Azul da Cor do Mar escrita por renaissance


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu nunca sei como iniciar uma nota, mas eu queria agradecer a você que resolveu ler essa one-shot fruto de um delírio momentâneo causado por altas doses de MPB e tédio. Eu amo Poseidon e Atena, mas não consigo deixar de sentir um pouco de empatia pela história de Anfitrite, então não pude deixar de escrever algo na visão dela a respeito do fim do relacionamento com o deus dos mares.



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I N C E R TO 

 

substantivo masculino;

O que tende a oferecer dúvidas, incertezas; aquilo que é duvidoso, pouco confiável.

 

     Era uma tarde úmida de verão, o sol se derramava em tons dourados sobre os prédios antigos de Puerto Escondido; o silêncio permeia no quarto de casal, exceto pelo vago som das ondas quebrando na praia. Cortinas rendadas balançam com brisa marinha, livros de poesia largados de propósito no chão de madeira. 

         Velas tremeluzentes sobre a pequena mesa de cabeceira, o aroma de rosas vermelhas e sais de banho franceses. Na varanda, com uma taça de vinho do porto e olhos fixos no mar, ela se vê mergulhada em profunda melancolia. 

       Seus fios negros farfalham contra o vento em um ato de rebeldia, sua pele está corada de sol e de choro e seus pés desnudos estão sujos com areia. Um sentimento desconhecido toma posse de seu coração de tal forma que ela se sente incapaz de ficar de pé por mais tempo.

        Recordações de um passado nem tão longínquo invadem sua mente, deixando um gosto amargo nos lábios manchados de vermelho. 

 

            "Eu te amo." — ele disse, incerto.

            "Me diga isso quando estiver sóbrio."

        Enfim o sol se põe, e a lua é a única a iluminar a praia vazia. Ela continuou na varanda, sentada sobre o deck de madeira azul, as lágrimas secaram, mas o rímel escorrido ainda manchava sua face. De noite, o mar parecia mais aterrorizante, mais brutal.

       Mas ainda sim, ela o ama e não é capaz de tirar seus olhos dele, todos os seus caminhos desaguam no mar; e então ela se dá conta de que está com o coração partido, mas ainda sim, irremediavelmente apaixonada: a mais cínica das combinações

     Seu casamento foi fruto do desejo efêmero de um deus egoísta, mas houve um tempo em que não era necessário jogar sujo para receber qualquer tipo de atenção de seu marido, mentiras e traições sequer existiam entre eles. Tudo era mais simples e puro. 

      Ela agora odeia os deuses e a leviandade com que juram amor eterno; como se fossem reles mortais que desconhecem o peso da eternidade. 

               

         "Seus olhos têm a cor da lua." — ele observou.

          "Obrigada." — ela disse, corada com o elogio.

 

    Às vezes, ela se pega invejando os mortais, porque a dor e as decepções são menos duradouras; tudo se cura depressa quando o relógio da vida é limitado. Certas vezes, ela sente o desejo de reencontrar o dono do par de olhos esmeraldas mais belos que ela já viu; mas ela não pode, não agora.

    Ela não era uma criatura bondosa, tampouco altruísta, mas o amava e sabia que não poderia acorrentá-lo a si e ao seu relacionamento naufragado. Não desejava felicidade para o homem que quebrou seu coração, mas o queria bem. E enquanto ele se aventurava pelas águas tortuosas, ela procurou meios de colocar um ponto final naquele relacionamento tão incerto, completamente longe das águas.


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