Carry On escrita por Saori


Capítulo 1
Carry On.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, eu ainda tô chorando pelo final, mas decidi fingir que foi apenas um surto coletivo. Tudo bem fazer isso, né? Enfim, eu escrevi essa coisinha bem simples aqui, porém aos prantos. Me perdoem qualquer erro e boa leitura!



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Os irmãos entreolharam-se por breves segundos, em silêncio, como se não soubessem exatamente o que dizer. Uma infinidade de dúvidas rondava as mentes curiosas, que questionavam o futuro imprevisível que viria. Sem livros do Chuck, sem serem tratados como meras marionetes. Agora, eles não eram mais histórias a serem contadas. Eram apenas Sam e Dean, no controle de suas próprias vidas, como era para ter sido desde o início.

— Então, o que vem agora, o tal final feliz dos contos de fada? — Dean finalmente indagou, com uma expressão um tanto quanto confusa.

Sam tentou prender o riso, mas todos os seus esforços foram em vão. Uma gargalhada leve e descontraída deixou os seus lábios, de modo tão contagiante, que o irmão logo começou a rir também.

— O que foi? Eu também tenho o meu direito a um príncipe encantado. — Dean piscou, brincalhão, e, consequentemente, Sam gargalhou ainda mais.

Foi naquele momento, de genuína risada e descontração, que eles perceberam que não se lembravam da última vez que sentiram-se assim, tão leves, tão felizes. Aquela era a primeira risada sincera em meses. Sam não se lembrava da última vez que ouvira Dean contar uma piada, já Dean, não se recordava do último momento que ouvira seu irmãozinho gargalhar. Era como se, finalmente, as coisas estivessem se encaminhando da maneira certa, Ainda assim, existia um vazio, algo que não estava certo. Muitas pessoas haviam sido perdidas naquele processo, as pessoas do Apocalipse, Donna, Eileen, Castiel. Todas aquelas perdas pareciam simplesmente injustas e erradas, mesmo para alguém com um histórico de perdas tão grande e desastroso quanto Sam e Dean Winchester.

— Mas, é sério, o que fazemos agora? — Dean insistiu na pergunta, no entanto, dessa vez, soou sério.

Sam respirou fundo, sentido o peso da pergunta sobre seus ombros.

— Acho que agora nós escrevemos a nossa própria história. — respondeu, com um pequeno sorriso nos lábios. Existia um certo alívio naquela afirmação. 

Dean também sorriu, mas não parecia tão sincero. Havia algo que, no fundo, ainda o incomodava e parecia impossível de se aceitar. Sentados um de frente para o outro, em torno da mesa, no bunker, o irmão mais velho passou a mão direita pelas marcas com as iniciais e nomes lá gravados. Mais uma vez, Sam suspirou, frustrado, sentindo-se, de certo modo, impotente. Queria ser capaz de trazer todos de volta, afinal, eram sua família. Cada um deles.

— Sinto falta do Cass. — Dean desabafou, por fim, com um ar de tristeza. Ainda que sentisse que não podia fazer nada, precisava dizer aquelas palavras. — Ele morreu na minha frente, Sam, por mim. E eu não pude fazer nada.

— Dean... — ele levou uma das mãos até o ombro do irmão, em uma carícia simples, que servia como uma espécie de consolo. — Não foi culpa sua. Nós podemos... Talvez possamos falar com o Jack! — falou, esperançoso. Nunca foi segredo que Sam sempre foi o mais esperançoso entre os dois.

— Sam, você sabe bem que, se o Jack pudesse fazer isso, já teria feito. Cass era família dele também.

Ele abriu e fechou a boca algumas vezes, na esperança de lhe vir uma ideia brilhante, mas não tinha nada para dizer. Ao menos, nada que parecesse realmente efetivo.

— Podemos pesquisar, Dean, vamos encontrar algo.

— Sam, eu não acho que... — antes que pudesse concluir, o irmão o interrompeu.

— Não desistimos de família.

De um segundo para o outro, todos os argumentos de Dean pareceram inválidos. Sam estava certo. Se havia algo que os irmãos Winchester tinham aprendido naquela longa estrada, certamente foi a não desistir, especialmente quando se tratava de família.

— Eu estava mexendo nos livros e achei uma coisa. — Sam falou, e, em seguida, sugiu um singelo sorriso nostálgico nos lábios.

Um pouco afobado, ele vasculhou os bolsos de sua jaqueta, de onde retirou uma foto, que estava levemente amassada. A imagem era em preto e branco, nela estavam Castiel, Sam, Dean, Bobby, Ellen, todos com cara de espanto logo após Cass ter afirmado que morreriam. Infelizmente, esse fora o destino das Harvelle, mas, ainda assim, ambos guardavam a lembrança daquela fotografia com muito carinho. O sorriso que surgiu nos lábios do Dean foi pequeno, quase imperceptível. Era difícil de acreditar tinham perdido tantas pessoas naquela jornada insana que a vida de um caçador proporcionava. Era como uma grande maldição que os perseguia e atormentava frequentemente, até mesmo em seus sonhos. Contudo, ainda assim, havia gratidão pelo simples fato de cada uma daquelas pessoas terem cruzado seus caminhos.

— Lembra desse dia? Achávamos que estávamos enfrentando o maior perigo de nossas vidas, quando, na verdade, tinha coisa muito pior por vir. — riu, sarcástico.

— Eu... — Sam foi interrompido pelo próprio som do celular tocando.

Arqueou as sobrancelhas em um semblante de dúvida e, agitado, apalpou os bolsos frontais da calça, à procura do aparelho. Foi uma questão de segundos até que ele retirasse o celular do bolso e lesse o nome que aparecia na tela. Seus olhos arregalaram-se, em um misto de espanto e esperança, enquanto, aos poucos, enchiam-se de lágrimas que ele lutava para não derramar. As mãos, agarradas ao celular, como se aquela fosse a coisa mais importante do mundo, estavam trêmulas. Preocupado pela reação exagerada de Sam perante uma mera ligação, Dean levantou da cadeira e deu meia-volta na mesa, correndo na direção do irmão.

— Sam, o que... — ele não terminou a fala, apenas arregalou os olhos, também surpreso.

A tela exibia o nome "Eileen", que, aparentemente, solicitava uma chamada de vídeo.

— Atende isso, Sam! — Dean falou, quase como uma ordem.

Apenas com aquele quase-grito, o Winchester despertou do seu transe. Ele deslizou o polegar sobre a tela, finalmente atendendo à chamada. Assim que o fez, deparou-se com a imagem de Eileen, que sorria, como se nada houvesse acontecido. O mais puro e belo dos sorrisos, que fez Sam respirar aliviado quando teve certeza de que aquilo não era um sonho ou uma brincadeira de mau gosto. Lá estava Eileen Leahy, cheia de vida, logo após Sam tê-la perdido duas vezes.

— Oi, Sam. — a menina verbalizou, ao mesmo tempo em que repetia as palavras na linguagem de sinal.

— Eileen... — ele ainda estava descrente de tudo o que estava acontecendo. Como se não fosse acreditar até vê-la cara à cara, bem na sua frente. Até poder tocá-la, seria como se ela pudesse deixá-lo novamente a qualquer segundo. — Você está...

— Viva? — ela completou, antes que ele terminasse a  pergunta que nem sequer tinha coragem de concluir.

Sam engoliu seco e, por um momento, desviou o seu olhar para Dean, que balançou a cabeça sutilmente, como se dissesse que não tinha ideia do que estava acontecendo. Rapidamente, seus olhos se voltaram para Eileen novamente.

— Eu também não sei bem como aconteceu. — explicou, parecendo um pouco frustrada, mas, ao mesmo tempo, feliz. — Eu só apareci aqui... de repente.

— Chegaremos aí em alguns minutos. — ele falou, preocupado ao simplesmente pensar na possibilidade de perdê-la mais uma vez. — Por favor, não saia de casa, eu... Eu não sei o que eu faria se... — nem sequer conseguiu terminar aquela frase, de tão cruel que soava.

— Não se preocupe, eu não vou sair. — falou, sorrindo. — Estarei te esperando. Adeus, Sam.

— Te vejo logo.

— Eu dirijo. — Sam nem precisou dizer nada para que Dean tomasse uma iniciativa.

O fato era que Dean moveria montanhas pelo seu irmãozinho e ver aquela simples fagulha de felicidade, aquela breve oportunidade de um final feliz para Sam, o fazia querer contribuir o máximo que conseguisse. Afinal, cuidar do seu irmão mais novo sempre foi a sua maior responsabilidade, o seu dever como um irmão mais velho. Sam Winchester era o seu maior orgulho.

Em passos rápidos, ambos dirigiram-se até o Impala. Dean retirou a chave do carro de bolso e, em poucos segundos, já estavam na estrada, rumo à casa de Eileen. Sam permanecia trocando mensagens com ela, com receio de que ela o parasse de responder a qualquer instante, como da última vez. Não suportaria ter que passar por isso de novo. Sua perna direita tremia de ansiedade, balançando de baixo para cima, enquanto os dedos moviam-se rapidamente sobre a tela do celular, como se precisasse responder às mensagens com urgência. Dean observava tudo com o canto de olho, mas sem tirar os olhos da estrada.

— Fique calmo, Sammy. — Dean proferiu, despertando a atenção do irmão. — Já estamos chegando, e ela não vai a lugar algum.

— É difícil de acreditar nisso depois de tudo.

— Você é o irmão esperançoso aqui, Sammy, então não comece. — falou, tentando parecer descontraído. — É logo ali. — Dean moveu a cabeça, sinalizando a casa de Eileen.

As luzes da casa estavam acesas, mas, olhando de fora, não havia qualquer movimentação visível. Assim que o impala estacionou, Sam saltou para fora, ansioso, e correu até a porta da casa de Eileen. Ela disse que deixaria a porta aberta, para que ele entrasse direto quando chegasse. Ele levantou uma das mãos em direção à maçaneta, mas não a girou. Havia uma espécie de receio nele, uma hesitação que, particularmente, ele detestava. Dean chegou logo atrás dele e respirou fundo.

— Anda, Sammy, não seja um medroso e abra logo essa porta. Ela está esperando por você bem ali!

— Você está certo.

Aquelas eram as palavras de coragem que ele precisava para finalmente tomar uma atitude. Aos poucos, ele girou a maçaneta e, em passos lentos, guiou-se pelo corredor, até chegar na sala de estar. Lá estava Eileen, sentada sobre o sofá, com um livro em mãos e o celular ao seu lado, tentando conter a própria ansiedade. Quando se deu conta da presença de Sam, rapidamente fechou o livro e, em um pulo, já estava de pé.

Nenhum deles hesitou. Eileen correu na direção dele e o envolveu em um abraço. Sam retribuiu, enlaçando-a pela cintura, pressionando seu corpo contra o dela e abraçando-a com força, como se precisasse garantir que ela não iria embora novamente. Depois de alguns poucos minutos e de um pigarro falso de Dean Winchester, eles se afastaram. No entanto, antes de soltá-la por completo, Sam depositou um beijo carinhoso em sua testa.

— Que lindo, dois pombinhos apaixonados! — o mais velho brincou, fazendo com que Sam risse, um pouco sem graça.

— É bom te ver também, Dean. — Eileen se pronunciou, sorridente e brincalhona.

— Eileen, nós... — Sam levou uma das mãos até o cabelo, ajeitando os fios compridos que caíam levemente sobre o seu olho direito. — Gostaríamos que passasse alguns dias conosco do bunker, você sabe, só para garantir que...

— Que eu não vou morrer de novo... — ela completou, um pouco sem ânimo. — Eu entendo.

— Você não vai. Eu não vou deixar nada acontecer com você. — Sam afirmou, completamente convicto de suas palavras. — Não dessa vez, Eileen.

— Sam... — um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. — Não foi culpa sua. Nenhuma das vezes.

— Se eu tivesse chegado antes, eu...

— Eu teria desaparecido do mesmo jeito. Como todo mundo. — ela segurou uma das mãos dele, tentando acalmá-lo. — Nunca foi sua culpa. — Ao notar o olhar nada discreto de Dean voltado para os dois, ela deu um passo para trás. — Eu vou arrumar a minha bolsa, já volto.

— Você precisa de ajuda? — Sam ofereceu, era como se, agora, não quisesse sair do lado dela nem mesmo por um único segundo.

— Acho que não. Fique aqui com o Dean. Podem ver TV se quiserem, eu não vou demorar.

— Mas...

— Sam, está tudo bem, eu estou aqui. — ela sorriu, serena. — E não vou a lugar algum. 

— Ok. — respondeu, tentando parecer mais tranquilo, mesmo que estivesse completamente inquieto internamente. 

Eileen virou-se de costas e seguiu por um curto corredor, até que adentrou uma das portas à direita e sumiu do campo de visão dos rapazes.

— Sam, se ela voltou, você acha que aconteceu o mesmo com os outros? — Dean indagou, com uma pontada de esperança. — Quero dizer, o pessoal do apocalipse, a Donna...

— Acho que sim. — concordou, acenando positivamente com a cabeça. — Faria sentido. Isso tudo... Você acha que foi o Jack?

— Eu tenho certeza. — um sorriso brotou nos lábios do Dean, que, por um momento, viu-se feliz novamente.

— Obrigado, Jack. Te devemos uma.

— Cara, você acabou de... Orar? — Sam arqueou as sobrancelhas, em confusão. — Quer dizer, se você está falando com Deus, isso quer dizer que...

— Sam. Pare. — o irmão respondeu, balançando a cabeça de um lado para o outro. — É o Jack, é só o Jack.

— É, tem razão. — ele deu de ombros e riu baixinho.
— Acho que é isso. — Eileen apareceu novamente na sala, carregando uma bolsa cheia na lateral do corpo.

— Então, cunhada, vamos? — Dean sugeriu, já caminhando em direção à porta.

Sam deu uma leve cotovelada no irmão, que parecia estar querendo fazê-lo passar vergonha, como qualquer irmão mais velho convencional faria. Exceto pelo fato que não havia nada de convencional entre eles.

— Espera, Dean... — Eileen o chamou, fazendo-o se virar automaticamente. — Eu também senti a sua falta. — ela piscou e riu baixinho.

— Eu realmente gosto dela. — Dean proferiu para Sam, em um sussurro, mas Eileen conseguiu ler cada palavra claramente, o que resultou em um sorriso.

— É, eu também. — Sam respondeu, e o sorriso nos lábios de Eileen apenas pareceu aumentar ainda mais.

Não demoraram muito para chegar ao bunker. Durante todo o trajeto, fizeram questão de contar à Eileen cada detalhe dos últimos dias, desde o que aconteceu com Chuck até a perda de Castiel, que causou um silêncio quase dilacerante até que chegassem ao destino. Nenhum deles havia aprendido a processar aquela informação ainda. Era como se esperassem que, a qualquer momento, Cass fosse atravessar a porta, como se nada tivesse acontecido. Como se ele ainda estivesse vagando por aí, mas apenas estivesse ocupado demais para retornar para casa.

Eles saíram do impala e adentraram o bunker. Foram surpreendidos ao serem recebidos por Miracle, que havia sido deixado dormindo no quarto do Dean. De fato, ele havia criado muita afeição por aquele cachorro tão adorável, que tinha sido um dos melhores feitos desde a derrota de Chuck.

— Bom garoto, bom menino. — Dean proferiu, enquanto se abaixava para fazer carinho no cachorro.

— Vocês me contaram tudo aquilo e esqueceram de me dizer que adotaram um cachorro? Imperdoável. — Eileen falou, brincalhona, e sorriu junto com Sam.

— Ei, Miracle, onde você está indo? — uma voz familiar proferiu.

Sam e Dean congelaram por um instante, sem acreditar no que estavam ouvindo. Encontravam-se completamente incrédulos enquanto encaravam a figura masculina na frente deles. Nenhum deles moveu um músculo. O outro homem, por um instante, pareceu tão descrente quanto os irmãos, mas, ainda assim, foi ele quem tomou a iniciativa.

— Sam, Dean. É muito bom ver vocês de novo. — Castiel falou, com um sorriso sereno em seus lábios. — Muito bom mesmo. — deu ênfase, quando percebeu que os dois permaneceram inertes.

— Cass, é você mesmo? — Dean finalmente proferiu. Era como se um filme passasse por sua mente, e ele relembrou de toda a despedida cruel que tiveram.

— Cass, como... — Sam começou, mas não precisou terminar para que o anjo respondesse prontamente.

— Jack. Ele disse que não foi fácil, mas me tirou do vazio e me trouxe de volta. E trouxe a Eileen também, assim como todos os que Chuck fez desaparecer.

— É, acho que devemos mais uma ao Jack. — Sam respondeu.

Inevitavelmente, Sam correu até Cass, se aproximou e o abraçou forte. De repente, a dor de não ter sequer se despedido de um de seus melhores amigos se esvaia, juntamente com a culpa que o invadia constantemente.

— É tão bom ter você de volta, Cass. — Sam se afastou do amigo, com um sorriso. — Quero dizer, você se foi e eu nem sequer... — ele engasgou com as próprias palavras e não conseguiu terminar a frase. Tentando livrar-se daquele pensamento, limpou a garganta. — Sentimos sua falta.

Sam finalmente se afastou e retornou para o lado do irmão e de Eileen. Ao observar a falta de reação de Dean, que apenas encarava Castiel, como se sua presença fosse uma espécie de ilusão, Sam lhe deu uma discreta cotovelada no braço, fazendo-o despertar do seu estado de devaneio.

— Oi, Dean. — Castiel finalmente referiu-se a ele. Por um breve momento, sentiu-se constrangido ao lembrar da despedida de ambos, tão intensa e verdadeira. O fato era que, mesmo depois de tudo, ainda tinha receio de qual seria a reação do Winchester.

— Cass, eu... — Dean não conseguiu terminar a frase.

As lágrimas preencheram seus olhos, mas não ousou derramar uma única sequer. Como se de repente tivesse se dado conta da presença do anjo, ele correu na direção dele em um impulso. Os braços de Dean o envolveram, deixando Castiel sem reação por alguns instantes, mas ele logo o retribuiu, abraçando-o com força. Estava feliz pela recepção calorosa que havia recebido e, em um instante, todas as inseguranças que possuía sumiram, porque ele sentiu que tudo estava em seu devido lugar.

— Eu não consegui te responder. Você foi embora e eu nem... Eu nem sequer consegui te responder.

— Dean, você não precisa... — Cass insistiu, mas o Winchester fingiu não ouvir.

Ele se afastou do anjo e levou as mãos até o seu rosto, como se ainda se perguntasse se aquilo era real. Como se perguntasse a si mesmo se ele realmente estava  parado ali, bem na sua frente.

— Você também me mudou, Cass. E eu também te amo. — Finalmente respondeu, e foi como se finalmente tivesse retirado um enorme peso de si mesmo. Um peso que carregara consigo desde que Cass partira e não havia contado para ninguém. Nem mesmo para Sam.

Antes que Castiel pudesse responder, o celular de Sam tocou, fazendo com que Cass e Dean olhassem para o rapaz. Eileen, por sua vez, embora não entendesse bem o que estava acontecendo, fez o mesmo.

— Não olhem assim para mim, não é culpa minha. — revirou os olhos, enquanto procurava o celular nos bolsos.

— Alô. — Atendeu ao telefone. — Estranho. — adotou uma feição confusa. — Certo, estaremos aí em algumas horas. — Desligou a ligação e encarou cada um dos três.

— E aí, Sammy, o que era? — Dean perguntou, apreensivo.

— Era a Jody. Parece que ela e a Donna encontraram um caso estranho e precisam de nossa ajuda. Não entendi muito bem do que se trata, mas tem a ver com pessoas desaparecidas. Podemos pensar nisso no caminho. — deu de ombros. 

— Será que não temos direito a um dia de férias? — Dean revirou os olhos.

— Não. E foi você quem insistiu no lance de caçador. — Sam falou, tentando livrar-se da culpa.

— Você sabe, Sammy, salvar pessoas, caçar coisas, o negócio da família. — ele falou, parecendo empolgado, apesar de tudo.

— Então, vamos? — Castiel perguntou, parecendo pronto para uma nova aventura. 

— Certo. — Dean concordou. — Eileen, você vem com a gente?

— Eu sou caçadora também, lembra? — disse, ao mesmo tempo em que sinalizava.

— Sam, eu definitivamente adoro essa garota. — ele proferiu, ao mesmo tempo em que dava dois tapinhas no peito do irmão. — Miracle, voltamos logo. Seja um bom cachorro. — ele se abaixou e acariciou o pelo macio do animal, mas logo se pôs de pé novamente. — Vamos colocar o pé na estrada, pessoal. — Dean falou, retirando as chaves do impala no bolso, enquanto caminhava em direção à porta de saída do bunker.

Os quatro caminharam juntos até o impala, Sam e Dean na frente, Castiel e Eileen no banco de trás. Dean ligou o carro e deu partida, em seguida, ligou o rádio.

— Eu adoro essa música. — Dean disse, sorridente, ao mesmo tempo em que aumentava o som.

— É, eu também. — Sam concordou.

A música que tocava era "Carry On Wayward Son", do Kansas. Sam e Dean cantarolavam, desajeitados, enquanto Castiel e Eileen gargalhavam das notas desafinadas. Fazia tempo que não sentiam-se felizes daquela forma. De fato, eles nunca tiveram uma vida convencional ou uma família feliz, como as pessoas normalmente tinham. Na verdade, não havia absolutamente nada de normal na vida em que levavam desde que nasceram. Foi naquele exato instante de epifania, em um momento tão simples quanto aquele, na estrada, no impala, na companhia de sua família desajustada, que os meninos perceberam seriam capazes de enfrentar quaquer coisa. Afinal, desde o princípio, eles haviam aprendido uma coisa: definitivamente, família não precisa ser de sangue. E eles estavam em casa agora.

Os irmãos entreolharam-se por um breve instante e sorriram um para o outro. E, seja lá o que estivesse por vir, estariam prontos para encarar, afinal, eram os irmãos Winchester. Sam e Dean contra o mundo, como sempre. O que quer que o futuro reservasse, eles não tinham medo ou rancor, porque, agora, finalmente podiam escrever suas próprias histórias, e tudo o que precisavam para isso era seguir em frente. Apenas aguentar firme e seguir em frente.


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Notas finais do capítulo

É isso, gente, eu tentei, mas ainda to muito chorosa. Espero que tenham gostado. Eu amo demais a minha série favorita e eu vou sentir MUITA falta. ♥



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