Maybe escrita por Lily Potter


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

OLAAAAAAR GENTE!!!! pipoquei demais e demorei dois dias a mais para atualizar, mas vamos SEGUIR O BAILE OKAY! Ontem foi o último do november hinny, mas por motivos de ~cólica e dor de cabeça~ não consegui terminar esse capítulo antes, então finjamos q estamos em novembro ainda ok.
Esse ainda não é o capitulo pq ele acabou ficando mto grande MESMO sem a parte final, então aguarde mais uns dias plsss
Quero avisar que o capitulo tem umas palavrinhas em coreano, mas eu vou deixar as explicações lá nas notas finais viu? Boa leitura a todesssssssss ♥



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 28 de dezembro de 2011, Seul, Coreia do Sul

Se eles soubessem que aquela seria a última noite que se encontrariam, talvez eles tivessem trocado alguns beijos a mais, abraçado por alguns momentos mais longos, falado mais coisas, olhado mais para o rosto do outro e tentando decorar o máximo de detalhes possíveis. Assim ela saberia, mesmo após dois anos sem vê-lo, que seus olhos verde esmeralda tinham toques de dourado perto da retina, que haviam sardas quase que imperceptíveis em seu nariz e que o cheiro dele a dava uma sensação de que ela estava muito tempo longe de casa e só quando o abraçava é que ela chegava em casa, onde se sentia protegida.

Mas é claro, eles não tinham como adivinhar que dessa vez ela seria a pessoa que iria se mudar, não teriam como adivinhar que sua mãe, Molly Weasley, havia cansado de escutar sobre os problemas que a filha causava por ali e a mandaria para Paris, onde Bill e sua noiva, Fleur, moravam, para concluir o final de seus estudos. E mesmo que soubessem, provavelmente quase nada mudaria, afinal eles tinham apenas dezesseis anos e não sabiam se expressar. 

No entanto, eles não haviam perdido total contato dessa vez, e essa era a única linha fina de esperança que a mantinha sã, era o fato de que mesmo com oito horas de diferença Harry ainda tentava respondê-la o mais rápido que conseguia e sempre tentava ligar, fosse por chamada de vídeo ou por ligação de voz mesmo. E isso a havia levado até Seul, e as quase onze horas de voo valeriam totalmente a pena se fosse isso o que custava para que Ginny pudesse vê-lo novamente.

    Assim que ela passou pelo portão de embarque e passou pelo processo irritante de pegar as malas, a ruiva chegou ao saguão principal do aeroporto e conseguiu ver os cabelos cacheados e rebeldes de seu melhor amigo, mas apesar de certamente ele ser uma das poucas com uma aparência tão britânica sem estar segurando uma bagagem, Harry também segurava uma horrível placa de cartolina vermelha com o nome dela escrito com caneta amarela e decorada com glitter colorido. Era cacofonia de cores, e ela nunca havia visto nada tão totalmente cafona em todos seus dezoito anos de vida. 

Ginny não poderia ter amado mais.

— Harry! — Ela gritou animada e saiu correndo, fazendo com que muitas cabeças virarem-se em direção dela, se o moreno não estivesse ali, com seus braços abertos esperando que ela pulasse nele e o abraçasse, talvez ela tivesse se preocupado um pouco mais com o fato de estar fazendo uma cena. O moreno a rodopiou no ar quatro vezes e só então a colocou no chão.

—  Surpresa! — Harry respondeu com um sorriso grande, colocando seus braços ao redor dos ombros dela e a guiando onde ela havia deixado suas malas jogadas na pressa de ir ao encontro dele. 

 — Você disse que não iria vir, seu idiota. — Ginny reclamou com a voz falsamente irritada e deu um soquinho leve no braço dele, ela sabia que seu sorriso mostrava que não estava brava de verdade então não se preocupou com a careta ofendida dele.

— Eu também senti sua falta, ruivinha. — Ele respondeu com um sorriso igualmente grande, empurrando o carrinho com todas as, nove, malas que estavam com ela. O olhar do moreno repousou sobre os cabelos dela que agora não iam muito além do ombro, e ele sorriu com carinho com a visão da franja dela, e  esticou as mãos com cuidado para tocar neles. Seu toque foi tão leve e tão breve que se ela não estivesse totalmente focada no que estava acontecendo teria deixado passar despercebido.  

— Gostei do cabelo novo, combina com você.

Ginny sentiu suas bochechas corarem fortemente com o elogio, ela não estava acostumada com a sinceridade dos elogios repentinos do moreno como antes, como antes deles se beijarem. Antes dela perceber que estava completamente apaixonada por seu melhor amigo.

— Também gostei do seu. —  Respondeu ela com um sorriso levemente divertido. Conte com eles dois para mudarem o visual na mesma época sem combinarem e ainda assim fazerem algo que complementasse o outro. Harry havia cortado seus cachos de uma forma que apenas o topo de sua cabeça tinha de fato cachos, e os lados estavam baixos, o que fazia parecer que ele estava usando um topete. — Ficou muito bonito em você esse corte.

— Que bom, porque eu preciso de ajuda para convencer minha mãe de que eu não estou passando por uma fase rebelde. —  Harry falou com um revirar de olho carinhoso e a ruiva apenas riu. 

— E essa sua fase já passou? — Perguntou divertida, e o moreno bufou, semicerrou os olhos em sua direção e retirou o braço que estava em seus ombros, assumindo uma postura brava, contudo, ele ainda sorria.

— Muita engraçadinha você, Weasley. 

— Eu sou mesmo. —  Ela concordou rindo, Harry sorria em sua direção e tudo parecia incrivelmente bonito nele, que Ginny precisou se conter ao máximo para não beijá-lo ali mesmo. Afinal a ruiva não sabia, ao menos não mais, como classificar a relação deles. Eram melhores amigos? Amigos? Alguma coisa próxima de namorados? Amigos com benefícios? Ginny realmente não sabia dizer qual deles se encaixava na descrição do que Harry significava para ela. Claro que ela sabia que estava apaixonada e quando eles se beijaram há dois anos ele pareceu tão animado quanto ela, mas ele nunca havia tocado no assunto depois daquele dia.

Talvez para ele, ela fosse apenas mais uma, talvez ele sequer se lembrava o que havia acontecido, talvez ele também sentia o mesmo que ela. A ruiva apenas precisava saber como faria para descobrir a resposta para suas questões durante o período que passaria ali. 

Estava tão perdida em seus próprios pensamentos que não percebeu que já haviam chegado ao estacionamento e a única coisa que a fez perceber isso foi o quase tombo que levou quando esbarrou em Harry, que já havia parado em frente ao carro que os levaria até o apartamento deles. 

— Ow! — O moreno exclamou meio surpreso e meio divertido, segurando-a pela cintura e evitando o que provavelmente seria uma queda ridícula. Belo começo na Coréia do Sul, Ginny Weasley, ela se parabenizou enquanto tentava recobrar a cor normal de seu rosto. O que não era uma tarefa nada fácil quando Harry Potter estava a segurando na cintura, com suas mãos grossas e quentes esquentando a pele dela, mesmo através de suas roupas. 

— Oi, Gi. — Harry falou com a voz parecendo mais rouca que o normal e os olhos verdes brilhando daquela forma que ela nunca havia aprendido a ler. Agora que já estava totalmente de pé, Ginny conseguia perceber o quão perto eles estavam, e ela sabia que deveria se afastar e agir como um ser humano, mas a combinação de jet lag e Harry Potter sendo apenas lindo demais para o próprio bem não ajudava ela a convencer seu corpo deixar de agir como uma ameba completa. 

— Oi, H.. — A Weasley respondeu com a voz quase inaudível, ainda concentrada demais na beleza que era seu melhor amigo para funcionar propriamente. 

Os olhos verdes dele pareciam brilhar ainda mais quando a encaravam desse jeito, e ela até mesmo conseguia ver os traços dourados ali, como pequenos pedaços de metal precioso fundidos na esmeralda perfeita que eram os olhos dele. Ginny ainda poderia ir além e declamar mil poesias apenas para falar sobre como perfeitos são os olhos de Harry Potter, em como eles pareciam ser a mais pura e perfeita jóia em que ela já havia posto os olhos, e mesmo assim não haveriam palavras suficientes para descrever tudo o que ela via quando o olhava nos olhos como estava fazendo agora.

— Ginny?

— Hm? — Ela perguntou piscando confusa ao perceber que estava dentro de um carro, ao lado de Harry que tinha suas bonitas mãos fixas no volante. Quando foi que eles entraram no carro? Ela piscou três vezes, e depois uma quarta, apenas por garantia, para ter certeza que não estava alucinando.

— Você está bem, ruiva?

— Sim, sim. — Ginny mentiu descaradamente enquanto observava a cidade passar pela janela. Ela não estava nada bem, porque só isso poderia explicar as obscenidades que estavam passando por sua cabeça naquele momento, e por algum motivo, todas elas envolviam a mão grande de Harry.

— Você tem certeza? —  Harry perguntou com o cenho franzido, desviando o olhar da estrada para encará-la e seu rosto estava tão preocupado que ela não teve outra opção a não ser engolir todo seus pensamentos impuros e forçá-los a descer por sua garganta amargamente para que o moreno se sentisse melhor. O gosto  que era amargo tornou-se agridoce quando Harry sorriu em sua direção parecendo aliviado.

Pelo resto do trajeto, Ginny contentou-se em olhar a paisagem da cidade e ouvir seu amigo falar sobre os amigos deles e em como eles estavam ansiosos para conhecê-la. 

Quando Ginny estava fazendo as malas há dias ela estava pensando em como seria rever Harry, em como seria escutá-lo falar sobre uma vida onde ela não tinha lugar, sobre coisas que ela não havia vivenciado com ele, coisas que um oceano os impedia de compartilhar. Ela havia sido ingênua e até mesmo egoísta em pensar que se sentiria deixada de fora, que Harry, de todas as pessoas, a deixaria de fora. Sua cabeça a havia convencido de que não importava o quanto ela tentasse, ela nunca iria se encaixar.

Mas naquele momento onde estavam apenas eles dois ali naquele carro apenas existindo juntos, dando um passo enorme em rumo ao desconhecido, Ginny percebeu que não fazia diferença em como ele estava agora todo musculoso, totalmente diferente do menino magricela que ela havia conhecido, não importava que os cabelos dele estava cortados de uma maneira diferente, que o inglês dele agora saísse menos natural do que o coreano, que ele tinha colocado piercing no lóbulo, e seu rosto era mais másculo que ela havia imaginado que poderia ser.

Não importava que ela falasse agora um inglês com sotaque levemente francês após dois anos morando em Paris e raramente falando inglês, que ela usasse seus cabelos no ombro e com franja, que suas unhas eram grandes de uma forma que nunca havia parecido certo antes. Quando os dois estavam juntos, Ginny percebia que não importava o quanto eles haviam mudado com o decorrer dos anos, mas sim o quanto eles ainda eram os mesmos. 

Ela sabia também que mudar de faculdade no meio do semestre havia sido loucura, e que Kim Soo-Yun, sua melhor amiga, a mataria quando descobrisse que a ruiva havia pedido transferência para Seul e sequer havia lhe contado.

    — Você tá tão calada, Ginny. — Comentou Harry de repente, a voz leve e despretensiosa, mas ela o conhecia o suficiente para saber que ele ainda estava preocupado com ela. — Tem certeza que está tudo bem?

    — Eu tenho certeza, H! — Ela concordou alegremente, dessa vez sendo cem por cento sincera. As dúvidas que ela tinha não haviam sumido, mas a presença do moreno fazia com que tudo se acalmasse um pouco mais. — Só estou pensando um pouco.

    — Cuidado para não queimar isso aí que você diz ser um cerébro, viu?

    — Você é um idiota, Potter. — Ginny respondeu com um revirar de olhos e ele agiu dignamente como sempre, e deu a língua. Uma língua muito bonita que poderia estar fazendo coisas melhores no momento, como por exemplo estar enfiada na garganta dela. — Muito maduro.

    — Eu sou muito maduro, quer ver?

    — Essa já não era a prova viva da sua “maturidade”? 

    — Isso não é nem o começo, querida. — Foi a resposta dele. Um sorrisinho de lado estava em seus lábios e os olhos dele estavam fixos no rosto dela daquela forma que a fazia se sentir totalmente exposta. E céus, como era possível sentir tanto calor quando estava fazendo graus negativos? Ginny desviou o olhar, não tendo certeza se saberia controlar sua líbido se ele continuasse encarando-a daquela forma.

— Hm…falta muito para chegarmos, H? —A ruiva perguntou tão calmamente quanto conseguia, desviando seu olhar do dele. A pergunta apesar de ter o objetivo de distraí-lo também era sincera, Ginny estava sentindo seus membros pesarem mais a cada minuto e seus olhos começavam a demorar mais e mais a cada piscar de olhos.

— Na verdade, nós chegamos, Gi. — Harry respondeu com uma meia risada, que ela não conseguia descobrir se era pela tentativa de distração ou por ela não ter percebido que ele já estava manobrando o carro dentro de uma garagem.

Ela apostaria todo seu dinheiro que eram as duas coisas.

14 de fevereiro de 2012, Seul, Coreia do Sul

    As primeiras semanas depois de sua chegada haviam sido as mais corridas e divertidas de toda a vida de Ginny. A adaptação havia sido obviamente um porre, principalmente por conta do fuso horário no qual ela ainda não havia se adaptado completamente, e claro, seu coreano não era tão bom quanto costumava ser quando ela estudava em Londres e praticava quase todos os dias com Kim Soo-Yun. 

    No entanto, quando tirava toda a correria de sua faculdade de cinema e da adaptação, sua vida era perfeita. Na verdade, sua vida era quase perfeita. Ela e Harry estavam se dando muito bem, como já era de se esperar, mas havia momentos em que as coisas entre eles ficavam subitamente intensas e tudo ficava quente.

    Na primeira vez que isso aconteceu, Ginny estava no país há apenas quarenta e oito horas, seu sono ainda não havia se adaptado e por isso ela estava acordada em plena madrugada no meio do inverno coreano, fazia frio para um senhor caralho ali, e ela morava com o cara mais sexy que ela conhecia. 

Não era muito difícil de imaginar o que aconteceu quando às quatro e vinte da manhã Harry apareceu, sem camisa!, no meio da sala onde a ruiva estava com a televisão ligada no volume mínimo e ela assistia a um dorama chamado “Baby Faced Beauty”, enquanto comia as sobras de um Hotteok (호떡), uma espécie de bolinho frito recheado com recheio doce, normalmente de açúcar derretido, que era apenas perfeito para se comer no inverno e eles haviam comprado quando foram ao mercado noturno para jantar, mas que já não estava mais tão quente quanto os que eles comeram na rua. 

— Ei, ruiva, o que você tá fazendo acordada? — Harry perguntou levando sua voz rouca de sono e toda sua beleza até onde Ginny que estava quase morrendo, de tesão ou por ter engasgado com o bolinho ela não saberia dizer, e simplesmente jogou-se no sofá ao lado dela. 

— Não consegui me acostumar com o fuso horário ainda. — Ginny respondeu quase que pateticamente segundos depois, seus olhos ainda grudados no peitoral de seu amigo. Onde diabos ele tinha desenvolvido um peitoral tão firme? E porque estava sem camisa quando estava fazendo graus negativos?

— Entendo o sentimento. — Ele respondeu com uma careta leve e se inclinou sobre ela e apenas deu uma mordida no último pedaço do bolinho que ainda estava na mão dela. Ginny queria poder dizer que se revoltou e brigou com Harry, que o abuso dele a havia chocado ao ponto de conseguir tirá-la daquele momento onde tudo o que ela conseguia pensar era na boca de Harry, na dela, no pescoço dela, por ela toda talvez. 

O moreno a olhou novamente com aquele olhar indecifrável que a deixava arrepiada e quente, tão quente que poderia entrar em combustão. Como ele fazia aquilo apenas olhando para ela, como ele conseguia a deixar daquele jeito só por existir? Se Ginny tivesse todo aquele poder que ele tinha com toda certeza ela teria arrumado um jeito para convencê-lo de beijá-la até que os sentidos dela estivessem tão entorpecidos que ela não conseguiria mais dizer onde um acabava e o outro começava.

    Os pensamentos dela talvez tivessem se feito audíveis, mais tarde ele contou que ela havia murmurado a última parte em voz alta, porque no segundo seguinte a boca de Harry a beijava de uma forma que só poderia ser descrita como faminta. As mãos dele estavam em todo lugar, na perna dela, em sua cintura, em seus cabelos, em seu pescoço, em sua bunda, Ginny sentia que ele havia arrumado ao menos mais três braços extras, mas ela não estava muito longe disso também, toda a vontade de tocá-lo que ela sentiu por anos a fazia insaciável quando se tratava do sentimento de tocar a pele sedosa de Harry.

Ginny gostaria de poder dizer que havia sido o jet lag, que tudo o que aconteceu entre ela e seu melhor amigo havia acontecido por culpa de seu corpo privado de sono e seus hormônios descontrolados de alguém que não beijava outra boca há semanas, e seria uma desculpa perfeita se não fosse o fato de que havia se tornado um hábito. 

Eles nunca haviam discutido o que significavam os beijos que trocavam, ou o sexo, ou os apelidos carinhosos, apennas seguiam normalmente, como se fizessem isso com todos seus amigos, o trazia Ginny ao seu problema principal: Como ela faria Harry notar que ela estava apaixonada por ele, sem precisar colocar isso em palavras, quando nem os beijos que trocavam era o suficiente para ele a perguntar sobre sentimentos?

Era dia dos namorados, e ela estava disposta a forçá-lo a entender o que estava tentando dizer desde que havia chegado. A ruiva havia comprado uma lingerie nova, delicada o suficiente para que ele não a rasgasse apenas por pena, encomendou o jantar no restaurante preferido dele, assou um bolo de chocolate para ele e comprou uma caixa de bombom para ele assim como era tradição na Coreia. 

— Ginny, cheguei! — Anunciou Harry, do mesmo jeito que ele sempre fazia desde o dia que eles começaram a dividir uma casa, assim que ela ouviu a porta da frente se fechar. Ela olhou para o relógio assustada e percebeu que exatamente quando ela havia se atrasado para sair da faculdade foi o dia em que o moreno foi liberado mais cedo.

Os passos dele eram quase inaudíveis pelo piso do apartamento, uma vez que eles sempre retiravam seus sapatos na porta, mas Ginny sabia que ele estava caminhando em direção do quarto deles, e tudo que pode fazer era rezar para que ele passasse direito pelo seu quarto e seguisse para o dele de uma vez. Mas conhecendo-no como conhecia, e sabendo de sua, falta de, sorte, não foi uma surpresa quando ele abriu a porta do quarto dela

A ruiva ainda estava em seu quarto usando apenas a lingerie, e ela mal teve tempo de colocar um robe frouxo em volta do próprio corpo quando Harry colocou seus olhos nela, arregalando-os levemente.

— Wow! — Ele exclamou surpreso com os olhos fixos na lingerie rendada cor de rosa que ela usava. O moreno já conhecia todas suas peças íntimas e Ginny sabia que ele havia notado que essa era uma nova, ou ao menos, uma que ele nunca vira antes —Você está linda, ruiva — Uma breve pausa onde os olhos dele praticamente a comia ali mesmo. 

— Eu não sabia que você tinha planos para hoje. — Harry comentou com a voz levemente dura, a olhando com o cenho franzido, como se um quebra cabeça estivesse se completando na cabeça dele.

— Eu… o quê? — Ginny perguntou incrédula quando finalmente entendeu o que ele estava tentando implicar. Como alguém tão inteligente conseguia ser tão denso? Provavelmente qualquer outra pessoa já teria percebido que os planos dela para hoje se resumiam a ficar com ele.

— Planos, ruiva. — O moreno repetiu quase que calmamente, ainda com aquela voz tensa, seus olhos olhando para além dela. — Eu não sabia que você tinha planos para hoje.

— Bem… 

— Eu acho melhor eu ir, não quero te atrapalhar.

— Não! Hazz, espera, calma. — ela chamou em um quase grito e o segurou pelo pulso, impedindo que ele saísse do quarto. O moreno a olhou confuso, como se não conseguisse entender porque ela não o estava agradecendo pela oportunidade de se livrar dele. Como se um dia ela fosse desejar algo do tipo. — Meus planos...meus planos...

— Seus planos? — Harry perguntou soando quase que desesperadamente esperançoso. Esperançoso pelo o quê ela não tinha certeza. Será que ele esperava ficar sozinho hoje? Ele planejava fazer algo que não a envolvesse? Talvez ela estivesse lendo-o errado durante os momentos que estavam juntos, cegando-se para opção dolorosa de ele não a querer da mesma forma que ela o queria.

— Sim, eles eram...uh..você sabe, ficar com você. — Ginny murmurou sentindo suas bochechas aquecerem enquanto ela falava. Não entendia como ainda se sentia tão envergonhada perto de Harry quando eles já haviam feito tantas coisas juntas, e ele até mesmo a havia visto nua, afinal eles transavam! e ainda assim ela corava apenas em falar que queria ficar na companhia dele.

— Comigo?

— Sim, com você. — ela confirmou fechando os olhos por alguns segundos tentando ganhar alguma compostura. — Pensei que a gente poderia ver algum filme e apenas relaxar.

— Nós podemos, claro, sim. — Harry respondeu rapidamente com um sorriso quase tímido. Ele enlaçou a cintura dela, segurando levemente na seda fina e quase transparente do robe. — Então...você se arrumou pra mim?

— Sim, mas era para ser uma surpresa. — A ruiva bufou com um revirar carinhoso de olhos. Conte com Harry para estragar suas surpresas. Ele se afastou levemente dela e definitivamente a encarou. — Gosta do que vê?

— Hm...muito. — O moreno respondeu levemente contra o pescoço dela deixando um beijo demorado sob a pulsação dela, e por um momento a Weasley quase mandou tudo às favas e permitiu que ele a deixasse totalmente sem sentidos e dolorida por dias, mas isso poderia esperar. — Você está linda, na verdade, você é linda sempre, mas hoje...Wow, você está deslumbrante.

— Você não precisa me elogiar assim só pra me beijar, H. — Ginny respondeu baixinho, tentando ao máximo não se deixar levar pela conversa fácil de Harry, mas era quase impossível quando ele a olhava com tanta sinceridade.

— Eu sei, eu sei, mas… — ele parou de falar e apenas a olhou. — Mas eu quero isso.

O olhar que ele dava a esquentava por completo e as palavras mais uma vez pareciam se embaralhar em sua cabeça, tudo o que ela via, sentia e pensava era uma corrente quase incoerente de Harry, Harry, Harry. Ela o queria tanto que era quase doloroso apenas pensar em não estar ao lado dele, era tudo intenso demais e Ginny não tinha ideia de como havia saído de um crush, talvez um pouco forte demais, por seu melhor amigo para essa bagunça de sentimentos fortes demais. 

Ela realmente não sabia onde sua vontade de beijá-lo e ter as mãos dele sobre ela passaram para algo que ela não sabia nomear, para esse sentimento que parecia crescer cada vez mais dentro dela, a vontade de acordar com ele todas as manhãs e ir dormir todas as noites nos braços deles, de beijá-lo na frente de todos quando ele marcasse um ponto no baseball ou no fifa. A Weasley não sabia se isso começou quando eles caíram em uma rotina confortável onde estavam sempre perto um do outro, sempre se tocando, sempre sendo o que o outro precisava ou se havia começado muito antes, fosse algo que não surgiu apenas naquele momento, mas que ela havia ignorado até aquele momento.

A realização do que possivelmente era aquele sentimento foi tão forte que Ginny sentiu todo o ar sair de sua boca, de uma maneira não muito digna, ela podia admitir, e quando ela o olhou novamente, quando ela viu os olhos verdes bonitos de Harry concentrados nos dela, ela apenas soube.

Ela o amava, e precisava dizer isso em voz alta. Precisava dizer o que sentia enquanto ainda tinha coragem, enquanto a certeza ainda era maior do que o medo da rejeição que era quase iminente.

— Harry…eu...

— Ginny, eu...

Eles começam a falar ao mesmo tempo ainda abraçados e se entreolham brevemente antes de rir, dissipando um pouco da tensão que havia se instaurado no quarto há poucos segundos. Harry a abraçou mais forte e escondeu o rosto no cabelo dela por alguns segundos, quase como se estivesse buscando nela forças para dizer alguma coisa.

— Você pode falar primeiro, ruiva. — Potter falou calmamente depois de mais alguns segundos naquela posição, traçando círculos reconfortantes nas costas dela, e a acalmando mesmo que levemente.

Ginny suspirou e tentou encontrar toda sua coragem. Ela sabia que precisava fazer isso antes que você tarde demais, sabia que se não se confessasse para ele, Harry provavelmente nunca descobriria o quanto ela gostava dele, o quanto ela queria ser a pessoa que o faria sorrir, que seguraria as mãos deles quando ele precisasse de alguém para segurá-las. 

Ela realmente desejava ser que o conhece melhor que ninguém, em que ele mais confia, ela queria tudo que ele estivesse disposto a lhe dar e se isso fosse um casamento feliz em uma casa ridiculamente grande no meio de Londres acompanhada de várias crianças catarrentas e três cachorros, ou uma casa pequena no interior da França e apenas duas crianças e um gato ou até mesmo um pequeno apartamento, apenas uma criança e várias plantas no coração de Seul, ela ficaria feliz. Contanto que fosse Harry, Ginny sabia que estaria feliz.

Ela estava totalmente pronta para contar tudo o que sentia, sobre as borboletas em seu estômago, em como ele a fazia bem, como ela se sentia feliz em estar ao lado dele, sobre o quanto ela o adorava, o amava, em como se sentia cada vez que ele a beijava. Queria numerar cada pequena coisa que havia nele que a fazia se apaixonar cada vez mais, cada coisa que o tornava mais perfeito do que um dia ela imaginou. Queria poder dizer que tinha certeza que queria casar com ele mesmo que eles ainda tivessem apenas dezoito anos e mal houvessem começado a faculdade, queria fazer uma ode a cada parte do corpo dele, porque ele todo era uma poesia completa.

Mas ao invés de declamar coisas lindas sobre como ela estava apaixonada, sobre os olhos dele, sobre os cabelos, sobre o sorriso perfeito e até mesmo sobre as mãos dele ela sentia vontade de escrever poemas, ela poderia até mesmo ter ido além e falado o quanto ela queria ser a namorada dele, mas ao invés de qualquer uma dessas coisas razoáveis a serem ditas, o que a boca dela soltou foi:

— Casa comigo? — Ginny se ouviu falando com a voz apressada e baixa, e imediatamente, ela quis se estapear. Que tipo de pedido de casamento era esse? Ridículo, Ginny, totalmente ridículo! 

Droga, por que ela era assim? Ela já havia aberto sua boca para pedir desculpas, quando Harry apenas riu e a rodopiou no quarto, a deixando mortalmente confusa. Qual era a possibilidade real dele estar feliz com a coisa mais estúpida que já saiu da boca dela ao invés de estar zoando com sua cara? Aparentemente, alguma chance. O que por si só já era incrivelmente estranho.

— Você está falando sério? — Harry perguntou com um sorriso estúpido no rosto, a felicidade que ele sentia visível na maneira em que seus olhos brilhavam e na forma em que sua voz soava suave e seus toques eram gentis e precisos. 

— Apenas se a resposta for sim. — Ela respondeu por fim, tentando, e falhando brilhantemente, em esconder a ansiedade que sentia. Sua voz soava tremida e apenas rápida demais, mas isso não pareceu ser relevante para Harry que apenas se inclinou e capturou os lábios dela entre os dele.

O hálito dele era quente e tinha gosto de bolo de peixe, odeng gungmul (오뎅국물), do mercado noturno que ficava perto do campus da universidade, seus lábios estavam levemente rachados do frio apesar do cuidado que ele tinha, e o beijo era quase igual a todos os outros que eles já haviam trocado antes, mas ainda assim conseguia ser diferente. O beijo que eles trocavam agora, abraçados no meio do quarto dela, com ele ainda nas roupas em que saiu de casa pela manhã, e ela apenas de lingerie, tinha um forte sentimento de carinho, compreensão, e esperança

Ela não sabia de qual dos dois vinha o sentimento, mas se o beijo indicava alguma coisa, poderia muito bem ser dos dois. Ginny se separou de Harry quando o ar faltou em seus pulmões e apenas o observou. Ele estava lindo com os cabelos ainda mais desalinhados que o normal e com os lábios vermelhos das mordidas que ela havia dado. 

Lindo, e, talvez, dela.

— Então isso é um sim?

— Com certeza não é um não. — Ele respondeu rindo.

— Mas também não pareceu com um sim.

— Ah, é?

— É! — Ginny concordou rindo, ele também sorria, então tudo estava bem.

— Então eu vou te mostrar de outro jeito. — Harry falou com um olhar sério, seus olhos descendo para o colo dela, onde o robe havia se soltado levemente e agora revelava quase que totalmente o que tinha por baixo da leve seda. Ele a beijou novamente enquanto a guiava em direção à cama dela, e a mostrou de várias formas seu sim.

Ginny nunca poderia se arrepender do pedido estúpido, mesmo que ele merecesse mais do que palavras murmuradas rapidamente. Mesmo que eles sequer tivessem namorando antes disso. Quando estava com Harry, nada disso parecia ser realmente importante. 

Tê-lo ali era suficiente.

22 de junho de 2012, Seul, Coreia do Sul

    Ele e Ginny estavam casados há quase dois meses, e a vida não poderia ser melhor. Os meses que se passaram depois do pedido, totalmente inesperado, foram os melhores meses da vida dele. Ainda melhores que os dois meses antes disso.

    Seus pais quase o mataram quando ele contou que estava noivo, e sua mãe definitivamente não ficou mais feliz quando ele disse seus planos sobre casar em dois meses do pedido de casamento, mas no fim ele conseguiu convencê-los de que ele tinha certeza e que daria tudo certo. 

O casamento foi pequeno, nem todos os amigos puderam ir até Seul para vê-los, mas ele não poderia dizer que isso o fez menos perfeito. A cerimônia foi realizada em uma montanha e a vista era incrível, Ginny estava mais linda do que nunca, o branco de seu vestido rendado era tão puro que Harry jurava que naquele momento em que ela caminhou até ele com o maior sorriso do mundo, a ruiva havia se transformado em uma divindade greco-romana e irradiava luz dourada. 

Sendo sincero, Harry pouco lembrava do que aconteceu no dia do casamento deles, é claro que havia sido o dia mais especial e feliz de sua vida, no entanto, tantas coisas aconteceram naquele dia que poucas eram aquelas que ele realmente lembrava. Lembrava-se da risada deliciada que ela deu na primeira dança deles, do discurso que fizeram, das lágrimas de sua mãe e em como sua irmã mais nova quase derrubou as alianças quando estava perto do altar. 

No entanto, o que ele deveria se preocupar no momento não era com o que ele se lembrava ou não do casamento, e sim em achar o presente perfeito para sua esposa, que segundo a mensagem que Ginny havia lhe mandado há menos de vinte minutos “estava sofrendo terrivelmente com o fato de ter um útero”. Harry havia comprado os absorventes, os remédios para cólica e os chocolates minutos depois de receber a mensagem, e agora estava em frente a uma loja de presentes sem saber o que fazer. Levar flores parecia muito clichê, e ele já havia dado flores a ela essa semana, um ursinho de pelúcia não iria servir também, ele a havia dado isso no mês anterior quando eles foram ao parque de diversões. Apenas quando ele já havia desistido de encontrar algo bonito que fosse bonito o suficiente para ser digno de sua esposa, foi que ele achou o que queria.

— Amor, cheguei! — Harry gritou da porta da frente retirando o sapato com um pouco de dificuldade devido suas mãos ocupadas. Sem derrubar suas compras, ele colocou os sapatos na sapateira que ficava logo na entrada e calçou seus chinelos.

A casa estava silenciosa, o que significava que Ginny provavelmente estava no quarto deles, ou tomando banho. Ele deixou as compras em cima do aparador e seguiu pelo corredor até chegar no quarto. O moreno bateu levemente na porta que estava encostada, e após alguns segundos de silêncio, ele bate de novo, e a ruiva o responde com um gemido sonolento. 

O quarto deles estava em meia luz, as paredes verdes claras, que antes eram de um azul profundo que beirava ao preto, mas Ginny havia insistido que verde claro ficaria melhor, pareciam mais escuras que eram devido a pouca iluminação que vinha apenas da janela. A cama estava bagunçada, apesar dele ter a arrumado pela manhã, e apenas um borrão vermelho indicava que Ginny estava em algum lugar no meio daquele mar de cobertas de tons claros de azul. 

— Gi, meu amor, como você tá? — Harry perguntou suavemente, sentando-se na cama ao lado do que ele supunha que era a cabeça dela. Ele acariciou os cabelos da ruiva e esperou pela resposta que em algum momento chegaria.

— Morrendo. — Ela choramingou saindo quase que completamente de debaixo das cobertas e se jogando no colo dele. O moreno permitiu que ela se ajeitasse do jeito que ela mais gostava em seu colo e começou a fazer cafuné nela. — Você demorou hoje.

Ela disse em tom afirmativo, e tudo na voz e no olhar dela indicava uma pergunta muda: "por que você demorou hoje?”, os olhos da ruiva perguntavam gentilmente, não de forma acusatória como ele frequentemente via outras mulheres falarem ou olharem para seus parceiros. A confiança de Ginny nele era uma dádiva, uma que ele pretendia manter.

— Desculpa, yeobo (여보), eu precisei parar para te comprar uma coisa. — Ele respondeu calmamente. Suas mãos ainda percorriam suavemente pelos cabelos de sua esposa, que estava o olhando de forma surpresa com seus lindos olhos castanhos chocolate, e Harry não conseguiu evitar de beijá-la naquele momento, tudo que ele precisava fazer era abaixar um pouco a cabeça e pronto. Eles trocaram alguns beijos calmos e doces antes de pararem de vez, a testa dele apoiada na dela e as mãos dela no pescoço dele.

— Você não precisa me trazer presentes toda semana, você sabe né?

— Mn, eu sei, mas eu gosto. — O moreno respondeu sorrindo em direção dela, que revirou os olhos carinhosamente diante da resposta do marido. Ginny ainda estava no colo dele parecendo bem confortável quando muitos minutos depois o estômago do moreno roncou. 

— Acho que alguém está com fome. —  Ginny riu lançando um olhar quase sarcástico em sua direção quando ele negou veemente com a cabeça. Ela fez então menção de se levantar para seguir em direção da cozinha, mas o Potter apenas a segurou no lugar, impedindo que ela saísse dali, mesmo que o estômago dele roncasse furiosamente. — Harry...me solta para eu ir fazer o nosso jantar. 

— Não, você vai ficar aqui descansando e eu vou fazer o nosso jantar. 

Dangshin, babe, amor, hoje é o meu dia de fazer o jantar. — A ruiva argumentou com a voz doce, beijando-o levemente para fazê-lo ficar quieto. Harry negou novamente e a beijou com carinho mais uma vez antes de se levantar.

— Você está cansada, yeobo, eu posso fazer comida de novo, minha mãe mandou uma receita nova que eu quero testar também. — Harry respondeu com carinho, beijando a ponta do nariz dela. 

Dangshin (당신), vamos pedir alguma comida então, assim nenhum de nós cozinha, uh? — A ruiva sugeriu carinhosamente, e vendo que de todas as alternativas essa era a melhor, Harry aceitou de bom grado.

Ginny estava sorrindo. O sorriso dela era o mais lindo do mundo, mesmo quando ela estava claramente passando por um dia difícil, ela queria cumprir sua parte das tarefas da casa mesmo que não estivesse bem para isso, e isso fazia com que Harry a amasse ainda mais.

Os olhos dela brilhavam enquanto eles escolhiam o cardápio do dia, uma pizza de pepperoni e uma de calabresa, e ele sorria o tempo todo, totalmente hipnotizado pela visão a sua frente. A ruiva era linda, seus cabelos que agora estavam quase chegando na altura de seu peito estavam presos em rabo de cavalo bagunçado, ela usava uma blusa dele que definitivamente ficava muito larga nela junto de uma calça larga e velha que ela deveria ter desde o começo da adolescência, e apesar de tudo isso para a maioria dos homens significava que a mulher estava relaxada ele via de forma diferente.

Harry na verdade ficava aliviado quando ela se vestia assim perto dele, mostrava que ela confiava que ele a amaria mesmo que ela não estivesse arrumada, que ela poderia confiar em estar apenas confortável ao lado dele, porque isso não diminuía o que ele sentia por ela.

— Você está linda, meu amor. — Harry falou quase duas horas depois quando estavam na sala vendo um filme. Eles já haviam comido a pizza e bebido o que encomendaram, agora Ginny comia uma das barras de Lotte Ghana enquanto estava deitada em cima dele. Ela o olhou com os olhos arregalados e corou fortemente, mesmo já se conhecendo há tanto tempo e agora estando casados, a ruiva ainda se envergonha quando ele a elogia.

— Hazz, eu não estou nada linda, hoje. — Ginny retrucou batendo levemente no peito dele. O canto de sua boca estava sujo de chocolate e ela o encarava com seus lindos olhos castanhos que pareciam carregar todo um universo dentro deles, e tudo que ele conseguiu fazer para respondê-la naquele momento foi levantar a cabeça levemente e beijá-la.

— Você está sempre linda, yeobo. — Ele afirmou momentos depois quando eles se separaram do beijo. Uma de suas mãos estava apoiada na cintura dela fazendo círculos lentos com a ponta do dedo, enquanto a outra estava entrelaçada junto a dela. 

Em seu celular chegavam mensagens de seus colegas de turma e de trabalho chamando-o para sair para festas e se divertir, mas Harry não queria sair, ficar em casa com sua esposa valia muito mais a pena que qualquer festa open bar e ele faria questão de dizê-la isso todos os dias de sua vida.

16 de janeiro de 2014, Seul, Coreia do Sul

Ginny estava morrendo. Essa era a única explicação plausível para todo enjoo que ela estava sentindo desde o começo da semana quando seu adorável marido fez um café da manhã tipicamente britânico com direito à bacon, salsichas e chouriço, em plena segunda-feira porque afinal esse era o combinado deles. Ela não poderia ter odiado mais o combinado.

O que na verdade era muito estranho desde que ela sempre amou todas essas coisas, mas por algum motivo que apenas Deus saberia, assim que Ginny sentiu o cheiro da salsicha ela precisou sair correndo para o banheiro e colocar tudo que estava em seu estômago para fora.

Yeobo, você tá bem? — A voz de seu marido ecoou através das paredes que os separavam. Ele parecia preocupado com ela, o suficiente para ter largado o café da manhã deles e a seguido até o banheiro do quarto. 

— Sim, foi só um mal estar, dangshin

— Você tem certeza, amor? — Harry insistiu ainda na porta do banheiro. — Você parecia bem pálida.

— Amor, é só um enjoo, logo vai passar. — Ginny garantiu tentando soar confiante e positiva enquanto ainda estava abraçada ao vaso sanitário. Harry suspirou audivelmente, seus passos se afastaram da porta e em poucos segundos a ruiva voltou a sentir cheiro de salsicha e ela vomitou novamente.

A coisa era que o enjoo não passou logo e antes mesmo que percebesse ela já estava passando mal com os cheiros mais normais por uma semana, e isso apenas não estava certo, não tinha como estar e Harry já estava começando a ficar preocupado demais e um Harry preocupado demais normalmente fazia coisas que absurdas, por isso ela estava esperando encontrá-lo na cozinha na segunda-feira da semana seguinte tentando alguma receita que ele viu em algum lugar que iria melhorar o enjoo dela como ele havia feito durante toda a semana anterior.

O que ela definitivamente não esperava era encontrar seu marido tomando uma xícara anormalmente grande de café enquanto comia torradas com um calendário em suas mãos. Ele sequer pareceu notar que ela havia entrado na cozinha tamanha era sua concentração no seja lá o que ele estava fazendo enquanto encarava o calendário. 

— Bom dia, dangshin. — Ginny o comprimentou com um sorriso radiante e beijando a bochecha dele levemente antes de ir até onde estava o cereal que eles haviam comprado no dia anterior quando saíram para fazer compras. Durante todo o tempo em que ela estava colocando seu cereal e seu leite e preparando suas torradas, Harry não a respondeu, o que não era nada comum, assim como o fato dele não ter preparado algum café da manhã não era. 

— H? — Ela o chamou calmamente apesar do crescente pânico que a consumia, sentou-se ao lado dele, mas o moreno ainda parecia em transe, seus olhos totalmente voltados para o papel que tinha em mãos. — Amor??

— Harry Potter! — A ruiva gritou por fim já totalmente irritada com a falta de resposta dele, só então ele olhou para ela e seus olhos arregalaram quase que comicamente e ela precisou resistir a vontade de rir, afinal Ginny realmente estava irritada com a falta de resposta, principalmente quando ele sempre a cumprimentava com um beijo lento e carinhoso. — Eu já te chamei mais de três vezes!

— Desculpa, yeobo, eu estava...distraído. — Harry respondeu com um sorriso apolégico, pegando a mão dela com delicadeza e a levando até seus lábios e os beijando com carinho. Deus, ele era impossível. — Bom dia, meu bem.

— Hmpf! — Ela suspirou irritada e ele beijou sua bochecha, em seguida suas mãos, o topo de sua cabeça e a ponta do nariz dela. Não se derreta Ginny, seja forte, ele é um homem perverso que não te comprimentou quando você apareceu, ele não merece um sorriso, não sorria. Contrariando seus próprios comandos, ela sorriu. — O que você está vendo aí?

— Então...é um calendário.

— Isso eu já sei, Hazz. — Ginny respondeu revirando os olhos. — O que você está vendo aí?

— Hm...eu acho que sei o que você “tem”, Gi. — o moreno respondeu quase que timidamente, suas bochechas corando tão fortemente que por um momento pareceu que ela havia passado blush demais nele. A ruiva levantou a sobrancelha inquisitivamente e ele suspirou. — Eu acho que você pode estar, hm, grávida.

— Me desculpe, o que? — Ginny perguntou com um riso fraco, pegando o calendário das mãos e analisando os dias. Não tinha como ser gravidez, claro ela estava casada com Harry há quase dois anos e eles tinham uma vida sexual bastante ativa, mas ela só tinha vinte anos e eles não eram irresponsáveis e sempre usavam camisinha….Então ela não poderia estar grávida, certo?

— A última vez que você ficou menstruada foi em novembro, amor, então eu pensei que talvez…

— Que talvez eu estivesse grávida. — Ela completou deixando a cabeça cair contra a mesa, soltando um grunhido irritado. O pior era que tinha sentido o que Harry estava falando, a menstruação dela estava dois meses atrasadas e ela estava tendo sintomas de gravidez ao que tudo indicava. — Dangshin, o que a gente vai fazer?

— Nós vamos ficar calmos e você vai fazer o teste, yeobo

— E depois? — a ruiva perguntou sentindo lágrimas descerem por seu rosto. Ela queria um bebê com Harry, muitos na verdade, mas não enquanto ela ainda estava fazendo  faculdade, não quando tinha apenas dezenove anos, ainda era muito cedo para ser mãe.

— E depois vamos esperar o resultado, e independente dele nós vamos permanecer juntos e enfrentar isso juntos, okay? — Harry falou com calma secando as lágrimas dela e beijando o topo de sua cabeça levemente. Ele levantou-se da cadeira e pegou as torradas dela e eles comeram em silêncio, Ginny porque estava pensando no que iria acontecer dali para frente, e Harry porque a respeitava.

— Se eu estiver realmente grávida, você vai ficar feliz, Hazz? — Ela perguntou quando eles entraram no carro deles já prontos para seguir para a universidade onde estudavam. Ginny estudava publicidade e Harry estudava gastronomia.

— A coisa que eu mais quero é ver você feliz, amor, e eu amo você, se você estiver grávida e disposta a continuar a gravidez porque quer, eu vou ser a pessoa mais feliz do mundo, mas se você não quiser, eu também vou estar feliz, yeobo. — O moreno respondeu com sinceridade, os olhos brilhando em carinho toda vez que a fitava. Não conseguindo resistir ao olhar carinhoso, a ruiva se inclinou e o deu um selinho demorado. 

— Eu te amo, Hazz.

— Eu te amo, Gi.   


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Notas finais do capítulo

Glossário tirado de MUITAS pesquisas:
Hotteok (호떡) : um doce muuuuuito comido no inverno coreano, é uma massa frita normalmente recheada de açúcar derretido, mas hoje em dia tem com nutella, e DIZEM que é mto mto bom.
yeobo (여보) : uma das formas carinhosas para dizer amor/querida(o/e), normalmente usado por casais casado há mto tempo, mas liberdade POETICA OK
Dangshin (당신): outra forma de chamar seu parceiro de amor/querida(o/e) essa forma é mais poética e formal, mto usado nas musicas hehe
Lotte Ghana: uma das marcas de chocolates mais famosas da Coreia do Sul, segundo o site q eu vi ahauhauhauah
é isto amores, o próximo capítulo é o final e deve ser tão grande quanto esse auhauhauahuahuah, deixem um comentário p fazer autora feliz e até a proximaa ♥♥♥



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