Amnesia escrita por Giovanna


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeira Spideypool que faço. Espero que gostem!

Boa leitura! :)



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— Você mentiu para mim! – Wade gritava no meio da sala. – Por todo esse tempo, você mentiu e, o que? Nem passou pela sua cabeça que um dia eu podia descobrir tudo?

— Eu sinto muito, ok? De verdade, eu sinto muito, Way. – Peter soava suplicante, enquanto passava as mãos pelo rosto. – Mas eu não podia, você tem que entender...

— Como não podia? Era só me contar, Peter! O quão difícil isso seria? – Wade interrompe.

— Muito, muito difícil! – Peter responde não acreditando que haviam chego a aquele ponto. – Eu podia te perder de novo, e isso, é a última coisa que eu posso passar. Eu não posso te perder.

O loiro serra os punhos, as lágrimas nos olhos de Peter cortavam seu peito, porém Wade estava muito irritado para conseguir se acalmar, ou até mesmo soar racional. Ele havia acreditado em Peter por tanto tempo e tudo o que viveram era uma mentira, aquilo doía tanto. A cada segundo, uma memória mais profunda de seu relacionamento aparecia em sua mente e tornava tudo pior.

O primeiro beijo, o primeiro encontro, seu coração batendo tão feliz ao ver o sorriso doce de Peter. A mais pura e genuína felicidade que havia sido transformada em dúvida e tristeza. Porque Peter havia mentido para si sobre tudo?

— Você não podia me perder? – Ele soa cansado e irônico. – Peter, você já me perdeu.

A essa altura com campeonato já não importava mais. Wade se sentia traído e angustiado, não havia palavras ou ações que o fizessem mudar de ideia. Estava tão machucado, só queria sair dali e ir para o lugar mais seguro que conhecia.

O loiro se afasta, deixando tudo o que trouxe para aquele quarto para trás.

— Wade não! – Peter vai até a frente da porta primeiro. – Por favor, não deixe que esse seja o nosso fim mais uma vez.

O castanho sentia sua voz tremer e seu coração bater o mais forte que podia no peito. Tantas memórias do passado passando por sua mente, ele só queria pausar o tempo e conseguir explicar tudo para Wade.

Ele nunca teve a intenção de machucar a pessoa que mais amava. Não como um dia já foi machucado.

— Porque não? – Wade suspira e sente toda a raiva voltar ao peito. – Me dê um único motivo para não sair desse quarto com tudo acabado.

— Porque você já fez isso. – Peter trava por um segundo deixando todas as lágrimas saírem de seu corpo. – Você nos trouxe até aqui, Wade. Não eu, não o destino, nem mesmo sua família, você tomou essa decisão a muitos anos atrás.

Peter encara Wade e tudo o que vê é o rosto de um homem atordoado, lembrando não só da dor que sentiu, mas também da dor que causou.

Tudo estava destruído. Peter nunca quis, com tanta força, poder voltar no tempo e ter tomado uma única decisão diferente.

[2 anos antes...]

O dia radiava em NY, o aeroporto já fervilhava de pessoas, mesmo que fosse tão cedo. O cheiro de café expresso no ar, assim como a constante sensação de nervosismo em perder seu voo mesclado com a ansiedade de rever amigos e família.

— Com licença, será que esse senhor aceitaria ir para casa comigo? – Peter ouviu enquanto era cutucado no ombro.

— Felícia! – Peter bradou feliz por finalmente poder rever a amiga depois de 5 anos. – Meu deus, faz muito tempo!

— Eu que o diga. – A loira sorri, seu amigo não havia mudado nada.

Mesmo sendo um Rogers-Stark, Peter sempre preferiu andar rodeado de seus amigos ao invés de seus seguranças e empregados. E não havia nada mais humano, do que pedir uma carona a um amigo.

— E que história é essa de senhor? – Ele fala franzindo a sobrancelha. – Eu sou mais novo que você!

— Com essa blusa de tricô está parecendo um velhinho. – A amiga brinca, já pegando uma das malas dele e voltando a andar para a saída do aeroporto. – Não importa o quão de marca ela possa ser, te deixa com cara de 30 anos, a gente vai ter que fazer umas comprinhas para você e...

Peter se apressou a seguir Felícia enquanto esbanjava um sorriso de felicidade e nostalgia. Sua amiga não havia mudado nem um pouco. Exceto que agora ela não tinha mais os cabelos cor de rosa do ensino médio e parecia muito mais uma mulher do que uma garotinha.

Não demora para que achem o Toyota Prius de Felícia e ela o faça funcionar depois de algumas batidinhas – nada gentis – na lataria do carro. Como se isso fosse resolver alguma coisa.

— Eu tinha que leva-lo ao mecânico, mas não dá muito tempo sabe? Com a residência no hospital e tudo mais... – A mulher volta a tagarelar, sobre o trabalho dessa vez.

Peter concorda com tudo, mas não ouve a maior parte das palavras. Estava cansado por conta do voo e ansioso para começar a trabalhar. Havia recebido a notícia em primeira mão dos próprios pais, iria ser o responsável pela administração da construção da nova sede das industrias Stark em NY e depois poderia trabalhar em seu novo cargo nela.  

Sabia o quão importante era a construção da nova sede e tudo seria feito com tecnologia de ponta, os melhores no trabalho para que então, sua família pudesse prover o melhor para todos. Os Stark atuavam em praticamente todos os departamentos desde que Tony havia parado de fabricar armas, acabando com o legado de sangue da família e iniciando um completamente novo.

— O sinal abriu vovô! – Felícia buzina e grita para o carro da frente assustando Peter.

— Tinha me esquecido dessa parte. – Ele dá um risinho. – Sempre muito bom voltar a New York.

— Você ficou muito tempo fora, Pet. Vamos colocar você nos trilhos de novo.

— Porque será que eu sempre fico com medo quando você diz isso? – Ele brinca.

— Porque você é um medroso. – Felícia provoca. – Nunca foi um nova iorquino de verdade.

— Claro que fui! – O castanho se defende.

— Você nunca se envolveu em um acidente, ou pegou o metrô, muito menos ficou na Times depois de esvaziar. – Felícia citava coisas que pareciam básicas para qualquer nova iorquino.

— Eu não sabia que a gente precisava sofrer um acidente para ser nova iorquino de verdade. – Ele dá uma risada nervosa.

— Mas é claro que sim. Se você nunca sangrou em uma rua de New York, você não faz parte dela. – A garota fala como se não fosse óbvio.

— Tirando isso, eu já andei de metrô uma vez e...

Peter para abrindo um sorriso com a lembrança que vem a sua mente. Sempre foi um garoto certinho, por isso nunca havia passado por sua mente sair de casa depois da meia noite, ele era o garoto que ficava sobreo nas festas para poder levar os amigos para casa ou o que ia embora mais cedo porque tinha que estudar no dia seguinte.

Tudo isso havia mudado quando conheceu Wade Wilson. O garoto parecia um imã para problemas, havia perdido as contas de quantas vezes ouviu que Wade tinha sido suspenso, ou que tinha se envolvido em uma briga, até uma vez, chegou a ter que ir buscar o namorado na delegacia de polícia e nem mesmo naquele dia Wade parecia ligar de ter quebrado as regras. Peter admirava a coragem dele, o achava meio maluco, porém ele tinha um instinto aventureiro incrível. Wade era incrível.

Haviam se beijado pela primeira vez na Time Square, em uma das únicas 3 horas que ela parecia inteiramente vazia. Foi a primeira vez que Peter saiu escondido de casa e foi o melhor dia de sua vida. A sensação de perigo no estomago ainda era forte, mas ele se sentia vivo. Se sentia hipnotizado pela eletricidade que Wade tinha sobre si e quando se beijaram, foi como o infinito.

— Terra pra Peter. – Felícia balançava os dedos em frente ao rosto do castanho. – Vamos levar suas malas e depois ir fazer compras.

— Mas eu trouxe bastante roupa. – Ele explica.

— Não, querido, você trouxe material para doação. – Ela falava descendo do carro e abrindo uma das malas para que pudesse provar seu ponto. – Porque eu só estou vendo bege e branco dentro dessa mala? Ah! É pior do que eu imaginava. O que eles fizeram com você naquela faculdade, menino?

— Não é para tanto. – Peter rola os olhos enquanto sai do carro e vê os empregados do hotel que ia ficar pegarem suas malas. – Mas talvez seja bom renovar o guarda-roupa, eu não compro nada desde o terceiro ano, não tinha muito tempo para compras.

— Ainda bem que você tem a mim. – Felícia anunciava acompanhando o amigo até o salão de entrada.

O hotel era 5 estrelas, praticamente um Plaza. Peter não queria passar muito tempo ali, mas não estava mentindo quando disse que não tinha muito tempo. Entre eventos da família e da empresa, as últimas aulas e provas, além de começar a trabalhar no projeto novo – mesmo nas férias – ele sequer tinha tempo para procurar um apartamento para si.

Claro que poderia pedir para alguém fazer isso e depois só aprovar, porém não existia sensação melhor do que procurar um apartamento e poder ver o seu crescimento. Desde a foto no site, para a locação e até estar completo de mobília e consequentemente memórias. Peter era o tipo de pessoa que nunca se esquecia de nada, ainda mais aquilo que lhe representava uma memória sentimental.

Felícia pegou as chaves do recepcionista na primeira oportunidade e já subiu praticamente correndo para ver o quarto ao qual o amigo ia ficar. Ela sempre gostava de aprovar tudo para Peter, se sentia como uma irmã mais velha do menino, era seu dever saber que ele estava bem vestido, bem alimentado e morando em um lugar legal. Felícia sempre o protegeria, mesmo que isso significasse colocar Peter em primeiro lugar, sempre.

— Fê, espera! – Ele chamava enquanto andava atrás dela para o elevador. – Ai!

Peter exclama ao ser quase derrubado por um homem alto e loiro que vestia um sobretudo. O homem parou para olhar para trás e provavelmente pedir desculpas, porém Peter não ouviu uma única palavra.

O cabelo estava diferente, agora ele tinha uma barba rala e muito mais músculos do que se lembrava, mas aqueles olhos azuis...Peter nunca se esqueceu daqueles olhos. Quando sai de seu transe, o loiro já havia se afastado, porém Peter conseguia ver sua nuca.

— Aquele era... – Felícia, parada na porta do elevador assistiu à cena de 5 segundos de paralisia do amigo.

— Era. – Peter confirma soltando o ar que nem tinha percebido segurar. – Era o Wade.

— Ih, ele deixou cair as chaves. – A loira resgata a chave única do chão. – Que mal-educado né? Ele nem cumprimentou a gente.

Só então, Peter realiza que Wade realmente não parou para conversar, nem mesmo o chamou de Peter. Ele sente um súbito incomodo, haviam terminado de maneira bem ruim...Mas Peter havia conseguido superar tudo, talvez Wade ainda estava bravo consigo?

— Tem um número na chave. – Felícia informa. – Dá pra ligar pra ele, ou deixar na recepc..Ei! Onde você vai?

Peter havia arrancado a chave das mãos da amiga e largado a única mala que carregava, correu para a porta, onde podia ver Wade saindo. Sentia o coração pulsando nos ouvidos, “Meu Deus a quantos anos eu não corro?” O castanho pensou.

Quando conseguiu parar, olhando para a multidão que passava pela calçada, pode ver Wade esticar o braço e provavelmente tomar o táxi de alguém. Ele quis rir, mas não havia tempo, ele precisava entregar essa chave a o ex-namorado.

— Wade! – Peter grita tentando passar por todos.

O loiro para ao ouvir seu nome e olha ao redor. Seus olhos se encontram com o castanho de Peter e o rapaz levanta o braço para um aceno. Porém, sem qualquer sinal de reconhecimento por quem o chamou, Wade embarca no táxi e vai embora.

Peter deixa o braço cair ao lado de corpo e o sorriso some de seu rosto, a sensação de vitória se transformando em algo amargo.

Porque Wade, que havia olhado para si, foi embora mesmo assim?


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Acho que fica meio obvio o que o Wade tem, porém vai ser legal ver o Peter descobrindo.

Até o próximo!



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