia escolhido o nome do novo personagem, além de definir os dados restantes em sua ficha. Discutiram alguns detalhes que entrariam na próxima cena e o que precisava ser corrigido no capítulo anterior e as boas notícias continuavam chegando, com a novidade sobre Izumi editar uma determinada cena por conta própria e que havia ficado realmente boa.

 

A edição não foi decidida por sua própria vontade, já que Takeo gentilmente insistiu e comentou a respeito a noite toda, enquanto abusava da sua nova poltrona favorita. Hayato sabia que ele havia feito aquilo como punição por não tê-lo deixado ficar na cama.

 

Em oposição à noite agitada, o rapaz ficou quieto durante toda a visita da revisora e, só após a saída da moça é que descobriu o motivo: Takeo não desviou o olhar uma vez sequer do decote de Kojima, embora jurasse que estava atento à discussão dos dois.

 

Mikaru, o recém-nomeado personagem, estava mais ranzinza e ácido do que no dia anterior e fumava tanto que chegou ao ponto de encher sua sala de fumaça. Izumi pensou que o humor instável fosse devido à sua chegada repentina em um lugar que não conhecia e também por estar chateado pela falta de nome, mas agora que esses detalhes haviam sido resolvidos, ele não sabia o que mais podia estar desagradando o empresário. E claro que, se achando o ser superior, ele não ia se dar ao trabalho de dizer para meros mortais o que o incomodava.

 

Após o almoço, pedido para entrega feito em um restaurante por Kojima, é claro, Hayato se dedicou a mais um capítulo e estava indo bem, até Takeo aparecer para ler o que escrevia.

 

— Vai mesmo insistir nessa personagem para fazer par comigo? – Takeo torceu o nariz, relendo a parte onde a moça era descrita – É bonita, parece legal… mas falta alguma coisa…

 

— Eu não vou insistir. – Hayato explicou enquanto continuava a digitar – Você conseguiu me convencer a mudar, além disso, ela é boa demais pra você.

 

Foi com uma satisfação enorme que o escritor viu a frase fazer sentido na cabeça de Takeo, que o encarou incrédulo. Ele não estava mentindo. Takeo conseguia ser irritante quando queria e uma moça amável como a que criou merecia alguém melhor, mais tranquilo.

 

O que Izumi não esperava era ver Takeo se afastar, tomando o caminho para o quarto, sem comentar mais nada. Talvez o tivesse magoado, mas Takeo provou do próprio veneno. Mais tarde o procuraria para se desculpar e mostrar como ficou o capítulo. Queria surpreendê-lo!

 

Olhando para a porta que levava à varanda, não conseguiu ver a sombra do outro rapaz, mas sabia que Mikaru estava ali, pois a fumaça do cigarro continuava a invadir o cômodo. Precisava dar um jeito nele e naquele péssimo hábito. Suspirou fundo, repassando os argumentos que usaria, indo até lá tentar um diálogo.

 

— Oi… podemos trocar algumas ideias? – ouvir um ‘não’ era o esperado, receber um olhar de desprezo não seria novidade, mas ter a fumaça soprada em seu rosto soou como um pedido de morte – Vou encarar como um não… Olha, se não me disser o que te incomoda na história, não vou conseguir adivinhar e nem editar de uma forma que te agrade, não é?

 

— Como se alguém como você conseguisse escrever algo que preste.

 

— Então me ajude com isso; a criar uma boa história. Uma que agrade vocês e os leitores.

 

— Por que eu deveria? Aquele idiota tentou ajudar e você o expulsou depois de humilhá-lo. Não, obrigado. Faça suas próprias escolhas para que eu possa ir embora de uma vez.

 

Izumi teria insistido mais se Mikaru não tivesse voltado a fumar. Aquilo o incomodava muito e, com certeza, ia colocar na história que ele parava com os cigarros ao perceber o quanto fazia mal. Por hora, era melhor se concentrar e tentar escrever sozinho. Quando Mikaru estivesse mais calmo e suscetível a uma conversa, pediria para ele ler e opinar.

 

Voltou a se acomodar em frente à mesinha de centro, decidido a retomar o capítulo. Demorou a entrar no ritmo, mas em pouco tempo as palavras fluíam naturalmente e conseguia visualizar à sua frente tudo que narrava. Ignorou quando Mikaru voltou para dentro, só agradecendo por ele não estar com nenhum cigarro na mão. Não sabia como ele os conseguia, mas imaginava que era a mesma lógica a respeito de Takeo poder tocar e mudar suas coisas de lugar.

 

Quando ficou satisfeito com o que havia produzido, salvou o trabalho e foi atrás dos panfletos de restaurante deixados por Kojima, pensando em pedir sushi naquela noite. Como a entrega ia demorar, decidiu tomar banho primeiro, parando em frente à porta do quarto ao notar o topo de duas cabeças apoiadas contra a lateral de sua cama. Conseguia ouvir sussurros, mas não compreendia palavra nenhuma. A conversa só parecia ser entendível devido à proximidade que estavam sentados.

 

E pensar que no dia anterior estavam quase se matando… Era um progresso e talvez Mikaru aceitasse Takeo no emprego, como havia imaginado a princípio. Decidido a não atrapalhar os dois, Izumi seguiu com seus planos de ir atrás de um banho e depois esperar o entregador, contudo, todo aquele silêncio e quietude começaram a incomodá-lo.

 

Fazia poucos dias que seus personagens criaram vida, talvez uma semana ou pouco mais, mas foi o bastante para virarem sua vida do avesso. Desde que decidiu focar em sua carreira de escritor, Hayato acabou se acostumando com a solidão, recebendo poucas visitas durante aquele tempo. Seu primo costumava aparecer com frequência mas, só após o comentário de Takeo é que notou que não lembrava a última vez que o viu. Sua revisora continuava marcando presença, mas suas visitas tinham o único intuito de buscar os arquivos para correção. Tirando os dois, não havia mais ninguém e aquilo o deixou desconfortável.

 

Com a aparição de Takeo, os dias ficaram movimentados, fosse com ele andando atrás de si e conversando sobre qualquer coisa, às vezes sentando ao seu lado para observá-lo escrever, sugerindo alterações ou só lhe fazendo companhia.

 

Não pensou que assumiria aquilo algum dia, mas sentia falta da presença de outra pessoa: de alguém rindo, conversando ou apenas se movendo por perto. Terminou o jantar, largando os restos da encomenda na mesa, indo até o quarto conversar com os personagens. Talvez as coisas não tivessem começado bem, mas não significava que iria continuar daquela forma. Ele podia dar o primeiro passo para uma boa convivência. Não foi isso que propôs a Takeo quando ele perdeu seu lugar no sofá? Para tentar se entender com Mikaru e procurar um lugar mais confortável para ficar? Ele devia seguir as próprias dicas também.

 

Encontrar Mikaru dormindo na poltrona e Takeo no chão, apoiado na lateral do móvel, foi inesperado. Não achou que eles dormissem, já que na noite passada Takeo fez questão de conversar até levá-lo à exaustão e nas noites anteriores ele ficou pela sala enquanto dormia. Uma boa surpresa, entretanto, foi notar que Takeo cedeu seu espaço para o colega, e pelo visto por vontade própria, já que antes conversavam sentados lado-a-lado e não ouviu nada parecido com uma discussão.

 

— Será que amanhã ele não vai mais ser tratado como um punk? – Hayato riu baixinho, se aproximando e tocando-lhe o ombro – Venha pra cama… você não pode dormir aí.

 

— Hm… não vou pra cama com você… pervertido… – Takeo resmungou sonolento, dando-lhe as costas, arrancando um sorriso incrédulo do escritor.

 

— Você não queria dormir na minha cama? Venha me fazer companhia.

 

— Não… ela é boa demais pra mim… igual seus outros personagens…

 

— Dramático também? Não lembro de ter escrito isso na sua ficha.

 

Hayato abriu um pequeno sorriso, desistindo de convencê-lo. Preferiu pegar um cobertor para cada um, deixando-os descansar. Amanhã seria um novo dia e iria se desculpar com Takeo, assim como tentaria entrar em acordo com Mikaru.

 

A primeira parte talvez não fosse tão difícil, visto que Takeo se acomodou ao seu lado na cama durante a madrugada.


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Notas finais do capítulo

Continua~



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