Sua Casa Ou A Minha? escrita por Lady Murphy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Uma história curta dos amantes desafortunados do distrito 12.
Espero que gostem.



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A cerveja desceu quente por sua garganta quando ele esvaziou o copo. Peeta levantou a mão, chamando a atenção da garçonete para pedir outra rodada. Ele precisaria de mais álcool em seu sistema se tinha que ouvir a tagarelice sem sentido do novo chefe de seu departamento, Cato Ludwig. O homem sentado à sua frente na mesa do bar estava jogando o típico jogo de poder, convidando todos os subordinados para uma bebida depois do expediente. Recuse e sua cabeça estará a prêmio na semana seguinte. Ele gostava de seu emprego, mas suportar a fanfarrice de Cato parecia um preço alto demais a se pagar.

— Estou te dizendo. Aqueles caras não estão com nada. A temporada estará perdida do jeito que as coisas vão. – Cato disse com a voz alta demais para o bar pouco movimentado. Quarta-feira não era o dia ideal para se beber.

— Ah é? Como você tem tanta certeza disso? Eu tenho acompanhado e não me parece que eles estão indo mal. -  Seu amigo Thom respondeu com um olhar divertido. Peeta percebeu o que ele estava fazendo. O ego inflado de Cato não fazia muito por ele. E Thom sabia disso. Assim como sabia que sua pergunta faria seu chefe se gabar por horas a fio por ter sido um atleta no colegial.

— Eu era da equipe principal no ensino médio. Três anos competindo os estaduais pelo meu distrito. Entrei quando ainda era calouro. Então, digamos que eu saiba como esses caras funcionam e como eles vão totalmente perder o campeonato de outono. – Um sorriso presunçoso se desenhou no rosto dele e Peeta praguejou pela demora na entrega de suas bebidas. Ele não gostaria de ficar sóbrio por mais tempo.

— Se é isso, não vou contestar um especialista. – Thom respondeu, retirando o celular do bolso da calça. Cato se recostou no banco parecendo vitorioso mesmo que estivesse inteiramente alheio ao sarcasmo do colega. A garçonete surgiu ao seu lado e Peeta agradeceu quando ela pousou duas garrafas sobre a mesa. Cerveja era de longe sua bebida preferida, porém pedir um vinho em um bar parecia esnobe demais. Ele não queria ser o babaca da roda. Cato já carregava esse pesado título.

— O que é isso? Sua namorada não gosta que você chegue tarde em casa? – Cato se inclinou sobre a mesa, apontando para o aparelho no qual Thom digitava distraidamente.

— Noiva, na verdade. – Thom respondeu sem desviar o olhar da tela. Seus dedos se moveram por mais alguns instantes e então ele devolveu o celular para o bolso. – Não posso ficar por muito tempo. Mais uma rodada e estou saindo.

— Já sabemos quem veste malha de ferro na sua casa. – Cato riu, dirigindo seu olhar para Peeta que levou a garrafa de cerveja aos lábios. Delly era sua amiga de infância e noiva de Thom. Eles se casariam em dois meses, mas a cerimônia foi adiantada por que ela queria muito caber em seu vestido de casamento. A barriga de grávida tornava a missão um pouco complicada. Peeta ficou feliz por seus amigos estarem finalmente formando uma família. Ele gostaria disso um dia.

— Então, parece que sobrou apenas você e eu, Peeta. Dois solteiros em um bar cheio de mulheres bonitas. Ao estilo “Curtindo a vida adoidado”. Um ótimo filme, aliás. – O álcool estava começando a fazer o efeito desejado em seu organismo, pois as palavras de Cato mal se registraram em sua mente até Thom passar um braço por seus ombros. Ele franziu a testa com a repentina proximidade, mas seu amigo apenas o encarou divertido.

— Oh, sim. O Peet aqui é um conquistador nato. Ele está no topo da lista dos mais cobiçados do escritório. Bem, essa lista ainda não foi atualizada depois que você chegou, mas acho que isso quer dizer alguma coisa. Não é? – Peeta enviou um olhar azedo para o amigo que apenas sorriu mais, levantando as sobrancelhas em uma sugestão silenciosa. Tudo bem, ele poderia jogar junto.

Peeta deu de ombros, bebericando o que restava de sua bebida. - Eu deveria me gabar por isso?

— Ele é modesto demais para admitir que esses olhos azuis fazem bastante sucesso entre as damas do distrito. – Thom apertou mais forte seu ombro, parecendo se divertir com o olhar analisador de Cato sobre ele. Tomara que isso não acabe em demissão. A fatura de seu cartão implora que não.

— Eu não acredito. Qual a sua altura? – Perguntou o chefe e ele respondeu confuso do porquê isso importava.

— Um e setenta.

— Não quero te ofender, cara. Você tem presença, eu admito. Mas, vamos lá, você é meio baixinho. As mulheres costumam gostar de caras maiores que lhes dê a ideia de proteção.

É claro que Peeta se ofendeu. Ele ficaria surpreso consigo mesmo se não. Todo pensamento bom que já teve sobre Cato evaporou de sua mente como gelo seco. Não havia salvação para aquele cara. O novo chefe era mais idiota do que o anterior, Seneca Crane, e isso não parecia ser impossível até pouco tempo atrás. Ele olhou por cima do ombro, se sentindo irritado pela noite desagradável e meio imprudente pelo que faria a seguir.

— Se é isso que você pensa, eu proponho um desafio. – Disse Peeta imitando o sorriso presunçoso que presenciou mais cedo. – Está vendo aquela garota que acabou de entrar, parada ao lado do balcão? Se eu conseguir com que ela fique comigo, você me dará dois dias de folga na próxima semana.

Cato observou a garota por alguns instantes e se voltou para ele com um maneio de cabeça. – Um dia. É tudo o que posso fazer. E se você não conseguir? Vai querer trabalhar no feriado de Natal?

— Não. Pago quantas rodadas você quiser. – Peeta se desvencilhou do braço de Thom, ficando de pé ao lado da mesa. Ele arrumou a camisa que havia saído da calça e passou os dedos pelos cachos rebeldes.

— Acho que vou ficar muito bêbado essa noite. Vou me adiantar e pedir um bom uísque para assistir sua jogada. Boa sorte, Conquistador.

— Sorte não é bem a palavra. – Thom lhe deu um polegar de aprovação e ele caminhou decidido até à frente do bar em busca de seu alvo. Seus passos eram pesados pelo chão encerado do bar que começava a lotar. A garota estava de costas para ele, falando alguma coisa ao barman. Ele ajustou a postura na intenção de parecer mais confiante, mas o álcool havia o debilitado um pouco. Tomara que ela não se importe.

Ela era linda, Peeta percebeu ao chegar mais perto e ver os cabelos negros que caiam em ondas perfeitas nos ombros. A pele morena que brilhava na luz fraca do bar e os olhos prateados que encontraram os seus quando parou ao lado dela.

— Oi.

— Olá.

— Será que eu posso te pagar uma bebida? – Sua voz soou rouca. Ele era chamado de conquistador por um motivo. Ela lhe ofereceu um sorriso doce e retirou a bolsa da cadeira ao lado como um convite para que ele ficasse. Ele nunca recusaria.

— Eu estou de carro, não posso beber. Mas uma água seria uma boa agora. – Peeta deslizou o dinheiro sobre o balcão para o barman e se acomodou no assento. Ela agradeceu, levando a garrafa aos delicados lábios que prenderam a atenção de Peeta.

— Eu sou Peeta. – Falou ele depois de algum tempo, estendendo a mão para apertar a dela. Ela lhe deu um olhar engraçado, mas se rendeu ao cumprimento.

— Prazer, Katniss. – Ele gostou da voz dela. Melodiosa e com um sotaque que a entregavam como vinda do Seam, uma região mais afastada da cidade.

— Você não pode beber, mas ainda estou pedindo uma cerveja para mim.

— Vai fundo. Estou muito bem com a minha água.

— Fique à vontade para pedir mais uma garrafa se quiser. Por minha conta.

— Uma é suficiente. – Disse Katniss, girando a tampa da garrafa entre os dedos finos. Ele acompanhou o movimento metódico, sua visão levemente embaçada pregando peças nele.

— Então, Katniss. Como isso funciona? Você vem a um bar, mas nada de álcool. – Ela riu, revirando os olhos em desdenho para ele.

— Hoje, em especial, estou atuando como carona. As pessoas chamam isso de direção responsável.

— Isso foi uma indireta?

— Não. No entanto, você deveria pegar leve com essa cerveja.

— Por quê? Eu não vou dirigir.

— Mas nesse ritmo não vai conseguir chegar nem mesmo na porta do banheiro para vomitar.

— Você me subestima, Katniss. - Peeta desviou a atenção para a mesa nos fundos ao sentir os olhos meticulosos de Cato sobre eles. Ele tinha uma aposta a vencer e conquistar aquela garota fazia parte disso.

— Tudo bem. Serei franco com você. A verdade é que eu tenho um ponto a provar para o meu “amigo” que acha que eu não tenho charme o bastante para conseguir alguma coisa com você. E é por isso, que se olhar para o fundo do bar, você irá ver dois caras nos encarando estranhamente. Mas, por favor, não olhe ainda.

— Então, isso é um desafio?

— Não exatamente. Eu vejo mais como um homem tentando manter sua dignidade.

— Os homens e seus egos frágeis. E além de sua dignidade intacta, o que mais você ganha com isso?

— A aposta foi com o meu chefe. Sendo assim, eu ganho um dia de folga do trabalho. – Ele assistiu a expressão dela mudar e suas mãos pequenas vagaram até à gola da camisa dele, trazendo o seu rosto a centímetros do dela.

— Bem, vamos dar a ele um show. – Ela murmurou antes de esmagar os lábios nos dele. A sensação de sua boca era exatamente como ele imaginou, macia e molhada. Os dedos dela enrolaram nos cachos de sua nuca quando o beijo se aprofundou. Sua língua deslizando contra a dela, fazendo-a provar de sua bebida. Suas mãos se instalaram firmemente nos quadris dela, a puxando para cada vez mais perto até que ela estivesse instalada entre seus joelhos.

Suas bocas continuaram a se mover juntas em um som molhado e gemidos abafados. Seus dedos espreitaram sob a blusa que ela usava, alcançando acima da calça a pele macia que se arrepiava a cada toque seu. Ela deixou as suas próprias caírem no peito dele, mapeando por cima do tecido cada músculo de seu abdômen. Ela seria a sua morte.

Peeta foi o primeiro a quebrar o beijo. Eles estavam ficando físicos demais para um ambiente público. Ele lutou para recuperar o fôlego, observando as bochechas coradas e os lábios inchados da garota à sua frente.

— Você quer sair daqui? – Peeta perguntou esperançoso. Ele precisava de quatro paredes ao redor para fazer com ela o que estava em sua mente. Ela assentiu, rapidamente, entrelaçando os dedos nos dele.

Os dois marcharam para fora do bar, a aposta a muito esquecida pela sensação de suas mãos unidas. Ele a seguiu obedientemente quando ela subiu no banco do motorista. Ele havia bebido demais. Dirigir estava fora do radar.

— Sua casa ou a minha? – Peeta perguntou quando eles se acomodaram dentro do carro. Ela sorriu. Um daqueles sorrisos que faziam sua cabeça girar.

— A nossa. – Seus lábios encontraram brevemente os dele e, então, ela os guiou para fora do estacionamento. Ele se recostou na janela sentindo-se leve pelo álcool que corria em seu sistema e apreciando o gosto de Katniss em sua boca. Quando ligou mais cedo pedindo à namorada para buscá-lo no bar, Peeta não imaginou que estaria se envolvendo em uma aposta bêbada e nem tão pouco que venceria.


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