Cirius está descendo uma longa escada. "Tô chegando, Mira !" - Ele acaba tropeçando e começa a descer rolando.
Enquanto isso. Èris, Kaito e Iris estão na frente do buraco.

Èris solta um suspiro. "Aquele garoto descuidado…"

"Não vai impedir ele ?" - Pergunta Iris, confusa.

Èris encara o buraco, por alguns segundos. "Sabe, eu até pensei em fazer isso, mas é melhor deixar quieto."

"Mas é uma cidade muito perigosa !" - Diz Iris.

"Perigo, huh ? Eu me pergunto se ele sabe o que é isso." - Diz Èris.

"Como assim ?" - Pergunta Iris.

"Eu não conheço ele muito bem, mas, com todas as conversas que tivemos e coisas que passamos juntos, já posso dizer que o Cirius não liga para o perigo." - Diz Èris. "Ele sempre age por impulso, fazendo o que acha certo. Sabe, eu sou da guarda real de Mako, e, quando digo que ele é uma das pessoas mais corajosas que eu já vi, pode ter certeza de que ele é. E olha que eu fiz um exame com outras mil pessoas, hein."

"Você confia bastante nele…" - Diz Iris.

"Eu não diria que confio, mas estou começando a confiar." - Diz Èris. Ela desvia seu olhar para Kaito. "Não posso dizer que é a primeira vez que isso acontece comigo."

Enquanto isso. Cirius está caído no chão. Ele está em uma cidade com várias casas de madeira de aparência frágil. Há várias pessoas vestindo roupas sujas, rasgadas e algumas com remendo.

Cirius se levanta, pondo a mão em sua cabeça. "Ugh… Eu nunca mais vou correr em uma escada…" - Ele se levanta e olha em volta. "Isso é totalmente diferente das pessoas que vivem lá em cima…"

Algumas pessoas começam a correr. Uma garota acaba tropeçando. Cirius corre até ela.

"Tudo legal ?" - Pergunta Cirius.

"Hah… Hah… S… Socorro... !" - Diz a garota, completamente sem fôlego.

Os homens com roupas pretas aparecem.

"Já saquei…" - Diz Cirius, pegando Calligro, ainda enrolada no pano.

"Eh ? Tá comprando briga com as pessoas erradas, pivete." - Diz um homem.

"Devolvam a Mira." - Diz Cirius.

"Tá falando do quê ?" - Pergunta o homem. "Nah. Não que isso importe. Ei, rapazes. Esse carinha aqui tá em desvantagem, vamos acabar com ele e pegar a mercadoria fujona."

"Certo." - Dizem os outros homens, indo na direção de Cirius.

Cirius respira fundo. Ele põe Calligro na outra mão e a segura ao contrário. Os homens chegam perto dele. Um deles soca Cirius, que se abaixa, desviando do golpe, e revida com uma cotovelada na barriga dele. Cirius enfia sua espada no peito desse homem e o usa como escudo para se defender do soco de outro homem. Ele joga o homem que estava em Calligro no que acabou de socar o corpo, derrubando os dois no chão e se desvia de outro golpe. O pano na espada de Cirius se desenrola e ele o amarra no braço de um dos homens. Cirius amarra o pano no pescoço do mesmo e puxa com força, fazendo o homem se socar e depois ser estrangulado.

Como em um piscar de olhos, o grupo de homens foi derrotado. Cirius vê um homem se rastejando. Ele finca Calligro do lado do rosto desse homem, que para. "…Hah… Hah… Cadê a Mira... ?"

"E-E-Eu não sei, cara !" - Diz o homem, tremendo de medo.

"Então você é inútil, huh ?" - Diz Cirius. Ele vai até a garota. "Você tá legal ?"

A garota está olhando para ele, maravilhada. "E… Estou…"

"Ufa ! Cara, ainda bem !" - Diz Cirius. "Me conta aí, você viu uma garota de cabelo longo castanho, mais ou menos, deeesse tamanho aqui ? Os olhos dela também são castanhos e ela tá vestindo um vestido de empregada. Sabe aquelas empregadas que você encontra em uma taverna ? Então."

"Pode se encontrar com ela no inferno, pivete desgraçado !" - Diz o homem de antes, atacando Cirius com uma adaga.

"C-Cuidado !" - Diz a garota.

Cirius puxa o pano da espada, que sai do chão e se enfia no peito do homem.

"Gah !" - Diz o homem, cuspindo sangue e caindo, morto.

Cirius pega sua espada de volta e a limpa nas roupas do homem. "Esse sangue não merece manchar minha lâmina."

"O-O que é você !?" - Pergunta a garota, assustada.

Cirius olha para ela. "Eh ?" - Ele nota o medo da garota. "Não, não ! E-Eu não sou o inimigo aqui ! Desculpa, se eu te assustei ! E-Eu não queria !"

Outras garotas chegam.

"Ei, Corwin ! Você tá legal ?" - Diz uma garota, que logo se espanta, quando vê os corpos. "O-O que é isso !?"

"E-Espera ! Eu juro que não sou o inimigo-" - Diz Cirius, tropeçando em um dos corpos e caindo no chão. "Ugh ! Ai, meu nariz !"

As garotas encaram ele.

"…Esse cara fez tudo isso ?" - Pergunta uma garota.

"Sim. Mas ele não é o inimigo ! Ele é legal !" - Diz Corwin.

Cirius se levanta. "Ei, vocês também estavam sendo perseguidas por esses caras ?"

"A gente até tava, mas quebramos a cara deles." - Diz a garota.

"A Mira tava com vocês ?" - Pergunta Cirius, animado.

"Não lembro de ninguém com esse nome." - Diz a garota.

Cirius solta um suspiro, decepcionado. "Então também não sabem…"

"Espera… Ela tem cabelos longos castanhos, olhos também castanhos e usa um daqueles uniformes de empregada de taverna ?" - Pergunta a garota.

"É ela mesmo ! É a minha irmã !" - Diz Cirius, muito animado.

"Você é o irmão dela !?" - Pergunta a garota, surpresa. "Cara, a família de vocês é bem corajosa, hein."

"Vocês sabem onde ela tá ?" - Pergunta Cirius.

Um barulho alto pode ser ouvido. Algumas pessoas passam correndo por eles.

"Bem ali." - Diz a garota.

"Valeu !" - Diz Cirius, indo embora. "A propósito, virem à direita, sigam reto e entrem em um buraco pra saírem daqui !"

"Pode deixar !" - Grita a garota.

Cirius chega perto de um local mais aberto. Ele vê uma casa destruída. Mira está no chão, com medo. Poland está na frente dela, com seu punho erguido.

"Prepare-se para morrer !" - Diz Poland, bravo.

"V-Você não vai sair impune disso !" - Diz Mira. "Pessoas ruins sempre pagam pelas coisas que fazem !"

Poland desce seu punho.

"AAAHHH... ?" - Diz Mira. Quando ela abre os olhos, vê Cirius em sua frente. Ele está defendendo o ataque de Poland com Calligro. Mira fica chocada. "…I… Irmão... !"

Cirius dá um olhar sério para Poland. "Sai de perto da minha irmã." - Ele ataca Poland, que se defende com seus braços e é jogado para trás.

"O que quer aqui, desgraçado ?!" - Pergunta Poland, bravo. "Não vê que estou ocupado, matando uma vadia ?!"

"A única coisa que vai morrer aqui é você." - Diz Cirius.

"…Irmão... Cirius... M-Mas como… ?" - Pergunta Mira, ainda em choque.

Cirius olha para ela com um grande sorriso. "Irmãos sempre acham um jeito de proteger uns aos outros !"

Mira o encara, por alguns segundos. "…Você... Obrigada…" - Ela também sorri.

"Você é o irmão dela ?!" - Pergunta Poland. "Então perecerá primeiro !"

Poland corre na direção de Cirius. Quando alcança, ele o soca. Cirius se defende com sua espada novamente.

"Ugh ! Força ele tem." - Diz Cirius.

"Ele é um general de Ignis ! Vamos embora o mais rápido possível !" - Diz Mira.

"…Eu sei… disso... !" - Diz Cirius, forçando.

"Eu sou Poland, O Martelo da-" - Poland é interrompido por Cirius.

"E, já que você é um general de Ignis, eu não preciso me segurar." - Diz Cirius, sério. Ele força, até que consegue jogar Poland para trás.

"Ele vai fazer aquilo…" - Mira pensa consigo mesma. "Ele vai usar a habilidade que a Galladriel o ensinou…"

Cirius respira fundo. "Kekkai…" - Ele põe Calligro na frente de seu corpo.

"…A habilidade mais forte dela…" - Mira pensa consigo mesma.

Poland corre na direção de Cirius, que fica parado e fecha seus olhos, enquanto respira fundo. Quando ele chega perto, Cirius abre seus olhos e mexe um pouco Calligro. Um silêncio mortal toma o local.

"Ugh- Gah !" - Diz Poland, se ajoelhando no chão e cuspindo muito sangue por sua boca. Ele cai no chão, sem vida.

"…Lâmina Fantasma…" - Mira pensa consigo mesma.

Cirius enrola o pano em Calligro novamente e a põe em suas costas. "Aprisionar pessoas é horrível, mas impedir elas de demonstrarem emoções, como tristeza, é pior ainda. Isso é pela Iris." - Ele vai até Mira.

"…Irmão…" - Diz Mira.

"Desculpa a demora, Miranda." - Diz Cirius, sorrindo.

Mira abraça Cirius e começa a chorar. "Me desculpa, Cirius !"

"E-Ei ! Não precisa pedir desculpas !" - Diz Cirius. "Tá tudo bem, os caras idiotas já foram embora."

"Não é isso, seu bobo !" - Diz Mira. "Desculpa pelas coisas que eu te disse, antes disso. Você é sim o meu irmão, sem dúvida nenhuma."

"Ah ! Isso ? Pfftt ! Eu nem lembrava mais." - Diz Cirius, enxugando as lágrimas de Mira. "Pode parar de chorar, ok ? Papai, mamãe e vovó não criaram uma chorona."

"C-Certo !" - Diz Mira, sorrindo.

Kaito e Èris chegam, ofegantes.

"Hah… Hah… As garotas estão em segurança... ! Iris… está levando elas para a saída… !" - Diz Èris.

"Demoramos… mas chegamos… !" - Diz Kaito. "Cadê... Hah… Hah… Cadê os caras… ?"

Os dois olham para o corpo de Poland.

"Valeu, mas já resolvi as coisas." - Diz Cirius.

"V-Você derrubou um general de Ignis !?" - Pergunta Èris, espantada.

"C-Cacete, carinha ! Eu sabia que você era maluco, mas nem tanto !" - Diz Kaito, também espantado.

Cirius começa a passar a mão em sua nuca. "Não era pra ser tão rápido assim. Ainda não dominei essa técnica direito. Ehehehe..."

Kaito põe seu braço pelo pescoço de Mira e a puxa para perto. "Deu um trabalhinho achar você, hein. Vê se não sai por aí se perdendo de novo, huh ?"

"Que bom que está bem, Mira. Sua avó ficará feliz em saber disso." - Diz Èris.

"Vocês dois… também estavam me procurando ?" - Pergunta Mira, receosa.

"Pode apostar que a gente tava. Norte, sul, leste, oeste, e por aí vai. - Diz Kaito.

"Me… Me desculpem…" - Diz Mira. "Eu fui arrogante com vocês, e, mesmo assim, vieram me ajudar…"

"Pfftt ! Relaxa aí. Não é como se a gente fosse simplesmente ignorar o carinha ali. E, eu não sou um cara que guarda mágoas." - Diz Kaito.

"Não importa como você nos tratou, ainda somos humanos, vamos te ajudar." - Diz Èris.

"D… Desse jeito, eu vou chorar de novo…" - Diz Mira.

"N-Não, não, não ! Não começa com isso !" - Diz Cirius. "Eu não quero ver minha irmã chorando !"

Luna sai dos escombros. "…Ugh… Onde Luna está... ?" - Ela vê Mira e os outros. Luna vai até eles e empurra todos para longe de Mira. "Luna vai proteger Mira !"

"Outro inimigo ?!" - Diz Cirius, pondo a mão em Calligro. "Eles não param de vir nunca ?!"

"Espera ! Ela não é inimiga !" - Diz Mira. "Luna ! Você tá bem ?"

"Luna está com dor de cabeça." - Diz Luna. "Mas Luna está bem. Onde está homem mau chefe ?"

"Tá tudo bem. Meu irmão já acabou com ele." - Diz Mira.

"Quem é ela ?" - Pergunta Èris.

"Essa é Luna. Ela era uma das garotas aprisionadas aqui também." - Diz Mira. "Ela me ajudou a fugir."

"Vocês passaram por uns maus bocados, huh ? Fugir daquele lugar não é fácil." - Diz Kaito.

"Ainda bem que conseguiram sair." - Diz Èris.

Cirius estende sua mão para Luna e sorri. "Valeu por ajudar minha irmã ! Meu nome é Cirius."

Luna começa a cheirar Cirius.

"Uh... Eu tomei banho faz pouco tempo." - Diz Cirius.

"Marido !" - Diz Luna, animada. "Luna achou um marido !"

Todos se olham, espantados. "EEEHHH !?"

"M-M-Marido !?" - Pergunta Mira.

"Sim !" - Diz Luna. "Luna quer Cirius como marido !"

"E-Eu !?" - Pergunta Cirius.

Luna concorda com sua cabeça. "Luna quer um marido forte, e Cirius é suuuper forte !"

"E-Eu não sou marido de ninguém !" - Diz Cirius.

"Porque vai ser o marido de Luna !" - Diz Luna. Ela tenta abraçar Cirius, que desvia. Ele corre para trás de Mira, para se esconder. Luna corre atrás dele. Os dois começam a correr em volta do grupo, que começa a rir.

"M-Mira, me ajuda !" - Diz Cirius, desesperado. "Sua amiga é maluca !"

"Luna mal pode esperar para se casar com Cirius !" - Diz Luna.

"E-Eu não quero me casar !" - Diz Cirius, desesperado. "EU NÃO QUERO !"

Algum tempo depois. O grupo está na frente do buraco. Iris está com eles.

"Chegamos. Essa é a saída." - Diz Iris. "Quando entrarem aí, vão sair em uma passagem secreta, fora de Artemis."

"Muito obrigada por nos trazer até aqui." - Diz Èris.

"Fico feliz de que tenha recuperado sua irmã, Cirius." - Diz Iris.

Luna está agarrada no braço de Cirius.

"Infelizmente, veio mais uma coisa." - Diz Cirius.

"Luna vai preparar uma festa beeem grande, com muita comida, amigos, animais…" - Diz Luna, se perdendo em seus pensamentos.

Cirius solta um suspiro, desesperado. "…Por que eu... ?"

"Muito obrigada por guiar as garotas para a saída." - Diz Mira.

"Não, não. Eu que agradeço por terem livrado elas daqueles homens." - Diz Iris.

"Estamos indo." - Diz Èris.

"Certo." - Diz Iris. "Quando virem o Kaito, podem dizer para ele que eu estou bem ? Não quero que fique preocupado comigo…"

"Mas ele tá-" - Diz Mira, sendo interrompida por Cirius, que tampa a boca dela.

"P-Pode deixar que a gente fala !" - Diz Cirius.

"Muito obrigada." - Diz Iris. "Espero que tenham uma boa viagem." - Ela vai embora.

"Valeu ! Muito obrigado mesmo pela ajuda !" - Diz Cirius.

"Tem mesmo certeza de que não quer dizer adeus ?" - Pergunta Èris.

Kaito põe as mãos nos bolsos de sua calça. "Às vezes, o silêncio é um adeus." - Ele vai embora.

Os outros seguem Kaito. Eles saem em uma moita, fora da muralha de Artemis.

"Luz do dia !" - Diz Mira. "Há quanto tempo !"

"Luna gosta do ar fresco !" - Diz Luna, animada.

Kaito respira fundo. "Hah… Nada melhor que respirar um ar que não tenha poeira ou que cheire a dinheiro !"

"Concordo." - Diz Èris.

"Ei ! Vamos lá pra frente ! Os Makais devem estar esperando !" - Diz Cirius, indo embora.

Os outros o seguem, menos Kaito, que nota a moita se mexendo. Quando ele se aproxima da moita, Yonzaru pula dela.

Kaito solta um suspiro. "Ufa ! É só você, carinha."

Yonzaru entrega uma pedra com um símbolo estranho para ele.

"O que é isso ? Parece com aquela coisa que o Cirius tem..." - Diz Kaito.

Yonzaru sobe no ombro dele.

"Olha, carinha, eu sei que você tá com saudades, mas não dá pra brincar." - Diz Kaito, pondo Yonzaru no chão. "Ei, carinha…" - Ele olha para a moita. Kaito se agacha e começa a fazer carinho na cabeça de Yonzaru. "Cuida bem dela pra mim, ok ? E, pode roubar quanta comida quiser, lá dentro."

"Ei, cara ! Você vem ou não ?" - Grita Cirius.

"Já tô indo !" - Grita Kaito. "Bom, foi legal. Se cuida, carinha." - Ele se levanta e vai embora. "Eu vou achar uma cura… custe o que custar."