Seven Months escrita por Fernanda Sousa


Capítulo 2
Capítulo 1




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CAPÍTULO POR JOSHUA LEWIS

1° de março de 2020.

Meus pais realmente estavam dispostos a me incentivar a todo custo nessa última fase, trabalhar para a família real seria a grande chance para melhorarmos de vida e eu estava confiante que iria conseguir.

— Aposto que quando voltar terá várias garotas aos seus pés. — Diz meu irmão mais velho assim que entra na sala de estar.

— Eliot! — Minha mãe o repreende da cozinha.

— Querida, o garoto só está brincando. — Meu pai diz rindo. — Então meu filho, se passar, já sabe no que vai trabalhar?

— Eu não sei pai. — Respondo. — Eles não revelam em qual área a pessoa irá atuar, então temos que fazer esse processo.

— Independente do resultado, nosso filho já é vitorioso de ter chegado na fase final. — Minha mãe diz me abraçando.

— Tantas pessoas por aí e o Joshua está entre os 15 melhores, realmente não precisa fazer muito esforço para passar. — Meu irmão provoca mais uma vez e acabo jogando uma das almofadas nele.

— Fica na sua, seu idiota. — Digo e escuto mais um dos resmungos de minha mãe.

Assim que todos terminam de se aprontar, minha mãe confere mais uma vez se todas as portas e janelas estão trancadas, meu pai arruma pela sétima vez a gravata, enquanto meu irmão está ao telefone conversando com mais alguma garota.

— Tudo certo. — Minha mãe diz assim que chega na varanda.

Finalmente vamos para o campo de treinamento, não demoramos muito, apesar dele um pouco longe e o carro de meus pais não estar em bom estado.

— Está pensando no que criatura? — Meu irmão pergunta.

— Essa sua mania de querer saber de tudo um dia vai te prejudicar. — Respondo conferindo a hora. — Acho que chegamos cedo, até agora não começou.

— Meu filho, se acalme, vai dar tudo certo. — Minha mãe diz tentando me confortar.

Dylan, meu melhor amigo, aproxima-se, bate em meu ombro e diz com a voz sonolenta:

— Joshua, quanto tempo amigo.

— Mas, nos vimos ontem. — Digo apenas. — Passou a noite com quem dessa vez?

— Tia Taila. — Minha mãe o olha. — Poderia dizer para o seu filho que ele deveria respeitar os amigos? — Ela apenas rir e apoia suas mãos no ombro de meu pai.

Ficamos perto da entrada conversando e rindo bastante, até que o Secretário Real anuncia que devemos entrar para fazermos a última prova.

— Iremos lhe esperar aqui, Josh. — Meu pai diz e Dylan me puxa para estrarmos na tenda.

— Boa sorte! — Escuto eles dizerem ao longe.

— A última fase não testará suas habilidades e sim o potencial de vocês em relação a saúde. — O general diz.

Então, todos em fila esperam os médicos chamarem para fazer exames e pelo meu azar estou entre os últimos. Não demorou tanto até e finalmente quando acabou, a única instrução que recebemos foi que os resultados iriam chegar por e-mail e finalmente podíamos ir embora.

— E então, passou? — Minha mãe pergunta ansiosa assim que me aproximo.

— O resultado não vai chegar agora. — Respondo e vejo meu irmão conversando com uma garota encostado a uma barraca. — Ele não cansa não? — Pergunto para meus pais.

— Eliot! — Minha mãe o grita. — Estamos indo. — Ele se despede da garota beijando seu rosto e não consigo evitar de revirar meus olhos.

(...)

— Qual a possibilidade de passarmos? — Dylan pergunta.

— Qual a possibilidade de você pegar logo esse alicate? — Pergunto enquanto seguro o capô do carro.

— Senhor irritadinho, a culpa não é minha se o seu carro quebrou logo hoje. — Ele responde me entregando a ferramenta.

— Não estou irritado com isso, estou com receio. — Me levanto assim que acabo de consertar meu carro. — E se eu não passar?

— Por que não passaria? Afinal, não lembro nem da última vez que você ficou doente.

— Não é por isso criatura. — Digo assim que me escoro no carro. — Não nasci aqui, isso já me dar desvantagens.

— Meus pais também não nasceram aqui.

— É, mas, isso não interfere em nada de acordo com as leis daqui e meu sotaque entrega bastante. — Dylan rir e joga em mim o pano sujo que estava na mesa.

— Nem tente revidar pois de qualquer jeito você tem que ir tomar banho e lavar essa roupa cheia graxa. — Reviro os olhos jogando de volta o tecido. — Droga Josh! Eu não queria me sujar não.

— Até amanhã, Dylan. — Digo entrando em casa e logo ouço o portão se fechando. Vou em meu quarto para pegar uma roupa limpa e deixo meu celular sobre a cama.

— Você só tinha que arrumar o carro, não precisava virar uma criança de dois anos e se sujar todo. — Meu irmão diz assim que passo por ele na sala.

— Tomar conta da própria vida ninguém quer, não é?! — Digo passando a mão suja em seu rosto.

— MÃE!! — Ele grita. — Eu vou matar esse corretivo em caneta que você chama de filho. — Ele se levanta do sofá e corro para o banheiro.

— Não foi dessa vez, Eliot. — Digo assim que tranco a porta. — Um à zero para o filho mais novo.

— Meu Deus, eu pedi um gato e recebi um irmão. Não é possível que minha letra é feia a ponto de Papai Noel não ter entendido. — Ele resmunga e logo ouço seus passos.

Tomo um banho calmo, porém não tão calmo assim pois não quero reclamações quando chegar a conta de luz. Saio do banheiro com cuidado, pois se tem uma coisa que Eliot é bom além de ficar com qualquer garota, é sua capacidade de não esquecer quase nada. Corro para o quarto torcendo para que ele esteja lá e assim que entro me arrependo amargamente.

Nem para ser rosa ou azul, ele tinha que jogar tinta roxa no meu cabelo.

— Um ano e 5 meses deixando meu cabelo crescer para o idiota manchar com tinta. Parabéns irmãozinho, você acaba de ganhar o prêmio de idiota do ano. — Digo observando a tinta no chão e quando ele se distrai, o abraço para que também fique sujo de tinta.

— Ok, já entendi. Estamos quites agora? — Ele pergunta após soltá-lo e assinto. — Então me ajuda a limpar isso do chão? — Nego. — Qual é?

— Quem mandou ser uma criança de dois anos e sujar tudo? — Digo o provocando.

(...)

Pela manhã eu tinha que ir com meus pais trabalhar na feira. Assim como meus avós, eles são artesãos, vendem a partir de peças feitas de E.V.A. até trabalhos em gesso. Desde pequeno eu ajudo-os, porém aos quinze percebi que não era para mim. Meu irmão acabou pegando gosto pela coisa e continuou trabalhando com artesanato. Graças ao pouco dinheiro que recebemos, meu pai pôde comprar nossa primeira casa aqui em Cristalha, já que em nosso país natal não estávamos tendo uma vida nada boa. A casa que ele comprou, em meados dos meus dez anos é nosso lar, apesar dos poucos cômodos e não ser localizada em um condomínio, me sinto bem aqui. Espero do fundo do meu ser que tudo ocorra bem, minha vontade de ajudar minha família só aumenta, provavelmente agora que as coisas não estão estáveis.

— Filho, vem! Estamos indo. — Minha mãe aparece na porta me chamando. — Estou com a impressão venderemos bastante. — Ela coloca uma mecha de seus cabelos loiros atrás da orelha.

— E como tem tanta certeza? — Pergunto me levantando da cama.

— Intuição materna. — Ela me abraça e retribuo, mesmo com um pouco dificuldade por ser bem mais alto. — Meu Deus, você cresceu demais. — Sorrio e uma mecha do meu cabelo cai sobre meu rosto.

— Que raiva do Eliot. — Digo assim que ela desfaz o abraço. — Meu cabelo está todo manchado.

— Não está tão ruim. — Minha mãe diz enquanto segura o riso. — Coloca uma touca que resolve. — Pego a touca que estava sobre a cama e logo vamos em direção ao carro.

O meu primeiro carro ganhei em um bingo, sim, no bingo. O bingo era para ajudar as famílias carentes e por sorte acabei ganhando. Não é um carro zero, mas para quem não aguentava mais ir de bicicleta para o trabalho, eu fiquei feliz demais. Com o tempo fui aprendendo a fazer pequenos consertos nele e já discutir com o meu irmão após ter achado uma camisinha usada em cima do banco traseiro. Foi a situação mais nojenta que passei em toda a minha vida.

Minha mãe e eu deixamos a casa fechada e vamos em direção ao carro. Acabo deixando um sorriso escapar assim que vejo um bilhete preso ao limpador de para-brisa.

— Quem foi? — Pergunto pegando-a.

— Chegamos e já estava aqui. — Meu pai diz já dentro do carro.

— Se não foi ninguém, alguém entrou aqui e colocou. — Afirma meu irmão.

— Mais tarde eu leio, temos um dia cheio pela frente. — Deixo o bilhete dentro do porta luvas e em seguida ligo o carro para podermos ir. Tínhamos que acordar bem cedo pois a feira ficava na parte mais nobre, porém é muito melhor do que ir pedalando por horas.

(...)

— Quando foi a última vez que aqui ficou cheio? — Meu irmão pergunta assim que entrega o troco de mais um cliente.

— Realmente hoje o movimento está bem elevado. — Meu pai diz. — Já vendemos metade dos produtos.

— Foi a intuição da senhora. — Digo se sentando ao lado de minha mãe que sorri ao ver que tudo está ocorrendo bem.

A Feira Cristal abre de terça a sábado, começa por volta de sete horas e às dezenove horas a maioria está indo para suas residências. Quando me mudei não sabia falar nem os nomes das comidas, agora é mais fácil. Nossa barraca é uma das primeiras e de vez em quando vou para a última barraca que pertence à família do Dylan. Eles vendem roupas feitas à mão e sua mãe sonha em poder fazer seu desfile, que por conta de um acidente não pôde ser feito.

— Josh, vem ajudar! — Meu irmão chama me tirando de meus pensamentos.

Assim que aproximo da bancada, uma cliente pergunta sobre o colar de búzios que estamos tentando vender a meses. Ele é bonito e até hoje não entendi o porquê que não foi vendido.

— Quanto custa? — Ela pergunta e não consigo parar de repará-la.

Não consigo ver muito sua face, mas dar para notar sua pele negra e sua roupa bem peculiar para o clima quente de Cristalha. Um macacão acompanhado de uma touca que cobre a maioria do seu corpo, uma bota com um pequeno salto e luvas, realmente usar roupas assim e na cor preta é bem estranho para um dia quente como hoje.

— Custa R$ 5,99. — Respondo parando de observá-la e ela tira uma de suas luvas para pegar o dinheiro em sua bolsa.

— Aqui está. — Ela me entrega uma nota de dez e antes que eu pegue o troco, ela diz que não precisa e se retira.

(...)

O dia tinha sido cheio e todos estavam cansados. Eu só queria deitar-me em minha cama e hibernar.

— Vendemos quase tudo, inclusive aquele colar que estava fazendo aniversário. — Meu pai diz guardando algumas caixas no porta malas.

Assim que vou conferir se nada estava ficando e logo percebo um objeto no chão. Eu o reconhecia perfeitamente, era uma das luvas da moça com roupas escuras e a voz doce.

— Agora deu para usar luva? — Meu irmão pergunta assim que a pego. — Até que é bonita, mas irá usar por cinco minutos com o clima daqui.

— Não são minhas, criatura. Uma cliente acabou deixando cair.

— E como tem tanta certeza? — Ele pergunta.

— Porque é da mesma moça que levou o colar de conchinhas. — Respondo e logo em seguida vamos em direção ao carro.

No caminho fomos cantando nossas músicas favoritas. Meu pai decidiu dirigir na volta e a cada parada era um motivo para fazer um "pequeno lanche", de acordo com ele. Minha mãe e meu irmão se juntaram para falar de meu cabelo manchado, eu deveria fazer algo para mantê-lo razoavelmente bonito novamente sem perder o loiro que herdei de minha mãe, porém quem sabe uma mudança mais radical? Um corte depois de um bom tempo o deixando crescer? Sempre quis saber como ficaria caso tivesse cabelos negros que nem meu pai e meu irmão.

— Mãe, ficaria triste se eu abandonasse meus cabelos com de ouro? — Pergunto.

— Claro que não meu filho, mas porque essa decisão de repente?

— Estou parecendo um personagem de desenho animado. — Digo e ouço a risada de meu irmão.

— Deveria cortar também. — Meu pai se manifesta. — Terá menos trabalho para cuidar.

— Josh abandonando o cabelo de Rapunzel dele? Impossível. — Meu irmão diz com o tom de deboche de sempre.

— Só não te expulso daqui pois estamos em um carro em movimento. — Respondo enquanto meus pais apenas riam situação.


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Notas finais do capítulo

ᓚᘏᗢ

Olá! Tudo bem?

Não esqueça de curtir e comentar o que está achando.

Até a próxima.



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