Minha humana de estimação escrita por Lily Potter


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

OLAR MINHA SEGUNDA FANFIC NA ÁREA!!! Então gente essa fic tá mega lindinha, apesar da correria p escrever ela k, e eu adoro ela dms. Perdoem pfv qualquer errinho pq n deu p revisar msm, e SEXTA EU APAREÇO COM OUTRA FIC!!! ATENTION! A contextualização n é necessária, mas ajuda né auhauahuahua. Boa leitura a todes, beijosss ♥3

Breve contextualização:
?” Ginny é editora em uma revista de moda e por isso o nome da gatinha.
?” Harry e Ginny namoraram quando eles estavam na faculdade, mas como na época o Harry estava tendo alguns problemas psicológicos isso afetou o relacionamento.
?” Harry é bi, e enquanto ele fazia um intercâmbio na Espanha, conheceu o Draco e eles namoraram, mas com o fim do intercâmbio, Draco voltou para o Canadá e Harry para a Inglaterra e tudo deu mto errado
?” A gatinha conta e descreve as coisas de forma diferente pq ela é um animal e n um humano auhauhauahuah



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Minha humana é a melhor humana que existiu. Ela tem os melhores abraços e faz os melhores carinhos na cabeça, sua voz é sempre gentil e ela nunca esquece de me dar minha comida colorida. 

Só tem uma coisa na minha humana que eu nunca entendi. 

Desde que eu era uma pequena filhotinha que não conseguia caçar passarinhos para agradá-la, ou espantar os roedores feios que ela mantinha em seu quarto dentro de uma gaiola, minha humana tinha esse hábito de trazer outros humanos esquisitos com vozes grossas, humanos homens, para nossa caixa de metal que ela chamava de apartamento. Eles nunca sabiam como me pegar no colo ou como acariciar minhas orelhas, eles não me davam comida, nem brincavam comigo, apenas sentavam no meu sofá e colocavam suas línguas na minha humana. 

Desagrádavel e nojento. Carentes iguais aos cachorros. 

Esses humanos sempre vão embora depois de algumas luas e minha humana sempre termina chorando no meu sofá verde que fica em frente a grande tela onde vários humanos, e às vezes animais, aparecem. Nesses dias em que minha humana está triste eu sempre faço questão de trazer uma lagartixa especialmente suculenta para ela, e sempre que eu chego com minha lagartixa tem outra humana no sofá, mas essa é uma humana legal. Essa humana é uma que a minha humana chama de Luna. 

Todos os humanos têm nomes e por isso insistem em pôr nome em todas as coisas também, minha humana se chamava Ginny, e ela me chamava de Dior. Gatos não precisam de nomes, nós somos gatos e só, mas com o tempo aprendi que se os humanos gostam de nomear as coisas eu não posso fazer nada além de responder quando sou chamada. 

Era mais um dia normal, a grande bola colorida já estava no céu e como minha humana Ginny havia esquecido de colocar o pano mágico no buraco transparente, a luz forte me acordou. Me espreguicei em minha cama como sempre fazia e andei pela nossa caixa de metal até chegar na segunda prisão da minha humana, o lugar tinha paredes amarelas e azuis e muitas coisas, tinha pelos que os humanos colocam no corpo por toda parte e patas jogadas ao lado da grande coisa fofa, a cama, onde ela dormia. 

Eu saltei no cobertor fofo, pelos roubados de outros animais, de cor de céu e assim que minhas patas se afundaram ouvi a voz suave dela ressoar pelo quarto fazendo o característico barulho, que ela sempre fazia quando eu a saudava pela manhã. Seu corpo se moveu debaixo do grosso cobertor peludo em direção ao pequeno tic-tac que ficava ao lado de sua cama.

— Dior mal são seis da manhã, vai dormir. — minha humana resmungou enquanto tentava me empurrar com suas patas. Sem sucesso, ela se levantou e me olhou com seus grandes olhos castanhos e bufou quando percebeu que eu a encarava. 

“Eu quero comida.” Eu disse com meu olhar fixo nela e como sabia que minha humana não era muito inteligente acenei em direção à porta indicando e em seguida saí da cama com leveza e elegância, ouvindo o barulho leve do corpo dela saindo da cama. 

— Assim como vossa majestade desejar. — Resmungou já de pé e me seguindo pelo caminho que eu a ensinava a percorrer todos os dias, e eu a guiei calmamente até minha tigela de comida e água. Minha Ginny bufa ao olhar para as tigelas que ainda tinham o restante da comida que eu não havia aguentado comer ontem. 

— Dior, sua tigela ainda tem ração e água!

“Mas não estão frescas.” Eu informei calmamente esfregando-me na pata dela com carinho e ela suspirou do jeito que sempre fazia e fez carinho em minha cabeça. 

— Você é mimada demais, Dior. 

“Não é ser mimada, e sim, seletiva, humana, coisa que você não sabe ser.” Respondi indignada saindo de perto dela e me aproximando das tigelas e esperei que ela colocasse a água e depois a comida. Empinei meu nariz em direção ao ar indignadamente, era a ração de salmão de novo. 

Será que ela nunca iria aprender? O que lhe custava dar rações diferentes a cada dois pôres-do-sol? Como o que estava na tigela sem muita vontade, pois já sabia que ela não entenderia o recado se eu parasse de fazê-lo, trocaria a ração para uma nova e me daria ela todos os dias. 

O resto do dia passa como os outros, ela sai da nossa caixa de metal e eu vou tomar sol na parte verde que ela fez para mim e depois volto para dentro da caixa quando o calor aumenta demais. Ao chegar o momento em que o sol começa a se deitar e o céu pinta-se de rosa eu já havia pego minhas baratas e deixado no sofá para minha humana, e também havia perseguido uma borboleta que se aventurou a sentar no meu sofá. Eu estava deitada em meu sofá quando minha Ginny apareceu novamente, seus cabelos estavam presos e ela tinha sacolas em suas mãos, outro humano entrou, achei que era o irmão de minha humana, mas assim que vi seus cabelos muito pretos percebi que era aquele outro tipo de humanos machos.

— Obrigada por aceitar a me ajudar hoje, Harry. — Ela agradeceu com a sua voz suave percorrendo todo o caminho da cozinha até a sala. Curiosa me levantei e caminhei em direção à sua voz e assim que cheguei onde eles estavam me prostrei protetoramente em frente dela. 

— Não foi nada, Gi. — O humano, Harry, respondeu com olhos gentis e um sorriso cheio de dentes brancos. A voz dele era diferente, quando ele falava parecia que estava cantando e ainda carregava um sotaque leve de algum lugar que eu não fazia ideia de onde poderia ser, sua pele tinha um bronzeado que eu não via nos humanos machos.. Seus olhos logo se desviaram para mim e eu já estava pronta para ignorá-lo ou arranhá-lo quando ele se agachou em minha frente. 

— Então essa é a sua gatinha? Dior, certo?

— Sim, Dior, — concordou a ruiva olhando com carinho para o humano. — mas se eu fosse você eu não tentaria fazer carinho, ela pode ser meio arisca.

“Não sou arisca, apenas protejo você, humana mal agradecida.” Respondi irritada com minha Ginny e levantei meu nariz para eles. Um sinal mais que claro do meu desagrado. 

— Eu acho que vale a pena o risco.  — o outro humano respondeu com uma meia risada tímida e estendeu a mão em minha direção, permitindo que eu decidisse se queria ou não que me tocasse. Hmmm, eu já estava começando a gostar dele.

 — Principalmente agora que estou de volta.

— Acho que você tem razão, H. — Foi a resposta da minha humana, que agora estava também agachada ao meu lado fazendo carinho em minha cabeça. 

Cheirei o humano e esfreguei minha cabeça nele, permitindo que ele fizesse carinho em mim. Seu cheiro era confiável o suficiente para isso. Ele cheirava à madeira, à brisa do mar e com um pouco de algo doce também, algo que me lembrava às tortas de caramelo que minha humana fazia, era quase tão bom quanto o cheiro de Ginny. 

— Normalmente eu tenho mesmo. — brincou o humano movendo suas mãos calmamente por toda minhas costas. — Onde posso guardar suas compras?

— Você não precisa fazer nada disso por mim, H. — Minha humana falou com a voz calma e acolhedora.  Seus olhos se encontraram sob minha cabeça e algo diferente preencheu o ar, uma coisa que parecia esquentar e eletrizar o ambiente. — Não depois de tudo que aconteceu.

— Não se preocupe com isso, Gi, eu ‘tô bem. 

— Harry…

— Gin, são só algumas compras, relaxa. — Foi a resposta final. O humano Harry me deu um último carinho e se levantou de onde estava agachado, caminhando em direção ao balcão e minha humana fez o mesmo. 

— Você é tão teimoso, H.

— É o que você mais ama em mim, não é mesmo?

— Apenas nos seus sonhos, Potter. — A ruiva respondeu com um sorriso e um revirar de olhos. 

Como a conversa estava em um tom que não parecia que iria acabar em lágrimas em alguns dias, e nem suas bocas estavam conectadas de forma estranha como eu normalmente via outros humanos fazerem, eu segui satisfeita em direção ao meu sofá e deito- me confortavelmente. 

Em alguns minutos eles se aconchegaram no sofá com um cobertor e um pote de algo gelado e marrom, sorvete de chocolate segundo o humano Harry, e colocaram outros humanos na grande caixa mágica que minha humana chamava de televisão. 

Eu conhecia esse ritual, minha Ginny sempre o fazia quando outros humanos machos gritavam com ela, normalmente com a humana Luna ou a humana Hermione. Ela nunca havia feito com outro humano macho, e nem havia tido gritos de humanos machos nas luas que se passaram.

Não era comum, mas lá no fundo, eu sabia que o humano Harry não a estava machucando e por isso me aproximei deles e deitei ao seu lado. Eles assistiram três filmes e comeram dois potes gelados de sorvete, muitas pizzas e um líquido transparente que fazia minha Ginny rir sozinha.

No final da noite, o humano Harry chorava quietamente no colo da minha humana. Seus olhos estavam vermelhos, assim como seu rosto e nem mesmo a mão quentinha de minha humana parecia ser capaz de acalmá-lo. Claro que eu sabia que os humanos exageravam em suas emoções, mas dessa vez, quase, senti pena de verdade pelo humano chorando.

— Por que eu não podia ser o suficiente para ele, Ginny? — O humano perguntou com uma voz estranha, embolada. — Eu não bonito o suficiente, é isso? Rico? Inteligente? Eu não sou bom o bastante para o Draco?

— Hazz, não fale assim, amigo. — ela respondeu ainda acariciando o humano, da mesma forma que ela fazia comigo quando eu estava triste. — Você é uma ótima pessoa, e é tudo isso que disse, mas algumas coisas apenas não funcionam.

— Se eu fosse tudo isso o Draco não teria terminado comigo, Gi. — ele murmurou em resposta, seus olhos estavam fechados, mas as lágrimas ainda saíam.— Você também não teria terminado comigo.

— Harry… — minha Ginny sussurrou parecendo abalada com o que ele havia dito. Ela passou as mãos pelos cabelos revoltos dele fazendo um carinho, lágrimas se acumulavam em seus olhos castanhos, mas não pareciam querer cair. — Você sabe que a gente nunca daria certo. Você estava vivendo uma fase em que não tinha espaço para um relacionamento, e foi melhor ter acabado, H.

— Eu sei, você tem razão. — Ele falou se endireitando e tirando a cabeça do colo de minha humana. O humano Harry mexeu em seus cabelos e secou as últimas lágrimas antes de sorrir leve e tristemente. — Me desculpa por hoje, ruivinha.

— Não há nada pelo que se desculpar, H. — a humana de cabelos cor de fogo respondeu com os olhos doces, os mesmo que ela me dava quando estávamos sozinhas. O humano de cabelos de cachos e cor negra como a pelagem do meu corpo estava colocando seus sapatos e olhando para longe, parecendo distante. — Aonde você está indo? Achei que iria passar a noite aqui.

— É melhor eu ir para casa, Gi. — ele suspirou e lançou um olhar que dizia coisas demais. — Não posso arriscar perder você também.

— Harry, você não precisa ir.

— É a coisa certa a se fazer. —  Foi sua resposta simples, um olhar determinado em seu rosto e marcas de lágrimas ainda presentes em suas bochechas amassadas. O humano Harry apenas esticou suas mãos e apertou as dela levemente antes de as soltá-las novamente. —  Tchau,  carinho.

— Tchau, Hazz. 

    E então a porta se fechou e minha humana deixou que suas lágrimas caíssem, e eu me sentei em seu colo fazendo meu melhor para animá-la. Eu queria odiá-lo assim como eu odiava todos os outros, mas eu sabia que dessa vez era diferente, mesmo que ainda não soubesse o que era diferente. Esse humano parecia-se com todos os outros que eu já havia visto, mas sua voz era mais gentil e calma, e toda vez que ele estava por perto minha humana, chamada Ginny, sorria.

 

XXX

 

Alguns sóis depois outro humano macho apareceu na nossa caixa de metal. Seus pelos eram cacheados e dourados, seus olhos eram castanhos e seu sorriso era fácil. No entanto, apesar de seu cheiro ser doce, não era confiável, e nem combinava com o de minha humana, algo nele estava errado, mesmo que eu não soubesse por minha pata em o que era.

 Eu já não gostava dele.

A noite havia sido uma tortura com todos os barulhos altos que os dois faziam e eu mal conseguia dormir, na manhã que se seguiu minha humana esqueceu de trocar minha comida por culpa dele, e sequer me deu um carinho antes de sair para o trabalho. Duas luas se passaram e nada havia mudado, até que um dia, as coisas mudaram.

O humano estranho acordou antes da minha Ginny naquele dia, eu ainda estava sonolenta quando ele atravessou a caixa de metal até chegar ao meu sofá onde eu ainda estava deitada. Ele sorria de uma forma maligna quando se sentou ao meu lado, suas mãos grandes foram em direção ao meu pescoço e senti todo meu pelo se levantar com o toque.

Aquilo estava errado.

— Sabe, ela é uma puta que vale a pena, mas você, gata idiota, fica no meu caminho o tempo inteiro. — Ele falou com a voz baixa, soando quase como silvo de árvores. Sua mão apertou meu pescoço e involuntariamente, miei. 

— Noah? — A voz da minha humana soou pelo apartamento, e ele finalmente me soltou. Mais que rapidamente corri para onde a voz da minha voz vinha, e assim que a vejo solto outro miado em protesto. Seu pescoço estava cheio de marcas avermelhadas assim como seu braço, mas isso não a impediu de me colocar em seus braços. — Dior? O que foi, meu amor?

“Ele não é confiável, humana!” Tentei dizer, mas como sempre, ela não me entendeu. O humano, no entanto, parecia desconfiar de meus miados altos, pois em poucos minutos ele estava de frente para nós duas. Ele sorriu em direção dela e depois me olhou com seus olhos frios.

— Deve ser só carência, gata. — O humano Noah sugeriu já se aproximando de nós duas e me tirando do abraço quentinho e seguro que apenas minha Ginny possuía. Ele quase me jogou no chão e eu o arranhei diretamente no pé. 

— Gata filha da puta! — Gritou ele e me chutou. Senti uma dor que não esperava em minha barriga e tudo começou a ficar meio escuro e pesado demais.

— Dior! — Gritou minha humana preocupada, correndo para o meu lado. A última que senti antes de apagar totalmente foi a mão dela na minha pata.

Depois disso toda vez que ele passava por mim, ele dizia que queria me colocar num abrigo de animais e que ele e minha humana estavam brigando por minha culpa, e como se me ofender não fosse o suficiente, havia noites em que ele ficava estranho e gritava com minha Ginny. Eu já temia pelo dia em que os gritos deles já não seriam o suficiente e ele começaria a fazer outras coisas, ainda piores, com ela.

Eu temia por minha humana, já que ela claramente não sabia como cuidar de si mesma, e eu não podia fazer muita coisa sendo tão menor que ele. Nós estávamos presas com esse humano desagradável até que alguém resolvesse nos ajudar.

Quando após três luas ninguém apareceu para nos ajudar, decidi tomar a situação em minhas patas. Porém quando o sol se pôs, minha humana voltou para casa com o humano Harry, e não com o humano grosseiro. Assim que eles entraram dentro da caixa de metal, o humano Harry colocou suas bolsas junto das da minha humana e a abraçou.

Eles ficaram assim por longos minutos, até que o humano a soltou e a olhou com um carinho que eu nunca havia visto no olhar de outro humano macho antes. Apenas quando o humano Harry se virou totalmente em minha direção, que percebi que havia um corte em seu supercílio e sangue seco em sua boca.

Minha Ginny estava com os olhos inchados de choro, ela não parecia machucada externamente, mas isso não queria dizer que não estava machucada. Eu sabia quem havia feito aquilo com minha humana, e só isso me fazia querer vê-lo novamente apenas para arranhá-lo ao máximo.

— Harry, eu sinto muito por te meter nessa bagunça. — Foi a primeira coisa que saiu da boca dela desde que haviam entrado. Desci do meu sofá e caminhei calmamente em direção deles.

— Ginny, não é sua culpa o Noah ser um babaca. — Humano Harry falou com os olhos sérios, não abrindo brechas para que minha humana pudesse discutir e pôr a culpa em si mesma. 

“Até que você é inteligente para um humano.” Eu disse assim que cheguei perto deles. O moreno foi o primeiro a me ver, e em questão de segundos ele já estava de joelhos com as mãos estendidas para me tocar. 

Eu tremi um pouco quando sua mão encostou em mim, lembranças dos toques do humano Noah, ainda presas em mim. Ele percebeu e afastou a mão, mas a deixou por perto, em um convite para que eu soubesse que poderia me dar o luxo de receber seu carinho quando eu me sentisse pronta.

— Oi, Dior, você está linda! — Me comprimentou com um sorriso simpático e eu ronronei em apreciação. Minha humana riu fracamente e balançou a cabeça.

— Não vá roubar minha gata com seus elogios fajutos, seu pilantra. — Minha humana brincou levemente e, finalmente, me colocou em seu colo e saiu em direção à cozinha. O humano Harry nos seguia de perto, seus olhos estavam preocupados, mas seu sorriso era de afeição. 

Ele gostava da minha humana.

— Eu nem sonharia em roubar a Dior de você, Gi. — Ele riu levemente, as mãos bagunçando ainda mais seus cachos, e seus olhos irradiando bondade. Eu podia reconhecer a tática dele de longe, assim como minha humana provavelmente também podia. Ele estava tentando distraí-la dos acontecimentos, seja lá o que tenha acontecido, pelo menos por enquanto.

— Esse seu papinho não me engana, Potter. — Ela respondeu com um meio sorriso e me colocou em cima da mesa da cozinha. O humano de cabelos cacheados apenas riu e começou a mexer nos armários como se a casa o pertencesse. — O que você acha que está fazendo?

— Você não tem comida em casa? — O humano Harry perguntou sem sequer lançar um olhar em nossa direção ou responder o que ela havia perguntado antes. A vejo revirar os olhos e acariciar minha orelha uma última vez antes dela ir até ele. O moreno estava murmurando baixinho para si mesmo e pareceu não notar que ela se aproximava dele.

— Harry James Potter, o que diabos você pensa que está fazendo na minha cozinha?! — A ruiva perguntou novamente com suas mãos segurando os ombros dele no lugar o impedindo fisicamente de continuar a procura de alguma coisa nos armários da cozinha. E ele apenas continuou a olhar para o armário.  

— Cozinhando. — Ele respondeu depois deles passarem longos batimentos cardíacos em silêncio. Então seus olhos caíram nos armários da minha humana e ele suspirou. — Ou pelo menos tentando pensar em algo para cozinhar.

— Você não precisa fazer isso, H.

— Eu sei. — o humano respondeu sem nem pensar duas vezes, seus olhos agora fixos nos dela. — Mas como minha mãe diz, nada cura uma decepção amorosa como um bom prato de comida caseira.

— E desde quando você sabe cozinhar? — Minha Ginny perguntou com seus pelos do olho, sobrancelha, fazendo aquele truque onde apenas um dos pelos se moviam e todo seu rosto se contorcia em algo que gritava dúvida. 

— Assim você fere meus sentimentos, ruiva!— O cacheado respondeu com uma falsa careta de decepção. Por Deus, como esses humanos são estranhos para mostrar afeição! Não seria muito mais fácil se eles apenas esfregassem a cabeça na mão da outra pessoa, passassem por entre as pernas, dessem algumas mordidas ou até mesmo batessem as cabeças? Humpf! — Eu sempre soube cozinhar.

— É mesmo? — Ela continuou questionando com o mesmo olhar de antes, a única diferença sendo um brilho leve de diversão. — Você sabe que frango queimado acompanhado de ervilhas cruas e batatas recheadas sem recheio e passada do ponto, não contam como saber cozinhar né?

— Você nunca vai superar isso? — O humano Harry perguntou com um bico que eu normalmente via naqueles projetos de humanos, os moles, gordos e geralmente muito pequenos, que eu via no parque toda vez que eu saia para passear. — E aquilo só aconteceu porque você ficou me distraindo.

— Eu não fiquei te distraindo! 

— Você não parava de mexer, Ginny!

— A culpa não é minha se você não sabe se concentrar, Harry! — a ruiva respondeu indignada, suas bochechas ficando vermelhas, quase da cor de seus cabelos. Naquele momento eu desejava que eu tivesse alguma coisa para comer enquanto assistia eles discutirem. Eles eram tão burrinhos que era divertido de assistir. — E eu estava lendo a receita!

— Você estava olhando para minha bunda, isso sim. — Com essa resposta, minha humana corou ainda mais e riu. Sua risada ecoou pela cozinha e logo o moreno também ria, ambos corados e parecendo levemente melhores do que quando chegaram. 

— Você nem tinha tanta bunda naquela época, Hazz.

— Hey! Eu tinha sim. — ele gritou indignado. — E eu só tinha catorze anos, também.

— Claro que tinha bunda, Hazz, e eu sou a mais nova princesa da Genóvia. — Brincou ela o empurrando levemente, e ele apenas sorriu feliz e a encarou. Minha Ginny desviou o olhar poucos batimentos cardíacos depois e me encarou. 

— Hm, o que nós vamos comer, então?

— Não se preocupe com isso, eu vou fazer a especialidade da casa. — Foi a resposta do humano de cachos, ele tinha um sorriso que eu só poderia descrever como nervoso, mas minha humana apenas assentiu e se sentou na cadeira mais próxima de mim.

— E qual seria a especialidade da casa?

— Eu! — O de cabelos cacheados respondeu com um sorriso orgulhoso e minha humana apenas revirou os olhos.

— Qual comida é a especialidade da casa, senhor narcisista? 

— Primeiro: eu não sou narcisista. — o moreno respondeu com o tom falsamente, ou ao menos parecia ser falsamente, ofendido. — Segundo: é surpresa!

— Tudo bem, senhor não narcisista, mas eu vou ficar aqui com você. — Minha Ginny declarou o olhando com um olhar conhecedor, e ele arregalou os olhos e começou a balançar sua cabeça rapidamente, fazendo com seu cachos balançarem como pequenas molas. Seria muito ruim se eu puxasse os cachos deles com minhas garras? Pensei analisando minhas unhas que haviam sido cortadas há pouco menos de um mês, talvez o arranhasse um pouco, mas iria ser tão divertido…

— Não! — O humano Harry quase gritou em claro desespero, e parecendo assustado com a altura da própria voz ele riu timidamente e coçou atrás de seu pescoço. — Quer dizer, você deve estar cansada, porque você não vai tomar um bom banho e me deixa cuidando de tudo?

— Isso é um jeito educado de dizer que eu estou fedendo, Potter?

— Claro que não, Ginny. — Ele protestou com as bochechas corando fortemente, sua voz se enrolando no nome dela daquela maneira carinhosa que só soava certa na voz do humano Harry. — É só pra relaxar, você, hm, está, hm, cheirando muito bem.

Com isso minha humana riu verdadeiramente e foi em direção ao banheiro, e eu fiquei ali em frente ao humano Harry. Ele suspirou pesadamente, parecendo desorientado e foi até aos armários em busca de algo para que ele pudesse fazer a comida dele.

— Ai Dior, tomara que eu consiga agradar o paladar de sua dona. — Ele resmungou, baixo o suficiente para que minha humana não ouvisse, mas alto o suficiente para que eu pudesse escutar. 

Ele começou a mexer nas coisas e cheiros diferentes começaram a rondar a cozinha e tudo parecia se encaminhar para um bom fim, que com alguma sorte, envolveria eu e alguns bons pedaços de carne bem suculenta. Tudo estava indo muito bem, o humano Harry não havia mentido quando disse que sabia fazer comida, porém quando minha Ginny apareceu de repente ao seu lado, usando um short e uma blusa de mangas, duas coisas aconteceram em rápida sucessão:

As almôndegas que estavam nas mãos do humano de cachos caíram no chão e seu rosto ficou totalmente corado, assim como seu pescoço. Ao ver o desastre que o amigo havia feito, a humana ruiva apenas riu e bateu levemente no braço do humano Harry e saiu em busca de uma pá para limpar a sujeira.

No final, a noite acabou seguindo calmamente e eles comeram macarrão com almôndegas levemente uniformes com muito molho de tomate e eu ganhei as almôndegas que haviam caído no chão, e elas estavam maravilhosas, então provavelmente a comida deles também deveria estar tão boa quanto a minha. Depois do jantar, os dois humanos lavaram os pratos e arrumaram a cozinha, e eu fui descansar em meu sofá. Minha barriga estava cheia e eu estava tão quentinha que acabei adormecendo ali mesmo com o som da conversa calma entre os dois e às vezes uma risada leve de minha humana.

Quando acordei, a lua ainda brilhava através das cortinas e  minha humana e o humano Harry estavam aconchegados no sofá, a cabeça dele deitada no ombro dela e os pés dela entrelaçados nas pernas dele. Eu saio do meu lugar no sofá e vou até minha caixa de areia, e após meu ritual: fazer xixi, colocar a areia em cima e apalpar bem direitinho, eu bebo minha água e volto para o sofá e me deito em cima da cabeça do humano Harry.

    Quando o dia amanheceu e eu acordei pela segunda vez no sofá, eu vi que o humano Harry sorria para minha humana, e ali soube que deveria ajudá-lo a conquistar minha humana. 

 

XXX

 

Nós acabamos caindo em uma rotina confortável onde o humano Harry aparecia em nossa caixa de metal pelo menos uma vez por semana, e isso era bom, realmente bom, mas só tinha um problema: eles eram burros. No começo, eu entendia que minha humana deveria esperar pelo medo dela por humanos passar, mas já haviam passado tantas luas e sóis que já estávamos perto do solstício de inverno e o humano Noah havia sumido ainda durante a época das flores! E outros humanos machos entraram e saíram de nossa caixinha tantas vezes que eu nem mesmo lembrava do nome, cheiro ou voz da maioria.

Não importava o quanto eu tentasse fazer com que eles falassem que estavam interessados, eles sempre estavam interpretando errado minhas ajudas. Por exemplo: uma vez, eu sorrateiramente capturei uma deliciosa lagarta das plantas do vaso grande que ficava no espaço verde e coloquei ao lado do prato de comida do humano Harry, mas quando ele viu o que estava ao seu lado, ele apenas riu e colocou de lado.  No entanto, quando eu coloquei um rato morto na banheira ao lado da minha humana e fiz parecer que havia sido o humano Harry quem lhe deu, muitos gritos aconteceram, então talvez presentes não fossem a melhor das opções.

    Todas as vezes que eu tentava alguma coisa com o humano Harry, ele apenas ria e brincava sobre aquilo, e nem mesmo quando eu propositalmente fiz os dois baterem suas cabeças, eles entenderam o recado. Cansada de ser mal interpretada, eu resolvi apenas observar o que os humanos faziam nos filmes para conquistar seus parceiros de vida.

    Após ver muitos humanos chorando, gritando e tomando decisões estúpidas percebi que nós gatos éramos muito melhor resolvidos que eles, mas que se eu quisesse que alguma coisa funcionasse, precisaria pensar igual um humano, eu precisaria ser idiota. Uma luz brilhou em minha cabeça e eu apenas sabia o que fazer. 

    Em um dos dias em que o humano Harry estava aqui, eu me sentei na mesinha do centro e os observei, eles estavam próximos e assistiam a grande tela. Eu ainda estava pensando em como faria minha humana colocar suas patas nas do humano Harry e as beijar, quando duas pessoas começaram a beijar na grande tela.Era isso! 

Eu iria apontar para eles o que eles deveriam fazer com meu rabo!

    Pulei da mesa de centro e comecei a falar:“Humana Ginny! Humano Harry!” e quando eles olharam em minha direção usei todo meu controle para ficar nas minhas patas traseiras e apontei para a televisão. “Vocês devem fazer isso! Vocês são destinados, e precisam encostar suas bocas.” Mas tudo o que eles fizeram foi me encarar desconfiados, bufei irritada e tentei novamente, mas dessa vez com meu rabo.

    — Dior, o que foi? — Perguntou o humano Harry quando pela terceira vez eu apontei para a grande tela com meu rabo. Tanto ele quanto minha humana tinham seus olhos em mim, mas ainda assim não pareciam capazes de entender o que eu lhes mostrava.

    “Humano Harry, olhe para a grande tela e os imite!”  Ordenei usando meu melhor tom convincente, mas tudo que o humano fez foi me pegar no colo. Se eu soubesse fazer o som que os humanos faziam quando estavam com raiva, eu teria o feito naquele momento, mas como não sabia, tudo que eu fiz foi miar tristemente. 

— Meu amor, o que você tem? — Perguntou minha humana com os olhos preocupados e eu tentei, pela última vez, apontar diretamente para a imagem congelada na tela, mas de nada adiantou.

— Ginny, eu tenho a impressão que ela quer falar alguma coisa. — Sugeriu o humano de cachos e eu quase pulo em felicidade quando escuto as palavras saírem de sua boca. Finalmente!

— Mas o que a Dior teria para nos falar, Har?

— Eu não sei, ela parece tá apontando para a tv.

“Vocês só podem estar brincando comigo.” Falei irritada e eles apenas me olham ainda mais curiosos, suas mãos indo em direção do meu pelo ao mesmo tempo e se chocando no caminho. E lá estava, aquele olhar doce e cheio de sentido que eles estavam trocando há tantos sóis que eu nem sabia mais como era olhar para um humano que não estava assim.

— Hm, me desculpa, Gi. — Pediu o humano Harry com as bochechas coradas desviando os olhos de minha Ginny, enquanto ela fazia o mesmo. Sibilei baixinho e eles me olham ainda intrigados, minha humana se inclinou para me pegar, mas eu pulei na hora e assim eles acabam entrelaçados.

— Harry… — Suspirou minha humana com um olhar perdido em seu rosto, suas bochechas ainda mais vermelhas, suas mãos no peito do humano de cabelos cacheados. Seus narizes se encostaram e os cabelos dela caíam por seus ombros, exatamente onde a mão do humano estava.

Carinho… — Sussurrou o humano Harry a olhando com carinho, e parecendo totalmente hipnotizado por minha Ginny. 

As patas dele passaram pelo rosto dela lentamente, primeiro na testa, depois por cima dos olhos, que ela havia fechado no momento em que as mãos dele a tocaram, pelo nariz e pela boca. Minha humana abriu os olhos e eles se encararam por um batimento cardíaco e então, finalmente, finalmente, ela se inclinou e pressionou os lábios junto aos dele. Ele retribuiu e eles ficaram dessa forma por muitos, muitos, muitos batimentos cardíacos, e eu apenas pulei entre eles para os separar, afinal não havia necessidade de me excluir disso, já que eu os havia juntado. 

A ruiva riu jogando sua cabeça para trás e o humano Harry a seguiu, de uma forma mais quieta, mas a seguiu.

— Dior, você é muito ciumenta!

— Ela não está errada, Ginny, afinal foi a ideia dela, né, Dior?

— Não seja bobo, H!

“Humana ingrata, eu te mostro o amor da sua vida e você nem me agradece.” Resmunguei me aconchegando ainda mais no humano e me afastando de minha humana, que ao ver apenas riu ainda mais e depois deitou-se ao lado dele. Uma das patas dele ainda estava nela, na verdade, junto da pata dela, mas a outra estava em mim, me acariciando com carinho. Me sentindo amada, ronronei próxima ao peito dele e sorri. 

Era bom estar daquele jeito com eles.

    — Harry, você quer namorar comigo? —Perguntou minha humana depois que o que passava na grande tela já havia acabado e todos nós estávamos na cama dela debaixo de um cobertor quentinho. O humano Harry apenas a olhou com carinho e a beijou nos lábios bem levemente.

    — Eu não sei, Ginny, quem sabe se você me pedir de novo… — Ele a respondeu com um sorriso sapeca o qual ela respondeu com uma travesseirada no braço. O humano de cachos riu gostosamente e beijou mais uma vez, mais longo dessa vez. Longo o suficiente para que eu tivesse que os impedir de me esmagar conforme eles se mexiam pela cama.

    — Você é um idiota, Potter. — A ruiva reclamou, mas o sorriso em seu rosto tirava toda a credibilidade que ela poderia ganhar com seu, falso, olhar irritado. E seus cabelos bagunçados também não a ajudava muito, se eu fosse ser sincera.

    — E você me ama mesmo assim.

    — Amo mesmo. — Minha humana concordou bobamente e o encarou com carinho que parecia transbordar dos olhos dela. — E então você aceita?

    — Sim, Ginny, eu aceito ser seu namorado, — ele concordou com um sorriso, pontuando cada palavra com um pequeno beijo. — de novo.

    Minha humana de estimação o bateu mais uma vez, e ele riu, e apenas deixei que tudo isso acontecesse porque afinal esse humano era o humano que a fazia sorrir, e se eu fosse sincera, eu já o amava também.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e deixem comentários pq quero saber a opinião de vcs auhauahuahuahua
beijinhos e até sextaaa♥33



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