O amanhã que nos Espera escrita por Aiko_chan


Capítulo 1
O amanhã que nos espera será diferente


Notas iniciais do capítulo

Oi!!! Esta não é a primeira fic que escrevo, mas é a primeira que posto aqui Portanto espero que gostem.
Quanto ao portugues espero não ter erros, mas ele é capaz de ser um pouco diferente, porque eu sou de Portugal.



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O amanhã que nos espera

 

 

Eu estou completamente à frente de um abismo, tenho essa perfeita noção, as minhas únicas soluções são saltar ou morrer ao lutar contra ele. E sinceramente, nenhuma delas me agrada.

 

Todos os dias é uma luta constante, todos os dias tento enfrentá-lo, mas sou demasiado fraca para o conseguir vencer, ele acaba sempre por ganhar, faça o que faça. Eu sei. Eu sei que tudo devia ter terminado com a primeira bofetada, com o primeiro pontapé, com aquela discussão que trouxe marcas em mim, na minha vida e no nosso casamento.

 

Não posso simplesmente acabar com tudo isto assim, agora, é tarde demais. Será que o meu destino é mesmo morrer nas mãos do meu amado, nas mãos daquele que diz que me ama, mas que a única coisa que sabe fazer é mal tratar-me e bater-me, vindo sempre depois pedir-me desculpa, diz que nada daquilo se voltará a repetir, pega-me ao colo e leva-me para a casa de banho e dá-me banho, tirando de sobre o meu corpo todo o sangue e dor que ele deixara e depois deita-me na cama, deitando-se ao meu lado e me deseja uma “boa noite” e diz que “o amanha que nos espera será diferente”.

 

            Sempre quis acreditar nas suas palavras, aliás, eu sempre acreditei nelas, é por isso que ainda não saí desta casa que tanta dor e melancolia me traz e não fugi para bem longe dele e recomecei a minha vida do zero.

 

Atada. Eu sou assim.

 

A verdade é que eu não passo de uma cobarde, tantas mulheres a passar pelo mesmo que eu e eu não sou capaz de seguir exemplos, não sou capaz de dar o exemplo. Não consigo fazer uma pequena chamada para a polícia a pedir ajuda, pedir que me libertem do pesadelo que se tornara a minha vida. Todos os dias eu fico à espera que ele chegue, podre de bêbado, comece a refilar com tudo o que faço e me bata.

 

Mas eu sou incapaz de o mandar para a cadeia, não consigo telefonar porque sei que isso mesmo aconteceria, a última coisa que desejo é ver aquele belo rosto, o rosto de menino bonito, pelo qual me apaixonara na adolescência, atrás das grades, imaginando a dor que ele sentiria por o ter traído, e imaginar as lágrimas a molhar a sua pele morena. Ele chora sempre depois de me bater, aninhando-se nos meus braços como uma criança desprotegida, depois de nos deitarmos.

 

Já não têm conta as vezes que fui parar so hospital por sua causa, já não têm conta as vezes que as enfermeiras me pediam para fazer queixa na policia ou ligar para uma liga de apoio. Elas próprias chamaram varias fezes a policia, mas eu sempre dizia que aquilo não era nada, que aquilo iria passar e que não queria fazer queixa.

 

O lindo sorriso do seu rosto vem-me sempre à cabeça quando ele me bate. Ai! Como eu amo aquele sorriso fugitivo, que à anos que não aparece.

 

Mais uma vez ele bateu-me, por causa da porcaria da comida que eu fizera, como ele dissera logo após a começar a comer.

 

Após me bater e esfaquear sem dó nem piedade reparou no que fizera, veio a correr até mim, pegando-me, aí eu pude sentir o forte cheiro a álcool e tabaco vindo dele, Devia ter calculado que ele estivera a beber, assim que chegou a casa mandou o casaco com força para o chão e fechou a porta com um estrondo.

 

- Meu amor – soluçou – como fui capaz! Desculpa meu amor…eu…eu não sei como…Desculpa.

 

A culpa era verdadeiramente de quem? Dele? Ou seria do álcool? Eu sempre ficara sem saber disso, e provavelmente nunca iria saber, porque tudo isto iria acabar hoje, tinha que acabar um dia e esse dia seria hoje.

 

- Eu amo-te – sussurrou enquanto chorava como um recém-nascido durante o parto – Sabes disso, não sabes?

 

- Eu sei.

 

Mas antes de tudo acabar eu queria ver mais uma vez aquele sorriso fugitivo nos seus lábios. Faria tudo para o voltar a ver antes de ele adormecer e tudo isto acabaria.

 

Ele levantou-se e pegou-me ao colo, levou-me até à casa-de-banho e sentou-me sobre a tampa da sanita. Abriu a água quente da banheira, como sempre fazia e depois a fria para que não ficasse demasiado quente.

 

Começou a despir-me e após a banheira estar cheia ajudou-me a entrar e deu-me um beijo na testa quando senti as feridas que ele me fizera com uma faca a arderem, quando entraram em contacto com a água morna.

 

Lavou-me a cabeça e o corpo levemente, com cuidado para não me aleijar ainda mas. No final do banho enrolou-me numa toalha e levou-me até ao quarto.

 

- Espera aqui meu amor, vou só arrumar a casa-de-banho. – acenei positivamente e com cuidado sentei-me sobre a cama.

 

Quando chegou ao quarto acabou de me secar, vestiu-me, deitou-me na cama e puxou as mantas para me tapar.

 

- O amanha que nos espera será diferente – disso olhando para mim, enquanto passava a mão sobre os meus cabelos em tons de chocolate.

 

- Podes querer que será – dei um sorriso fraco, o dia de amanha será muito, mas mesmo muito diferente.

 

- Luísa – chamou-me – Amas-me?

 

Por aquela eu nunca esperara, tudo até agora tinha sido completamente igual aos outros dias, era o meu quotidiano, mas ele nunca me perguntara se eu o amava.

 

- Amo – respondi sincera – mais do que possas imaginar.

 

E vieram-me as lágrimas aos olhos quando vi o sorriso fugitivo aparecer novamente nos seus lábios após anos e anos de espera. Comecei a chorar à sua frente, coisa que eu nunca fizera, nunca.

 

 - Eu também te amo – o sorriso ali permanecia – muito mesmo.

 

Não dissemos mais nada e então ele adormeceu, levantei-me cuidadosamente livrando-me do seu braço possessivo e fui até à sala com dificuldade, as feridas ainda doíam.

 

Procurei no chão algum vestígio de à bocado, estava tudo limpo, tudo perfeitamente arrumado, mas atrás de uma planta algo brilhava, fui até lá e peguei no objecto cortante cheio de sangue, cheio do meu sangue. Olhei para ele e sussurrei:

 

- O amanhã que nos espera será diferente, completamente diferente.

 

Voltei para o quarto com o objecto cortante.

 

Subi sobre a cama e olhei para ele, milhares e milhares de lágrimas começaram a escorrer do meu rosto. O sorriso…o sorriso fugitivo passara a ser ???.

 

O meu último desejo realizara-se, eu voltara a ver o sorriso fugitivo. Peguei na faca grande e afiada com as duas mãos, acima da cabeça, prestes a encravá-la no seu peito. Vi os seus lábios mexer.

 

- Eu só queria que me dissesses que me amavas – ele disso sorrindo – Nunca mo disseste, então comecei a ficar frustrado , comecei a beber…eu não sabia o que fazer, tu não querias saber de mim.

 

- CALA-TE – mandei completamente descontrolada, ele via que eu o ia matar, como conseguia sorrir naquele momento? – COMO É QUE TU CONS…

 

- Sorri – interrompeu-me – eu só quero ver-te sorrir, eu sabia que este dia iria chegar, todos os dias arrumo a casa e ponho a faca atrás daquela planta à espera que me mates.

 

- Lucas…

 

- Eu só te quero pedia uma coisa antes de morrer – disse – sorri, eu quero ver o teu sorriso.

 

Uma dor ainda pior do que aquela de quando ele me batia invadiu-me, não sabia o que fazer portanto acabei por sorrir. Eu realizara o meu sonho, ver aquele belo sorriso fugitivo, também queria realizar o dele.

 

- Agora mata-me – pediu.

 

- O que é que estás para aí a dizer? Lucas tu…

 

- Mata-me Luísa – ordenou – eu quero que o amanha que te espera, seja diferente, mas o meu, eu quero que não exista, eu não quero voltar a bater-te. AGORA MATA-ME.

 

Quando dei por mim só via a faca cravada no seu coração, o meu corpo sobre o dele completamente ensanguentado. Eu chorava mais do que chorei na minha vida inteira.

 

- AH! – gritei ao mesmo tempo que chorava, o corpo dele estava completamente sem acção, tal como o meu, mas a diferença era que eu não estava morta - não pelo menos por fora - e ele estava…morto…a sorrir.

 

No minuto seguinte estavam os vizinhos na minha casa e um policia a almejar-me, enquanto os outros tiravam fotos e recolhiam as provas do crime. Eu não dava por nada, não ouvia nada, só conseguia olhar para o corpo do meu marido ser levado numa maca, já não havia nada a fazer eu matara-o com uma crueldade ainda maior do que aquela com que a qual ele me batia.

 

Os dias passaram e eu agora estava na cadeia ainda mal pelo que fizera no tribunal, não falara de nada sobre a violência doméstica, mentira, com o propósito de ir presa, de me castigar pelo que fizera, mas o objectivo não era eu agora ser feliz, por me ter livrado dele? Não era esse o objectivo? Começar a minha vida do zero? Então o que é que eu estava a fazer? A arruinar-me ainda mais?

 

Sim, eu queria arruinar-me, castigar-me por tudo, eu sentia-me a culpada de tudo, da violência e da bebedeira.

 

Durante o dia eu praticamente não falava com ele, ele parecia um estranho a andar pela nossa casa, mas não era, eu é que o fazia parecer isso, foi por minha culpa que ele se metera no álcool, que começara a ser violento. A única coisa que ele queria era que eu dissesse “Amo-te”.

 

Arranjei uma corda, se tinha sido capaz de o matar, também seria capaz de me matar, certo? Esta noite, à mesma hora a que eu o matara, às 23h57min.

 

            Às 23h30 pendurei a corda, enquanto ouvia a mulher que estava presa à minha frente a gozar, enrolei-a à volta do pescoço.

 

- És mesmo maluca – disse por fim a mulher à minha frente virando costas.

 

Quando chegou às 23h58 eu já não pertencia ao mundo dos seres vivos, já não pertencia ao mundo no qual vivera com o homem que amai e não soube dar importância, talvez agora, no inferno o reencontrasse e poderíamos ficar juntos, mesmo que seja a sofrer. EU queria reencontrá-lo e fá-lo-ia, esse era o meu novo objectivo, o meu desejo, porque pesar de o ter ignorado eu queria remedia isso, desta vez seria tudo diferente, fosse no inferno ou numa outra vida, afinal eu não sabia o que iria acontecer agora.

 

Fim


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado Por favor mandem reviews a dizer se gostaram ou não e se quiserem a dar sugestões para que eu possa melhorar.

Beijos