Normal escrita por fanstalk


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi oiii galera!!

Espero que vocês gostem dessa one, ela tem uma vibe bem família e a escrita dela é tipo roteiro para entrar mais no clima de documentário e tudo mais hehehe

Essa história foi criada para o desafio #2020daDiversidade do mês de AGOSTO, que pde para falarmos sobre movimentos/tribos sociais.

Espero que gostem!

LEIAM AS NOTAS FINAIS!!



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[Hazel liga a câmera. O cenário é uma sala de estar familiar.]

[Hazel]: Olá a todos. Eu sou Hazel Marie Levesque do primeiro ano D do Complexo Elementar Escolar Terminus de Nova Roma. Para o trabalho de sociologia, foi pedido que nós alunos fizéssemos um pequeno vídeo sobre tribos sociais. Para esse trabalho irei entrevistar a mim e à minha família com perguntas padronizadas.

[Corta a cena. Tela preta.]

[Hades aparece em uma cadeira com uma estante de livros atrás. O nome, idade e profissão aparecem em uma espécie de vinheta no canto inferior esquerdo da tela.]

[Hazel fora do quadro]: Se apresente falando seu nome completo, profissão, idade e tribo social.

[Hades]: Ok. Olá, meu nome é Hades Pluto Di Angelo, tenho 46 anos , sou advogado e punk.

[Hazel fora do quadro]: Você pode nos falar um pouco sobre o movimento punk? A história do movimento e seus ideais.

[Hades]: Bom, o movimento punk começou mais ou menos na década de 1970 e era, acima de tudo, um movimento de contracultura, era sobre ir contra tudo o que a massa queria empurrar para as pessoas. Esse movimento começou nas periferias da Inglaterra, logo depois da Segunda Guerra Mundial, então você pode imaginar o caos que estava tudo com ondas de desemprego, reajustes, ordens de controle da população... Um caos!

[Hazel fora do quadro]: E foi assim que surgiu como um todo?

[Hades]: Não exatamente. A população mais humilde estava sofrendo uma grande onda de injustiça, e era sobre protestos, mas a cultura punk se espalhou mais quando migrou para arte. Todos os tipos de protestos acabam ou começam na arte, e com o punk não foi diferente. As letras tinham um instrumental mais bruto, as letras eram diretas sobre lutar pelos direitos... Tudo isso influenciou o lema do movimento punk, o famoso “Do It Yourself”, faça você mesmo. Disso também surgiu a ideia de ir contra o sistema e fazer seu próprio sistema, daí o vínculo com a ideia do anarquismo político.

[Hazel fora do quadro]: E quando esse movimento chegou para você? Como você começou a se identificar com o sistema?

[Hades]: Bom, apesar de ter descendência italiana, eu nasci na Inglaterra. Eu não era das periferias de onde surgiu o movimento, mas eu sempre tive essa ideia de que todos deveriam ter uma parte do tesouro para ninguém ter privilégios. O punk começou a ser divulgado quando eu era um adolescente, então a minha mente era ainda mais aberta para esse tipo de coisa, foi quando eu ouvi Sex Pistols pela primeira vez. Muitos do meio punk acabaram dentro dessa tribo por conta dessa música do Sex Pistols. Ela era direta, provocadora e ela era... Ela era tudo que se precisava ouvir para pensar que se podia mudar o mundo. Foi quando eu ouvi a música pela primeira vez que eu percebi que tinha me achado.

[Hazel fora do quadro]: Qual era a música?

[Hades sorrindo]: Anarchy in the U.K. “Não sei o que eu quero. Mas sei como chegar lá”. Poético, direto, político.

[Hazel fora do quadro]: Como você explica as vestimentas características do movimento e a ascensão delas no meio popular?

[Hades]: O movimento punk, ele era contra a massa, portanto era contra o capitalismo e tudo que ele gerava de caos. Por causa disso, as roupas que são chamadas de punk são rasgadas, porque são roupas usadas, roupas velhas que não estimulam o consumismo, roupas que você poderia comprar no brechó ou herdar de algum parente. As cores escuras eram também um sinal de protesto, geralmente as roupas eram pretas ou vermelhas para demonstrar a contrariedade das coisas. Piercings e tatuagens mostravam também essa ideia de ir contra o que era “padrão”.

[Hazel fora do quadro]: E sobre a ascensão do movimento punk na mídia?

[Hades]: O movimento punk nunca se incorporou à grande massa, mas a grande massa se incorporou do meio punk. Vivienne Westwood ficou muito famosa no meio punk por massificar nossas vestimentas num tom de protesto, foi essa ousadia que estimulou o consumismo em cima de uma cultura punk, mas também inspirou uma nova geração de movimentos a se fundamentarem.

[Hazel fora do quadro]: Se você pudesse citar a coisa mais importante que o movimento punk te trouxe, qual seria?

[Hades]: Minha família.

[Hazel fora do quadro]: Gostaria de desenvolver melhor essa resposta?

[Hades]: Bom, as mulheres com quem eu me relacionei, eu conheci todas por meio de protestos e ideias que o movimento punk me guiou. Todas as mulheres com que eu tive uma família se identificavam com o movimento punk, as mães dos meus filhos e a madrasta deles, todas punks. Então o movimento punk me deu um senso de família que eu nunca tive a oportunidade de realmente conhecer, e isso me deu ainda mais senso de independência e justiça.

[Hazel fora do quadro]: Ok. Agora, para finalizar, qual a banda, além de Sex Pistols, que você tem como sua favorita?

[Hades]: Green Day, com certeza. Ouçam American Idiot.

[Corta a cena. Tela preta.]

[Nico aparece no mesmo ambiente que Hades estava. Ele carrega um refrigerante nas mãos. O nome, idade, profissão aparecem em uma espécie de vinheta do canto inferior esquerdo.]

[Hazel fora do quadro]: Olá, poderia cumprimentar a todos revelando à todos seu nome completo, idade, profissão e tribo social?

[Nico]: Olá a todos, meu nome completo é Nico Cornelius Di Angelo, tenho 18 anos, sou estudante sênior e emo.

[Hazel fora do quadro]:  Conta para a gente o que é o movimento emo e como ele chegou na sua vida.

[Nico]: Hm, o movimento emo começou na década de 1990 e veio um pouco aí do movimento punk e do movimento rock, só que com a ideia inédita de ser uma música mais melancólica e triste. “Emo” é uma abreviação do termo “emotional hardcore”, ou seja, emocional ao último nível. O movimento emo traz um contexto que ficou bem popular também nos anos 2000 porque ele incentivava o descobrimento do seu lado mais emocional, e falando como um futuro estudante de psicologia, esse é um lado muito importante na vida das pessoas para elas conseguirem se ver como um indivíduo.

[Hazel fora do quadro]: E como esse movimento chegou na sua vida? Quando foi que você parou e percebeu “nossa, é isso, eu sou emo!”?

[Nico]: Eu tinha 10 anos na época, meu pai decidiu que ia se divorciar da minha mãe, eles nunca foram tecnicamente casados, mas estavam se separando e isso é bem complicado para uma criança que acha que seus pais nasceram um para o outro. Logo depois dessa separação, houve um acidente horrível e nem minha irmã Bianca, nem minha mãe sobreviveram.

[Hazel fora do quadro]: Sinto muito, Nico.

[Nico]: Tudo bem, Hazzy. O fato é que naquela época ainda tinha muito um padrão de “homens não choram”, e mesmo que meu pai tentasse me proteger disso, eu era constantemente atingido.

[Hazel fora do quadro]: E como isso te fez chegar ao movimento emo?

[Nico]: Eu tive que fazer terapia na época e era muito complicado porque eu não conseguia abandonar o luto, até que minha terapeuta falou que eu tinha que sentir a dor e tinha que me permitir chorar e sentir tudo o que eu sentia, senão eu dificilmente sairia do ciclo do luto. Ela disse: “você gosta de música?” e eu disse que sim, então ela falou: “por que você não procura uma música que te faça entender esse sentimento?”. Foi assim que eu parei no movimento emo.

[Hazel fora do quadro]: E você achou a música?

[Nico]: Achei. Boys Don’t Cry. Na época, estava em todas as paradas, eu me identifiquei tanto. E daí eu fui procurando batidas similares e me adentrando em toda a ideologia do movimento emo.

[Hazel fora do quadro]: E hoje em dia, quais são suas bandas emo favoritas?

[Nico]: Bom, isso é bem comum no meio emo, mas eu tenho que dizer que “My Chemical Romance” e “Panic! At The Disco” têm sempre um lugar nas minhas playlists.

[Hazel fora do quadro]: E você pode explicar um pouco do comportamento de pessoas emos, das roupas e da forma como elas são vistas na sociedade?

[Nico]: As pessoas emos se vestem muito com cores escuras, usam maquiagens carregadas, piercings, pintam o cabelo, tudo isso é uma forma de se expressar. Como eu disse, o movimento é muito aberto à sensibilidade das pessoas e do descobrimento delas, então elas experimentam muito na sua experiência, as cores escuras são um reflexo do estilo das músicas que são mais emotivos e reflexivos. Então é muito comum você encontrar pessoas emos com boa parte das roupas em tons escuros e uma peça de roupa bem colorida ou estampada.

[Hazel fora do quadro]: E sobre como as pessoas veem esse movimento?

[Nico]: O movimento emo, ele é sobre emoções, eu meio que estou me repetindo, mas é importante frisar isso, porque é isso que movimenta nossas ações e aparência. Geralmente, é muito comum haver piadinhas LGBTfóbicas sobre o movimento, até porque quem se identifica são pessoas sensíveis, que querem permissão para serem emotivas e fugir de um padrão, e muitas dessas pessoas acabam se descobrindo LGBTs depois. O movimento também tem uma pauta de falar sobre saúde mental, algumas pessoas romantizam isso, então tem esse olhar sobre o movimento como se acreditassem que todos dentro do movimento tem uma saúde mental instável e é favorável ao suicídio e à mutilação, o que não é verdade.

[Hazel fora do quadro]: Nico, qual foi a coisa mais importante que o movimento emo te deu?

[Nico]: Liberdade emocional.

[Hazel fora do quadro]: Explica um pouco melhor.

[Nico]: Antes de me entender dentro desse movimento, eu tentava entrar dentro de um padrão e falhava miseravelmente. Eu queria ser sociável, mesmo sendo introvertido e bem tímido, eu queria fazer coisas que eu não me sentia bem fazendo, depois que eu me entendi emocionalmente, eu pude entender que eu não posso ultrapassar o meu limite, eu tenho que considerar que eu tenho liberdade para sentir o que eu quiser e fazer o que eu quiser.

[Hazel fora da caixa]: E qual música emo te faz se sentir bem consigo mesmo?

[Nico]: Por muito tempo foi “Boys Don’t Cry”, mas hoje em dia é “Teenagers”.

[Corta a cena. Hazel aparece novamente na sala em estilo familiar do início do vídeo.]

[Hazel]: Então, eu acabei de entrevistar meu pai e meu irmão mais velho sobre as tribos sociais deles, e a gente percebe um pouco da razão da identificação. Como dito antes, eu vou falar da minha tribo social.

[Hazel bebe água de uma garrafa.]

[Hazel]: Eu me identifico com o movimento indie. O indie começou desde mais ou menos 1980 e é uma abreviação do termo “independente”. O indie não tinha uma pauta fixa, como emoções, por se tratar de artistas que não faziam parte do meio midiático, as pautas eram sobre situações em geral, sobre ser jovem, sobre ter experiências. Na década de 1990, bandas como “Nirvana” acabaram entrando no meio midiático e abordando o indie através de uma derivação: o grunge.

[Hazel tosse um pouco engasgada com a água que bebeu e volta a olhar para a câmera]

[Hazel]: O indie é sobre artistas independentes querendo divulgar sua visão do mundo, eu acho que isso me atraiu para esse movimento. Eu tenho a arte como uma coisa muito importante na minha vida, e eu facilmente viveria de arte, eu praticamente respiro arte, então o movimento indie me traz uma grande identificação de mim mesma em geral.

[Hazel]: Geralmente as pessoas indies tem roupas de vários aspectos diferentes, ou seja, as roupas deles são roupas com aparência mais confortável, porém com aquele toque único. Uma camiseta de estampa popular, mas num tom diferente, um All Star com cores mais distintas, como amarelo, jeans com rasgos ou customizados, etc.

[Hazel]: O indie tem vários nuances, eu comecei ouvindo um indie rock, como arctic monkeys, mas hoje em dia, eu ouço indie pop ou similar. Minha música favorita costumava ser “Mardy Bum” do Arctic Monkeys, mas hoje é “Don’t Tell Me” do Ruel. Para aqueles que buscam conhecer mais do indie, eu recomendo muito Troye Sivan, Alessia Cara e Cage The Elephant.

[Hazel]: O indie trouxe para mim a esperança de que toda ideia é válida e que todo sonho pode ser alcançável através do estímulo certo.

[Hazel]: Obrigada a todos pela atenção. Encerro aqui este pequeno documentário familiar.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?

Eu particularmente amei cada coisinha, mas a Hazel indie para mim foi ">>>>>>>>>>" como já diriam os cultos kkkk tudo o que foi falado aqui teve uma pesquisa por trás, então se em algum momento eu falei algo que não fez sentido, mandem um comentário, ok?

Não esqueçam de favoritar a história, colocar nos acompanhamentos de vocês e deixem um comentário bem bonitinho, viu?

meu twitter: @pipeynaallstark

Até a próxima?

Xx

Lah ♥



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