Gato Preto escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797082/chapter/1

— Edward, nem pensar! — exclamei, meu noivo fez um biquinho e disse:

 

— Não podemos deixá-lo na rua, amor.

 

— Também não podemos deixar ele aqui no apartamento — anunciei.

 

— É só por hoje, amanhã vou levar ele pra casa da minha mãe em Santa Cruz, prometo.

 

O avaliei atentamente, ele coçou o nariz como sempre fazia quando estava mentindo.

 

— Você coçou o nariz, não vai levar esse gato pra sua mãe coisa alguma, Edward Cullen.

 

— Bella, eu juro que vou sim! — Afagou entre as orelhas do bendito gato que tinha encontrado na rua naquela manhã de sexta-feira treze, segundo Edward se deixássemos o bicho na rua ele seria vítima de maus tratos por conta da data e da superstição das pessoas em acreditar que gatos pretos davam azar.

 

— Você sabe que não quero ter animais — afirmei e cruzei os braços na frente do corpo. — Ainda não superei a morte da Nina no ano passado, prefiro nunca mais ter bichinho nenhum ou vou me apegar e sofrer muito quando eles morrerem.

 

Meu peito apertou só de pensar na minha falecida cadelinha, tínhamos vivido longos dez anos juntas até ela me deixar e eu prometi nunca mais ter animal algum. Aquele gato nos braços de Edward era fofinho, meio sujo, mas eu não iria me apegar a ele de jeito nenhum.

 

— Eu sei, linda — ele disse. — Como falei, como jurei, amanhã cedinho levo o Lucky pra casa da mamãe.

 

— Lucky? — Arqueei uma sobrancelha. — Edward, você já está dando nome pro gato, isso é um péssimo sinal.

 

— É só um nome, eu não ia ficar chamando ele de gato até amanhã, quando vou levá-lo pra mamãe. Enfim, estou muito atrasado pro trabalho, você pode ficar com ele hoje?

 

— Se está atrasado pro trabalho é porque ficou salvando gatos no meio do caminho — resmunguei.

 

— Há pessoas malvadas lá foram, poderiam fazer alguma crueldade com o Lucky, Bella — disse chateado. — Ele não merece estar nas ruas.

 

— Bem que sua irmã me disse que você gostava de resgatar animais — reclamei.

 

— O Alfredo era bonitinho.

 

— Era um gambá e você levou pra dentro de casa.

 

— Eu tinha sete anos, você não pode me julgar. E aí? Vai cuidar do Lucky hoje? Vou pedir pro pessoal do pet shop aqui perto entregar umas coisas pra ele, aí amanhã já levo tudo para Santa Cruz.

 

— Eu tenho muita coisa pra fazer, esse gato vai me atrapalhar.

 

— Bella…

 

— Tenho uma tradução enorme e preciso acabar ela até de noite.

 

— Ele vai ficar quietinho, é bonzinho.

 

— Sei não.

 

— Você só precisa dar uma olhada nele de vez em quando, botar água e comida. Também não pode deixar as janelas abertas, já que a gente não tem tela de proteção. 

 

Olhei bem pro gato e suspirei.

 

— Tá, você venceu, eu fico de olho nele hoje. Mas amanhã quero ele fora!

 

— Obrigado, amor! — Edward se aproximou e tentou me beijar, mas me afastei.

 

— Não vou te beijar enquanto você segura o gato.

 

— O nome dele é Lucky. — Colocou o gato no chão, na hora fiquei preocupada do bicho começar a sujar tudo.

 

— E se ele tiver alguma doença?

 

— Ele parece bem, só sujinho por estar na rua, mas amanhã em Santa Cruz a mamãe leva ele no médico pra ver se tá tudo certo. Ou você levaria hoje?

 

— Nem pensar, eu não vou fazer nada disso.

 

Edward revirou os olhos, mas assentiu.

 

— Certo, preciso correr pro trabalho agora. Te amo. — Me beijou rapidamente. — Lucky, vejo você mais tarde, garoto — disse para o gato e saiu do nosso apartamento.

 

Eu bufei, encarei o gato que naquele momento olhou para mim de volta. Pupilas pretas e íris amarelas. Certo, ele era mesmo bonitinho.

 

— Vou colocar água pra você e depois disso te quero fora do meu caminho — alertei o gato.

 

Ele miou e veio para o meio das minhas pernas, porém fui forte e resisti ao impulso de fazer carinho nele.

 

xxxx

 

Eu não fui forte por muito tempo. Minha primeira demonstração de fraqueza aconteceu quando estava trabalhando e o gato veio deitar em meus pés, automaticamente estiquei uma mão para afagar entre suas orelhas e fiquei pelo menos uns cinco minutos nessa missão, até me esquecendo do trabalho, mas lembrei que não queria me apegar e voltei a trabalhar.

 

Quando as coisas que Edward encomendou do pet shop chegaram eu fui fraca, muito fraca. Luc… O gato ficou tão animadinho com o ratinho de brinquedo que ganhou do meu noivo que foi impossível não ir para o chão brincar com ele, me dei trinta minutos de brincadeira com ele e quando voltei à mesa de trabalho o gato me acompanhou mais uma vez deitando em meus pés.

 

— Como ele tá? — Edward perguntou quando me ligou na hora do almoço, o gato estava fazendo sua refeição e eu esquentando meu almoço no microondas.

 

— Bem.

 

— Ele gostou do ratinho?

 

— Uhum.

 

— Ele tá te atrapalhando muito no trabalho?

 

— Muito — menti descaradamente, já que a verdade era que eu estava desviando atenção do trabalho porque queria brincar com Luc… com o gato.

 

— A mamãe tá doida pra conhecer ele — Edward contou. — Já até marcou com o veterinário lá em Santa Cruz.

 

Pensei sobre aquilo, o gato na grande casa da minha sogra em Santa Cruz. Ele seria bastante feliz lá, eu o veria quando fosse visitar Esme, mas não me apegaria e sofreria quando o bichinho morresse, estava tudo certo.

 

Estava?

 

— Vou ir comer agora, amor. Qualquer coisa me liga — Edward falou, eu me despedi e desliguei.

 

Peguei meu almoço no microondas e sentei pra comer, o gato já tinha terminado de comer. O coitadinho estava faminto, nem queria imaginar como era difícil a vida dele na rua e ele nem era mais um filhote, já deveria ter mais de um ano, todo aquele tempo vivendo no frio e com a fome.

 

Quando me dei conta estava chorando sobre minha lasanha, o que era ridículo, eu não me apegaria aquele gato.

 

Ainda estava choramingando quando meu celular tocou, era a mãe de Edward. Funguei, limpei o rosto e atendi.

 

— Oi, Esme.

 

— Bella, querida! — falou animada. — Como está o Lucky? Estou tão feliz que vou ter um gatinho!

 

— Ah, ele tá bem.

 

— Obrigada por cuidar dele hoje.

 

— Certo.

 

— Você vem com Edward para Santa Cruz amanhã?

 

— Provavelmente não, tô cheia de trabalho — respondi e o gato, ah dane-se, Lucky achou seu lugar em meus pés. — Você é tão fofinho. — Voltei a choramingar.

 

— Desculpe, o que disse? — Esme me perguntou.

 

— Eu tava falando com o Lucky. — Respirei fundo. — Esme, acho que vou ficar com ele.

 

Sim, eu fui fraca, mas poxa ele era tão lindo!

 

— Mas…

 

— Você entende, né? — perguntei.

 

— Acho que sim?

 

— Pode adotar outro gatinho aí em Santa Cruz.

 

— É, posso — falou ainda confusa.

 

— Preciso falar com o Edward, te ligo depois.

 

Finalizei a ligação com minha sogra e liguei para meu noivo, assim que ele atendeu eu exclamei:

 

— Vamos ficar com ele!

 

— O quê?

 

— Vamos ficar com o Lucky!

 

— Tá falando sério? — perguntou desacreditado.

 

— Tô sim, eu não aguento, ele é fofo e vai ser meu. Já é meu. Marca com um veterinário, vou pedir o orçamento pra telar as janelas. Tudo certo?

 

— Tudo, mas a minha mãe...

 

— Ela pode adotar outro. O Lucky é nosso.

 

E foi assim que acabei com um gato preto em plena sexta-feira treze e por todas as outras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijos!
Lola Royal.
13.11.20